por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A picada da "mosca azul" - José Nilton Mariano Saraiva

A César o que é de César: ao esforçado desportista Evandro Leitão e sua Diretoria, a instituição Ceará Sporting Clube e sua fiel torcida devem dois momentos diametralmente opostos - o glorioso acesso à primeira divisão do futebol brasileiro e, agora, o deplorável e vergonhoso rebaixamento para a segunda divisão.
Só que entre esses dois momentos, pintou no pedaço a tal “mosca azul”. E o estrago provocado foi grande, já que uma sua inofensiva (???) “picada” (no Evandro Leitão, presidente do Ceará), transformou o “mel” em... “fel”.
Fato é que, quando resolveu dedicar-se à política “full-time”, primeiro na condição de candidato a “Deputado Estadual” (derrotado nas eleições) e depois, na condição de “Secretário de Estado” (convidado), o senhor Evandro Leitão deixou o clube à deriva, ausentou-se por completo e transferiu o bastão para um “neófito” no ramo, o “intocável” Robinson de Castro, que, literalmente, cansou de “pisar na bola” (basta atentar para a sua declaração “ao vivo”, num desses programas esportivos de final de noite, quando, questionado a respeito do jogador Marcelo Nicácio ter-se recusado a viajar com o time para um compromisso fora de casa, respondeu que “a Diretoria do Ceará não pode obrigar nenhum jogador a viajar”; ora, cadê o “profissionalismo”, com seus ônus e bônus ???).
Além do quê, convém atentar que Evandro Leitão (por se achar ausente do clube) deixou que o arrogante técnico Mancini literalmente “desmontasse” o time, por pura vaidade e ciúme excessivo (não admitia que os Geraldos, Yarleis, Everaldos e Andersons da vida idolatrados fossem e vivessem em eterna lua de mel com a torcida). Foram liberados e brilharam em outros clubes.
Pra completar, Evandro Leitão trouxe de volta um técnico incompetente e pé-frio que, meses antes, já houvera fracassado por completo no clube e por onde passou(Estevam Soares), chegando ao cúmulo de pedir-lhe publicamente desculpas por te-lo demitido lá atrás.
Por qual razão os integrantes da imprensa esportiva cearense nunca questionaram isso, é algo a se estudar.
E agora, como fica o tão sonhado e acalentado “projeto” de transformar o clube cearense numa potência ??? Como fazer futebol (cumprir os altos compromissos assumidos e contratar jogadores de qualidade visando voltar à elite), com dinheiro apenas das bilheterias, ainda por cima enfrentado equipes de nível duvidoso ??? E o estratosférico prejuizo oriundo do não recebimento de patrocínios, verbas televisivas,venda de material esportivo e por aí vai, quem ressarcirá ??? Quando o Ceará retornará à “Primeira Divisão” já que, a partir de agora, sem eira e nem beira ???

Blecaute - Por Norma Hauer



GENERAL DA BANDA

Chegou o general da banda, iê,iê,
Chegou o general da banda, ei,á..."

Esse foi um grande sucesso do carnaval de 1950, na voz de Otávio Henrique de Oliveira.
E quem foi esse cantor, que nasceu na cidade de Espírito Santo de Pinhal, no Estado de São Paulo, no dia 5 de dezembro de 1919 ? Foi, tão somente BLECAUTE, como ficou conhecido em todo o Brasil, mesmo antes de ser o "general da banda".

Foi em 1933 que ele estreou na Rádio Tupi de São Paulo, vindo no ano seguinte para o Rio de Janeiro, para a então Rádio Educadora (hoje Tamoio) depois para a Mauá e,finalmente, para aquela onde todos queriam atuar: Rádio Nacional.

Tomando parte no programa Manuel Barcelos, logo começou sua carreira vitoriosa, principalmente no carnaval, quando teve seu primeiro grande sucesso (em 1949) com "Pedreiro Valdemar",de Roberto Martins e Wilson Batista. O pedreiro Valdemar é aquele que faz "tanta casa e não tem casa p'ra morar e que constrói um edifício e depois não pode entrar".

A dupla Klécius Caldas e Armando Cavalcanti (por sinal dois oficiais do Exército) deu para Blecaute,no ano de 52, outro grande sucesso:"Maria Candelária",a "alta funcionária, que saltou de paraquedas e caiu na letra O..." Essa letra era a mais alta que um funcionãrio (no caso os Professores Catedráticos) poderiam alcançar no serviço público.

Ainda a mesma dupla deu para Blecaute outras músicas que marcaram o carnaval,como "Papai Adão";"Piada de Salão" e "Maria Escandalosa"(anos de 51,54 e 56). Em 56,da mesma dupla, mais um sucesso:"Maria Champanhota"


Blecaute também foi compositor e, de sua autoria, em homenagem a seu clube do coração, gravou o samba "Torcedor do Mengo", que na outra face do disco de 78 rotações, recebeu, na voz de Jorge Veiga, o "Hino da Torcida do Flamengo".

Para o Natal, compôs "Natal das Crianças", sucesso sempre, que recebeu originalmente a gravação de Carlos Galhardo.

Em 1968, ao lado de Marlene e Nuno Roland, apresentou na Boate Casa Grande, no Leblon, durante vários meses, o espetáculo "Carnavália", que, gravado pelo Museu da Imagem e do Som, foi lançado, em trabalho especial de Ricardo Cravo Albin, em dois LPs. especiais.

BLECAUTE faleceu aqui no Rio de Janeiro, no dia 9 de fevereiro de 1983, mas seus sucessos estão aí até hoje.
Agora, em tempo de Natal, ouviremos "Natal das Crianças" em "shoppings", rádios e anúncios de TV.

Norma

Jorge Veiga- Por Norma Hauer


O CARICATURISTA DO SAMBA

Há duas datas como a de nascimento de JORGE VEIGA : 14 de abril e 6 de dezembro de 1910 .
A dúvida sempre ficará, uma vez que ele faleceu em junho de 1979 e não poderá esclarecer tal dúvida.
Parece que sua filha confirma a data de 14 de abril, mas como estamos em dezembro, aproveito essa dúvida para homenageá-lo neste mês como de seu nascimento e de seu centenário.

Com o cognome de “Caricaturista do Samba” ficou conhecido onde se apresentava, desde que conheceu seu primeiro sucesso: quando gravou o samba “Iracema”, de Raul Marques e Otolino Lopes.

"Oh Iracema, logo vamos ao cinema
Por sua causa, hoje não fui trabalhar
Não me dê o bolo
Oh Iracema, você é o meu consolo

Estamos combinados,
Logo mais vou lhe esperar
Naquele ponto de bonde
Da Praça Mauá.

Não quero perder
A primeira sessão. Vamos ver aquele filme,
"Sempre no Meu Coração".
Ai, que bom! Ai!

Vê-se aí mais um samba que fala no bonde, verdadeiro transporte de massa e muito usado em nossas composições.

A linha melódica de Jorge Veiga era a mesma de Moreira da Silva no qual ele nunca negou ter-se inspirado.

Depois de "Iracema", vieram "Rosalina","Cabo Laurindo";"Estatuto da Gafieira";"Bigorrilho"...

Quando estavam em moda os colunistas sociais, como Jacinto de Thormes e Ibraim Sued, Jorge Veiga gravou o samba "Café Soçaite"( "gozação" de Miguel Gustavo com as crônicas sociais.)

CAFÉ SOÇAITE
Autor Miguel Gustavo


Doutor de anedota e de chapanhota
Estou acontecendo no Café Soçaite
Só digo enchanté, muito merci, all right
Troquei a luz do dia pela luz da Ligh.
t
Agora estou somente contra a dama de preto
Nos dez mais elegantes, eu estou também
Adoro "aniverside", só pesco em Cabo Frio
Decididamente eu sou gente bem.

Enquanto a plebe rude na cidade dorme
Eu ando com Jacinto, que é também de Thormes
Terezas e Dolores, falam bem de mim
Eu sou até citado na coluna do Ibrahim.

E quando alguém pergunta "como é que pode?"
Papai de Black-tie, jantando com Didu
Eu peço outro Whisky
Embora esteja pronto
Como é que pode?
Depois eu conto...


Uma melodia gravada por Jorge Veiga conheceu a censura de sua época: "Eu Quero Rosetá".
Os "senhores" censores cismaram com a palavra "rosetá" e sem saber o que queria dizer,simplesmente proibiram a execução da música, depois liberada.

Como todos que venceram em sua época, Jorge Veiga pertenceu ao "cast" da Rádio Nacional.

E Jorge Veiga continuou acumulando sucessos até seu falecimento em 29 de junho de 1979, aqui no Rio de Janeiro, aos 69 anos.

Norma

Torcida da vida ...- Carlos Drummond


'Mesmo antes de nascer, já tinha alguém torcendo por você.

Tinha gente que torcia para você ser menino. Outros torciam para você ser menina.
Torciam para você puxar a beleza da mãe, o bom humor do pai.
Estavam torcendo para você nascer perfeito.

Daí continuaram torcendo. Torceram pelo seu primeiro sorriso, pela
primeira palavra , pelo primeiro passo. O seu primeiro dia de escola foi a maior torcida.
E de tanto torcerem por você, você aprendeu a torcer.
Começou a torcer para ganhar muitos presentes e flagrar Papai Noel.
Torcia o nariz para o quiabo e a escarola. Mas torcia por hambúrguer e refrigerante.

Começou a torcer até para um time.
Provavelmente, nesse dia, você descobriu que tem gente que torce diferente de
você.
Seus pais torciam para você comer de boca fechada, tomar banho, escovar os dentes,
estudar inglês e piano.
Eles só estavam torcendo para você ser uma pessoa bacana.

Seus amigos torciam para você usar brinco, cabular aula, falar palavrão.
Eles também estavam torcendo para você ser
bacana.
Nessas horas, você só torcia para não ter nascido.
E por não saber pelo que você torcia, torcia torcido.
Torceu para seus irmãos se ferrarem, torceu para o mundo explodir.

E quando os hormônios começaram a torcer, torceu pelo primeiro beijo, pelo primeiro amasso.
Depois começou a torcer pela sua liberdade. Torcia para viajar com a turma, ficar até tarde na rua.
Sua mãe só torcia para você chegar vivo em casa.
Passou a torcer o nariz para as roupas da sua irmã, para as idéias dos
professores e para qualquer opinião dos seus pais. Todo mundo queria era torcer o seu pescoço.

Foi quando até você começou a torcer pelo seu futuro. Torceu para ser médico, músico, advogado.
Na dúvida, torceu para ser físico nuclear ou jogador de futebol.

Seus pais torciam para passar logo essa fase.
No dia do vestibular, uma grande torcida se formou. Pais, avós, vizinhos, namoradas e todos os santos torceram por você.

Na faculdade, então, era torcida pra todo lado. Para a direita, esquerda, contra a corrupção, a fome na Albânia e o preço da coxinha na cantina.
E, de torcida em torcida, um dia teve um torcicolo de tanto olhar para ela.

Primeiro, torceu para ela não ter outro.

Torceu para ela não te achar muito baixo, muito alto, muito gordo, muito magro.
Descobriu que ela torcia igual a você.

E de repente vocês estavam torcendo para não acordar desse sonho.

Torceram para ganhar a geladeira, o microondas e a grana para a viagem de lua-de-mel
E daí pra frente você entendeu que a vida é uma grande torcida.

Porque, mesmo antes do seu filho nascer, já tinha muita gente torcendo por ele.
Mesmo com toda essa torcida, pode ser que você ainda não tenha conquistado algumas coisas.
Mas muita gente ainda torce por você! Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa), mas a poesia (inexplicável) da vida.'

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Carlos Drummond de Andrade

Natal sem ouro,incenso ou mirra.por João Marni



Foram tantas visitas que realizei a lares muito pobres nos sítios,com nossa equipe do PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA, tendo observado as pessoas no interior desses diminutos casebres de chão batido serem ainda capazes de sorrir com nossa presença, sem nenhuma vergonha ou constrangimento por não saberem mais o que vestir porque não sabem se estão nuas, sempre à procura de algo a nos oferecer (como se fôssemos algum deus), e crianças sentadas com os pratos entre as perninhas, de colher em punho, passando-nos a impressão de que o alimento pouco é que faz o tempero, deixando a certeza em mim de que Jesus jamais saiu da manjedoura...Que o natal é exatamente o nascimento continuado de cada uma dessas crianças que sobrevivem sem brinquedos, sem perus ou panetones, à espera tão somente de um ato de solidariedade e de respeito à condição humana. É impossivel distinguir dentre elas qual seja o menino Jesus!

Essas pessoas humildes dispensam árvores natalinas porque já têm cajueiros e mangueiras que frutificam, dispensam também Papai Noel, porque em sua enorme sacola não há e nem caberiam a dignidade de que precisam, mais coragem ainda para seguir em frente face às dificuldades, e a saúde que as levem até a velhice com qualidade de vida. Já lhes bastam a esperança e a fé inabalável em Deus. O que me fez lembrar a resposta da mãe de Casemiro de Abreu, quando este perguntou-lhe: ”...quem pode haver maior que do que o oceano ou que seja mais forte do que o vento, mãe?” -Sua mãe a sorrir olhou para os céus e respondeu: ”Um ser que nós não vemos é maior que o mar que tememos, e mais forte do que o mais forte dos ventos..É Deus meu filho!!!”

Feliz Natal para todos!