por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 16 de agosto de 2011


16/08/2011 11h51 - Atualizado em 16/08/2011 12h04

Governo anuncia a criação de
quatro novas universidades federais

Serão abertos ainda 47 campi e 120 unidades de institutos de educação.
Novas universidades serão instaladas no Pará, Bahia e Ceará.

Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília
O governo federal anunciou nesta terça-feira (16) a criação até 2012 de quatro novas universidades federais, no Pará, Bahia e Ceará. Além disso, serão abertos 47 novos campi universitários e 120 unidades dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia distribuídos por todo o país. O anúncio foi feito em cerimônia em Brasília com a presença da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Educação, Fernando Haddad.
Presidente Dilma Rousseff  durante cerimônia de anúncio da expansão da Rede Federal de Educação Superior (Foto: Roberto Stuckert Filho / Presidência)Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de anúncio da expansão da Rede Federal de Educação Superior (Foto: Roberto Stuckert Filho / Presidência)
De acordo com o Ministério da Educação, a Universidade Federal Sul e Sudeste do Pará terá sede na cidade de Marabá, onde atualmente funciona o campus Marabá da Universidade Federal do Pará. A Universidade Federal da Região do Cariri, no Ceará, terá sede em Juazeiro do Norte. Já a Bahia ganhará duas instituições de ensino superior: a Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufoba), com sede em Barreiras, e a Universidade Federal do Sul da Bahia (Ufesba), em Itabuna.
No total, as quatro novas universidades terão 17 campi, dos quais 12 serão criados. Os outros cinco serão transferidos de outras universidades já existentes. Ainda segundo o MEC, outras 12 universidades federais de 11 estados ganharão 15 novos campi.

De Isabel Virgínia, o café - por Everardo Norões



talvez apenas um café
um pires de doce de leite
ou simplesmente o repouso
do discurso na xícara
sabor que adormece o vencido
talvezn o linho a clarear a sala
na afasia dos espelhos
ou o verso a caber na terrina
seu perfume
talvez à soleira da porta
barulho de passos
a consumir o nome
nas exéquias do possuído
talvez nada apenas isso
um pires de doce de leite
a pequena xícara de café
bálsamo
a ressuscitar a cidade
com todos os seus mortos

Rilke Rainer Maria


Do eco sem fim de tua dor
nasce o Verbo, aflora o espinho
de uma morte a recender suave rosal.
Vieste ao mundo para orquestrar
a fúria de um Deus selvagem.
Nasceste para pacificar a violência
de um silêncio indomável.
Do escombro de cada momento
eriges o teu rosto, o teu louvor,
suavizando na angústia extrema
a violência das feras famintas.
Em cada instante escreves
a fatalidade de um anjo áspero,
o fascínio de um peregrino
a caminhar pela luz de um poema
em que tudo é santificado.
Às margens do Adriático
uma epifania conclama-te
no existir fulminante,
na loucura dos profetas,
na morte jamais desfeita em cinzas.
E tudo em nós ressuscita o intacto
silêncio das sinfonias, tudo em nós
louva a sagração do vinho,
quando nos findamos
no pólen dos teus dons.
 Lupeu Lacerda!

sei da cor do silencio das palavras

de pedra, de couro esticado de lagartos ao sol

sei da inexistencia dos sons

melodramáticos, ecos mortos,

asas de um anjo tão real quanto.

sei de cor a palavra que diz do silencio

do martelo quebrando a pedra

a mão faca arrancando a pele, da alma

do lagarto rei

os sons, quebram os sons

regurgitam gritos

e seguem em direção ao matadouro.



Por Lupeu Lacerda



A poesia de Marcos Leonel
Dos grifos

Assinalar como inconfundível
A trapaça da presença camuflada
Das gruas ante o pulo dos desesperados

Assinalar como irrefutável
A carcaça da ausência alimentícia
Do microondas bipolar posto na sucata

Assinalar como imensurável
A velha rua que sobrevive ao eterno
Apenas com verdades banais

Assinalar como praticável
Tudo aquilo que se destitui facilmente
Das qualidades essenciais

Assinalar como insuportável
A falta de subversão na resistência
E no formol da organização cultural

Não esquecer jamais
Que a verdade é a maior entre
As maiores sabotagens da ciência



Por Marcos Leonel

Relacionamentos - Rubem Alves




Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os relacionamentos são de dois tipos: há os do tipo 'tênis' e há os do tipo 'frescobol'. Os relacionamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa. Explico: para começar, uma afirmação de Nietzche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: 'Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: 'Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice?

Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.' Scherazade sabia disso. Sabia que os relacionamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, e terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente.

Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: 'Eu te amo...'. Barthes advertia: 'Passada a primeira confissão, 'eu te amo' não quer dizer mais nada.
É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: 'Erótica é a alma'.

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir sua cortada - palavra muito sugestiva - que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é jogar pra sempre... E, o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado.

Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos. A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá. Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde. Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração.

O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor. Ninguém ganha, para que os dois ganhem. E se deseja, então, que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim.
Rubem Alves

Amanhecer cantando ...

Mimi
Carlos Galhardo
Composição: Uriel Lourival

Dentro d'alma dolorida
Eu tenho um riso teu
Meu amor
Teu sorriso é um lindo albor
Uma existência um céu
Tens na boca embelecida
Pérolas de luz
Rubra ilusão do austral
Perolário a iluminar
Um eclipse do sol com o luar
Num portento de alegria
Deus teve uma idéia um dia
E pediu com santa pena
Que eu te trocasse amor
Por Santa Madalena oh não
Ah! Eu respondi chorando
Deus, Senhor, estou pecando
Mas, doce Pai não trocarei
Sem Mimi sem Mimi
Morrerei
Ah não fosse esse teu riso
Eu morreria então
Quanta dor
Ris, eu gozo
Eu sinto amor
É denisada unção
Estais de mim fugindo agora
Mas que importa a dor
Se me deixares de a luz
Breviário inspirador
Dos poemas da bíblia do amor



Oscarito - por Norma Hauer


Foi lá, bem distante, na cidade de Málaga , na Espanha que ele nasceu no dia 16 de agosto de 1906 recebendo o pomposo nome de Oscar Lourenço Jacinto de la Imaculada Concepcion Teresa Diaz. Mas foi com o reduzido apelido de OSCARITO que se tornou conhecido em todo o Brasil, onde chegou com apenas 2 anos de idade.
Ele sempre dizia que poderia ter nascido na China ou no Polo Norte, por ser filho de uma família circense. Que nessa qualidade vivia feito nômade. Mas o mais lógico é ter nascido na Espanha, visto que sua família podia ser nômade mas era de origem espanhola.
Lembrar de Oscarito, é o mesmo que lembrar sua presença no cinema nacional. É pena que muita coisa foi perdida, mas sua atuação ao lado de Grande Otelo é algo que não se "perdeu" na memória de quem viveu aquela época.
Os críticos ("intelectuais") sempre davam as menores cotações para aqueles filmes puros, sem violência, mas com algumas malícias sutis.
O POVÃO O AMAVA !!! e isso era bom.
As paródias de filmes americanos, como "Sansão e Dalila", "Gilda" ou "Matar ou Morrer", eram de "matar" de rir. As "caretas" que Oscarito fazia...
Penso que Oscacrito podia ser comparado a Cantinflas, com nota 1000 para o nosso comediante maior.
Que bom seria se fizessem agora, 38 anos após sua morte, uma retrospectiva de seus filmes. As gerações que o conheceram iriam adorar e as novas ( de bom gosto), provavelmente também adorariam.
Do muito que ele deixou no cinema , no teatro e em nossa música, colocarei aqui a letra da

MARCHA DO GAGO

Tá tá tá tá na hora
Va va vale tudo agora
Sou mo mole pra fa falar
Mas sou um Pintacuda pra beijar...

Eu fico ga ga ga ga gago dentro do salão
E até pa pa pa pa pago pra não ver "canhão"
Mas se se se se a dona é "boa"
A minha língua se destrava atoa...

Lembro-me de Pintacuda, um corredor italiano que venceu o então importante "Circuito da Gávea". É bom saber que naquela época ( metade dos anos 30) quando estrangeiros vinham participar do famoso "Circuito da Gávea", viajava-se da Europa para aqui de navio. E em navios vinham as "baratinhas" como eram conhecidas. Eram vários dias de viagem.
Os mais famosos foram Pintacuda, que venceu duas vezes; Von Stuck (alemão) que venceu uma vez e Helen Nice, a única mulher (não venceu nenhuma) mas foi quem apelidou aquele Circuito de "Trampolim do Diabo", por causa de suas curvas perigosas na Estrada da Gávea, local hoje completamente ocupado pela Rocinha.

Tomou parte de vários filmes, mas aqueles em que atuou com Grande Otelo foram os que mais marcaram sua carreira, como “Céu Azul”, ;”Tristezas não Pagam Dívidas”; “Não Adianta Chorar”;”Fantasma por Acaso” e, principalmente as paródias de filmes americanos, como “Nem Sansão, Nem Dalila” e “Matar ou Correr” .

Do total de 48 filmes, não se pode esquecer de “Este Milhão é Meu”; “O Homem do Sputinik, “Barnabé, Tu és Meu”; “Papai Fanfarrão”ou “Aviso Aos Navegantes”, para citar só alguns.
Para falar de OSCARITO seriam necessárias muitas paginas, mas este pequeno resumo dá para fazer uma idéia do que foi sua presença em nosso meio artístico.
Oscarito faleceu no dia 4 de agosto de 1970 ( em seu “inferno zodiacal”) sem completar 64 anos quando ainda tinha muito talento para nos oferecer.



Norma

Colaboração de Altina Siebra


A poesia passeia
e eu espero a sua volta
na prosa silenciosa


O PASSEIO DA POESIA - por Ulisses Germano


O PASSEIO DA POESIA
(Dedicado a Dona Maria Mirian Teles de Santa Fé do Crato)

A poesia saiu pra passear
Vestida de candura
Sem nenhuma pedra no caminho
Sem nenhuma vírgula
Seguindo a direção das ventas
Sem saber do destino
Dos seus versos ternos
Expostos aos delírios
Do encantamento

Aheia a qualquer leitura
Indecifrável em seus passos
Esparsos e sem rastros
Suportava a amargura
Exalando a ternura
E a benevolência
Amiga da mansidão
Adjetivada na amorosidade
Das palavras saborosas

Sem dono ou abandono
Esquecida de si mesma
Sentou-se num banco
Cruzou as pernas
E sorriu para o leitor
Que decorava a sua face
Sentindo a grandeza
Do seu anonimato!

Ulisses Germano
Crato-CE.