por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 27 de julho de 2023

 

TÁ CHEGANDO A HORA

Nada mais previsível do quer Jair Bolsonaro. Sua explosão de ódio de hoje, com xingamentos, agressões a Lula e a ameaça de voltar à Presidência – no que está legalmente impedido – tem uma única explicação: o avanço nas investigações do caso Marielle. Bolsonaro é assim. Toda vez que ocorre algo indesejável para ele, tenta produzir fatos e desviar as atenções. Só que agora não cola mais...

Helena Chagas (Jornalista)

terça-feira, 18 de julho de 2023

 MICHELE BOLSONARO NÃO PODE SER UMA POSSIBILIDADE - Denise Assis (*)


Não consegui ver a cena toda. Apenas li os textos, no jornal “O Tempo”, depois mais um trecho em O Globo, e mais um pedaço em Poder 360... E parei. Estarrecida, enojada, com horror e me perguntando com que estômago os colegas – ainda que a profissão exija –, descreveram essa cena de forma impassível, para apenas tentar reproduzi-la com o distanciamento daquelas matérias que começam: “o prefeito tal, inaugurou ontem...”

Releio: “A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) se tornou alvo de críticas após protagonizar uma cena que chamou atenção durante um encontro do PL Mulher em João Pessoa, capital da Paraíba. Em evento que ocorreu no último sábado, MICHELE SOLICITOU QUE A DEPUTADA FEDERAL E VICE-PRESIDENTE DO PL-MULHER, AMÁLIA BARROS (PL-MT), RETIRASSE SUA PRÓTESE OCULAR E, EM SEGUIDA, GUARDOU O OBJETO EM SEU BOLSO” (O Globo).

Corajosa a colega, em escrever de maneira “olímpica”, a matéria como convém, limitando-se a narrar os fatos. E bendigo a Deus por hoje ter liberdade para opinar e escrever novamente: senti horror.

Depois do introito, de confessar o meu asco, preciso ir além. Pelo bem do futuro do meu país preciso dizer que é indigno continuarem a dar tratamento a essa mulher de uma candidata a candidata. Sob pena de vermos surgir diante dos nossos olhos mais um “mito” que nos subjugará por quatro anos, ao som do uso da palavra de Deus, dos salmos e do que mais acharem conveniente para surfar na onda do poder.

Colegas! Não naturalizem essa candidatura. Eu não acredito que vocês vão agir com Michelle Bolsonaro como fizeram com o meigo “orçamento secreto”, que vocês trataram com a naturalidade de quem fala em reforma tributária ou arcabouço fiscal, criando uma figura de aprisionamento que nos trouxe às portas da chantagem. Todos se lembram bem, o sufoco dos primeiros dias de governo do presidente Lula, com o imponderável fazendo fila na porta dos gabinetes dos ministros palacianos recém-empossados, a coagi-los a soltarem a grana, como nos tempos do general Ramos...

Michelle não é para estar nas manchetes sobre o futuro. As notícias sobre Michelle estão no passado. No lago do Palácio, com as carpas no valor de R$ 800,00 cada, presenteadas pelos imperadores do Japão, ao Brasil, E QUE ELA SIMPLESMENTE MATOU DEIXANDO-AS NO SECO, ENQUANTO MANDOU ESVAZIAR O ESPELHO D'AGUA PARA RASPAR AS MOEDAS NO FUNDO !

Uma Clarice Lispector ao contrário, que em um de seus contos “A mulher que matou os peixes”, confessa compungida: “Essa mulher que matou os peixes infelizmente sou eu. Mas juro a vocês que foi sem querer. Logo eu! Que não tenho coragem de matar uma coisa viva! Até deixo de matar uma barata ou outra. Dou minha palavra de honra que sou pessoa de confiança e meu coração é doce: perto de mim nunca deixo criança ou bicho sofrer. Pois logo eu matei dois peixinhos vermelhos que não fazem mal a ninguém e que não são ambiciosos: só querem mesmo é viver”.

Michelle não teria a grandeza da personagem de Clarice. Juraria diante do cadáver das carpas que nunca as viu. Na verdade, nem sequer reparou que no lago do palácio havia carpas. E que só pensou nos pobres que seriam beneficiados com os baldes de moedas resgatadas do fundo do lago.

Michelle Bolsonaro precisa ser investigada, tratada sob suspeição sobre a cumplicidade negacionista com o marido, que arrastou para a morte milhares de brasileiros sem vacina.

A candidata Michelle não pode existir. Não podemos novamente brincar com a sorte e deixar que um bando de fanáticos acreditem ser ela uma possibilidade, a ponto de daqui a pouco convencer “o mercado!”.
Parem!
Investiguem!
Virem do avesso a sua biografia!
Vasculhem os estojos de joias e suas procedências!

Mas não transportem para as páginas políticas um nome que, por enquanto, frequenta as suspeições jurídicas, mas que em breve, se fizerem um trabalho aprofundado de apuração, irá parar nas páginas policiais, longe de qualquer possibilidade de candidatura.

NÃO NATURALIZEM O QUE NÃO É NATURAL. NÃO HÁ COMPATIBILIDADE ENTRE UM OLHAR CÂNDIDO E UM GESTO ARREBATADOR DE ARRANCAR - LITERALMENTE - O ÔLHO DE ALGUÉM, EM NOME DA VOLÚPIA DO PODER, que ela traduz assim: “Pude ver com os meus olhos a realidade das pessoas que mais precisam. Deus me forjou naquele momento para poder cuidar dessas pessoas. E o desejo no meu coração de chegar à Presidência — disse a esposa de Jair Bolsonaro (PL)”.

Isso não é deglutível! Não é palatável! Não é tolerável! Há que haver limite. Se não o da lei, no mínimo, o da decência e da ética. Parem agora, antes que desfilem diante das câmeras com o olhar úmido de culpa por ter viabilizado o intolerável, como fizeram há cinco anos. Ao trabalho! APUREM E INTERDITEM JÁ ESSA MULHER. MICHELE BOLSONARO NÃO É UMA POSSIBILIDADE.

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(*) DENISE ASSIS – Jornalista e mestra em Comunicação pela UFRJ. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo, Jornal do Brasil, Veja, Isto É, e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de ”Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/64”, “Imaculada” e “Cláudio Guerra: Matar e Queimar”.

sexta-feira, 14 de julho de 2023

MINHA ALMA ESTÁ EM BRISA (Mário de Andrade)

Contei meus anos e descobri que tenho menos tempo para viver a partir daqui, do que o que eu vivi até agora.
Eu me sinto como aquela criança que ganhou um pacote de doces; o primeiro comeu com prazer, mas quando percebeu que havia poucos, começou a saboreá-los profundamente.
não tenho tempo para reuniões intermináveis em que são discutidos estatutos, regras, procedimentos e regulamentos internos, sabendo que nada será alcançado. Não tenho mais tempo para apoiar pessoas que, apesar da idade cronológica, não cresceram.
Meu tempo é muito curto para discutir títulos. Eu quero a essência, minha alma está com pressa... sem muitos doces no pacote.
Quero viver ao lado de pessoas humanas, muito humanas. Que sabem rir dos seus erros; que não ficam inchadas com seus triunfos; que são se considerem eleitas antes do tempo; que não ficam longe de suas responsabilidades; que defendem a dignidade humana. E querem andar ao lado da verdade e da honestidade.
O essencial é o que faz a vida valer a pena.
Quero cercar-me de pessoas que sabem tocar os corações das pessoas. Pessoas a quem os golpes da vida ensinaram a crescer com os toques suaves na alma.
Sim, estou com pressa. Estou com pressa para viver com a intensidade que só a maturidade pode dar.
Eu pretendo não desperdiçar nenhum dos doces que eu tenha ou ganhe... Tenho certeza que eles serão mais requintados do que os que comi até agora.
Meu objetivo é chegar ao fim satisfeito e em paz com meus entes queridos e com a minha consciência.

NÓS TEMOS DUAS VIDAS E A SEGUNDA COMEÇA QUANDO VOCÊ PERCEBE QUE VOCÊ SÓ TEM UMA... 

quarta-feira, 12 de julho de 2023

 “PISTOLEIROS DE ALUGUEL”

“Pedirei ao STF cópia de todos os diálogos para avaliar providências legais. Se forem verdadeiros, comprovam o incesto havido na Lava Jato e revelam um BANDO DE PISTOLEIROS DE ALUGUEL recebendo uma encomenda de assassinato de reputação”, declarou o ministro Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União, em resposta ao plano de ataque de Deltan Dallagnol.

domingo, 9 de julho de 2023

 ESTADÃO CLASSIFICA BOLSONARO COMO "NANICO MORAL E POLITICO"

O jornal Estado de S. Paulo classificou o ex-presidente Jair Bolsonaro, em editorial publicado neste domingo, como um "nanico moral e político", após sua tentativa de liderar uma rebelião contra a reforma tributária. "Sempre houve especulações sobre o real tamanho que Jair Bolsonaro teria na vida nacional após deixar a Presidência da República. O tema ganhou novo destaque após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível por oito anos. Qual será de fato o papel do ex-presidente na política brasileira? Sem poder se candidatar, qual será sua influência na vida nacional? Nesta semana, o assunto saiu do campo da especulação e pôde ser observado na realidade", aponta o texto, que trata da tentativa de sabotar a reforma tributária.

"A voz do autoproclamado grande líder da direita nacional – que se apresenta como representante do liberalismo e dos interesses do empresariado – deveria produzir alguma consequência sobre tema tão fundamental para o desenvolvimento social e econômico do País. No entanto, a oposição de Jair Bolsonaro à reforma tributária não gerou rigorosamente nenhum efeito. Nem no seu partido nem também naquele que é considerado um dos principais sucessores do bolsonarismo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas", acrescenta o editorialista.

"Bolsonaro nunca foi capaz de articular politicamente setores e grupos da sociedade. Basta ver sua trajetória de trocas contínuas de legendas e o fracasso, mesmo estando na Presidência da República, na hora de criar seu próprio partido. Uma coisa é organizar motociatas ou ter muitos seguidores (e robôs) nas redes sociais. Outra, bem diferente, é exercer uma efetiva liderança política, congregando interesses por meio de ações políticas coordenadas", prossegue o autor. "Se é triste constatar a diminuta dimensão moral e política de quem ocupou a Presidência da República por quatro anos, é alvissareiro reconhecer que Jair Bolsonaro volta a ter agora o exato peso que sempre mereceu ter. A mais cabal e rigorosa irrelevância", finaliza.

domingo, 2 de julho de 2023

"SAYONARA" (O Filme) - José Nilton Mariano Saraiva

Se você, aí do outro lado da telinha ainda não sabe, a palavra japonesa “Sayonara” significa “adeus” e serviu pra titular um dos grandes filmes românticos já rodados (vencedor de três Oscar’s). Tanto que naquela oportunidade a imprensa foi pródiga em elogios, destacando: “Um gigante entre os filmes” (The Film Daily), “Um filme de beleza e sensibilidade” (Variety), “Uma encantadora história de amor; um dos melhores filmes do ano” (Los Angeles Mirror News).

No filme, Marlon Brando (numa atuação soberba), interpreta o Major Lloyd Gruver, herói da Força Aérea americana, envolvido na guerra com a Coréia, e que repentinamente, após pousar, vindo de mais uma batalha aérea, toma conhecimento da sua transferência para a Base Militar Americana, no Japão; é que o futuro sogro (General Webster, comandante da base) já lá se encontra com toda a família e, temendo pela vida do futuro genro, parece pretender “agilizar” a união da filha com o “major-herói”. Como os militares americanos eram terminantemente proibidos de se relacionar com as mulheres orientais, e o Major Gruver um dos mais ardorosos defensores de tal (pre)conceito, o caminho praticamente estava pavimentado.

As coisas começam a mudar quando o Major Gruver é convidado pelo amicíssimo recruta Joe Kelly (seu subordinado e a quem não podia faltar), pra ser padrinho do seu casamento... com uma japonesa, numa cerimônia simples em pleno recinto da Embaixada americana, lá no Japão (por tal atitude, posteriormente foi advertido pelo futuro sogro).

Enquanto no convívio diário com a noiva as coisas começam a “azedar” em razão das diferenças só agora descobertas, a função burocrática, à qual não estava acostumado, começa a lhe “encher o saco” (e a paciência).

Pra espairecer, e como não tinha mesmo nada pra fazer, ele aceita o convite de um colega pra visitar na cidade vizinha a cerimônia de “passagem” por uma trilha, rumo ao teatro, das jovens mulheres componentes do balé feminino mais famoso do Japão, o Matsubayashi.

E foi aí que o “cupido o flechou definitivamente”, ao colocá-lo à frente da beleza suave e ao mesmo tempo estonteante de Hana-Ogi, a principal estrela da companhia. Tentou chamar-lhe a atenção, sem sucesso, mesmo envergando a vistosa e bela farda militar (as mulheres japonesas eram também proibidas de se relacionar com os americanos).

Assistiu ao espetáculo no teatro, voltou nos dias seguintes à trilha e, sempre do mesmo posto de observação, tentava pelo menos conseguir algum olhar, mesmo que piedoso, de Hana-Ogi. Nadica de nada. Já cansado e desestimulado com tanto desprezo, resolve observa-la de um outro ponto. E aí, a surpresa. Enquanto dava autógrafos aos fãs, Hana-Ogi timidamente levanta a vista e dirige seu olhar para onde ele sempre ficava; não o encontrando, permite-se um giro de 180 graus com a cabeça, à sua procura. Xeque-mate (sim, havia esperança)

Através da esposa japonesa do amigo Joe Kelly, consegue marcar um encontro secreto com Hana-Ogi (na casa do recruta); na oportunidade, fala, fala, fala e ela, bela e angelical, sem pronunciar um pio, uma única palavra. Visivelmente encabulado, ele lhe diz que não sabe mais o que fazer e, só então, ela “abre o verbo”: que seus pais foram mortos pelos americanos, que ela mesma fora criada com a quase obrigação de detestar os americanos, mas que, agora... estava apaixonada por ele, um americano. E a partir de então passam a se encontrar às escondidas e viver intensamente aquela paixão explosiva.

Com o suicídio do recruta Joe Kelly e a esposa (grávida), em razão da sua remoção ex-offício para os Estados Unidos (desacompanhado da mulher), o Major Gruver “chuta o pau da barraca”: acaba o noivado com a filha do General, lhe diz da sua intenção de também casar com uma japonesa e recrimina aquele preconceito absurdo (do qual ele era um dos defensores, lembremo-nos); de pronto é ameaçado de expulsão da Aeronáutica pelo ex-quase futuro sogro (que ainda teve o dissabor de ver a filha, ex-noiva do Major, sair de casa anunciando que iria viver com o principal dançarino de um dos balés do Japão).

Para não o prejudicar, Hana-Ogi foge para uma outra cidade, sem comunicar-lhe, deixando-o ensandecido. Ao descobrir onde ela se acha, vai ao seu encontro e, após o espetáculo, no camarim, lhe diz que renuncia a tudo por ela e, principalmente, que está pra ser aprovada uma Lei americana acabando com tudo aquilo; lhe dá um prazo de alguns minutos para que decida se topa ou não ir com ele para a América, naquele mesmo dia.
Retira-se e, do lado de fora, cercado pelos principais integrantes da mídia nipônica, aguarda ansioso que ela apareça. Tensão, expectativa...

No último segundo Hana-Ogi surge risonha, belíssima e esplendorosa e corre para os seus braços; quando os repórteres e jornalistas pedem pra o Major Gruver deixar alguma mensagem ao povo japonês, sucintamente ele responde: “diga-lhes que eu lhes disse... SAYONARA”. The End.

Nota 1000. Um "filmaço".

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Obs: trata-se de texto da nossa lavra, postado anos atrás.