por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 28 de maio de 2016

A "IRMÃ SIAMESA" - José Nilton Mariano Saraiva

A “IRMÃ-SIAMESA” - José Nilton Mariano Saraiva

A hoje famosa e temida “Lava Jato” nada mais é que um “genérico” da operação “Mani Pulite”, desenvolvida na Itália ao alvorecer dos anos 90, que exterminou tradicionais agremiações partidárias, levou a nocaute os mais influentes políticos da nação, desorganizou de forma inexorável a economia e jogou o país numa convulsão social sem precedentes (mortes, assaltos e abusos de toda ordem) que ainda hoje é lembrada, mas que, ao final, ante o sumiço ou vazio de lideranças políticas, fez ascender ao poder o mafioso Sílvio Berlusconi.

Pois é bom saber que a Mani Pulite foi a “musa inspiradora” do juiz de primeira instância Sérgio Moro para “adotar” (deflagrar) por aqui uma sua “irmã siamesa”, a operação “Lava Jato”, depois do fracasso rotundo de que se revestiu o rumoroso caso das “contas C5”, onde os dois principais atores eram os mesmos dos dias atuais: Sérgio Moro e Alberto Youssef e que ao final deixou o Brasil com um rombo monumental em suas finanças e os criminosos livres, leves e soltos.

Mesmo assim (e até por isso mesmo), frustrado e ressabiado, à época Moro foi premonitório, conforme nos mostra na peça de sua autoria “Considerações Sobre a Operação Mani Pulite”, a saber (ipsis litteris): “No Brasil, encontram-se presentes várias das condições institucionais necessárias para a realização de ação judicial semelhante à Mani Pulite; como na Itália, a classe política não goza de grande prestígio junto à população, sendo grande a frustração pelas promessas não-cumpridas após a restauração democrática”.

Para tanto, preparou cuidadosamente uma espécie de “catecismo”, a ser seguido a posteriori (hoje), que basicamente contemplaria (contempla) os seguintes pontos: 01) adeslegitimação”, de cabo a rabo, da classe política tradicional (essencial para o sucesso da operação) que compreendia detonar os partidos e exterminar as suas principais lideranças; 02) cooptar e fazer largo uso da imprensa (a fim de vazar para o público informações tidas como “segredo de justiça”), garantindo o apoio da população às ações judiciais); 03) prender suspeitos, sem necessidade de provas, mantendo-os isolados no fundo de uma cela, ad eternum, espalhando a suspeita que outros já teriam confessado, até que se dispusessem a “dedurar” quem a polícia desconfiasse (delação premiada); 04) mandar às favas essa tal “presunção de inocência” na perspectiva de que a prisão prejulgamento é uma forma de destacar a seriedade do crime e evidenciar a eficácia da ação judicial (segundo Moro, não haveria nenhum óbice moral em submeter o investigado a ela).

Certamente que o próprio Sérgio Moro não esperava contar com uma espécie de “bônus” especial ao introduzir tais métodos por essas bandas: a anuência, chancelamento ou aprovação de métodos tão heterodoxos por parte do Supremo Tribunal Federal, que esquecendo sua condição de “guardião da sociedade” permitiu que a Constituição Federal fosse estuprada diuturnamente, já que desrespeitada em princípios básicos (assim, Sérgio Moro sentiu-se à vontade para transgredir e avançar como um rolo compressor sobre o constitucionalmente estabelecido; ou seja, transformou a nossa Carta Maior em letra morta).

Sabe-se, por exemplo, que após mais de um ano fiel aos seus até então inabaláveis princípios morais e éticos, Marcelo Odebrecht (jogado no fundo de uma cela há mais de um ano) capitulou irremediavelmente e prepara-se para fazer aquilo que anunciou pela televisão que jamais faria: “dedurar” alguém (delação premiada); e que Sérgio Machado, mesmo antes de ser preso, sem nenhum escrúpulo assumiu de vez sua porção mau-caráter e já botou a boca no trombone entregando meio mundo de gente, na tentativa de “não descer” pra Curitiba (numa outra postagem trataremos sobre). Ou seja, a perspectiva de “mofar na cadeia” (e ficar louco) tem um efeito devastador sobre o ser humano, levando-o até mesmo a passar por cima da própria mãe, se se tornar necessário.

A propósito, independentemente de como se veja a coisa, há algo de positivo nas delações (envolvendo Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney) de Sérgio Machado: escancarou de vez a hipocrisia e a safadeza reinante na arena política (que todos nós imaginávamos, mas não tínhamos como comprovar); assim é que, enquanto teciam loas à Operação Lava Jato em declarações à imprensa (a fim de sinalizar para a sociedade seu irrestrito apoio àquela operação), entre quatro paredes e na calada da noite os políticos referidos conspiravam e tramavam para abolir de vez a Lava Jato, na perspectiva de que pudessem manter o status quo e continuar usando o mesmo modus operandi corrupto.

E aqui, desnuda-se de vez o “golpe” travestido de “impeachment” da Presidenta Dilma Rousseff: em nenhum momento houve qualquer preocupação dos políticos com supostas irregularidades (até porque inexistentes) nas tais pedaladas fiscais, decretos orçamentários ou com o fim da corrupção; o afastamento da Presidenta objetivava exatamente colocar em seu lugar alguém que não apoiasse a Lava Jato e, consequentemente, obstasse as investigações sobre o duto corruptor então vigente e do qual se serviam. E a Presidenta Dilma Rousseff era a “pedra no caminho” a ser removida. Como o foi.

Fato é que, embora não saibamos o que acontecerá daqui pra frente (em novo trecho da delação Sérgio Machado afirma categoricamente ter beneficiado um certo político paulista “a pedido” de Michel Temer), não se pode descartar a possibilidade que venhamos a cair numa nova ditadura, só que muito mais perigosa, nefasta e apavorante que a militar: a “ditadura das togas”.

E, se lá na Itália a “Mani Pulite” resultou em um Sílvio Berlusconi da vida, com tudo de trágico que isso acarreta, aqui no Brasil restarão Sérgio Moro e Gilmar Mendes. Estará o Brasil preparado pra isso ??? Merecemos tamanho castigo ???


Alfim, pra você, aí do outro lado da telinha, um mote para reflexão: qual a “forma” ou “método” de tortura mais eficaz e eficiente - a “física”, tal qual a perpetrada pelos nazistas de Hitler na Alemanha contra os pobres judeus, ou a “psíquica”, adotada por Moro e a República de Curitiba, contra quem tiver o infortúnio de “descer” praquelas bandas ???