por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 16 de agosto de 2015

A COLEIRA FROUXA DOS CÃES DA RUA

As manifestações foram menores. Mas pessoas circularam com bandeiras do país e vestidas de verde e amarelo. No meio delas a voz que se amplificou foi a organizada para hostilizar o governo e para pregar um coquetel corretamente identificado com o sabor do ódio. (Colheu-se imagem de duas senhoras da terceira idade com uma delas portando um cartaz com os seguintes dizeres: “Por que não mataram todos em 1964?”

Nos dias anteriores a grande mídia, empresários e lideranças da elite defenderam o mandato de Dilma. Imediatamente surgiu uma fórmula: Renan no Senado para se contrapor a Cunha na Câmara dos Deputados.

E, claro, uma agenda.

A agenda que interessa às vozes dos dias anteriores. Vozes poderosas: apoiadas no Ciclone mundial da globalização financeira; na forte ideologia liberal; no domínio da Justiça e agora do Legislativo. Nada revolucionário ou reformista à margem destas vozes poderá ocorrer.

Lá na lógica vocal, pois no rés-do-chão a realidade não é bem assim.

No momento algumas imagens do passado parecem voltar: a morte de Getúlio, o Golpe de 64, a primazia da violência de classe por meio das instituições do Estado, o cão da rua de coleira frouxa, a unanimidade de algum tribunal (o TCU?), as tentativas de acordão malsucedidas (Collor tentando fazer um ministério de notáveis), as fraquejadas públicas do PT (tipo fazer Lula Ministro para não ir para a cadeia).

Isso sem contar a enorme marca de batom na cueca da corrupção. Agora seletiva, apenas do PT, mas a lambança é ampla, geral e irrestrita.

Enquanto se cantam loas pelas vozes neodemocráticas há uma sensação fluida, que se infiltra pelas brechas, quando na verdade o Governo Dilma teria sido capturado. Faça o que as vozes recomendam e o café-da-manhã no Alvorada será duradouro até a data sucessória.

Só que as vozes dos dias anteriores bem gostariam do pódio eterno. Mas todos somos humanos. Cheios de ódios (como os porta vozes da rua), de amores, mas fatalmente ávidos por amanhãs. Somos fazedores de tempo.

Fazedores de tempo se aliam. Se juntam. Se movem, comovem e removem. Todos os fazedores de tempo conhecem suas potências e a realidade onde estas se exercem. E a realidade existe igual àquele efeito da energia gravitacional que lança uma nave sem energia própria ao limite do sistema solar.

As vozes não têm o pódio da história. O mérito de alguns só acontecerá enquanto não houver este amplo e distributivo demérito. Portanto nem esta ideia “luminar” do mérito se sustenta.

E o acordão de governabilidade continuará na corda bamba, mesmo com o cão de rua de coleira frouxa. Como sabemos outros cães poderão soltar-se de suas coleiras e também tomarem as ruas.


Afinal porque pagar tantos juros do governo se o dinheiro dos benefícios gerais não dá nem para uma tapioca com café?