por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O fruto do mandacaru



para aprender a desvendar
alguns dos teus mistérios

Um exercício complexo...
O revelar-se
O aprender com retoques
na miragem da calma .

E por falar em amor ...




Amor é perdão
É esquecimento da razão
É ternura na lembrança
É paz e doação
Amor é o brilho da vida
Estrelas nos olhos
Céu na canção
Amor é indefinido
É cheio de apelidos
bem,amigo,irmão...
Amor é também paixão
Daquelas que queimam devagar...
Não é fogueira de S.João
Amor é vibração
de fazer, restaurar,
reviver ...
Amor é ressurreição!
E por falar em amor...
Amor é saudade
que não passa
Amor é feitiço
que não desencanta
Amor é sempre o novo
na cara do passado,
e o futuro
na palma da mão !

Mato sem gato



Admiro a paciência da gatas
que esperam a ronda dos seus gatos
noutros telhados
São lânguidas, passivas
Mas sabem arranhar a vida

Não gosto dos gatos fugidios
Daqueles de olhar melado...


Prefiro a casa solitária
Com perfume de mato sem gato.

Crato x Mauriti



(Mauriti anos 50)


Desde menina faço esse percurso, e hoje aconteceu, como em tantas vezes: Crato, Barbalha, Missão Velha, Milagres, Rosário, e Mauriti.
Antes de chegar, o banho no poço dos Dantas, vacaria e engenho velho, quase dentro da cidade. Casas de amigos, que não foram reformadas, a praça, a igreja, e a casa de Tia Auri.

Como podemos deixar de conviver com tanta gente que fez parte de todas as fases da nossa vida? 90 anos, e mais de 90 amigos. Metade , quase da sua idade; a outra metade quase da minha... E umas crianças, que estão animando a casa.
Procurei o fogão de lenha, o pilão, o pé de siriguela... Abracei e conversei com rostos familiares, que apesar do tempo passado, ainda me reconheceram. Procurei os batentes da igreja, aonde uma turma de meninas se reunia pra ouvir histórias, contadas no giz. Minha prima confessou, que tem histórias escritas e guardadas, mas não pensa em publicá-las. Considerei o pendor natural, que ela sempre teve, e fiquei curiosa para ler as prosas. Quem sabe? Ela nem desconfia que agora vivo pescando contos pro nosso alimento diário.
Tia Auri é linda e lúcida! Foi professora primária de várias gerações, e nos acolheu na infância e adolescência, quando passávamos por lá as nossas férias escolares. Vi o álbum de família, meus pais bem jovens ainda, e muita gente que ficou para trás. Emocionei-me com o presente. Estávamos todos ali, rezando, cantando, e nos deliciando com ótimos quitutes.

Meu olhar buscou o que nunca mudou. Meu pensamento recordou momentos de festas. Flertes na pracinha, e os meus pares de dança.
Maria ainda estava lá. Perguntei-lhe se ela ainda era louca por samba. Disse-me que já se aquietara. Perguntei-lhe pelos tachos de doce de leite, de goiaba, de canjica... Disse-me que o povo da casa já não come doce.
Mas ela estava lá, a nossa morena Maria, lata d’água na cabeça , fibra das mulheres que não envelhecem, perdem apenas a faceirice, e a vontade de ganhar o mundo, num samba de pé de serra. Acho que era lá pros lados da Palestina...!
Eu e Zélia resolvemos amiudar as nossas visitas, daqui pra frente. Afinal, tia Auri é a nossa última tia viva. Merece todos os nossos dengos, e ainda é tempo!


Hoje foi seu aniversário de 90 anos !


O dia da estrela !
Hoje eu senti vontade de torcer o pescoço de um. Deixar no vinho d'alho, e prepará-lo para o almoço amanhã da nossa amiga Stella. Uma farofinha dos miúdos, um arroz com açafrão e pequi, uma macarronada caseira , um prato de verduras , e uma grande torta de sobremesa. Que acham ?
Amanhã ela decerto comemorá com a família e amigos, com maravilhosos quitutes, a exemplo do ano passado, quando pude abraçá-la pessoalmente. Foi uma festa inesquecível. Deliciosa !
Essa escorpiana amiga, que faz parte da minha vida há tantas décadas , que sabe ganhar a simpatia de todos, merece toda felicidade do mundo. Ela tem o dom da alegria. O dom do aprofundamento , até nas coisas mais pueris. O dom da transparência e sinceridade no que diz, no que faz, no que acha.
Stella, você tem a minha admiração incondicional . Ah, se eu soubesse fazer poesia... !
Mas, o que dizer para uma alma que é de fato poeta ?

Falar de singeleza
Das boas intenções
inscritas nas estrelas ?
Da responsabilidade de ser feliz e leal
como ser humano ...
- Esse eterno desconhecido,
que nos chega com tantas caras e tantos risos!
Stella sabe separar o joio do trigo
Sabe ser justa e solidária
Sabe enxugar minha lágrima
com o melhor dos seus sorrisos. .

Descaso


Uma noite enluarada dos anos 79.
Mara, cabelo cor-de-fogo.
"Imagem extasiante", disse o cara .
Olhares cruzados
Uma escola de samba no coração
De um, de dois... Acho!
O destino não conhece o descaso
Descaso é humano, personal.
O tempo passa
A impressão primeira prevalece
Aí tem coisa
Tem amor verde em folha
Tem paisagem pintada e repintada
Tem uma tela em branco
Clamando tinta e pincel
Tem um amor esperando deitado
Alguém chegará
Na corrida do vento
Cabelos se destrançarão
Ou não.
Um amor de palavras
Tem doçura nas letras
Tem vontade de viver
Uma frase inteira!

Inscrito

Curso natural
Certezas não esperam
A dúvida não é incógnita
Claros navegam em águas turvas
Espelhos...Vejo-nos
O tempo é quem dita
A gente copia, e às vezes cria
O acaso alberga insights
Eles chegam em hieróglifos
Viver é decifrar-nos.


Postado por socorro moreira às 22:27

Contidolado



Pela culatra...suspiros!
Claro sentimento
inexplicável, etéreo
Magia propalada
inquieta e calma
Sem presente,nem passado...
No futuro,quando acho ?
Força branda
riso quente
teu sotaque é diferente
Já ouvi, já sei cantar

No sonhar sem macular
um escape sem descarte
Sombra arte
Se é de Marte
Vale a pena duvidar !

Afundo passos na areia
olho o céu, respiro mar
No sertão da maré-cheia
mandacaru sempre há.

Avisados, desligados
Se Deus quiser não será ...
Se o Diabo gosta, revolta
paixão ,rendição ...
na devoção vai pousar.
Até meados do ano
já passou não quis deixar
forasteiros, terra estranha
um encontro além-do-mar

Teu olhar,meu sonhar
rima pobre, prenda rica
se vingar, a casa cai...
Se calhar é bom ficar.
Não ficando é sempre vindo
bem ou mal
é meu destino !

Pés de vento vou regar
lama e luz
encontra olhar
tempo corre
tarde longa
distante
é te avistar
Não sei quanto
nem sei como
outra vida, outro plano
emparelha um caminhar.

Almas vadias...
se acasalam sem cruzar
tranças minhas
tramas nossas
se mexer vai enlinhar

Tens o verso, tens a prosa
tens o mimo e o penar
tempo nosso, eu arvoro ,
e na lua dos meus olhos
te entrego o meu olhar

Olhar cego, olhar terno
sem matéria e sem artéria
pra pulsar e se elevar...
Mas eu pulso, e te engulo
nas gotas do meu luar.

Ode a tudo
ode ao mundo
ode a pedra
submundo
lá me sento
lá me solto
pra com ela
desabar.

ninho estranho
leite e visgo
alimento, desumano
é engano
meu pensar .

Sinto o cheiro
sinto o cio
ócio etílico
trago e grito
tranco tudo
quarto escuro
enlouqueço ,
me desgrudo...
pedaço daquela boca
escondo para beijar

beijo curto
beijo lento ...
chuva fina
broa e chá
crocante é o sentimento
meloso é saber amar.

laço forte
lance ao norte
vento sul ...
Vem me buscar ?
Deixa aqui
deixa acolá ...
Só não quero
é te matar.

Doce eterno
Pai do céu
Parati
montanha e mar
Nas quebradas das canoas
sereias podem encantar

canto novo
canto em pranto
no pardo do meu solar.

Voltas ...
contos do colar
colar temas
colar midis
pérola negra perdida
ostra viva, jade achar

Quero sempre,quero santo
no teu ponto, no teu lume
ser a gota do teu mar.

Festa na cratera da lua




Era um dia frio de Junho, em Friburgo, próximo à Copa de 94.
A casa estava florida para esperar amigos.Uns já haviam chegado. O último convidado, o especial, chegaria naquele dia, e eu ultimava os últimos retoques na cara e na casa.Ele instalado no meu coração se instalara em todos os meus porta-retratos. Com o coração aos pulos dirigi-me à Rodoviária local, com vistas ao ônibus que chegaria de Brasília.
Impossível não enxerga-lo de cara. Era o mais alto dos passageiros que desciam. Uma pequena e graciosa mulher o acompanhava.
-Esta é Simone, minha parceira de viagem.
Controlei o brilho do olhar, fechando-lhe a cortina da alegria, mas consegui abrir o melhor dos meus sorrisos...Aquele de compreensão imediata!
Quando estacionei o carro em frente á minha casa, enquanto eles lidavam com as suas mochilas, corri e escondi todos os porta-retratos, que nos denunciavam.
Apertei o cinto, relaxei, e me dispus a viver uma aventura inesperada. Conviver estoicamente com o meu amor e a sua namorada. Botei cadeado nas expectativas amorosas, e entreguei-lhes o meu quarto de hóspedes.
A casa virou uma festa: música dança, fogueiras no quintal, bebidas e fartura de quitutes. Uma semana, numa cratera da lua!
Novamente sozinha, sentimentalmente repensada, aprendi que o coração sabe levar sustos nas chegadas e nas partidas. Não Morre disso.
Dias futuros viriam com Simone ou com Marias.
Reencontramos-nos na festa de Natal daquele ano.Brindamos a paz do amor universal. Nunca mais seríamos namorados, mas seríamos sempre um casal, se ele três anos depois não tivesse partido, em definitivo.
Fim de ano de 1987.
Festa nas estrelas, pra receber um grande artista. Choram Marias com ciúmes das estrelas piscantes e dançantes.
Pisca de lá uma lua. Eu repisco, na mesma linha, numa cumplicidade misteriosa.
Amores especiais vivem no etéreo. São visitas com rede sempre armada na nossa casa, mas as redes vivem num balanço solitário. Eles não ficam.




É porre
Uma noite mal dormida
A brisa noturna
Nem sentido faz
Ignora a proximidade do sonho
Ele já desistiu de brincar
Com as senhas do inconsciente
E capotou no seu próprio sono
Os sonhos dormem, sabia?
-Nem sempre com uma música de acalanto ...

Paciência



O nome do meu choro tem parentesco com a paciência. Ele espera o que não chega. Deseja o que não alcança.Mas é tão consciente das suas limitações, que chora apenas uns ais por semana...Não chora aos "borbotões".

O Crato está ensopado das águas do céu.Os dias assim são mais calmos, nostálgicos e poéticos.

A poesia não chega arrumada, como se fosse a um baile de formatura. Às vezes ela chega intimidada, de pés descalços e semi-nua.
Minha avó é quem dizia: "Quem não tem paciência não se salva".
E eu digo :
O recém-nascido parece que não tem pressa para crescer; o idoso parece que não tem pressa para morrer.
Eu tenho pressa de viver !

Carta à filha de Moreirinha - por Zilberto Cardoso



Fortaleza, 12 de dezembro de 2008

Embora nunca tenha me interessado muito por este negócio de navegar na Internet, acho que estou entrando nas estatísticas dos que estão se viciando nisso; e a “culpa é do Blog do Crato! Explico: é que, em primeiro lugar, o blog é do Crato e não de qualquer outro lugar onde moramos ou trabalhamos. O blog fala de nossa terra, da terra em que nasci e da qual não deixo um dia sequer de pensar. Em segundo lugar, por que, cada vez mais, os blogueiros têm rememorado a história da nossa cidade e, quanto mais o tempo passa, mais nostálgicos ficamos e mais importância damos ao que vivemos, na terra em que nascemos.

Há alguns dias atrás, fiquei maravilhado com a descrição feita por uma das colaboradoras do blog de duas das ruas do Crato da minha infância e adolescência. O artigo “Infância na Pedra Lavrada”, de Socorro Moreira me deixou emocionado e feliz por ter nascido e vivido naquele lugar e naquela época. Mas quem era Socorro Moreira, que tão bem descrevia o período de sua infância e que coincidia com minha adolescência? Pelo sobrenome tinha uma desconfiança e somente uma pessoa podia ajudar-me. Telefonei para minha irmã Zenira Cardoso e lhe fiz a seguinte pergunta: irmã me diga, a Socorro Moreira, que escreve no Blog do Crato é filha de “Moreirinha”? Diante da confirmação vieram-me à memória alguns fatos do passado que um cratense, como eu, que moro distante de minha terra querida e inesquecível, tenho, cada vez mais, lembrado.

Veio-me à mente a figura insubstituível daquele que, carinhosamente era chamado, por todos de Moreirinha, tanto quanto da sua esposa dona Valdenora. Na Rua da Pedra Lavrada (a Pedro II de hoje) e Rua das Laranjeiras( José Carvalho), tão bem descritas e rememoradas pela blogueira Socorro, o seu pai foi uma figura muito querida e, no meu caso particular, marcante em minha adolescência.

Eu, garoto brincalhão, filho do padeiro Antônio Cirilo, na salutar falta dos videogames de hoje, tinha como uma das principais diversões jogar pião e carrapeta com amigos da mesma idade, como Zé Muniz, Sanderson, Airton e Geraldo pirão e tantos outros. É aí que entrava a figura amável e perfeccionista de Moreirinha. Demonstrando o perfil característico que, depois, veio a se manifestar em sua famosa e concorrida oficina mecânica, Moreirinha fazia piões e carrapetas que davam gosto de usar! Ao seu cuidado em manufaturar brinquedos para aquele bando de moleques, com perfeição, associava-se a calma, o espírito leve e, sobretudo, o desprendimento com que tratava a todos de forma paternal e carinhosa. Lembro-me, muito bem, de mais de uma vez receber o desejado brinquedo, lhe perguntar quanto custava e ouvir a firme e risonha resposta, que ficou marcada em minha memória, passados mais de cinqüenta anos: “filho de Antônio Cirilo, aqui, não paga nada!”.

Não querendo ser pessimista e esperando estar enganado, posso afirmar que há muito tempo não encontro seres humanos tão especiais como Moreirinha.

Abraço a todos,

Zilberto Cardoso de Oliveira
.

Madrugada e neblina



Espero o nascimento do dia.
Enquanto todos dormem,
preparo um sonho ,
mas ele brinca de esconde - esconde.

Foge do meu colo, dos meus beijos
Dança num porto , num samba,
numa ciranda de roda ... Cigano !

Madrugada deseja ,
uma tinta de carinho !

Energia do mel das abelhas
Doce de todas as frutas
Sorriso da boneca que sonhei!
Fogo azul e branco em labaredas
Festejando , saudando presenças
Expurgando ervas que chorei

Ontem eu viajei no destino
Desenhei com cipó
a trilha do caminho
Chamei-te em pensamento
Você e os meus segredos

Ontem eu vi a Chapada pedindo Socorro
Senti o seu amor , num pé de pequi
O choro do vigia
A janaguba pingando seu leite
na boca que recebe a cura

Ontem senti o meu desafeto
por pura omissão
e me perdi em energia.
O álcool , o sal amargo
a cânfora do refazimento

Ontem Bianca brincou comigo
Vestido igual aos meus
Menina me vejo,
nas bonecas de todas as matérias
inclusive naquelas , que ainda vão crescer !

Baby ,
vem cá
quero o teu abraço de madrugada

Eu encontrei Da Vinci
na sua Monalisa
Da Vinci
No dextro das agonias
Da Vinci
No meu descanso
No olhar que desanda
e me deixa perdida

Encontrei o colo de Gaya
Senti as dores do parto
O pedido de clemência,
e a clemente oferta do amor,
que não passa !

Acorda , meu Planeta amoroso !
Estou ouvindo passarinhos
Vamos dançar na manhã
banhados das nossas essências
enxutos do sereno
molhados de poesia !

Pega meu carinho
no cálice da minha boca
Cala meus versos inaturos
Faz o parto da minha euforia
Embala meu choro com tapas de luz
Nasci e renasci mil vezes
pra te achar , menino !

Imperador e sol dos meus dias
Raio das minhas luas
Meu "Dom Juan" ,
gelado pela exaustão
Estou seduzida !

Teu vento faz dançar as minhas folhas
me enraiza de amor
balança os sinos do meu corpo
Cria um mantra de nós dois.

Fios que nos unem não teiam
Não fiam a confusão de tantas vidas
Fios que nos unem se enrolam ,
no decifro dos nossos enigmas !

Baby ,
eu quase me declaro em todas as notas,
nas pautas dos desabafos .

Outubro

Dia de São Francisco


O dia 4 se aproxima .

Adianto-me , quando conto um fato . Adianto-me ,quando pago a conta .

É como um parto : contar , pagar , encontrar o dia seguinte , sem pendências contábéis ,afetivas ou existenciais .Todos os dias , uso a velha matemática , e tento deixar a vida bem equacionada ... ou quase !

Existe um cofrinho cheio de mistérios. Ele nunca revela o que recebe , nem quanto dispôe para retiradas... Ele é mágico. São Francisco é o guardião da chave .Um Santo que distribue , mas repôe , assim acredito !

Há 6 anos atrás , na boca da noite , sentei- me na Pça Alexandre Arraes , aonde marcara um encontro . Meu coração desejava a reconciliação, mas nem sabia , sequer imaginava , o desfecho da minha intenção. Chegou capengando , falido emocionalmente , com medo e espanto no olhar. Chegou , segurou-me por inteira , tirou-me do mundo e de todos ... E assim , um tempo a mais virou chances , vividas por mais adiante !

Há 5 anos atrás, enquanto a procissão passava , eu desejei um reencontro. Sou insistente , quando quero bem (só quero o bem ) !

E lá voltei , e lá fiquei do entardecer até o sorriso da noite , quando a primeira estrela piscou , e a lua nasceu... Ninguém chegou , e a minha espera também se ocultou.

Hoje já nada espero , nem posso , nem quero ... Todos os dias , imagino velas , iluminando o inconsciente coletivo .Uma corrida de luz , entoando canto. Meu coração se aperta , e implora fé aos céus .Não gosto dos sermões , ritos , e de nenhuma ou qualquer religião .Quando eu tinha 14 anos escutei a célebre frase de Marx : " A religiao é o ópio do povo ".

Pensei e internalisei ... Tornei-me livre pensadora ( mas adorando os meus santinhos) .

Oração é canto silencioso ...

Quando o dia amanhece ou termina, preciso das cores da manhã , e sons da natureza , que compôem hinos.

Dia de São Francisco...

4 de outubro de qualquer ano...

O santo " doido " de amor ...

- O Santo da compaixão !

De sandálias franciscanas,

saltos de "perua " no lixo ,

encaro a vida !

- Que Êle nos fale ,

esse grande poeta religioso ,

como se fóssemos pássaros !

Outubro


Outubro é velhice

Dias lentos e conscientes

desapaixonados , sem planos ...

de saúde , de vôos ...

pagando a mensalidade da paz ,

no jardim dos mortos.

Outubro dos atos inocentes

parabéns bestial...

"Nesta data querida " ...

Quem disse que o tempo quis ?

Outubro vermelho ...

Mês do rosário

e de todas as contas ,

fechadas e abertas ...

Até passar por todas as feiras

e comprar o peru ,

que deve ser contado.

Família grande ou pequena ...

Uma ave , uma árvore ...bastam !

A vida é seca ,

enfeitada com bolinhas coloridas

Algodão é a neve do sertão !

Retrato Falado


Retrato Falado


Estou no quarto elemento

Já me senti rocha

Já fui mar.

Já fui derrubada pelo vento

e agora me queimo, nos meus

vinte e cinco por cento

Agora sei porque não escrevo

porque as palavras

nem escorregam , nem chegam...

Sei também porque não fotografo

(Quem escreve

encontra a luz no diálogo)

Agora já sei

que não preciso chegar ...

Depois de um retrato falado ,

Toda luz do mundo ,

chegou aqui , vai parar !

Sei também

que não preciso voltar

Nada deixei por lá

Fui abduzida...

Simplesmente , seduzida !

Percorro meu sonho de entendimento

numa " bicicleta" da cor do vento ...

e nas miragens do tempo ,

entro e saio ,

sem que me achem !

Meu inconsciente tomou a frente

Minha vida é cristal

dissolvido pelas águas ...

Os ventos me penetram

com toda suavidade ...

Já não temo a tempestade

nem o mar da ansiedade.

Tudo já foi sem ter sido

Tudo

nunca deixou de ser

porque é !

" O sono do silêncio.

Sem sonho , deixou de ser ".

Agora é quase fim de tarde ...

ainda tenho duas madrugadas

pra ler você .

Nem sei

se és da terra ou das águas

Se dos ares ...

ou o fogo te faz criar

Acho que és a grande síntese

de tudo que no mundo há !

Uns são espelhos ...

Outros

fragmentos de nós mesmos

E o amor ,

precisa ser inteiro ,

no banquete elemental

de toda natureza !



Quero aquela janela

e o teu " olhar panorâmico "

Não quero a posse.

sequer do nada...


Mi - Re - La


Vertigens em manhãs noturnas

Cada som, um silêncio

Cada silêncio uma confissão

Em mi (m) te decifravas

Em ré me seguias

Em (l) lá me habitavas

Cada silêncio, um rosário

Cada rosário, uma ilusão

Em mi (m) me afogava

Em ré me abortava

Em (l) lá me derramava e sorvia.

Rosa dos ventos esquecidos.

Sisifo exaurido, Águia cigana,

Solitária, enfim... sempre !


Paixão resolvida

olhos que não pertubam

telefone mudo

Paz do coração !


Missão cumprida

Desprendimentos

Quebra do ego

Paz da alma !




ENIGMAS


Algo indefinível transforma meu destino.A complicada teia de paixões , surprendentemente , se harmoniza.Completamente solta, chego na colina de um amor . Penso em você , na quietude do meu ser.Cada palavra tintada é um cristal de informações que decifro.

Flor do dia



Girassol , gira noite

A hora do desejo

precisa do clima da noite.

Os tons se enrouquecem ,

ficam loucos

As flores desabrocham

Exalam cheiros de todas as notas

O silêncio é intercalado por ruídos do vento ,

que chega em serenata ...

A capa invisível da noite

é salpicada de lua e estrelas

Sua composição poética ,

extrapola momentos

Contunua no teclado , no telhado

Vive o dia , e outras horas ,

que se anunciam !

Amanheceu , anoiteceu ,

e eu ainda estou por aqui...

Ligada no tempo !

Meu nome é Socorro




Rio sem piedade do nome feminino: Socorro! Ceará, Pernambuco, Piauí e Paraiba

Metade das mulheres, que nasceram nos anos 50, chamam-se Socorro! Claro que questionei minha mãe,chegando até a cobrar:Mas mulher, porque meu nome não é Mônica, se nasci no dia 27 de agôsto?Ela até gagueja, quando explica! Ô minha filha, sofri tanto pra você nascer(três dias e três noites). Fiz promessas com São Raimundo Nonato, para ter um parto feliz...E, se fosse menino, seu nome seria Nonato ( pior ainda !). Aí nasceu uma menina...Ela nem duas vezes pensou...Nossa Sra do Perpétuo do Socorro é a santa da devoção de São Raimundo...Para agradá-lo, minha primeira filha recebeu o nome de Maria do Socorro . Meu padrinho escolhido foi um amigo muito querido da minha mãe: Vicente Feitosa, irmão de Zé do Vale. E sabe o que ganhei, no dia do meu primeiro aniversário? Uma imagem linda de Nossa Sra do Perpétuo do Socorro.Ela tem olhinhos de vidro castanho bem escuro...É belíssima! Naquele tempo, a Livraria Católica de Zé do Vale e Vieirinha ,vendia artigos religiosos, via Sampa. No meu segundo aniversário, meu padrinho presenteou-me com uma imagem de São Raimundo Nonato.Quando a encomenda chegou, ele havia falecido prematuramente, justo no dia em que seria celebrado o seu casamento com a minha madrinha Eurídice( uma moça de Araripina). Mas, Zé do Vale chamou a minha mãe, e entregou-lhe a minha herança. Em toda minha infância, visitei com a minha madrinha e a minha mãe,uma casa linda na Batateira.O muro coberto de trepadeira rosa;paredes brancas, e portas azuis...Inesquecível! Acho que na casa tinha um pé de cajá, no quintal...Lá moravam pessoas humanas, amigas e doces... como Dona Leonarda, Seu Fernando, Dona Gisélia ...

Bom, já passou a raiva de ser "Socorro"...É meu signo!

Artistas que nos ensinam vida...



Meu amigo,Cristiano Cãmera, musicólogo, ex colega do BB, disse-me uma vez :"Música é a linguagem universal da emoção". Isso foi explicativo, em definitivo, para mim...Uma música bonita, prescinde da letra....Mas, se está casada com a poesia, que seja um casamento harmonioso! A gente tem um tempo, que precisa da poesia pra memorizar a melodia...Quando a memória musical fica adulta, aí a gente cantarola, e só absorve o verso poético com um qual a gente se identifica ou gosta! Chico é um músico completo! Corri pra ver "A BANDA" passar; sorri pra "Januária" na janela ; me comovi com os olhos tristes de "Carolina", e fiquei atenta aos sequêntes lançamentos...Tudo pertinente com o momento amoroso e político do País.Tudo como um punhal na ferida das dores, que leva todo mundo ao analista. E por tanto cantar e cantar, as letras de Chico, fui entendendo e exorcisando a dor feminina, a dor humana, que nos acomete, porque estamos vivos! Penso até em Marieta...Eita mulher danada ! Contou para o Chico os segredos do nosso infinito particular, tão lindo e desentendido, até por nós...!Eu sou compulsiva por música.Fico danada, se a letra não fizer jus à melodia . A letra de Chico não tem erros. A gente decora, encantadamente pra todos os fins...até pra cantar no banheiro! Devo-lhe todas as homenagens. Rendo-lhe todas as minhas emoções, em todas já cantadas! E ele nem precisava ter, aqueles olhos de ardósia, ser fluminense, gostar da Mangueira, e ser o sessentão mais charmoso da música popular brasileira!

Lindo é saber



Lindo é saber..

Que estrelas estão sempre lá

quando nuvens escorrem nas retinas

Dividir o pão

quando é só pedaço

Tirar suco da fruta,

já bagaço


Dormir com a barriga roncando

a fome de amor

sabendo que a cura está no beijo


Ouvir a melodia

e a letra florecer na garganta

Amar descaradamente

esperando de janela aberta

que o céu devolva

o que já foi santo!


Saber que o tempo passa

mas sempre fotografa e guarda

a doce alegria de ficar pra sempre!


Internética


Sua tela escureceu

Sua energia escapou de mim

A frustante sensação de desconexão

abriu windows da saudade

Riscos poéticos

Meu sonho inacabado pede costura

meu coração pede sangue

correndo feito criança

nas veias do desejo


Volta, gota da minha folha!

Poemas Molhados

Desencanto apaga o riso por encanto
Pôe a lágrima no seu canto
Embarga a voz na garganta...
Não canta!

Não discute, leva a mala
Deixa a chave da casa;
deixa perfume no ar
Irrita quem fica...
Faz lembrar!

Neblinas

Um sábado morto nos sonhos,

que não consigo lembrar

Céu gris...suavemente claro

A manhã deseja neblinar...

Seus líquidos,seus sonhos

Uma chuvarada de açúcar e sal!

Vontade de remexer em tudo

Mudar as coisas, que foram coladas

inquieta-me, a vida cristalizada

Parece montanha a espera de um lago!

Soltar meus passos...

Andar por aí, até cansar!

A pauta do dia foi rascunhada...

No fim do dia será rasurada!

VIOLA CALADA

Na boca da noite tem vinho

no vento da madrugada, poesia

nas cordas do violão ... Paixão !


Um violão calado


é um violão perdido


no tempo da canção


Foi muita lua

Mas o sol sempre impôe


o claro da razão !

Aquele que virou anjo




Conheci Normando ,em campanha política estudantil. Naquele tempo, eles visitavam as salas de todos os Colégios, para exposição de idéias, e apresentação dos candidatos , que formariam a chapa.Sua figura se destacava, pelo jeito "cavernoso" , irônico e irreverente.Era um idealista! E, embora não estivesse disputando o cargo de Presidente da UEC, sobressaia-se, na sua postura de líder.Não sei por que cargas d'água ou, culpa do seu carisma, conquistou o nosso voto, fácil, fácil...Isso foi em meados dos anos 60.* Pesquisem essa gestão!Tenho a impressão que o cargo que ele ocupou foi de primeiro secretário.Mas não tenho certeza...Só sei que fui eleitora de Normando, naquele tempo, depois de muito tempo,agora e sempre!


Depois, ainda nos anos 60, reencontrei Normando, nas escadas do Colégio Estadual, namorando com uma garota chamada "Vera", nos intervalos das aulas. Olhava os dois , pelo canto dos olhos...Formavam um belo par! Ainda escuto a risada em uníssono, denunciando leveza e alegria!Ele não era exatamente o meu tipo...(risos).Mas incomodava-me bastante, ao ponto de achá-lo, cá com meus botões, o rapaz mais charmoso dos meus tempos! Não tive chance.Existia Vera, existia Lúcia...E eu estava noutras órbitas...Nunca um olhar sequer, nós trocamos!Era o fim dos anos 60.Todo mundo daquela geração se dispersou: pra casar, estudar fora...E o mundo girou!


15 anos depois, 1984, depois de muitas andanças, trabalhava no Banco do Brasil de Mauriti, quando ouvi sobre Normando! Uma pergunta geral, da moçada que frequentava o Parque Municipal.-Você já conhece Normando, Socorro? Pô, precisa conhecê-lo!Ele trabalha no Cesec Juazeiro do Norte, e está ilustrando o jornal informativo do Cesec.O cara desenha bem pra caramba, além de ser, super boa gente!E as notícias sobre a genialidade de Normando, corria nos ventos!"Normanto separou-se da mulher"; "Normando parece "Pardal", vive inventando coisas"; "Normando vive testando e descobrindo novas técnicas de pintura";" Normando é politizado, anárquico, e de um profundo senso de liberdade, justiça, e humanismo"."Normando é o máximo!"


Uma noite, no Parque , avistei Normando brincando com duas crianças( um casal de filhos).Imediatamente associei sua imagem ao moço que eu conhecera um dia... Mantive distância , e fiquei a observá-lo.Nem se deu conta de mim.Estava absorto em cuidados, e inventava folguedos para distrair as suas crias.Fiquei encantada com a "performance" daquele pai.Putz,que cara!Todas as vezes que voltei ao Parque, naquelas épocas ( 84 a 87),encontrava Normando com a galera de sempre: Rafael, Geraldo,Pachelly, Terto, etc,etc.Como prima de Geraldo , eu me introjetei naquele mundo eucaliptizado...Mas nunca Normando me foi acessivo.Era monossilábico,nas respostas, quando eu o interpelava...Enfim,não alimentava papo, embora fosse elegante e gentil!Mais uma vez, a despeito do tempo, pensava cá com meus botões:Meu Deus, que homem é esse? Confesso que, uma esfriadinha na barriga, eu sempre sentia, quando a gente se topava.Não conseguia interessá-lo...ele tinha o poder de me embobecer.Com um leve sorriso de zombaria, parecia adivinhar, o quanto me ameaçava!


Em 1986, o destino me pregou uma peça. Trabalhávamos em Agências diferentes, mas fomos convocados pra fazer o mesmo curso, em Recife.Ficamos no hotel, em que todos ficavam:Hotel São Domingos, pertinho da Av.Guararapes, aonde ficava o Centro de treinamento(DESED).Primeiro dia, nos esbarramos, no café da manhã.O cara, nem "thum" pra mim! Um bom dia desligado...e ponto!Final do dia, quase noitinha, vi que se distanciava com mais dois colegas...Apressei o passo, e emparelhei com o a turma.Iam todos para o Pátio de São Pedro, dançar ciranda, tomar caipirinha de pitanga! Literalmente, convidei-me...e fui!


Nos acomodamos, num dos botecos da área.Era uma mesa enorme com uns vinte colegas, e eu! Chegou um violão, no ombro de alguém.Foi convidado, e tirou as primeiras notas: "Notícia"( uma música antiga de Nelson Cavaquinho).O povo silenciou, conversou...Mas, só eu e o Normando, conhecíamos a canção, e todas as sequentes. Ficamos os dois a cantar, initerruptamente, até as altas da madrugada.Não perdíamos uma dica do "bom cantador".Repertório impecável,boêmio, poético...e aí,as afinidades explodiram, fatalmente!.Bebi todas, e não me embriaguei...nem me embobeci!Ele não era "Judas" pra negar-me! Tornamo-nos camaradas! Já voltamos pro hotel, amigos de infância!


Protegeu-me, como se protege uma irmã.Já no Hotel, cada qual pro seu canto! Sem um beijo...Apenas um sorriso de quem já não negaria ,uma bola de sorvete!Obedecemos os horários de treinamento, e fizemos programas noturnos, diários:cinema, barzinhos, jogos, etc,etc. Estranhava o cara não me paquerar...Eu estava "gata", na plenitude dos meus 35 anos.Acho que depois de quase duas semanas, resolveu contar sua história.Estava divorciado, mas comprometido com o seu amor de adolêscência.Depois de vinte anos, Ulisses voltara para Penélope.Que podia fazer, a não ser me ternurizar com aquela história?Transcendi, instantaneamente ,todo meu tesão!E me coloquei, na linha de amiga,porque já era tarde pra não amar aquela figura..."Tarde demais para esquecer"!


Convivemos na sequência, amorosamente, por (6) meses...Um dia, fui embora pro Mato Grosso do Sul;noutro dia, ele zarpou para Brasília.Mas antes dessas despedidas, permiti que herdasse a minha amizade pelo João Nicodemos.Grandes amigos ficaram.Amigos de emocionar, até Deus!Não consigo falar dessa trilogia: Socorro, Normando e Nicodemos, sem chorar...sem me engasgar de saudades!Por breves 11 anos, nos víamos, nas (4) festas do ano.Sempre, sempre,o amor do mesmo jeito.Idependente das nossas realidades solitárias, fomos fiéis a tudo que no amor, se aumenta!Respeitei a escolha amorosa de Normando, e ele conviveu com todas as minhas escolhas ( erradas ou não)!O sentimento que nos uniu, nunca se quebrou;nunca discutimos, nunca nos aborrecemos, nunca nos entediamos, nunca nos desligamos...Até que a morte nos separou!Tudo foi ficando mais forte, com o passar dos tempos... Mas perto vai ficando, de um amor eterno!

Cinema antigo


Cinema antigo


Quem lembra o tempo em que, praticamente, o único divertimento eram as sessões de cinema?Todo mundo era cinéfilo, sem nenhuma consciência! A gente assistia a matinê, a vesperal, a sessão das 4h, e ainda cochilava, na sessão das 20 h. Antonioni era censurado para crianças...hei,hei... era só para quem tinha 18 anos, e olhe lá! Existia uma censura da Diocese, pregada no mural do Café Itaytera, que barrava a nossa entrada. As meninas do meu tempo só conheciam B.Bardot, Virna, Ava, Monroe, na revista "Cinelândia", que nossos pais assinavam.Eu lia todas! Sabia aos 4 anos, o nome de todos os maridos da Liz Taylor...Achava estranho,achava bárbaro! Ela não cumpria o castigo de ser infeliz , a vida inteira!

Depois, quando cresci, senti uma pena...! O sonho do amor para sempre, também foi por nós absorvido, nos livros de M.Delly.Estava gerado o conflito! Não sei como o povo da minha geração escolheu...tomara que tenham sido felizes!

Mas, enquanto não assistíamos Antonioni, víamos tanta coisa bonita, na telinha...:O mágico de Oz, Melodia Imortal, Música e Lágrima, Sissi, Zorro, Tarzan, Sapatinho de cristal,O pequeno Polegar,A Noviça Rebelde,Quando Setembro Vier, Aldilá, As aventuras do Gordo e o Magro,Chaplin,Marcelino Pão e vinho,Marisol( mil vezes Marisol!) os filmes épicos, os bíblicos, e os musicais...ah, os musicais! Inesquecíveis! As vezes vou em "Manoel" , lá no Jota, catar o que passou na minha infância, e não assisti por pouca idade. E foi assim, que a gente reencontrou Antonioni, Bergman,Bertolucci,Visconti,Scola,De Sica,Glauber Rocha,Fellini,Hichcock,Woody Allen,Pasolini,Truffaut,Godard,Vadim,Coppola,etc,etc . Claro que não preciso falar em Cecil B.de Mille, nem Walt Disney!

Se a gente tiver paciência, todos os segredos e mistérios, nos são revelados...menos o da vida e da morte!Nem precisa ser famoso...basta ter sido o fruto sadio de uma árvore; ter encontrado a própria essência, ter sido feliz!

Eu ando ultimamente, mas do que em toda vida, insaciável! É que já passei da meia idade, e a terceira, me acena, na curva do caminho.Como aposto na paisagem depois da curva...corro,corro,corro, e peço socorro, no mato sem cachorro!


Cheguei no umbral do destino

porta estreita,sem caminho

encaro a viagem,sem os veús,que me atrapalham!

Sigo...sem perder de vistas o rumo do infinito!

Tenho encontro com Osiris

numa tarde de abril!


Estamos sempre mergulhados na essência

que recheiao que a vida fatia!


Você vive protegido... Que tecido é esse?

Quero um fio para entrar na tua teia!



Chuva


Um dia é o céu que chora, porque tomou do mar as suas águas;


Outro dia é o cisco do meu olho,que a lágrima expurga!


O gôsto nem sempre é doce, mas orvalha a cara.


Chuva é benção...


Quando não chega,eu molho a grama do jardim,


e forro a cama de esperança!


É a mais linda imagem, que a natureza declina


branda como a lágrima,quando expele a dor,


e dela o coração se descola!


E essa "incompreensão" humana,de amar,sem entender...


é mistério benfazejo...


Aflora o cio


desvia o tédio


frutifica a poesia!