por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 30 de novembro de 2014

Dona - Sá e Guarabira - cantada pelo grupo Roupa Nova

Cheiro Mineiro de Flor - José do Vale Pinheiro Feitosa



A corrida para as cidades foi de repente. A porta se escancarou e deixou a casa abandonada. Uma flor murcha. A lagartixa nas brechas do reboco. O borralho ainda quente da última panela que alimentou aqueles que fugiram no rumo das cidades nem bem o meio dia chegara.

E ficaram ali mesmo pela periferia das cidades. Não havia lugar nas casas de ruas calçadas, água servida, luz nos postes e passeio montado. Ali mesmo entre um papelão, uma folha de zinco, uma tábua por arranjo. Um teto que filtrava estrelas assim como borbotava as chuvas geladas que inflamavam os pulmões.

Não se teve nem tempo de pensar antes sobre os passos da corrida. Um saiu, depois outro, mais acolá alguém, um a um os botões foram afrouxando, depois preso a uma única perna de linha e finalmente caindo de suas casas. E a camisa da vida desabotoada deixou uma sensação tão grande de desamparo a mover as pernas sem que os braços entendessem o motivo.

Se tivesse uma noite mais, talvez o canto soturno do bacurau lembrasse que por vezes a pouca luz é mais propícia que o lume do meio dia. Mas os becos enlameados, os monturos de lixo, o fedor entranhado das valas por onde as ratazanas pulam de uma margem a outra, são o fim da corrida.

E só restou uma viola a lembrar aquele cheiro mineiro de ser. Aquelas cores inteiras de ver. Aquelas melodias maneiras de se encantar. Aquele jeito de lembrar o lugar de onde se veio. O veio soterrado por estas camadas urbanas de ser.


Este cheiro mineiro de serra. O beija flor. Este cheiro mineiro de flor. 

A MARCHA DESTRUTIVA DAS SOCIEDADES OLIGÁRQUICAS - José do Vale Pinheiro Feitosa

Na última postagem apontei o quadro da civilização que gera incertezas humanas profundas. Hoje apontarei três coisas extremamente graves pois apontam para uma civilização comandada por uma elite embriagada pelos negócios. Uma elite que vive numa era de grande desenvolvimento do conhecimento e que se identifica cada vez mais com as deidades gregas. Poderosas, eternas e auto protegidas.

A primeira delas é a que explica a incerteza. A concentração absurda da renda, gerando uma desigualdade econômica e social nunca sentida na humanidade. Especialmente com tendência totalitária pois que engendrada por grupos que o tempo todo operam “cientificamente” para manipular toda a realidade a seu favor. Não vou repetir os números, o livro Capital do Século XXI de Thomas Pikkety é suficiente para desnudar esta realidade. Além dos estudos feitos na Suíça onde se demonstrou que um grupo muito pequeno controla a maior parte das operações das grandes corporações financeiras e produtivas.

O outro ponto foi o recrudescimento da corrida armamentista. Especialmente revelada nesta fase pela crise da Ucrânia, envolvendo EUA, Rússia e a Europa. Estamos revivendo o velho clima em que o espírito dos cavaleiros do apocalipse retorna aos céus da humanidade. Tudo em benefício de uma plutocracia mundial que em falta de identidade com as gentes, resolve matar as que existem.

Olhem só algumas loas às armas retornando aos caninos sangrentos. Estamos vivendo o “êxtase” de admiração das vítimas potenciais ao enorme poder de morte e destruição. Lembra aqueles “pequenos” que salivavam de prazer ao descrever a guerra de blitzkrieg de Hitler com suas armas fabulosas.

Vejamos esta vitrine dos russos. Mísseis Balísticos Intercontinentais (ICBMs) que viajam a incríveis 18 Mach, armados com MIRVs, que são Veículos de Múltiplas Entradas, capazes de carregar até 8 ogivas nucleares (ou outra bomba) que se dirigem a alvos diferentes. Mísseis Iskander que voam a velocidade Mach 7 com autonomia de 400 Km, capazes de carregar ogivas de 700 Kg e com precisão de alvo de 5 metros.

Uma vitrine mortal de mísseis terra-ar como o S-400 e o S-500 capazes de criar uma barreira a qualquer avanço aéreo. Aviões supersônicos cada vez mais sofisticados e capazes de penetrações profundas destrutivas no território inimigos. É um arsenal dos deuses do Olimpo.

A ficção científica ou as projeções científicas, não tenhamos dúvidas, fazem parte da estratégia de domínio e congelamento do futuro. Agora com empresas privadas correndo em disparada, igualmente às armas destrutivas, em busca da sintetização de DNAs que possam gerar todo tido de seres novos em benefício da elite, para solver problemas exclusivamente delas, inclusive matando em escala, os indesejados.

Os controles privados já anunciam a era da “evolução dirigida pelo homem.” A evolução pós darwinista, não mais natural. John Craig Venter  (aquele que correu na busca de desvendar o DNA humano de modo privado) já conseguiu digitalizar em computador um DNA, depois sintetizá-lo em laboratório, em seguida extrair o DNA original de um ser vivo e introduzir o sintético.

Teremos a criação artificial de vírus capazes de promover pandemias que cessarão mediante soluções privadas de combate. Agora mesmo pegaram um vírus da H5N1 que apenas se transmitia entre aves e que passaram a se transmitir entre mamíferos.

Aí vem a novidade plutocrata: este “domínio” será capaz de fazer avançar a evolução humana, permitindo que alguns ultrapassem o problema do envelhecimento, doenças crônico degenerativas regridam, já se identificam células tronco capaz de substituir tecidos e órgãos humanos com fisiologia “errada”. Vem aí a fina flor para madame e o senhor todo poderoso da bolsa de valores.

Eles poderão num futuro próximo, enriquecer laboratórios que operarão no mesmo modelo de negócio do desenvolvimento de softwares, capazes de desenvolver uma medicina personalizada ou de precisão capaz de digitalizar modelos moleculares dos genes, proteínas e comunidades bacterianas de cada pessoa. Claro aquela elite que pode pagar estes vorazes entes privados.

Mas acontece um detalhe: mesmo que essa “ficção” aponte a imortalidade, a invulnerabilidade continua em causa. Como por exemplo, os mesmos valores que estão no segundo ponto, a corrida armamentista. Aquela que se encontra no mesmo diapasão de sustentação das plutocracias globais.

Enfim todos estes três pontos respondem pela ditadura totalitária dos Deuses Gregos. Raivosos. Brincalhões. Enamorados por mortais escolhidos e vingativos com quem lhes causa incômodo. A sociedade plutocrata é a ditadura em Estado Pleno. E os liberais imaginaram que tudo se espelhava apenas no Comunismo Soviético.