por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 4 de outubro de 2012

As Tias High-Tech não podem merendar nas ruínas da Roma Imperial - José do Vale Pinheiro Feitosa


Acabei de receber uma segunda ligação pelo meu Iphone 5 vinda de uma antena qualquer de São Paulo. Era um primo que mal acabara de ouvir o que lhe contara sobre as nossas tias Maria, Rosa e Raimunda, ligava-me de volta para pedir que contasse essa para a Stela Siebra.  

Pois bem.

- Stela desculpe o tarde da noite, mas obrigação é obrigação e cumpro a tarefa a mim confiada.

Não é de agora. Isso já vem rolando com meses de estratégias, táticas, aproveitamento de oportunidades e de um empreendedorismo digno de um órgão qualquer desses do Sistema S, especialmente o SEBRAE. As minhas tias Rosinha, Maria e Mundinha vinham desenvolvendo um complexo plano para uma viagem transcontinental.

O mais fácil seria imaginar um retorno histórico dos caminhos errados que pretendiam as Índias Orientais e terminaram em terras nunca dantes navegáveis muito além da Taprobana. Elas queriam o GPS de retorno das Américas até o Velho Continente.

- Velho Continente não menina! Assim dito é muito vago. Como atingir o correio eletrônico exato de nossa querença se o Google Earth não aponta a Cidade Imperial?

-  Pois é Maria: As Sete Colinas, a Via Apia, o Senado, as Catacumbas e a Pietá com o Cristo morto sobre os seus  braços naquela estante de vidros do Vaticano!

-  Mundinha eu examinei as nossas economias, o dinheiro das nossas aposentadorias e o que ainda entra da fazenda tem o suficiente para toda a viagem.

- Rosinha vamos entrar no Decolar.Com para examinarmos as passagens e como adquiri-las e enquanto isso tu vai aí no Ipad e examina o site dos Hotéis.Com, viu Maria?

Quer dizer as conversas evoluíram rapidamente. Já haviam escolhido desde os voos de Juazeiro a Fortaleza, a TAP com conexão em Lisboa até Roma. Traslado, hotéis e excursões na cidade. Os desejos de locais turísticos. A vontade de tomar a bênção do Papa. A Capela Sistina, a Cúpula de São Pedro, os milagres da Santa Igreja.

- Rosinha pelo amor de Deus não vá meter a mão na “Bocca della Veritá”. Teus dedos são importantes para mexer a massa da nossa tapioca matinal.

- Nem ligo para tais aleivosias. A verdade é testemunha do meus pensamentos, palavras e obras. – Tia Rosinha respondia à brincadeira de Tia Mundinha.

Como estamos sentido, além do complexo planejamento internético, até já brincavam com as situações a serem visitadas por todas. Queriam um breve deslocamento até Assis, mas isso também não seria problema. Já poderiam sair do Potengi com tudo agendado. Desde a calçada do hotel em que ficariam em Roma até o retorno no fim do dia, já incluindo a merenda antes de dormir.

Naqueles dias havia mais luz nas manhãs, mais planos no entardecer e mais sonhos na hora de dormir. A Cidade Eterna povoava cada segundo das minhas tias, desde a hora de tirar o leite e colher os ovos no galinheiro até o chá de canela antes do deitar-se. E o lindo destas aventuras é que elas são imensamente duradouras: vão desde os planos, passam pelas antecipações, as esperas, o deslocar-se, visitar, aproveitar e pelas infindáveis horas contando vantagens, aventuras, perigos e espírito sagaz sobre as situações inusitadas. Nem mesmo as fotografias digitais, com tantos picheis que até duvidamos que os iphones tenham, são tão plenos de gigabits quanto o relembrar-se, especialmente nas rodas de fogueira nas noites do sertão com todos os moradores das vizinhanças em animada conversa.

Nada pode ser mais belo do que tais momentos a não ser quando a era da informação e do conhecimento mostra algumas das suas faces indesejáveis. O ruim que sempre se infiltra nos planos do bem viver. Pois foi isso que motivou os meus telefonemas para o primo em São Paulo.

Tia Rosinha com toda a decepção do mundo saiu da mesa do desktop e foi encontrar-se com as irmãs que se sentavam na brisa do entardecer, sobre as espreguiçadeiras na varanda. Maria já sentiu o semblante pesado da irmã:

- O quê foi que houve mulher?   

- O prefeito de Roma proibiu a pessoas de merendarem enquanto visitam as ruínas da Roma Imperial. E agora? Como vamos merendar?

Camelô



Houve um tempo ( antes do automóvel e da energia elétrica) em que a chegada de novidades no interior do Brasil estava nas mãos dos tropeiros. Eram eles que, varando o país  com suas alimárias, faziam as vezes dos Cargueiros, Trens, Correios, Rádio, TV , Jornal  e até das  Modistas. Tendo que continuar sua interminável jornada, deixavam suas funções na responsabilidade de pequenos varejistas e dos camelôs que, com poderes teatrais, eram os publicitários naqueles tempos remotos. Com voz tonitruante e recursos cênicos faziam aquele misto de  propagandistas-vendedores-radialistas, seduzindo os ouvintes para a compra das mais variadas  quinquilharias. O nome acredita-se vem do francês Camelot( vendedor ambulante), com raízes etimológicas no árabe HAMLAT: tecido de lã barato, comercializado pelos primeiros mouros que aqui aportaram.    O palco do camelô, em geral, era a Feira, onde ele se esparramava , como peixe em mar aberto. Com o advento dos meios de transportes mais velozes , o carro e o trem, as mercadorias começaram a ser comercializadas em pontos mais fixos. A Feira perdeu seu encanto e passou a ser , paulatinamente, freqüentada apenas pelo povaréu. As Casas Comerciais foram se especializando e o camelô foi perdendo importância. Continuou nas Feiras periódicas, agora com público mais reduzido e trabalhando em bicos, como animador , quase um palhaço, no comércio varejista.
                                                Passaram-se os anos e, com a globalização, as grandes redes de varejo engoliram os comerciantes menores, vieram os Shoppings, as galerias, as grandes lojas de departamentos e o camelô foi se tornando assim um objeto apenas de contemplação. Um fóssil daqueles áureos tempos: uma peça de museu como uma máquina de datilografia.  Mas como a história, em moto-contínuo, gosta dos círculos e das elipses, eis que os antigos tropeiros terminaram por ressurgir, agora travestidos de crediaristas. De motos ( o cavalo da atualidade) percorrem os lugares mais inóspitos, levando um sem número de objetos utilitários, de porta em porta, com venda facilitada, não muito diferente do que faziam seus ascendentes no início do Século XX.
                                               Bonito ver o camelô em ação, nas poucas Feiras Livres que ainda sobraram. Armam a banquinha, pacientemente, trazendo geralmente algum truque de abertura para atrair a população ao seu redor. Uma mágica, um animal de estimação como uma jibóia ou um macaco amestrado ( quando o IBAMA ainda não existia), a leitura de um Cordel Clássico. Depois da encenação, com uma considerável platéia ao redor, vem então : “Nossos Comerciais, por favor!”. Salta à nossa frente o produto a ser vendido, sem que ao menos tenhamos percebido. Técnica copiada depois pela TV e pelo Rádio.
                                               Pois , neste sábado, em memória dos muitos e muitos camelôs, Brasil afora, vou narrar três historinhas , uma que ouvi e duas presenciadas por mim, destes mágicos do ilusionismo e da prestidigitação.
                                               O camelô põe uma grande mala no chão, dela tira uma outra menor e já avisa:
                                               --- Eita ! Daqui a pouco a cobra vai sair de dentro da mala !
                                               Armando a banca, repete a ameaça dor diversas vezes, enquanto fita a mala menor, pretensamente portadora do risco ofídico. Vai também montando várias latinhas em cima da banca, coberta com um rótulo barato, onde se lê : “Pomada do Peixe Elétrico do Amazonas”. De repente, já com uma considerável platéia,  abre a mala menor e de lá retira uma grande jibóia que enrosca no pescoço. Com trejeitos teatrais, voz de locutor de FM, mas sem precisar botar sotaque sulista, explica as indicações do seu remédio:
                                               --- Pomada do  Peixe Elétrico do Amazonas, uma pechincha !  Cura:  sapiranga, tisga, morróia, pano branco, unha encravada, parto atravessado, escorrença de muié, esquentamento de homem, morféia, afuleimação na mãe do coipo, espinhela caída, defruxo, tosse braba, derrame, ferida braba, bicho de pé, crista de galo, escambichamento de véi, reuma, panarício,dor de dente, mordida de cobra e de cachorro doido, curuba e cezão.
                                               À medida que os ouvintes vão se aproximando e adquirindo a panacéia, o camelô continua com seu interminável querequequé. Depois de vender bastante, percebe, que alguns circunstantes ainda estão em dúvida sobre a capacidade milagrosa da sua panacéia. Dá então o tiro de misericórdia:
                                               --- Sim, meu povo, esqueci de dizer o mais  importante, essa pomadinha cura até ENFERMIDADE, viu ?
                                               Outro, em plena Feira, com vários produtos dispostos em uma esteira no chão: roupas, armadores, chave de fenda, martelo, raizada, temperos, arnica, parafusos , pregos, cabo para machado e enxada, Grita:
                                               --- Minha senhora, compre ! Gaste o dinheiro do marido, aproveite, senão ele gasta com as outras...
                                               Uma senhora vinha com o esposo, aparentemente atravessando crise no casamento e, diante do apelo, quase como afrontando ao safado do  companheiro, se aproxima e pára, observando pacientemente os objetos dispostos cuidadosamente na esteira. O marido fita o camelô com cara de poucos amigos. O vendilhão não perde a pose e emenda na bucha:
                                               --- Aproveite, senão ele gasta com as outras... coisas, as outras... necessidades da casa, né, meu amigo ? 
                                               Dirige-se para a patroa e completa, sem querer perder a freguesa:
                                               --- Porque a senhora sabe, né , D. Maria ? Todo homem é fiel, entre nós só tem cabra sincero e respeitador !
                                               Por fim, um outro camelô , recentemente, vendia numa feira, uma grande quantidade de panelas de alumínio. Aproxima-se um sujeito bem vestido, meio metido a falante, abaixa-se , examina as panelas com ares de expert em fundição , balança a cabeça e diz:
                                               --- Meu amigo, só tem essas? Pense numas panelas pebas! Alumínio velho fino, fraco, onde diabo você encontrou isso ? Uma bicha dessas não dura nem três anos: fura perde o cabo! Boas eram aquelas panelas antigas, duravam até vinte anos! Essas são uma porcaria.
                                               O camelô não perdeu o traquejo e, emendou, sem piscar :
                                               --- Meu amigo, nesse tempo do ronca que você tá falando, os casamentos duravam vinte, trinta anos. Hoje , no máximo,  dois aninhos. Logo os casais se apartam, vai um para um canto e o outro para o outro lado. Nós resolvemos fazer panela para durar só isso  : um casamento. Deus me livre de durar mais, termina dando uma briga danada na hora da partilha dos bens. Nãooooo!  Falar, nisso,  meu senhor, para quantos casamentos o senhor vai levar ?

J. Flávio Vieira

O e-mail desconhecido - José do Vale Pinheiro Feitosa

Recebi um e-mail com sabor doce e amargo ao mesmo tempo. Doce pois alguém lembrou-se de mim a ponto de ler a minha postagem sobre a música Lili Marleen. E mais do que isso: enviou-me uma versão em Tcheco por mim desconhecida da referida música. Amargo, o e-mail, pois era uma ponte feita por Joaquim Pinheiro cuja margem separada era do Zé Almino. Primo querido e que povoa minhas experiências de vida e as boas lembranças do viver. Zé desconhece o meu e-mail, que um arroba globo qualquer e de apenas um com sem qualquer br, como um predicado do jvalefeitosa.

Apoio ao Crato - José do Vale Pinheiro Feitosa

As pás metálicas das Usinas Eólicas se preparam para roubar a paisagem da Chapada do Araripe. Milhões de reais já estão na aposta eleitoral e no governo futuro que fará com mão direita aquilo que envergonha a esquerda. É a política de tomar conta do bem público para negociá-lo como empresa para auferir vantagens. Depois pegam um refrigerado assento num avião qualquer e vão comemorar o sucesso de suas vidas torpes, consumidas num gole qualquer e num colesterol lateral em suas artérias gulosas. A política do alto do negócio é o câncer da vida da sociedade.

Amanhã o querido bairro da Batateira continuará tão à míngua como amanhecerá no dia 7 de outubro se outra pás de vida não animarem o seu futuro. O Alto do Seminário, São Miguel, o Romualdo, a Ponta da Serra, Dom Quintino não gozarão a sorte dos políticos de negócios. Estarão na rabeira do destino se deles mesmo não se elevarem e gerarem o poder de superar este estado vil de coisas ruins.

O Crato precisa muito de suas próprias pernas. Os que gozam a vida construída, precisam abandonar a saudosa fotografia ou o me acompanhe em mais uma aventura no Facebook. As turmas que gozam entre si, precisam se confluir num grande lago de mudança, de sua terra, mesmo quando não é mais nela que respiram. Louvo a coragem do meu povo, que reconhece os tombos fora do eixo e é capaz de nestes dias que restam avançar sobre os fatos consumados e as vantagens ditas últimas.

A eleição elege os governantes e o opositores. Os dois estados precisam ficar claros: governar é trombar com as contradições e se opor é agitar as contradições. O que não se pode é imaginar que tudo termina no próximo domingo. O futuro se encontra em construção e o caminho da oposição é muito mais vigoroso pois isento dos dividendos a serem pagos aos capitais investidos nas eleições. 

Que na segunda feira, dia 8 outubro nada continue como hoje: uma morta política a serviço dos mesmos. Que neste dia se manifeste a força da contradição e se contraponha aos negócios de ocasião e se juntem ao destino que soma em benefício de todos. 

Apesar de ter a frescura, a leveza e porque não dizer, a beleza da juventude, minha vida passou a correr como um rio calmo, silencioso e sem grandes correntezas...
Não acreditava mais no amor e não dava mais espaço para que ele entrasse em meu coração...
Ignez Olivieri


  1. CARTA ABERTA AOS CRATENSES

    Vivemos a grande Festa da Democracia nestes dias que antecedem à Eleição para prefeito e vereadores da nossa Cidade
    . Por todo canto se percebe este clima festivo: carreatas, ribombar de fogos, bandeiras tremulando, músicas, santinhos, passeatas, sorrisos fartos. A festa é tanta que corre o risco de esconder a grande responsabilidade que teremos no próximo dia sete de outubro. É preciso entender que ao confirmar o nosso voto, na Urna Eletrônica, estaremos juntos escolhendo a Saúde que desejamos para nosso povo; a Educação que pretendemos ter nos próximos quatro anos; a Segurança que almejamos para nosso município. Ao digitar o voto, nos responsabilizaremos pelos destinos políticos da nossa Cidade que vem, nos últimos quarenta anos, minguando a olhos vistos, se compararmos aos outros municípios da Região Metropolitana do Cariri. Anos após anos, frente a esta calamidade, temos ouvido a população se lamentar: “O Crato não tem Sorte!” Como se devesse a uma força sobrenatural a causa do nosso atraso. Nem percebemos que o poder de transformação está em cada um de nós. Pois bem, amigos, no próximo Domingo está em nossas mãos, novamente, escolher entre a Sorte ou o Azar do nosso Crato.
    Poderemos jogá-lo nas mãos das mesmas oligarquias que estão no poder há mais de cem anos. Vampiros que sugam todo sangue da Vila de Frei Carlos e que, depois, nas campanhas, reclamam da sua anemia e garantem ter consigo um remédio salvador. Desconfiem das Campanhas Milionárias, patrocinadas por empresários e empreiteiros! O salário de prefeito e vereador é muito pequeno para irem com tanta sede ao pote! Olhem em volta! Não há ali filantropos ou caridosos! Não estão apoiando campanhas ou candidatos, mas fazendo um investimento. A conta virá depois para o povo pagar, com juros e correção! Rejeitem os fujões de debate, aqueles que se escondem por trás de carinhas simpáticas e juvenis! Se em plena campanha, caçando votos, não se dignam a discutir com a população suas propostas para resolver nossos crônicos problemas, se eleitos desaparecerão como por encanto! E voto, amigo , não se vende! Do mesmo jeito que não se comercializa honradez, honestidade, dignidade. O voto é a chave do nosso futuro. É preciso, pois, ter cuidado em que mãos vamos depositá-lo.

    Durante toda Campanha Eleitoral, jogamos limpo. Respeitamos nossos adversários políticos com a mesma força que rejeitamos o vazio de seus programas de governo. Participamos, democraticamente, de todos os debates, discutindo e construindo junto com o povo novos rumos para nossa cidade. Percorremos todos os bairros e distritos do Crato, casa por casa, rua por rua, procurando cada pai e mãe de família, bem como os jovens. Mostramos a viabilidade desta Cidade Centenária, berço do Cariri, e que tem na sua vocação cultural, na sua potencialidade ecológica, os grandes filões a serem explorados para seu soerguimento e para o retorno aos dias de glória. Levamos, para nossa população sofrida, a lição quase profética ensinada por Lula e por Dilma que “cuidar bem do Crato é cuidar bem dos cratenses”. E é com esta pureza de espírito, com a alma banhada nos mananciais da ética e da democracia que nos sentimos dignos de entrar na sua Casa e pedir seu voto para Marcos Cunha Prefeito e para os vereadores do Partido dos Trabalhadores.

    Viva o Crato !

    Até a Vitória, Sempre !


    13 Marcos Cunha Prefeito do PT Crato