por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 6 de fevereiro de 2011

deixa o menino brincar
















OLHA O MENINO


Eu só quero que Deus me ajude
E o menino muito mais também
Pois a rosa é uma flor
A flor é uma rosa
E o menino não é ninguém

Olha o menino ui
Olha o menino ui, ui, ui, ui

Há seis mil anos 
o homem vive feliz 
fazendo guerra e asneiras
Há seis mil anos 
Deus perde tempo 
fazendo flores e estrelas

Olha o menino ui
Olha o menino ui, ui, ui, ui

Eu sou um homem sincero 
porque nasci cresci e vivo livre
Eu sou um homem sincero 
que quero morrer nascer 
e viver livre

Olha o menino ui
Olha o menino ui, ui, ui, ui

(Jorge Ben)


Foto: Chagas. Menino no Largo de São Bento. 

Beira do Rio - Por Geraldo Lemos


Estou sentado à beira do Canal. Muita sujeira, grande poluição. Nada, nada d’ água, Nenhuma atração.

Meninos brincando, não os vejo. O cheirinho de enchente, também não sinto. Como fomos felizes e não sabíamos.

Recordo-me do nosso Rio das Piabas.

Pedras grandes que serviam de molduras para as moças tirarem retratos e pularmos, nos dias de enchentes.

Tudo começava com o cheiro forte que somente nossas enchentes o tinham. Depois, a característica zoada das águas que penetrava em nossos corações, pelos ouvidos. A meninada traçava seu plano de fuga, enquanto os pais calculavam os perigos.

Recordo-me de papai, com lanterna em mãos, nos mostrando a água barrenta entrando em nosso quintal. Sua fúria era tão grande que levava as bananeiras e outras plantas ali existentes. No entanto, era a Nossa Enchente; a oportunidade de banhos, às escondidas.

Cedinho, acordávamos, para olhar sua destruição que ia da ponte das piabas ao canavial do Brigadeiro. Às vezes, alagava a Rua da Pedra Lavrada, Mons. Esmeraldo e Praça de S. Vicente.

Quantos barcos de papel navegavam, nas sarjetas! Quantos tripulantes (besourinhos) os carregavam. Nós éramos verdadeiros meninos, sem malícia e brinquedos de avançada tecnologia.

Após a enchente; surgiam os poços para banhos: Poço dos Homens (só tomavam banhos adultos), Poço das mulheres (todas de vestidos ou maiôs longos); mas sempre havia garotos olhando-as, maliciosamente, entre o arvoredo. Poço do Ingá. Galhos altos e o tradicional pulo, com o fruto, na boca. Poço da Barreira. Quase morri afogado. O melhor que existia era o salto dos trilhos da ponte de S. José. Era uma grande aventura. Todos fugiam de casa para o banho. Calção não havia. Deixávamos as roupas escondidas nas margens do rio. Quantas vezes os colegas não as escondiam?Que sufoco para encontrá-las! No entanto, nossa cadela Night, pretinha como o próprio nome o diz, garantia a segurança das nossas, minha, de Emídio, de Anchieta e outros amigos que nos pediam a custódia das suas.

De repente, surgiam o cabo Quintino, soldado Morais ou detetive Norberto ou Cabral, Soldados Joaquim Preto e Zé da Escan. Todos corriam, ouvindo as vozes enérgicas: ”vou dizer a seu pai”.

Não havia lixo hospitalar. Mergulhávamos e saíamos com esparadrapo vindo do esgoto do hospital, pregado na testa; ninguém ficava doente.

Já divaguei muito. O tempo passou, mas, ainda guardo, na memória, o que este canal nos roubou.

Moradores da rua da Palha e do Pernambuquim,os que moravam após a Ponte Nova, corriam atrás de seus pertences, levados pela enxurrada.Lá estava Vicente Pirulito; Engraça “Tapioqueira”;João e Vicência Bantim, Luís da Livraria;Pedro Seleiro e outros,.comandando o tradicional resgate .

Recordo-me do ”Judas”, feito por Zé Bastos, na Ladeira dos Tamanqueiros. Fazia-se a quinta; roubavam galinhas dos poleiros, na véspera, para tira-gosto, os caretas desfilavam, nas ruas pedindo ajuda para a festa. A queima era no Domingo de Aleluia. Era tudo bonito, sem droga, só pinga. A primeira parada era em frente ao Palácio do Bispo, com a bênção de D.Francisco, após ouvir o violão de Seu Luís da Livraria. Como tínhamos medo do Careta com o seu chicote!

Para coroar minhas eternas recordações do Famoso Rio das Piabas, convido-os a assistir, nas suas areias lavadas e firmes, a estreia do Circo do Javém, apresentador, trapezista, malabarista e palhaço, que encerrava o espetáculo com a célebre frase: ”Por favor, venham, amanhã, se não eu morro de fome.”

Quem quisesse assistir o espetáculo, gratuitamente, só precisava acompanhá-lo, de pernas de pau, quase da altura das casas, e ser carimbado, no braço/(eu, Emídio e Anchieta, preferíamos,nas costas, para nossas irmãs não verem) e mostrá-lo, na portaria do Circo.

Ele gritava: ”O palhaço o que é?” Nós: É ladrão de mulher.

-“Oi, arrocha

-Arrocha.

Geraldo Lemos

Julho/2009


"A Cor Azul e o Blues "



"Blue" em inglês , além de significar a cor azul , também significa o adjetivo "triste". - E o que tem a ver o "blue - triste" com o "blues" ritmo musical próprio dos negros americanos ?


A ORIGEM DO BLUES
"O blues? Ora, o blues faz parte de mim… Quando cantamos o blues, abrimos o coração, expressamos nossos sentimentos através da música. Talvez a gente esteja magoada e simplesmente não possa reagir. Aí a gente canta ou simplesmente cantarola com a boca fechada."
Alberta Hunter

No campo da música, as cidades de Chicago e New York são reconhecidas por terem difundido o modelo musical que se tornou a raiz de outros gêneros, hoje, fundamentais para a cultura musical da América. Mas é importante destacar que o Blues não nasceu em Chicago ou New York, e sim no Mississippi, estado localizado na região Sudeste dos Estados Unidos e caracterizado pelo grande número de fazendas que, no período da escravidão, manteve milhares de escravos ao seu poder.

O surgimento do Blues é muito discutido por estudiosos da música e de áreas afins desse conhecimento. Alguns afirmam que o Blues teve sua raiz nas músicas religiosas. Muggiati assegura que o Blues surgiu especialmente da realidade prática das work-songs – que eram praticadas nos campos de trabalho do Sul do Mississippi e nos centros urbanos, através dos escravos vendedores de produtos – e que sua única ligação com a música religiosa, são os acordes básicos derivados da harmonia européia. Corrobora com essa visão a afirmação de Vilela ao ressalvar que “a maior influência européia talvez seja a da religião: “o grande despertar”, movimento protestante sectário, democrático, frenético e igualitário.

Surgido no início do século XIX, forneceu a estrutura harmônica com a qual se construiu o Blues”. O que explica essa ligação são a proibição da prática religiosa africana aplicada na escravidão e a evangelização forçada dos mesmos, ocorrida no início do século XIX. Assim, os africanos tiveram que se adequar a cultura européia para conseguir, de certa forma, praticar sua cultura.

O blues como atitude específica de grupo está envolto em mistérios, seja na origem do termo ou no próprio surgimento do gênero musical. Para tanto, Muggiati apresenta um breve e importante resumo do trabalho de grandes pesquisadores, a fim de esclarecer o sentido:

A expressão to look blue, no sentido de estar morrendo de medo, ansiedade, tristeza ou depressão, já era corrente em 1550. Na época pós-elizabetiana, ou, mais precisamente, como registraram os lexicógrafos a partir de 1616, era costume empregar o termo blue devils para designar espíritos maléficos. Em 1787, os blue devils passaram a simbolizar um estado de depressão emocional, enquanto a palavra no plural, blues, aparecia em 1822 relacionada às alucinações provocadas pelo delirium tremens [...] Nos anos 1830 ou 1840, dizer que a pessoa tinha os blues significava que estava aborrecida; em 1860, já significava infelicidade. (MUGGIATI, 1995, p. 15).

Como o próprio nome sugere, Blues é um gênero musical dramático que em seu inicial sentido expressa medo, ansiedade, tristeza, depressão, aborrecimento e descontentamento. Não há documentação que comprove uma data exclusiva para o seu surgimento, entretanto, sua origem está associada ao fim da escravidão, pois, uma vez que os africanos encontravam-se em condições escravagistas, jamais haveria liberdade para expor ressentimentos perante o grupo dominante.
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REFERÊNCIAS
Coleção: Mestres do BLUES. Barcelona, Espanha: Altaya, 1995.
COSTA, Emília Viotti da. Da Senzala à Colônia. São Paulo, SP: Difusão Européia do Livro, 1966.
FEINSTEIN, Eliane. Bessie Smith: Imperatriz do Blues. Rio de Janeiro, RJ: José Olympio, 1989.
MUGGIATI, Roberto. Blues – da lama à fama. São Paulo, SP: Editora 35, 1995.
MUGGIATI, Roberto. O Que é Jazz. São Paulo – SP: Editora brasiliense, 1983.
SHOHAT, Ella; STAM, Robert. Crítica da imagem eurocêntrica. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
VIELA, Ney. Jazz uma arte indomável. Leituras da História. São Paulo, SP, n.15, p. 54-63, 2008.
.
http://www.teiacultural.com.br/v4/?p=2285


W.C.Handy é considerado "o pai do blues" e B.B. King o "Rei ..."e se consagrou em razão de ter colocado a guitarra solo como elemento central, criando um estilo de forma pura e melódica com características únicas.

Elvis Presley teve sua origem enraizada no blues.

Outros grandes intérpretes desse gêgero foram: Sara Vaughn, Bessie Smith e Louis Armstrong.

www.brasilescola.com.br

Dona Zica





Dona Zica, pseudônimo de Euzébia Silva do Nascimento (6 de fevereiro de 1913 - 22 de janeiro de 2003), sambista da velha guarda da Estação Primeira de Mangueira, foi a última mulher do sambista Cartola. Foi um grande símbolo do carnaval carioca. Participou da novela Xica da Silva. Sua biografia foi escrita pela escritora pernambucana Odacy de Brito Silva. Dona Zica, morreu aos 89 anos de problemas cardiovasculares, é figura inesquecível na história da nossa música.

Era bastante amiga de Dona Neuma, outra grande personalidade da Mangueira.

Dona Zica já tinha mais de 40 anos de idade quando se casou com Cartola (Angenor de Oliveira), em 1954. Eles se conheciam desde jovens mas nunca haviam namorado. Zica casou-se com 19 anos com seu primeiro marido, teve seis filhos, um adotivo. Ficou viúva duas décadas depois. Cartola também se casara, porém não tivera filhos,era estéril,enviuvara, vivera mais de 10 anos longe da Mangueira. Um dia, voltou e começou a querer namorar a Zica. Casaram-se e viveram juntos 26 anos, até a morte dele, em 1980.

A escola de samba da Mangueira foi fundada em 1928, sendo a segunda escola da história do Rio, fusão de cinco blocos carnavalescos.

wikipédia


A MULHER DO LADO



"Cada vez que morro de amor, ressuscito mais cínica" .
Do filme "A mulher do lado".
Frase lembrada pela colaboradora "Altar Virtual"

O ESTETOSCÓPIO DE FREUD

DISTANCIE O OLHAR DO MONITOR



O que for a profundeza do teu ser,
assim será teu desejo.
O que for o teu desejo,
assim será tua vontade.
O que for a tua vontade,
assim serão teus atos.
o que forem teus atos,
assim será teu destino. 
 Brihadaranyaka Upanishad IV, 4.5


E a diferença entre o neurótico, o psicótico e o psiquiatra?
O neurótico constrói o castelo de areia no ar,
o psicótico mora nele,
e o psiquiatra cobra o aluguel.
 
Jerome Lawrence

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PENSAMENTO NO CIMENTO DE UM CANTEIRO DE OBRAS... por Ulisses Germano

Foto do engenheiro e irmão Waldeberto Júnior

A Academia não ensina sabedoria
Patativa que o diga
No labutar de sua enxada
A Academia não ensina sabedoria
Louis Althusser que o diga
No matutar de sua jornada

Ulisses Germano

Pé D'Água em Flor - por Ulisses Germano

Compus em 2007 um xote que falava sobre as águas do Cariri. Não é preciso ser profeta pra poder profetizar...

Pé D'Água em Flor

Daqui a pouco vai cair um pé d'água
Uma chuva grossa de fazer doer
O raio avisa e o trovão confirma
E a chapada adorna o aviso do chover

Vai ter batata, feijão verde e de corda
Milho verde, macaxeira, pequi e sapoti
Mas se o pé d'água descer muito pesado
Morador desavisado não vai ter pra onde ir

As coisas certas não dependem da sorte
Quem quiser driblar a morte é melhor se prevenir
A água abraça e também abate
Eu já vi pé de abacate na chuva grossa cair

*** *** ***
Mais valiosa que o petróleo e a gasolina
é a á g u a
Lúcida e transparente
Solvente universal de todas as máguas...
Música põe ordem no tempo
Água põe ordem na vida

*** *** ***

Por que não falar de futebol? - Por José de Arimatéa dos Santos

Futebol é a paixão do brasileiro e de muita gente no mundo a fora. E essa paixão começa já na infância quando já ganhamos a nossa primeira bola. A maioria das vezes a escolha do time que vamos torcer para a vida toda depende da fase de determinado clube. Hoje as coisas no futebol estão muito diferentes de quando comecei a a entender de futebol. Naquela época tínhamos os ídolos futebolísticos caracterizados no camisa 10. Todo mundo queria ser o camisa 10, pois representava o craque, ídolo ou melhor jogador. Sou de um tempo de Rivelino, Zico, Roberto Dinamite, ... Só grandes jogadores e jogos com estádios lotados e grandiosos espetáculos. O futebol brasileiro era o único que víamos. Não existia essa coisa de camisa de Barcelona, Inter de Milão ou Milan. As camisas eram de clubes brasileiros e os jogadores jogavam aqui e faziam carreira praticamente num único clube. Ai daquele que se transferisse para o time rival!
Interessante que as torcidas rivais se respeitavam e a violência entre torcedores era mínima. Futebol é um esporte mágico e como tal a torcida deve ser de respeito e brincadeira. Nada de violência. Noventa minutos de espetáculo tanto no campo de futebol e na arquibacanda. Aplauso e reclamação, mas tudo dentro da civilidade e ao final do jogo a confraternização pelo futebol jogado. O futebol é mágico e cheio de lugares comuns como: "o futebol é uma caixinha de surpresa", "a bola pune", "são onze contra onze" e outras maravilhosas pérolas. O futebol une toda uma nação e transforma cada brasileiro num treinador que discute e arma seu time no melhor esquema tático. E todo final de semana ao fim do domingo vai deitar com a alegria da vitória de seu time do coração ou com a cabeça inchada por mais uma derrota. Futebol é vida. Futebol significa empate, derrota ou vitória. Isso é a vida.
Foto: José de Arimatéa dos Santos

Ilusões de um cachorro - Emerson Monteiro

Indagado qual a razão de o cachorro ser o melhor amigo do homem, com propriedade um sábio respondeu: - Porque ainda não conhece o dinheiro. Ah! Os bens materiais, quantas cogitações equivocadas podem ocasionar no bloco das vaidades humanas. Tal vê, também, os comportamentos animais, acho que nas fases de preparação de outras vivências da natureza. Sei não, pois há tantos mistérios a desvendar, da terra ao céu, que causa ânsias e vertigem.
O cachorro da minha casa, por exemplo, este apresenta manias bem típicas dos bichos da espécie, com o agravante das arrogâncias dos cachorros de raça, valentões, pretensiosos, dos que olham de cima as pessoas. Sempre que abro a porta para sair na varanda, ali está ele, o verdadeiro dono do pedaço. A segunda coisa que faz depois de balançar o toco do rabo, trazido assim mutilado, segundo explicaram, para manter o padrão da raça, a segunda coisa, mostrar a língua e lamber o focinho, tomando gosto, qual abríssemos a porta toda vez só para lhe levar alimento.
Acha-se o dono absoluto de toda a extensão territorial da casa e do muro que a cerca. Mija por todo canto, costume estudado pelos especialistas caninos que adotam para demarcar o espaço das suas pertenças. Nesse ponto, mora o título deste comentário, o motivo das ilusões dos cachorros, por pensarem possuir o mundo inteiro onde mijam descaradamente. Caso consiga escapar até a rua, sai mijando tudo que aparece à frente, semelhante ao que providencia cada vez que chego com o carro, renovando mijadas nos pneus, parachoques, lataria, reforçando o instinto que alimenta de proprietário exclusivo do transporte que adquirimos com relativa dificuldade. Ele nem de longe imagina o que de antipatia isso acarreta no dono, essa pretensão de garantir só para si um direito que corresponde à família inteira.
Os passarinhos que pastam pelas imediações em volta da casa, a seu modo, sofrem na pele essa inclinação possessiva do cão alienado em constante vigilância. Corre e late desesperado quando sanhaços, sabiás, anuns, garrinchas, griguilins, pardais, vinvins, lavandeiras, aventuram catar insetos e sementes no chão. Vez em quando aparece pássaro morto na varanda, prática parecida com a dos humanos, únicos animais que matam e abandonam a vítima. Os outros assassinam apenas no propósito da sobrevivência.
As ilusões do cachorro chegam ao domínio de causar mais constrangimento aos seus donos. Caso saia a telefonar na varanda, quem aparece, ele, atento na escuta de toda a conversar, quebrando qualquer sigilo, semelhante aos agentes secretos deste mundo. Até hoje, porém, não descobrir de como se beneficia da escuta privilegiada.
Sua agressividade patrimonial, no entanto, restringe as visitas que de raro recebemos, seleção prévia que ele mesmo estabelece. Resultado, alguém bate no portão e eu corro apressado a prender dito chefe provincial, o que deixa a impressão do tanto de analogia dos bichos com os humanos, tão cheios de ilusões de honras e posses, durante a curta jornada desta vida, surpreendidos, inevitáveis, nas folhas que, secas, voam dos calendários.
O SILÊNCIO

Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, não quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo

os dedos de um gênio- Por Domingos Barroso


Bach não alivia essa dorzinha de cabeça.
O sol hoje fez promessa.

Pagou todos os pecados da noite
sobre meus ombros.

O meu trabalho de ogro
é de feiticeiro:

com um escudo
e uma lança
às montanhas

(depois desço
aos pântanos)

Bach é uma ótima aspirina.
(vai passando levemente
minha dorzinha de cabeça)

Bach teve a fronte latejando
ao compor suas sonatas?

(se deixá-lo tocando a noite toda
minhas botas sonâmbulas sobem
ao telhado e paqueram estrelas)

( por Domingos Barroso )

"Água pra que te quero!"- Nívia Uchôa


DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana - Espelho Mágico

Domingo amoroso...

Será ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Como os "eternamente do contra" não dão trégua e já estão querendo atribuir à administração Dilma Rousseff a responsabilidade pela falta de energia em Estados do Nordeste (por poucas horas), numa dessas noites passadas (comparando-a inapropriadamente com o "verdadeiro apagão" da era FHC), é bom atentar para a notícia abaixo (atentem para os horários das ocorrências).

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A tempestade solar e o blackout no Nordeste

Apesar do recente apagão do Nordeste ter como provável causa o acionamento do sistema de proteção em uma subestação no município de Jatobá, em Pernambuco, as causas que levaram ao apagão podem ter sido provocadas por um repentino pulso eletromagnético ocorrido às 23h36 (hora do Nordeste), provocado por uma tempestade solar. Em boletim recebido do SWPC, Centro de Previsão de Tempo Espacial dos EUA, às 02h36 UTC (23h36 no Nordeste e 00h36 em Brasília), magnetômetros instalados em Boulder, no Colorado, registraram um repentino pulso eletromagnético de 8 nanoTeslas ("Tesla" é a unidade de medição de campos magnéticos). Exatamente nesse mesmo instante, quase toda a região Nordeste do Brasil ficou às escuras. Segundo relatos feitos no site Painel Global, diversos carros e luzes também apresentaram funcionamento errático e intermitente, além de muita interferência nas estações de rádio.
O pulso eletromagnético detectado nos EUA teve origem após uma explosão solar ocorrida no dia 31 de Janeiro, quando uma grande quantidade de massa coronal foi ejetada da estrela. A maior parte dessas partículas seguiu em direção ao espaço, enquanto uma pequena parcela atingiu o campo magnético terrestre e pode ter provocado auroras nas latitudes médias e altas.
Ainda é muito cedo para se afirmar com certeza se de fato o pulso eletromagnético foi o responsável por fazer "cair" o sistema elétrico em diversos Estados, mas os relatos de interferências em estações de rádio associados ao exato momento que o pulso foi detectado contribuem para essa possibilidade.
É importante destacar que o desvio apontado nos magnetômetros de Boulder às 23h36 não são capazes de avaliar a intensidade do campo eletromagnético induzido nas redes de energia elétrica. Eles apenas indicam um desvio anômalo no campo magnético da estação e que este foi provocado por um pulso eletromagnético repentino provocado por uma explosão solar.
Para fins de comparação, o pulso eletromagnético registrado teve intensidade de 8 nanoTeslas. A maior tempestade solar já registrada ocorreu em setembro de 1857 e teve a intensidade estimada em 110 nanoTeslas. Essa tempestade ficou conhecida como "Evento Carrington".

ACABA FESTA - Marcos Barreto de Melo

eu ontem fui convidado
pra festa de casamento
da filha de Chico Bento
com o Zeca de Conrado

festa boa e animada
de tudo na mesa tinha
pato, peru e galinha
sarapatel e buchada

numa quadra de latada
a sanfoninha chorava
e a moçada animada
ao som do fole dançava

foi quando chegou Mororó
e mandou parar o rojão
com o tacho cheio de goró
vazando pelo ladrão

falou bem alto e zangado
e o povo ouviu assustado
quando ele disse, hoje eu mato
furo, sangro e tiro o fato

chamo o doutor de safado
xingo a mãe do delegado
dou tapa até em soldado
mas, não vou ficar parado

eu deixo o noivo amarrado
pra brincar mais sossegado
e com a mulher dele abraçado
vou dançar esse xaxado
grudado sem farrapar
até o dia clarear

MOLHO DE PIMENTA



Ingredientes

1 quilo de pimentas maduras
1 quilo de tomates maduros (procure utilizar orgânicos: as pimentas e os tomates)
5 dentes de alho ou uma cebola média (escolha um deles!)
uma folha de louro
uma cc de pimenta-doreino
1/2 copo de cachaça (se possível use artesanal e não essas cheias de químicos)
1/2 copo de vinagre de vinho branco
1 CS de sal marinho
1 CS de açúcar cristal
Como fazer

Selecionar todos os ingredientes, batê-los no liquidificador ou processador e passar por uma peneira fina.
Levar a ferver para obter homogeneização.
Envasar em vidros esterelizados e tampá-los.

Papo, antes de papar...


ORA PIMENTAS, ORA BANANAS !



Victor me diz que , quando os neurônios estão morrendo eles liberam informações. Fiquei preocupadíssima.
Sempre permeei o mental com o manual. Por isso gosto tanto de ir pra cozinha , botar a mão na massa e deixar a panela ferver.Cozinhar é um prazer !
Sou atenta às pequenas dicas. Sempre capto uma informação preciosa . Esta semana eu colhi duas, maravilhosas !
Conversando com Dona Almina , ela me dizia como fazer bananas passas em casa. Minha família é alta consumidora desse doce.
Pois então... : ela raspa a parte branca da banana prata e leva ao forno quente (APAGADO), e deixa lá , até dá o ponto.
Para o forno ficar quente ela aproveita-o para fazer um bolo ou um assado. Vou experimentar !
A outra dica foi da Gabí ( minha vizinha italiana). Ela chegou com um saco de pimentas de cheiro e disse:
Frite-as inteiras , no azeite.Quando estiverem escurecidas estão prontas. Deliciosas como petiscos e para incrementar qualquer massa ou salada.
Conferi ! Delicioso !
Nos dias de chuva gosto de comida pegando fogo.
Baião, Maria Isabel, mucunzá, feijoada, galinha caipira, pirão de costelas ,CALDO VERDE, SOPA DE INHAME etc.
"Comer é a alegria do Zen". Comer bem é a felicidade !

Tenham todos um excelente Domingo !

François Truffaut




François Truffaut (Paris, 6 de Fevereiro de 1932 — Neuilly-sur-Seine, 21 de Outubro de 1984) foi um cineasta francês. Um dos fundadores do movimento cinematográfico conhecido como Nouvelle Vague e um dos maiores ícones da história do cinema do século XX, em quase 25 anos de carreira como diretor Truffaut dirigiu 26 filmes, conseguindo conciliar um grande sucesso de público e de crítica na maior parte deles. Os temas principais de sua obra foram as mulheres, a paixão e a infância. Além da direção cinematográfica, ele foi também roteirista, produtor e ator.

Junto com Jean-Luc Godard, Truffaut foi uma das mais influentes figuras do novo cinema francês e inspirou cineastas como Steven Spielberg, Quentin Tarantino, Brian De Palma e Martin Scorsese.

WIKIPÉDIA

A poesia de Everardo Norões

A MÚSICA

Para Isaac Duarte

Sem pedir licença,
insinua-se pelos cômodos,
invade os espelhos,
derrama suas jarras de luz.
Vejo-a
pelos canteiros da casa,
na nitidez dos bordados
de minha mãe,
no brilhar de tua íris
quando os deuses descem
para beber a insensatez
das águas.
Depois,
ela se transforma em seios,
goiabas,
espigas.
E nua, adormece,
enquanto a lua brinca
entre meus dedos
e lagartixas
passeiam pelas pedras do pátio...



Aço e Flor

Quem nunca viu
que a flor, a faca e a fera
tanto fez como tanto faz,
e a forte flor que a faca faz
na fraca carne,
um pouco menos, um pouco mais,
quem nunca viu
a ternura que vai
no fio da lâmina samurai,
esse, nunca vai ser capaz.


Leminski

Tuas Mãos - Pablo Neruda





Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?

Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.

A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem.

Pablo Neruda

"Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância."

(Simone de Beauvoir)