por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 24 de maio de 2011

A Saudade.

Peço que não percas,
nas horas de perdas,
os caminhos do coração.
lá estamos nós, em comunhão,
compondo canções que azulam o céu,
que anelam os laços do Amor que re-une.
silencie, não cante, nem conte
o tempo que foi.
Tempo virá em que o tempo será só lembrança
e faremos de nuvem e sonho
novos brinquedos de criança...

Vicente Padeiro ( 93 anos de vida) - por Socorro Moreira


Um violão silenciou na Pedra lavrada. Um seresteiro exalou seu último suspiro.
Meu pai costumava dizer : Vicente Padeiro, Audísio Teles , acompanha qualquer timbre de voz, qualquer canção, e ainda se sobressaem num diferencial musical , que o tempo revelou e guardou, pra ficar na história.
Mais um companheiro da música , trocou a terra por uma calçada no céu com outra lua, outro sol, outras madrugadas, novas auroras.
Era criança quando o conheci. Eu calçava menos de 30... Depois meus sapatos foram ficando apertados, e o meu repertório musical foi ficando extenso. Quero as valsas , os samba-canções, eternamente na minha memória.
O Crato vai apagando suas luzes... Outras luzes começam a piscar. É a vida se renovando e criando mais saudades de um lugar.
O que no fundo esperamos da noite que precede um novo dia?
Um cheiro de terra molhada , canteiros de flores molhados, e a esperança de vida , em brilhos de alegria. Mas pra vida se perpetuar, a morte é precisa!

"Padre Cícero previu a ganância do Bispo do Crato: "


O testamento deixado pelo padre diz tudo
Santo e sábio visionário, com capacidade incrível de antecipar o futuro, qualidade que lhe deu projeção mística nacional, Padre Cícero(foto) previu e preveniu seu povo contra os atuais ataques de ganância do Bispo de Crato, Fernando Panico, que agora está tentando se apossar de terreno de 746 mil metros quadrados ou levar indenização de R$ 18 milhões, sem ter direito a absolutamente nada do patrimônio religioso do Juazeiro do Norte.. Quem fizer uma leitura cuidadosa do Testamento do Padre Cícero, como fez o Juanorte nessa semana, vai identificar uma sutileza reveladora dessa previsão dele há quase 88 anos quando distribuiu seus bens sem contemplar a Diocese de Crato, que lhe massacrou em vida e após a morte, além de inimiga histórica do Juazeiro.Mais uma marca do dom profético do venerável Patriarca do Juazeiro.

Como o Juanorte mostrou na sua edição passada, conforme o Testamento Cerrado e Definitivo do Padre Cícero, a Diocese de Crato não é legatária nem herdeira dos seus bens. Primeiro, porque não merecia e não merece por tudo de ruim que praticou contra o Padre Cícero, massacrando-o, vilipendiando-o, injuriando-o, caluniando-o e colocando-o em verdadeiro inferno junto ao Vaticano. Segundo, porque, quando fez seu Testamento, já não sendo mais sacerdote e até já ex-comungado, não tinha qualquer obrigação com a Igreja. Mas, consciente da agressividade dos bispos de Crato contra Juazeiro, inimigos históricos do Juazeiro, Padre Cícero adotou uma medida cautelar em seu Testamento em forma de filigrama tal a surpreendente e inteligente sutileza. Ao lavrar o documento registrado no Cartório Machado do Juazeiro, Padre Cícero diz, claramente, que deixa para Nossa Senhora das Dores vários de seus bens, inclusive o sitio Porteiras, hoje bairro de São José, onde está o terreno vendido pelo saudoso e querido Padre Murilo Barreto ao empresário da construção civil. Francisco Pereira, e que está sendo reivindicado na Justiça, descabidamente, pelo bispo Fernando Panico. E ao destinar sua herança, Padre Cícero ressalta que esses bens deverão ficar sob os cuidados do vigário que estiver na direção da paróquia e mais ninguém. Vejam a sutileza: Padre Cícero não diz que deixa seus bens para a paróquia de Nossa Senhora das Dores, mas para Nossa Senhora das Dores. Faz uma grande diferença. Exatamente para evitar dar espaço de razão ao bispo de Crato, que aparecesse ganancioso como estáacontecendo agora, querendo dilapidar o patrimônio religioso do Juazeiro, sob a alegação mentirosa de que o patrimônio pertence à Diocese. Não. Prevendo a possibilidade dos ataques de ganância atuais do Bispado de Crato, Padre Cícero foi incisivo: deixou seus bens para Nossa Senhora das Dores para serem cuidados exclusivamente pelo vigário da paróquia, ficando, portanto, o bispo diocesano totalmente excluído dessa missão. Por isso, a ação judicial do bispo Fernando Panico, além de
agressão à memória do Padre Murilo Barreto, apontado como desonesto, e afronta ao Testamento do Padre Cícero, que não nomeou a Diocese nem Legatária nem Herdeira de nada, fica ainda mais complicada e extremamente vulnerável diante dessa sábia e sutil cautela visionária do Levita do Juazeiro. Santo e sábio,. Padre Cícero previu e preveniu Juazeiro sobre isso certamente porque tinha real noção do perigo e da ameaça representados pela Diocese de Crato para o patrimônio religioso de sua amada cidade. Antes mesmo de fazer seu Testamento ele já sentia o apetite de ganância que dominaria a Diocese quando legalizasse a distribuição de seus bens. Sabia que os bispos de Crato, os mesmos que fizeram tudo de pressão e opressão, inclusive censura canônica, para que ele devolvesse os bens aos seus devotos alegando que eram fruto de embustes ou falsos milagres, seriam os primeiros a brigar ferozmente para pegar o melhor da partilha. Ele próprio sentiu na pele a confirmação dessa previsão, ao final de sua vida, doente, abatido, quando foi forçado, na pressão e na marra, a fazer uma “doação” à Diocese de Crato, insatisfeita e reclamante por ter ficado fora do Testamento. E está documentando para a história que não foi uma “doação” qualquer. Só Deus sabe sob quais terríveis ameaças isso se deu. Por mais incrível que pareça, o Bispado de Crato conseguiu tirar do Padre Cícero bens em valor muito superior aos mais beneficiados em Testamento, os Salesianos. De acordo com relatório do escritor e historiador Paulo Machado, em seu livro “Padre Cícero entre os rumores e a verdade”, a |Diocese de Crato, que tanto condenou Padre |Cícero por ter acumulado tantos bens doados pelos seus devotos e amigos de todo o Nordeste ainda conseguiu ficar com patrimônio de valor maior ao valor do conjunto de todos os legítimos herdeiros. Ao final de sua vida em 1934, o patrimônio do Padre Cícero já tinha passado por significativas alterações desde o Testamento feito mm 1923, acrescido de muitos bens recebidos como doações nesse período. Sob pressão máxima e autoritária da Diocese de Crato,, que se aproveitou de sua condição física
debilitada, Padre Cícero acabou fazendo uma “doação” ao Bispado de bens que ele gostaria de ter deixado para os Salesianos. Entre esses bens estão Sítio Faustino e Sítio Fernando(município de Crato), Sítio Baixa Grande(município de Santana do Cariri) e Sítio São Gonçalo e Sítio São Lourenço (município de Caririaçu),, certamente, exigidos pela Diocese. Curiosamente, o valor dessa “doação” ao Bispado de Crato(calculado em 340 mil contos de réis) supera em muito o valor total dos bens destinados aos verdadeiros legatários e herdeiros do Testamento de 1923 (calculado em 250 mil contos de réis). Ou seja, sem ser legatária nem herdeira de nada, a Diocese de Crato arranjou um jeito de ficar como a maior beneficiária do espólio do Padre Cícero. Essa “doação” aconteceu em 17 de janeiro de 1934, dois meses antes dele completar 90 anos e seis meses antes de sua morte. Ao lavrar essa “doação”, Padre Cícero assinalou, porém, que a Diocese deveria aplicá-la em favor de estabelecimentos ou congregações especiais voltadas para a educação da mocidade do Juazeiro. Mas a Diocese de Crato ficou mais de 60 anos em silêncio escondendo essa “doação” e até hoje não prestou contas ao povo do Juazeiro sobre o destino do dinheiro, que deve ter sido usado todo para enriquecer o patrimônio de Crato. Portanto, vem de longe esse espírito ganancioso da Diocese de Crato sobre a riqueza do patrimônio religioso do Juazeiro. Ganância que se evidencia mais uma vez agora pelas investidas do Bispo Fernando Panico. Sua afronta ao Testamento do Padre Cícero não se refere apenas à tentativa de se apossar de terreno vendido pelo saudoso Padre Murilo ao empresário Francisco Pereira. Como já denunciou o Juanorte, antes disso, o bispo Fernando Panico assumiu o controle total do dinheiro doado pelos católicos do Juazeiro e devotos do Padre Cícero, para Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Nossa Senhora das Dores, levando tudo para Crato. É uma apropriação indébita porque os católicos do Juazeiro e devotos do Padre Cícero fazem exatamente o que ele pediu e recomendou: “Continuem a visitar o Juazeiro em romaria à Santíssima Virgem, como sempre fizeram, auxiliando a manutenção do seu culto e das instituições religiosas que aqui forem criadas e com especial menção, repito, à dos Beneméritos Padres Salesianos”. Ou seja, o dinheiro doado pelos católicos do Juazeiro e devotos do Padre Cícero é para manutenção e valorização do culto de Nossa Senhora das Dores e de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e não para a Paróquia de Nossa Senhora das Dores, como imagina o bispo levando gananciosamente todo o dinheiro da Capela do Socorro e da Basílica das Dores para Crato. Digam aos fiéis e devotos do Juazeiro: “O Bispo está levando para Crato o dinheiro que vocês doam para Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro que, imediatamente, reagirão todos indignados e não doarão mais nenhum centavo”. É uma apropriação indébita e um agressão à vontade e ao espírito religioso do povo do Juazeiro e do Nordeste. Quando ao caso especifico da demanda judicial atual, onde o bispo de Crato é, claramente, barrado pelo Testamento do Padre Cícero e ainda pela sutileza de sua previsão cautelar, que tem enorme efeito jurídico, tudo caminha para sua fragorosa e merecida derrota. Já na última sexta-feira(6), a Justiça derrubou a liminar do bispo que proibia ao empresário Francisco Pereira continuar vendendo seu loteamento. Ele já está livre e desimpedido para continuar seu negócio normalmente, porque a Justiça considerou que o principal documento questionado pelo bispo, a Procuração do Padre Murilo para o empresário, é plenamente valido. Já o bispo de Crato, que começa a ser chamado de Dom Ganâncio, o melhor que tem a fazer a esta altura é desistir de sua iniciativa estapafúrdia que crescente indignação tem causado ao povo do Juazeiro, ecolocar seu olho grande de cobiça sobre outra cidade porque, como já demonstrado e do conhecimento da Justiça, o previdente Padre Cícero já deixou o patrimônio religioso do Juazeiro devidamente protegido contra esse mau olhado diocesano.


F - Juanorte
Postado por Blog da Boa

Da inquieta vontade de ser
nasce a decisão de não ter!
( socorro moreira)

Por Socorro Moreira




Hoje malhei em ferro frio

viajei na maionese

conversei fiado

passeei no futuro

reencontrei o passado

O presente foi longo

mas não vi resultados

vou dormir sem

escrever nas estrelas,

apagando na lua

um verso extraviado.

Hoje pairou uma dúvida ...

Mas, que importa ,

se às vezes sonho errado?

Amanhã eu acerto o passo

reforço a cura

de uma inquietação

que virou paz !

Daqui a pouco

quando o dia amanhecer

eu te acho

em meus guardados !

Faz de conta- Por Socorro Moreira



Que hoje é um dia qualquer da minha vida
Que ele foi recortado do passado
ou que chegou do futuro, ainda novinho

Faz de conta que o meu presente é esse dia
E nele eu reponho a poesia, o verde, a minha alegria.

Faz de conta que você contracena comigo
Que sorri, e me fala num carinho.

Faz de conta que estamos numa estrada,
Em busca de uma serra, em busca de um cantinho...
Que o dia está no infinito,
e de lá viver a eternidade
É preciso !

Faz de conta que contigo sou fada sem varinha
Que tu és mago com cajado, e lanterninha
Que a água está gelada, que a fonte de mim
É você quem mina e mima!

Pára um só minuto...
Abraça-me com todos os beijos que eu perdi
Como certo dia,
em que eu vi teus olhos,
e nem versos , fiz!

MARISCOS - POR EVERARDO NORÕES




O MAR POSSUI,
POR ENGANO,
FEITO DE COR E DE PENA,
UM ALFABETO ESTRANHO.
ÁS VEZES ESCREVE CARTAS.
SE AS LEIO,
ME CONDENA.
NÁUFRAGO DO MAR SECRETO,
(SEM MARÉ BAIXA OU NAVIO)
SOU O MAU DESTINATÁRIO:
POIS NEM MESMO EM MIM
ME ACEITO,OU FIO.

(Everardo Norões)


Os Filósofos da Batateira e a dialética do personagem e ator - por José do Vale Pinheiro Feitosa



Reunião de apenas alguns. Mitonho, Chico Preto, Chambaril e Bunga. Foi um pouco pelo acaso. Mitonho vinha pela estrada do brejo quando viu de longe a silhueta de Samuel, um terrível cobrador de dívidas, desviou-se pelo Arisco. Chambaril com uma toalha displicentemente nos ombros, carregava uma tora de sabão para lavar-se no rio e o caminho mais perto era o do arisco. Bunga estava procurando o seu jumento que deixara amarrado numa área e apenas encontrou o toco de corda partida.

Chico Preto era o único sábio naquele pleno das quatro horas no sítio Batateira. Destilava um opúsculo de Hume sobre a teoria do conhecimento, especialmente sobre as impressões vindas pelos sentidos e a formação das idéias. Isso embaixo da generosa sombra de um grande cajueiro, naquela altura pontilhando o folhado verde de rubros e amarelos cajus doces. Entre uma chupada cuidadosa com as manchas do sumo na sua camisa e uma lambida na ponta dos dedos, passava as folhas que digeriam um dos filósofos da Grã-Bretanha.

Com diferença de minutos os quatros Filósofos da Batateira estavam sentados em animada conversação. E que conversação! Tratava a dialética entre os personagens e os atores. Mitonho argumentava:

- Olhem bem o exemplo: Brizola era o personagem, o neto dele que é deputado federal pode ser apenas o ator.

- E Brizola tem neto deputado? Eu não sabia não! – interrogou Chambaril.

- Tem – esclareceu Chico Preto – e agora anda querendo beber o chimarrão do avô. Mas sempre resta uma dúvida: Brizola tinha a alma do seu tempo, o neto tem a farsa do tempo do avô. Ninguém vive o tempo do outro. Vive coisa parecida, que são sonhos, desejos, rumos que se tomam entre uma geração e outra, mas cabe a cada geração encontrar os inimigos dos seus sonhos e lutar contra eles. Não adianta ser apenas o ator. Isso tem pouca duração assim como o ato de um drama.

E foi neste clima que Bunga deu sua palavra: o caçuá da carga pode até durar muito, mas a carga é sempre diferente. Depende da safra e da vontade pelo produto. Tanto a safra muda durante o ano como o desejo vai mudando até mesmo na própria pessoa.

Pronto, como costumava com ao maior e mais profundo filósofo que a Batateira já tivera e tem, Chico Preto arrematou aquela breve reunião:

- O personagem está se queimando sob o sol de todos os dias. Esfola os dedos dos pés de tantas topadas na vereda irregular das noites escuras. Tem os ouvidos vitimados pelo vigor das respostas que lhe dão todas as vezes que sua voz se manifesta. O personagem não tem alternativa a não ser ele mesmo. Já o ator, apenas interpreta e ninguém consegue interpretar e viver ao mesmo tempo. Só interpreta, já com suas entranhas pedindo socorro ao badalar do final da peça. O intérprete cumpre apenas uma peça em pequenos atos, já o personagem é consumido pelos atos de uma vontade coletiva inteira, no espaço de um povo definido e no tempo que constrói os atos desta vontade.

Chico catou o livro largado ao seu lado no pedregulho do arisco, todos se levantaram com os movimentos do mais real dos personagens: foram todos mergulhar no poço que fica perto do Alto do Urubu.

por José do Vale Pinheiro Feitosa

Quase - por Socorro Moreira


Não conto nos dedos
os dias que nos separam
São anos, séculos...
E o reencontro
é a eternidade ! 

Passo batom
consulto o espelho
Penso em você
dispenso o pensamento
mas ele se aloja no meu coração
e treme de frio...

Aquieto-lhe.
Minha alegria
é poder sentir
o que sinto !

INDIFERENÇAS DIÁRIAS- Por José do Vale Feitosa









Quando voltares dessa ida,
trazei os rastros que abandonaste no caminho,
as saudades tricotadas num beijo de chegada.

Se vais para bem longe,
encurtai os segundos de minha espera,
solta o elástico esticado da distância.

Mulher há um vazio de odores,
teus perfumes que levaste com a brisa oeste,
trazei com as luzes da alvorada.

A distância que gera tempo,
não deixai que leve uma gestação humana,
apenas que brote no lapso de uma flor.

O amor não é medida de intervalos,
é chama queimando esquecimentos,
um salto por sobre o horizonte do olhar.

O amor é feito de você,
cada partícula um Aleph de teu ser,
o calor agita micelas,
realizado de todas promessas.

Quando fostes com teu olhar de volta,
aquietei-me na estação de embarque,
pois no vácuo os pulmões não respiram.


A mancha de vinho da mesa tinta,
pinta, apaga os tecidos da madeira,
transforma variedade em corpo unicolor.

No copo minha impressões digitais,
revelam o culpado das aberturas espaciais,
o temporizador das indiferenças diárias.

por José do Vale Pinheiro Feitosa

Azul sem fim - Por Ana Cecília S.Bastos






Na calada da noite,
esboço um frágil exercício de recolher palavras,
escritos extraídos do silêncio.

Fluxo que acontece à minha revelia,
enquanto pastoreio nuvens,
deserta de mim,
ausente do concreto.

O chão, impossível sempre.
O infinito que salva.


Foto de Mário Vítor.
por Ana Cecília