por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 21 de março de 2012

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Mazé Sales – Uma palavra viva do Caldeirão




Uma escritora que não se limita. Mazé tem contribuido para o resgate da história regional atraves da literatura. Fiha de remanescente do Caldeirão e autora do livro Auto do Caldeirão - dos calheiros da santa cruz do deserto e do Beato José Lourenço ela afirma que: “Tudo o que minha mãe falava sobre o Caldeirão está ali, contado em forma de teatro. Ela contava que havia abundância de tudo, muita fartura. Tudo era de todos.



Alexandre Lucas – Quem é Mazé Sales?



Mazé Sales - Uma menina da roça que se tornou professora na cidade. Encantou-se com o teatro do Grupo Construção 10 ( anos 70) e gostava de ler. Tomava livros emprestado e os devolvia antes do prazo para ter direito a outros empréstimos. Meus colegas de escola colaboravam comigo trazendo-me cópias de poemas que eu decorava e declamava em algumas ocasiões. Escrevia poemas para os namorados das minhas colegas, a pedido destas. Para isto eu precisava saber como eram eles. Gostava também de escrever diários. Sou também atriz. Passei por alguns grupos de teatro amador como o William Shakespeare, do extinto GMAXO , o ANTA e atualmente estou no LIVREMENTE. Faço Donana na peça Dentro da Noite Escura de Emanuel Nogueira e direção de Jean Nogueira, meu ex-aluno.Tenho também umas pequenas participações em alguns filmes: Padre Cícero ( anos 70), Caminho das Nuvens, O Cinematógrafo Hereje de Jeferson Albuquerque (2011), um conto de Zé Flávio Vieirra.


Alexandre Lucas – Como ocorreu seus primeiros contatos com a literatura?


Mazé Sales - "A Flor e as Fontes" de Vicente de Carvalho foi um poema que me emocionou bastante na minha infância. Ai como eu sofria com o sofrimento da flor! Então, fiz um poeminha para minha mãe. Enquanto escrevia os diários ia também fazendo versos. Minha infância foi recheada por literatura de cordel. Dobrava versos na tipografia São Francisco, antiga Lira Nordestina, e Dona Ana Silva me presenteava com muitos cordéis que eu lia em casa para a família.


Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória:


Mazé Sales - Escrevi vários cadernos de "matérias" de poesias e algumas peças de teatro. Fui à gráfica e vi que não era pra mim. O custo era alto. Como me disse o dono de uma gráfica: "Publicar livros fica pra quem é rico e vaidoso". Fiquei muito triste. Então, resolvi selecionar somente uns cinco poemas que cabia no meu orçamento e assim nasceu Banquete dos Deuses, em 1997. É como dar a luz ao filho desejado.


Alexandre Lucas – Você é filha de Maria de Lourdes Andrade Sales uma remanescente da Comunidade do Caldeirão . Quais as memórias que sua mãe contava dessa comunidade?



Mazé Sales - Tudo o que minha mãe falava sobre o Caldeirão está ali, contado em forma de teatro. Ela contava que havia abundância de tudo, muita fartura. Tudo era de todos. O que me impressiona é saber que havia no sítio Caldeirão muitas fruteiras: bananeiras, laranjeiras, etc. E hoje, você chega lá e pensa que era fruto da imaginação das pessoas. Que naquele lugar não poderia produzir nada. Mas, voltando à realidade da época: havia uma comunidade, sob a liderança do Beato José Lourenço cujo lema era trabalho, disciplina e oração, então, podiam tirar leite das pedras e transformar um deserto em um pomar.


Alexandre Lucas – Você publicou o Auto do Caldeirão - dos calheiros da santa cruz do deserto e do Beato José Lourenço ( Teatro). Como foi essa experiência?


Mazé Sales - Tal como Padre Cícero: Filho do Crato, Pai do Juazeiro foi direcionado aos alunos com os quais eu trabalhava e como os colegas pediam fotocópias, resolvi publicá-los. Era como se estivesse prestando uma homenagem póstuma a todos os mortos no massacre do Caldeirão, bem como aos que sobreviveram e tiveram que calar como se nada tivesse acontecido. Ou falaram baixinho e eu fui juntando os sussuros e os medos e fiz deles uma teia onde a aranha conta a sua história.


Alexandre Lucas – Você escreveu outra peça de teatro em 1999: Padre Cícero: Filho do Crato Pai do Juazeiro. Essa obra levanta que discusão?

Mazé Sales - A prosposta era tão somente didática: contar a história de Juazeiro que se confunde com a do Padre Cícero para meus alunos de Educação Artística do Colégio Salesiano, na época. Revendo o texto, vejo que questionamos coisas que hoje são realidades: os romeiros visitarem também o Crato, Faculdades para Juazeiro, etc.


Alexandre Lucas – Como você define a sua poética?


Mazé Sales - Dizem que definir é limitar. Eu acho que não definir é não saber. E agora? Minha poética é tão minha que não encontra ressonância em nada, a não ser em mim mesma, sem ser original. Talvez em Manuel Bandeira eu tenha me inspirado, mas a minha leitura foi de cordel. Nunca conseguir fazer um soneto nem um cordel porque ambos tem que ser perfeitos. E a imperfeição é um traço forte no que faço, às vezes sem querer. E ainda acho belo, como toda mãe coruja.


Alexandre Lucas – Como você ver a relação entre arte e política?


Mazé Sales - Se "a vida imita a arte e a arte imita a vida" a política deveria administrar a vida em sociedade refletindo sobre as necessidades do povo, visto que os bens são do povo e a estes devem servir e os administradores são colocados pelo povo para cumprir com sua missão de bem administrar e não apenas para o bem estar dos políticos. Proporcionando bem estar a todos, visto que num país rico não poderia haver pobreza. E a arte critica, por mais comportada que seja, essa realidade. A arte é (o) a porta voz da sociedade.


Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?

Mazé Sales - Como somos produto do meio e sobre o meio atuamos, acredito que meu trabalho, mesmo pouco e pequeno, tenha contribuido para o esclarecimento, do ponto de vista didático, de acontecimentos da história regional ou para simples deleite para quem gosta de ler.



Alexandre Lucas – Quais seus proximos trabalhos?



Mazé Sales - Há quase dois anos está quase pronto: Santidade e Loucura à Beira do Rio Salgadinho. Aguardem! Estou também tentando escrever um infanto-juvenil com acontecimentos fantásticos baseado na Física Quântica. Ai! Será? Porque paranormal não é. Vamos ver! "Quem viver verá!" Quando eu me aposentar vou ter mais tempo para escrever. Será? Obrigada.

Desejo- José do Vale P.Feitosa




Pinga,fura,pula, escorre
Chupa.Engole uma poça,
Canto de nidação.

A geração dos desejos,
O levante das satisfações,
O furor dos suspiros realizados.
E nem acabam já são desejados
Em tempestades de fantasias,
Com a armadura da busca.

E pinga, fura,escorre,
Migra na contracorrente,
Mergulha na intensidade.

Engole o destino preponente,
Digere os detalhes materiais,
Chupa tudo que parece aquilo.

Uma poça úmida de desejos,
A implantação que funde,
O separável para mais outra.

Implantar a semente que deseja
Outro encontro de espremer espaço,
O momento de agitar suspiros.

ASSIS VALENTE- Norma Hauer



Foi no dia 19 de março de 1911, que nasceu, no interior da Bahia, José de Assis Valente, que se tornou conhecido como ASSIS VALENTE.

Segundo consta, foi seqüestrado de sua família, por um casal que o levou para Alagoas, onde viveu algum tempo, regressando, com esse casal, para a Bahia,onde depois de crescido, foi explorado, trabalhando praticamente, o dia inteiro.

Com a chegada de um circo em Salvador, ele seguiu esse circo, vindo para o Rio de Janeiro no final dos anos 20. Aqui aprendeu a profissão de protético e, com um amigo, abriu um laboratório de prótese.

Mas seu destino era a composição musical. Em 1932 conheceu Heitor dos Prazeres que o levou para o meio dos músicos da época, iniciando sua carreira de compositor. Naquela mania de francês que veio do início dos anos 20, Assis Valente compôs o samba "Tem Francesa no Morro", gravado por Aracy Cortes.

1932 foi o ano que em São Paulo eclodiu a revolução constitucionalista. Assis Valente, já entusiasmado com seu primeiro sucesso, compôs um samba intitulado "Para Onde irá o Brasil ?"

Para que? Convocado para prestar esclarecimentos à Polícia de então, quase teve sua carreira morta no nascedouro porque, em pleno ano da Revolução, ousou perguntar para onde iria o Brasil. E Carlos Galhardo que a gravou (foi sua 2ª gravação) quase entra de "gaiato" também. Essa era a censura dos anos 30, antes da criação do DIP.

Felizmente para ambos, as "autoridades" concluÍram que a música não constituía "perigo para a segurança da Pátria" e a liberaram. Assim, depois do susto, a Paz voltou e nesse mesmo ano, Assis criou a primeira música para o Natal, que, gravada ainda por Carlos Galhardo, transformou-se numa espécie de hino para as festas de fim de ano. Seu nome: BOAS FESTAS"

“Anoiteceu, o sino gemeu...

A gente ficou

Feliz a rezar

Papai Noel vê se tem

A felicidade p1ra você me dar...”

Foi nessa mesma época que Carmen Miranda aproximou-se de Assis e pediu que ele compusesse músicas para ela gravar.



A partir daí, Assis conheceu vários sucessos, alguns ainda hoje regravados pelos artistas atuais.

Para as festas juninas escreveu "Cai, Cai, Balão"; já com o inglês substituindo o francês, ele, criticando, escreveu

"Good-Bye, Boy"...deixa a mania do inglês.

Isso é feio p'ra você, moreno frajola,

que nunca freqüentou as aulas da escola..."

Em 1938, quando aqui foi exibido um filme de nome "Sossega Leão", Assis aproveitou a "deixa" e compôs "Camisa Listrada":

Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí;

Em vez de tomar chá com torrada, ele bebeu parati.

Levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão.

E sorria quando o povo dizia, sossega leão, sossega leão..."

Assis gostava de aproveitar fatos explorados pelos jornais e compunha algo. Foi assim que escreveu "Uva de Caminhão", quando aqui surgiram caminhões trazendo uvas frescas do Rio Grande do Sul; "...E O Mundo não se Acabou", quando se noticiava que o planeta Marte iria aproximar-se da Terra, podendo haver uma explosão e o "mundo iria se acabar" e "Recenseamento", quando, após 20 anos, um novo recenseamento seria realizado aqui, esse bastante divulgado.

EM 1939-40 estava havendo muita falta d'água na cidade e Assis compôs "Jarro D'água", desta vez gravado por Cinara Rios, uma cantora que não ficou muito

conhecida mas que passou a fazer parte do elenco da Mayrink Veiga depois que Carmen Miranda foi para os Estados Unidos.

Em 1940, outro grande sucesso colheu Assis Valente: o samba exaltação "Brasil Pandeiro", que, na época,recebeu o nome de "Chegou a Hora" e ele dizia que fora feito em homenagem à revista PRANOVE, da Rádio Mayrink Veiga. Consta esse fato do nº 27, de agosto de 1940, da própria revista, no qual Assis Valente dá uma entrevista à mesma. Quem sabe disso?

Muitos sucessos...e daí? Assis era feliz?

Será que Assis Valente foi uma pessoa feliz?

Segundo soube, já quando compôs "Boas Festas", ele estava em depressão. Continuou exercendo a profissão de protético, enquanto ia compondo e obtendo sucessos, mas continuava infeliz.

No dia 15 de maio de 1941 tentou o suicídio, atirando-se do Corcovado; caiu sobre uma árvore e foi salvo pelos bombeiros.

Casou-se; seu casamento só durou o tempo da gestação de sua filha única.

Tentou, após a separação, o suicídio mais uma vez; agora cortando os pulsos. Novamente foi salvo, mas no dia 10 de março de 1958, dezenove dias antes da data em que completaria 50 anos, obteve o que desejou: tomou guaraná com formicida em um banco de praça e, sendo uma mistura que "não tem volta", dessa vez ele partiu.

Porque será que suicidas escolhem o guaraná para fazer a mistura com formicida?

Tive ocasião de conhecer Assis Valente, quando ele exercia a profissão de protético em um laboratório no Edifício Carioca, um edifício que existia ali em frente ao Convento de Santo Antônio e em cuja galeria os bondes de Santa Teresa faziam ponto final.

Assis costumava fazer lanche em um de seus bares e palestrava com todos, que dele se aproximavam. Na época não parecia uma pessoa infeliz.

Mas a verdade é que Assis pôs fim à vida em 10 de março de 1958. No seu “inferno zodiacal”.

Norma


Z´É E ZILDA- por Norma Hauer




Quem teráo sido ZÉ E ZILDA ?

Ele era, nada mais, nada menos, que o José Gonçalves, nascido em 6 de janeiro de 1906, aqui no Rio de Janeiro e ela ZILDA GONÇALVES, nascida em 18 de março de 1921.

Ambos formaram a dupla ZÉ E ZILDA.

Casados, desde 1938, formaram uma dupla que começou a atuar na Rádio Transmissora, exatamente onde se conheceram e atuavam com o nome de “Dupla da Harmonia”.

Passando, nesse mesmo ano para a Rádio Cruzeiro do Sul, a dupla foi ali “batizada” por Paulo Roberto de ZÉ E ZILDA. Assim, mantiveram-se juntos até que Zé faleceu, prematuramente, em 10 de outubro de 1954, aos 48 anos.

A partir de 1946, Jorge Veiga gravou, da autoria de ambos, “Caboclo Africano” ; Emilinha Borba: “Nosso Amor”; Marlene , da co-autoria de Adelino Moreira e Zé, o samba “Quebra-Mar”; Orlando Silva, de Zé da Zilda e Marino Pinto fez grande sucesso com “Aos Pés da Cruz”.

Aos pés da Santa Cruz,

Você se ajoelhou

E em nome de Jesus

Um grande amor você jurou;

Jurou mas não cumpriu,

Fingiu e me enganou

P’ra mim você mentiu

P’ra Deus você pecou.

O coração tem razão,

Que a própria razão desconhece

Faz promessas e juras, depois esquece.

Seguindo esse princípio.

Você também prometeu.

Chegou até a jurar um grande amor,

Mas depois esqueceu.



O primeiro sucesso da dupla como cantores foi 'RESSACA"

“Tá todo mundo de ressaca,

Ressaca, ressaca, ressaca”...

O segundo sucesso foi

SACA-ROLHA

As águas vão rolar

Garrafa cheia eu não quero ver sobrar

Eu passo mão na saca saca saca rolha

E bebo até me afogar

Deixa as águas rolar

Se a polícia por isso me prender

Mas na última hora me soltar

Eu pego o saca saca saca rolha

Ninguém me agarra ninguém me agarra

Da autoria de ambos e Waldir Machado

Nesse mesmo ano, com o coro artístico da Odeon, fizeram outro sucesso: ”Império do Samba”.

No ano seguinte, saiu a gravação de “As Águas Continuam”, embora ZÉ já houvesse falecido.

Com o falecimento de Zé, Zilda compôs em sua homenagem, o samba :”Vai, Que Depois Eu Vou” e “Meu Zé” .

Em 1958. outro samba:”Amor, Vem me Buscar”, dela com Ricardo Galeno.

Em 1961 gravou, de Paquito e Romeu Gentil, ainda em homenagem ao Zé, o samba “Vem Amor”.

Ela não se conformou com a morte de Zé mostrando o grande amor que os uniu.

Isso é muito bonito, principalmente tratando-se de dois artistas unidos na vida e hoje na morte.

Assim, ambos merecem nossa Saudade.

Norma Hauer - 19 de mar

Jorge Goulart - Por Norma Hauer



Nosso querido Jorge Goulart partiu para sua última viagem depois de haver corrido o mundo, fazendo sucesso onde se apresentava. Uma pequena biografia em sua homenagem: Foi a 16 de janeiro de 1926 que nasceu, aqui no Rio de Janeiro, Jorge Neves Bastos, que se tornou conhecido como JORGE GOULART.
E por que Goulart? No início de sua carreira, havia um fortificante de grande aceitação naquela época, de nome Elixir de Inhame Goulart. Foi então aconselhado a adotar o nome artístico de Jorge Goulart. E com esse nome, tendo conhecido o compositor Ari Barroso, este gostou de sua voz e deu-lhe para gravar um samba seu em parceria com Fernando Lobo, de nome "Xangô”, ao mesmo tempo em que o levou para a Rádio Tupi. Isso se deu em 1945.

Gravou outras composições, mas ainda não era um nome conhecido do público, até que lançou, em 1950, para o carnaval de 1951, seu primeiro grande sucesso:"Balzaquiana". Naquela ocasião, estavam muito em moda "os brotinhos", a partir de gravação de Francisco Carlos da marchinha de Humberto Teixeira e Lauro Maia, "Meu Brotinho".

Então surgiu a "Balzaquiana"
"Não quero broto,
Não quero, não quero,
Não quero não.
Não sou garoto ,
Pra viver mais de ilusão.
Sete dias por semana,
Eu preciso ver minha Balzaquiana.

" O francês sabe escolher,

Por isso ele não quer Qualquer mulher.

“Papai” Balzac já dizia

Paris inteiro repetia Balzac atirou “na pinta”.

Mulher só depois dos trinta.

"Balzaquiana" chamou a atenção para a voz de Jorge Goulart, logo convidado por Lamartine Babo para gravar os hinos do América (time do coração de Lamartine) e do Madureira.

Goulart, conhecido, foi convidado para participar do filme "Rio, 40 Graus", quando "estourou" com o samba de Zé Ketti "Eu Sou o Samba". Isso em 1956.

A partir dai, fez parte de um dos maiores programas musicais da Rádio Nacional: "Um Milhão de Melodias", onde cantava com a orquestra da emissora, ficando conhecido em todo o Brasil.

Como música romântica, lançou uma grande composição de Braguinha, que se expraiou por toda parte: "Laura". Talvez seu maior sucesso no gênero romântico.

Lembrar Jorge Goulart, é também lembrar de "Couro de Gato", de Grande Otelo e Rubens Silva.. ."aquele gato que tanto zombava de mim. Aquele gato não é mais gato, hoje é tamborim"... Mas foi em 1964 que João Roberto Kelly deu para Jorge Goulart aquele que ainda hoje é um dos maiores sucessos dentro e fora do carnaval:"CABELEIRA DO ZEZÉ":

"Olha a cabeleira do Zezé,
Será que ele é?,
Será que ele é?..."

Depois de 1º de abril de 1964, foi afastado da Rádio Nacional, acusado de comunista (o que ele nunca negou) e saiu por esse mundo, levando a beleza de sua voz para terras estranhas, como as da então União Soviética e outros países da Europa (do leste e do oeste), sempre recebido com carinho, acompanhado de sua companheira Nora Nei, com quem, regressando ao Brasil, se casou.
Pouco tempo depois, foi acometido por um câncer, exatamente em seu bem mais precioso: suas cordas vocais. Antes de ser operado para a retirada do tumor, gravou várias músicas, copm elas enriquecendo seu repertório.

Superando o grande trauma que foi a perda das cordas vocais, hoje ele se apresenta fazendo "mímica", usando "play-back", o que o faz ser aplaudido em todos os lugares por onde passa, até mesmo nas apresentações carnavalescas no palco que todos os anos é erguido na Cinelândia, em frente à Câmara Municipal. Anualmente, por ocasião de seu aniversário, ele é homenageado em algum teatro ou casa de “shoiw” carioca. Sempre aplaudido, apesar de usar “play back”.
Jorge Goulart é um grande exemplo de perseverança, que não se entregou quando perdeu seu mais precioso bem: sua voz.
A PARTIR DE HOJE É UMA GRANDE SAUDADE

Narrando acima um resumo biográfico de Antonio Maria, citei sua composição "Meninio Grande", gravada por Nora Ney.

Nora foi companmheira de Jorge Goulart e foi ela que solicitou a Antonioo Maria que compusesse uma canção para que ela homenegeasse Jorge Goulart.


Norma

Por Socorro Moreira





Assusta, derrama,desconserta

Chama,embriaga, entontece.

Culpa, pecado- signo de uma geração
Desculpa da curiosidade-
Apelo inevitável.-

Fome de carinho
Amor encarnado!

Olhar que busca
- Alma encantada!

E nega, e deixa, e chora
Sorri da loucura, e foge.

Quase entrega...
 Integra, recua.
Abraça o destino
Desiste, procura

Belisca a própria pele,
Mordisca a isca
Fareja a seiva que libera

Levita, deixa escapar o chão
Boca aberta, olhos cerrados...
- Descompassa o coração.

Encolhe-se, desnuda-se
Encontros no clarão da lua
Despedidas em poças
Buracos dos olhos, buracos da chuva

Vício de amar
Suspiros, saudades.