por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Quase poemas ...- Por Socorro Moreira



Anoitece

O sono vive no caminho

lua, na fase escondida

amanhã o escuro será claro

Bem vindo o dia!


As horas não apressam os sinos

quero entrar na caixa do presente

desfazer as fitas da ilusão

Mas só tenho nas mãos, papel de pão!


Chuvarada

passeio na tarde

lembranças doces me espantam

prefiro a venda que tampa

o olhar que me esquecia!


Suspiros

Senti-los como um beijo

que molha a boca

girando louco

no carrossel do corpo

domando a alma

que goza submissa!

A Essência do Comportamento- Colaboração de João Nicodemos


As pessoas geralmente se preocupam com a aparência física e se esmeram para mostrar uma certa elegância de acordo com suas possibilidades. Isso é natural do ser humano, tanto que muitas pessoas buscam escolas que ensinam boas maneiras. No entanto, existe algo difícil de ser ensinado pelo número reduzido de professores, menor ainda de alunos e muito pouco de praticantes e, que talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a Elegância do Comportamento. É um dom que vai muito além do uso dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais corriqueiras; quando não há festa, cerimonial, etiquetas, nem fotógrafos por perto: é uma elegância desobrigada. É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam, nas pessoas que escutam mais do que falam. E, quando falam, passam longe das maldades ampliadas de boca em boca.

É possível detectá-la também nas pessoas que não usam tom superior de voz. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros. É uma elegância que se pode observar em pessoas pontuais, que respeitam o tempo dos outros e seu próprio tempo.

Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece. É cumprir o que promete.

Não mudar seu estilo apenas para adaptar ao de outro. É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais. É elegante retribuir carinho, solidariedade e respeito. Sobrenome, cargos, jóias não substituem a elegância do gesto cordial e amistoso. Não há livro de etiqueta que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo e viver nele sem arrogância. A essência do comportamento não se aprende nos bancos da Universidade.

Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural através da observação, mas tentar imitá-la é, no mínimo, simiesco. As pessoas de comportamento elegante falam no mesmo tom de voz com todos os indivíduos, indistintamente, não se alteram por motivos banais ou fúteis.

Ter comportamento elegante é ser gentil sem afetação. É respeitar a natureza divina do nosso corpo. É ser amigo sem conivência negativa. Ser sincero sem agressividade. Apresentar sua verdade sem alterar sua serenidade. Ser cordial sem fingimento. É ser simples com sobriedade. É ter capacidade de perdoar sem fazer alarde. É superar dificuldades com fé e coragem, é encorajar todo irmão com a força da fé, do estímulo e da alegria nos momentos em que as forças parecem extenuar-se.

É saber desarmar a violência com mansuetude e alcançar a vitória sem se vangloriar. Enfim, elegância de comportamento é o grau que se apresenta, não é algo que se Tem, é algo que se É.

Mestre Rogério Rigoni

Agônico

.



Vivo no limbo
Anjo caído
Esperando resgatar
o paraíso perdido
Poesia seca
olhar pequeno
míope das alegrias
Essa angústia que chegou
não larga da minha vida
Acordo , sonho
a vida passa ,
e eu me escondo ...
Um desalento
é prisão preventiva
Sentença final
É morte geral...
Perdi os 7 sentidos ...
Ainda respiro ...
uma vontade da vida

Efeitos Colaterias

Godofredo e Isabel mantiveram um casamento perfeito por quase vinte anos. Eram figuras icônicas nas brigas dos amigos: “ Você devia ser como o Godofredo!” “Por que você não se porta como a Isabel , aquilo sim é que é uma mulher”. Vencido o prazo de validade de todo matrimônio, quando o remédio fabuloso começa pouco a pouco a mostrar seus efeitos colaterais, sua reações adversas e a se transformar em veneno, o casal começou a ficar mais distante, nem discussões mais conseguiam entabular. No espaço vazio do relacionamento, terminou por surgir alguém para preencher a vaga. Godofredo, antes um esposo fidelíssimo, se enrabichou por Tamires, uma colega de trabalho, vinte anos mais nova. Como era de se esperar ,não cabia tanto pequi no baião-de-dois de Isabel , quando ela descobriu que havia ingredientes estranhos na culinária, entornou, literalmente o caldo da pequizada. Como sempre, os casamentos mais equilibrados são justamente aqueles que mais se desequilibram na hora da dissolução. O pau comeu solto. Agressões se repetiram lado a lado, culminando com sopapos generalizados, telefone em orelha de Tamires, tapa no terreiro dos olhos de Godofredo, braço quebrado de Isabel.
Terminada a guerra doméstica, estavam armados os exércitos para as batalhas judiciais. No interlúdio entre os conflitos periódicos, estabeleceu-se uma guerra fria. E nem havia tantos bens a serem partilhados: uma casa, um carro, uns terrenos na periferia: só. Mas acordo mostrou-se desde o início totalmente impossível. Simplesmente porque não estava em jogo, na realidade, a questão meramente financeira. Godofredo havia ferido Isabel no seu ponto mais sensível, no seu calcanhar de Aquiles, o amor próprio, e aí não havia patrimônio nesse mundo que fosse capaz de indenizar tanto dano, nem o de Bill Gates. Advogados de lado a lado, desde o início, Godofredo e Isabel montaram sua lavanderia pública e procederam à interminável lavagem de roupa suja. De repente veio à tona aquele varejo de incongruências e deformidades de que todos os casamentos estão prenhes. Godofredo era meio brocha, Isabel tinha mal hálito superior e inferiormente e pro aí vai.
Na impossibilidade de acordo, a pendência correu para a demorada esfera judicial. Audiências, desaforos, custas judiciais e advogados dando corda pelas beiradas. O certo é que o processo tramitou por uns oito anos e, no final, praticamente já nada tinham para partilhar. Os bens , poucos, tinham sido consumidos na própria alimentação da causa. Restaram apenas o fel, o veneno destilado lado a lado que acabaram por nublar completamente a lembrança dos verdes e doces enlevos dos primeiros dias.
Recentemente um primo dileto de Godofredo, chegando da Europa,onde residia há muitos anos, não conseguiu compreender a penúria em que viviam os dois antigos pombinhos. Eles que quando casados gozavam de uma confortável situação, agora ali estavam tocando a vida com dificuldades típicas de classe média baixa. Como se explicava a tragédia?
O pai do primo europeu foi quem conseguiu didaticamente explicar o inexplicável, utilizando os recursos da fábula.
--- Meu filho, um dia dois gatos encontraram um pedaço de queijo e começaram imediatamente a brigar. Cada um se achava dono do presente encontrado. “É meu!” “É meu, eu vi primeiro!” Começaram ,então, a se engalfinhar, numa luta sem precedentes. Foi aí que apareceu o macaco e ofereceu-se para intermediar a questão. Propôs dividir o naco de queijo no meio e, cada um ficar com sua parte. Os gatos, então, aceitaram, desde que os pedaços fossem exatamente iguais. O macaco, então, salomonicamente, pegou uma balança e cortou o queijo em duas partes. Colocou-as cada uma em um dos pratos. Notou-se, então, que um dos lados era maior e que o prato descia. O macaco, tranqüilizou-os: não tem problema! Cortou um pedacinho da parte maior e comeu e voltou a pesar as duas fatias. Agora, era a outra que estava mais pesada. O macaco procedeu da mesma maneira, cortou mais um tanto e comeu e voltou a fazer a pesagem. O problema repetiu-se e, ele, prontamente cortou mais um taquinho, comeu e pesou novamente. Repetidas as ações por várias vezes, os gatos gritaram : Pode parar, já basta ! Está bom ! Notaram que os pedacinhos que restavam agora, eram bem miudinhos, o macaco comera quase tudo. O acordo foi feito rapidamente e os gatos saíram satisfeitos. Pois ,é ! Os gatos eram Godofredo e Isabel !
--- E o macaco, papai ?
--- Era o advogado, meu filho !

J. Flávio Vieira

A uma mestra com carinho – Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Tenho muito carinho e gratidão por uma grande professora que o Crato já teve. É a saudosa professora dona Lurdinha Esmeraldo. Ela dedicou toda a sua vida ao magistério. Lembro-me muito bem do amor que ela tinha pelos alunos, sempre com o objetivo de formá-los para a vida. Por ser solteira tinha todo um carinho filial com seus alunos. Fui sua aluna de Francês e Religião. Ela era muito competente em tudo que ensinava. A bondade e o amor transpareciam nos seus gestos. A sua fé em Deus e o seguimento de Jesus eram demonstrados na sua animação ao falar de Jesus para os alunos e através do seu testemunho de vida. O comportamento dela fazia com que entendêssemos que o seu objetivo era nos levar para o caminho do bem. O bom professor, além de dar a instrução aos alunos, proporciona a educação como um todo. Dona Lurdinha era assim, cuidava da instrução e da alma, educando também para a vida, através do seu testemunho, da sua bondade e da vocação parar ajudar aos jovens. Pessoa de grande espiritualidade, vivência cristã e testemunho de fé. Freqüentadora diária da igreja e participante da Eucaristia. Lembro sempre dessa querida professora quando leio um trecho do Evangelho de Mateus: “Vocês são o sal da terra. Ora, se o sal perde o gosto, com que poderemos salgá-lo? Não serve só para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu.” (Mt 5, 13-16)

Fomos feitos para brilhar. Devemos acreditar na luz de Deus em nós, pois agindo com justiça e retidão, estaremos manifestando a beleza de Deus. Ser sal da terra é dar sabor as coisas e livrar o mundo da podridão dos costumes e da corrupção. Os discípulos de Jesus precisam dar testemunho de suas obras. A querida dona Lurdinha como seguidora de Jesus, irradiava a luz para os outros e principalmente para os seus alunos. Sabia que não devemos esconder a luz de Deus que brilha em nós, pois para sermos discípulos de Jesus, devemos nos comprometer com a construção do Reino de Deus. Essa professora a quem rendo a minha homenagem era comprometida com esse Reino e, transbordava através do seu grande coração o amor de Deus para seus alunos e para todos que a conheciam. Através dela, aproveito para homenagear todos os meus professores e professoras.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Dica de Leitura


Matéria da revista Globo Rural de fevereiro sobre o livro "Problema vital, Jeca Tatu e outros textos".

Músicos X Músicas - Convocamos !


Gosto muito das lembranças
dessa turma que me encanta
Arrigo Barnabé é tudo
como Tiago Araripe
e is irmãos Jamacaru
Abidoral e Pachely
Com Calazans na lembrança
Nicodemos e Ulisses.

Dominguinhos e Sivuca,
Djavan, alagoano ...
Se falar em Tom Jobim
Nosso Antonio brasileiro
eu fico querendo o Chico
seu mais famoso parceiro
Mas nunca esqueço o Vinícius
que tomava uma dose
e compunha versos lindos.

Edu, filho de Fernando
passou a perna no pai
mas quem compôs
chuva de verão
é simplesmente um arraso...
Um arraso, e nada mais !


Dorival pai de Dori
tem também no contraponto
O Danilo e a Nana
Gosto da família toda
e do mar que é baiano.

Rosa Passos, meu xodó
Bem lembrada por sinal
E o instrumental Aramandinho
Fecha o estoque final
sem desprezar o Naná
que faz percussão legal.

Se você falar em Parra,
Volto logo pro Brasil
Athaulfo, e Zé Kéti,
e o Nelson Cavaquinho
Lembro também do Cartola
aquele mestre que diz
que a rosa não fala...
Chora !

O Pablo e a Évora,
sem contar com a Omara,
é coisa que eu muito escuto
escuto com muito agrado

No francês ,
eu já separo,
o Brel e o Yves Montand
às vezes pra variar
escuto a grande Piaf
o Adamo e a François.

Miles Davis e o Jarret
também me tiram a tensão
a verdade é que sou Música
de alma e de coração ...
Pois um amigo me disse:
"é a linguagem da emoção"!


Porisso peço a você
que cuide do seu ouvido
e quando estiver cansado
use a música terapia
e vá dormir bem tranquilo
na falta de som no quarto
use o radinho de pilha !

Me despedindo por hoje
deixo a minha sugestão
que o mote seja forte
como o vento e o tufão
que seja da cor do céu
com nuances de outra cor
que seja verde mulato
os olhos daquele amor

CÂNDIDO BOTELHO- Por Norma Hauer


Foi no dia 24 de fevereiro de 1907 que nasceu, em São Paulo, o cantor Cândido Botelho.
Para quem não sabe, foi ele que lançou, em primeira mão, no espetáculo "Joujoux e Balangandans", a famosa "Aquarela do Brasil", posteriormente gravada por Francisco Alves. Sua estréia foi naquele espetáculo, realizado no Teatro Municipal, no qual também tomou parte a atriz Heloísa Helena.

Heloisa Helena sempre afirmava que foi nesse mesmo espetáculo que o choro "Carinhoso" (de 1918) recebeu letra (de Braguinha) e foi ali cantado pela primeira vez.

Bem, mas vamos a Cândido Botelho.

Também foi Cândido Botelho que lançou a Aquarela na NBC, de New York, para a qual foi contratado depois de se apresentar na Feira Mundial daquela cidade, em 1940.

Cândido Botelho, estudou canto lírico, cantava trechos de óperas e operetas, mas acabou dedicando-se ao canto popular. Seu primeiro espetáculo deu-se no Salão Germânia, em São Paulo, interpretando operetas. Mas sua primeira gravação (em 1929) foi de duas modinhas.

Gravando, em 1929, as modinhas "Canção da Felicidade" e "Canção do Violeiro passou a ser o cantor preferido de Villa Lobos.

Foi convidado para participar da inauguração da Rádio Nacional, em 1936, mas somente no ano seguinte veio de mudança para o Rio de Janeiro, passando a atuar naquela emissora.

Em 1938 transferiu-se para a Rádio Mayrink Veiga, onde César Ladeira o denominou "A Voz Apaixonada do Brasil".
Ali fez parte do "Teatro de Operetas", cantando ao lado de Marcel Klass e Stela Maris; esta abandonou o canto ao casar-se com Dorival Caymmi.

Esse “Teatro de Operetas” era apresentado no vitorioso “Programa Casé”, que dominava o rádio (no caso a Mayrink Veiga) nas tardes de domingo, concorrendo com o futebol.
Devemos a Cândido Botelho o relançamento de "Quem Sabe"? , de Carlos Gomes. A partir da qual se tornou conhecida do "grande público", que não freqüentava teatros.
Cândido Botelho teve seu apogeu entre os anos de 1939 e 1941. Foi quando gravou "Canta Maria", de Ari Barroso.
Antes, gravara uma canção triste de Ari Kerner : "Na Serra da Mantiqueira".

Em 1942, abandonou a carreira e foi viver em uma fazenda, mas ainda gravou dois LPs na Continental, em 51 e 52.

Afastado, definidamente, Cândido Botelho faleceu em 20 de abril de 1955, aos 48 anos.
Norma

Um show de beleza : Nayara !







É com muita alegria que enviamos o convite virtual da formatura de Nayara. Mais uma etapa que se cumpre.

* Parabéns, menina bonita !
Desejamos-lhe êxito , na vida que se inicia.
Que os teus talentos sejam direcionados para uma vida feliz !
Abraços dos amigos da Corujinha Baiana ( sua avó)- nossa amiga querida !

O verbo Amar , na roda do improviso




descobri o amor
em tenra infância
quando o colo de avó me acolheu
e o cuidado de avô me envolveu
brincadeiras na casa com meu pai
que me entregava de pijama
o seu domingo
chuvoso ou ensolarado
enquanto a mãe fazia mimos

conheci o amor
quando sentia na madrugada
a mão zelosa de mãe
trocando os lençóis mijados
as colheradas de mel
a flanela na garganta
pra acalmar minha tosse
das poeiras e das artes
que eu trazia comigo
do quintal e da calçada.

conheci o amor
quando aprendi com os mestres
as lições pra toda vida,
inclusive o catecismo...

aprendi a amar
sem rumo e sem prumo
experimentando o amor
em todas as suas formas
de expressão e valor

agora tenho um caminho
já marcado com meus meus passos
aprendo o amor com o Victor
que é puro e devotado
às vezes nos desligamos
tomamos sustos danados
ao confirmar que o amor
é presa do nosso lado.

Porisso Amar é inerente
ao ser humano e divino
quem não adota esse verbo
e pratica desatinos
tem que voltar pro abc
e aprender de novo a ler
a grande lei que é divina :
amar a todas as coisas
amar ao próximo mais próximo
e também ao mais distante
amar o desconhecido
e aquele que é no sangue
o nosso elo mais forte

o pecado no amar
inexiste, está provado ...
mas é bom que se defina
que o amor que se procura
é solução do destino.
dissolve o medo,
a tensão ,
cura até desilusão
sana o corpo e alma
cura tudo feito erva
que Deus jogou lá na serra,
pra espantar nossos males.

Amar é palavra-verbo
a mais doce
a mais completa
mas pra amar de verdade
é preciso que se tenha
por nós o desejo interno
de amar com liberdade !

Agora deixo o meu mote
no amar de toda gente
escolha o (a) merecedor(a)
do seu amor
num repente
E diga àquela "PESSOA"
que a ama para sempre !


socorro moreira

Brincando de versejar ...

Foto by Nívia Uchôa


Vivi a estrada
em todos os percursos
Matei sonhos
Nasci esperanças
Achei o elixir milagroso
que me fez recomeçar

E deixando mais um claro
pra poesia preencher
eu digo que a vida é clara
mas escurece como a noite
quando eu fico sem você !

Pegue o beco da poesia
Lá mora " vida" !


Chega, me diga
Onde está a saída?

A cidade era bonita , numa vida bem pacata. Eu vivia com a família de gênio muito abrandado., e quse sempre feliz !
Papai pintava os carros, a minha mãe ensinava, e costurava uns vestidos, além de cuidar da casa.. Na sua moderna "Singer", escutava a zoadinha, que a tal máquina fazia, pra costurar meus vestidos.
Ainda quase menina, cumpria alguns recados:
"Menina , me compre já, linha corrente-laranja, na cor branca e rosa chá"!
Mas a corrente da rede, que a vó me balançava, namorava o armador, ora pra lá e pra cá. Enquanto cantarolava, ela bem devagarzinho, com seus pés bem pequeninos , saía silenciosa , e me deixava a sonhar.
A correntinha de ouro, que perdi no mês de Agosto, foi presente do meu tio, quando completei 10 anos. Ela tinha uma medalhinha, só não sei qual era o santo.
Depois entrei na corrente do rio no Maranhão, cantava com o barqueiro, aquela velha canção:

" eu vi
as águas do rio correr
e a canoa do negro passar..."

Lembro a expressão feliz,
do sol, naquela manhã
achava que todo canto
era na sua intenção.

Correntes nunca me atam,
não me escravizam , nem matam
não as tenho em sentimentos
nem tão pouco em pensamentos

" acorrentados ninguém pode
amar..."
diz o refrão de uma música
que eu já não sei mais cantar.

mas deixo um tolo conselho
não siga, se não gostar
não acorrente alguém
pensando que vai ganhar,
um amor pra vida inteira,
sem deixar ele voar

Finalizando a palavra
vejo que falei demais
pois então complete agora
o jeito de versejar
use a palavra " primeiro"
senão a loa não para
nem com a luz do luar.

(socorro moreira)


PARA O POETA ASSIS LIMA


Uma homenagem de Stela, amiga que não é secreta, pois desde crianças amamos os milharais, os arrozais, as cheias do rio Carás.

MILHARAIS
Zila Mamede

Nos milharais plantados (minha infância),
recém-nascidas chuvas pelos rios
que rebentavam adubando várzeas
onde meus pés-meninos se afundavam
no cheiro fofo do paul novinho.
Terra multipartida, covas conchas,
das mãos de meu avô descendo o grão.
Pela manhã íamos ver as roças
à superfície fruto devolvendo
-folhinhas enroladas,verde calmo
se desfiando ao sol, em sol, de sol.
Quando escorriam outros aguaceiros
os dedinhos do milho iam subindo
em vertical, depois abrindo os braços
e já mais tarde o milharal surgia
os pendões leques leves abanando
o triunfal aceno da chegada.
E vinha logo a quebra das espigas,
eu chorava de pena, elas dobravam-se
por sobre o caule, tesas deslizando
no chão, nos aventais apanhadores,
sua palha entreaberta - riso triste
de quem, nascido, vê-se morto infante,
pois sendo espigas tenras, de repente
logo viravam massa, logo, pão.
Eu as tomava com temor doçura,
trançava seus cabelos, embalava-as:
eram espigas não, eram bonecas
que me aqueciam, eu as maternava
lavando-as, penteando-as, libertando-as
de gumes de moinhos e de fomes
dos animais domésticos, ancinhos
fogueiras de São João. Pelos terreiros
procuro em vão os milharais vermelhos
de vermelhas papoulas adornando
as vaidosas tranças das espigas -
bonecas brancas, minha meninice,
meu avô, habitando agora um campo
onde ele, em vez do milho, é uma semente,
meu avô minha avó, os milharais,
não tendo mais infância, tenho-a mais.

Figurante - Por Rejane Gonçalves




Comecei a rejeitar Emanuel ao perceber que ele se dava bem com a solidão. Dividi a casa ao meio e cada um tomou um pedaço. A mim coube o menor, quis ser justa, erguer a parede fora uma idéia minha. Ele não reclamou, ficava parado, vendo a casa pouco a pouco transformar-se em duas.
Aos oito anos, para que eu me curasse do hábito de comer terra, obrigaram-me a mascar folhas de fumo. Desde sempre, fumo cachimbo e como barro; minha língua acostumou-se ao roçar dos grãos arenosos e, quando o barro é colhido depois de uma breve chuva, um sumo marrom me escorre pelos cantos da boca, igual me escapa dos lábios o sumo transparente da pêra aguacenta. Sou dessas pessoas de quem dificilmente se consegue tirar alguma coisa, antes acrescentam outras. Engordei muito, talvez devesse mesmo ter dividido a casa. Desse lado eu só, do outro, ela e Emanuel.
Sobre mim o vidro embaçado, o avesso da roupa, a camada de tinta, apenas a lembrança turva dessas coisas que acabo de contar, se bem que falei mais para dentro do que para fora, como se fosse um treinamento, um jogo de desesquecer. Desabituei-me das pessoas, só lhe atendi pela curiosidade de saber se, num corpo, continua tudo igual. Agora você pode ir, a casa de Emanuel é a outra, colada em mim. Não, é impossível que você tenha vindo à minha procura, queira me entrevistar, sim, você tem razão quando afirma que a escritora sou eu, era, faz tempo que houve uma inversão. O que posso lhe adiantar é que depois das muitas histórias, do fazer e refazer criaturas, das incontáveis camadas de tinta a encobrir o mundo real, a atenção tem que ser redobrada, um pequeno descuido e os papéis se invertem. Eu achei que estava no comando, até o dia em que me percebi capturada no início de uma história, presa num espaço exíguo, poucas linhas, todas retas, nenhuma possibilidade de curvas, de tropeções em uma pedra qualquer, parágrafos previamente estabelecidos, hora certa de acabar, justificativa frágil para o corte do argumento, a mesquinhez do ponto, ponto final; até que senti o pincel cobrir-me com uma tinta amarela, bem pálida; até que mal enxerguei Emanuel que se preparava para outra demão e desistiu, como se temesse me avivar as cores. Não teve o amor, a consideração que eu sempre dispensei a ele, nem passou dias e noites a escolher os tons certos, a morrer engasgado com a bolha de ar que, dependendo da posição do pincel, tende a formar-se na textura da tinta. Fez-me um personagem esmaecido, aqueles que nas histórias não têm importância alguma. Bata à porta de Emanuel, ele é quem me inventa, quem sabe tudo sobre mim, quem coloca as palavras na minha boca, quem tem medo de trocar a cor da tinta. Que eu me lembre, ele nunca chegou aos pés do que eu fui. Ele é cauteloso, ciente dos perigos, protetor feito um cão de guarda, não é que não nos deixe sair à rua, deixa, mas se debruça na janela e mantém a porta escancarada, para que possa sair rápido e alcançar num tempo bem curto a criatura que, em busca de um distanciamento, tome um gole maior de fôlego.
Se eu me arrependo? Não, não. Por quê? Ora, por quê? Escreva aí, Emanuel, embora seja capaz, não enxerga claridade na sombra, não teria, pois, a coragem de se permitir criar um Emanuel.


(obs. Enviei este conto para o 5º Prêmio Maximiano Campos de Literatura- em 28 de julho de 2009 – Postei no site às 2l.57. (pseudônimo: pão-ázimo)

Um tempo que ainda existe - por Rosa Guerrera



Hoje fiquei por muito tempo olhando a foto dessa menina gorducha numa velha moldura pendurada na parede do meu quarto. E fiquei imaginando quantos janeiros e quantas alamedas nos distanciam hoje ... Será que essa menina ainda me reconhece nos dias atuais, ou serei eu que não consigo mais lembra-la nitidamente? Com a idade que eu tinha nessa foto, é óbvio que não recordo de nenhum detalhe da minha vida, mas imagino que o colorido do meu mundo era aquele igual de todas as crianças com 2 anos. E me pergunto: "Porque será que a gente cresce"? Por que com o passar dos anos as nuances da nossa vida vão adquirindo cores tão diversas?
Curioso é que essa foto mesmo com o caminhar do tempo sempre foi pendurada numa parede em todas as casas que morei ... Terá sido por ironia, por acaso, ou poesia que ela me acompanha até hoje? Ou quem sabe para que eu encontre vez por outra um espaço tranquilo para superar as dores, apagar mágoas ou aperfeiçoar experiências vividas ...
Sinceramente, não sei! Só sei que hoje olhando essa foto, uma menina de rosto redondo pareceu sorrir para mim. E não nego: fiquei por demais feliz por ter entendido que ainda estamos bem pertinho uma da outra.

por rosa guerrera

A vida é bela e breve – Por Carlos Eduardo Esmeraldo



A vida da gente parece um breve piscar de um relâmpago. Dura apenas algumas frações de segundos. Quando menos esperamos, estamos percorrendo o ramo descendente da parábola. Se pararmos para assim pensar, o eterno que existe em cada um de nós começa a desvanecer e nos precipita à conclusão simplória de que somos seres simplesmente descartáveis. Mas não é bem assim, acreditem. A eternidade existe. À medida que vamos envelhecendo, a nossa percepção de tempo muda, e este nos parece passar mais aceleradamente. Penso que, na eternidade, o tempo se faz correr mais velozmente que os raios que descem dos relâmpagos em noites de tempestade.

Ainda outro dia era criança e, de repente, fui surpreendido com um aviso da proximidade da minha inclusão nos benefícios oferecidos pelo novo estatuto do idoso. Necessitando fazer uma polissonografia, um exame de nome feio e execução mais horrorosa ainda, tive de ir à sede da Unimed para conseguir uma autorização. Na recepção, a atendente me deu uma senha de número 41 e, ao chegar ao guichê de atendimento, a senha que estava sendo chamada era a de número 185. Então, voltei e indaguei à moça se ela não havia se enganado, pois já estava sendo chamada a senha 185. Ela calmamente respondeu, indicando-me um outro guichê:
– A sua senha é para aquele guichê à esquerda!

Olhei para o local indicado e estava escrito: Atendimento a gestantes, deficientes físicos e idosos. Mirei a minha barriga e conclui que, após o rigoroso regime alimentar, ao qual tenho me submetido ultimamente, não poderia de modo algum ser confundido com gestante. Pisei firme com as duas pernas e estava inteirinho. Então, perguntei à moça:
– Você me deu a senha da fila dos idosos?
– Foi – respondeu ela com muita naturalidade.
– Muito obrigado! – disse agradecido, antevendo as virtuais delícias e regalias da terceira idade.

A propósito desse assunto, lembrei-me de que a Coelce tinha um funcionário conhecido por seu Chiado. Era meio pernóstico e falava chiando, querendo imitar os cariocas, pois gostava de dizer que morara no Rio de Janeiro por mais de vinte anos. Dizia que era natural do Crato e parente da famosa musicista Branca; da professora Ida, homenageada com uma placa contendo o seu nome numa pequena travessa da nossa cidade, e também de Ana, nome de rua em Fortaleza, todas elas, suas primas. Apesar de aparentar mais de sessenta e cinco anos de idade, atribuía a si próprio a fama de grande conquistador. Cabelos tingidos de preto e impecavelmente penteados, assentados à custa de muita brilhantina, andar elegante, cigarro permanentemente entre os dedos, tal qual um astro de Hollywood. Era dessa forma que ele se apresentava. Esta história me foi contada por ele mesmo. Precisando ir descontar um cheque numa agência bancária do centro da cidade, entrou numa interminável fila, quando notou duas jovens acenando para ele. Entusiasmou-se todo, pois julgou que elas estavam a fim de paquerá-lo. Aproximou-se delas e assim as abordou:
– Boa tarde! Nós já nos conhecemos, tenho certeza. Vocês acenaram pra mim e aqui estou inteiramente à disposição dessas tão belas jovens.
– Não, senhor. A gente queria apenas avisar ao senhor que a fila dos velhos é aquela outra – responderam as duas mocinhas, para tristeza do nosso Dom Juan.

A vida é bela, mas é breve. A gente nunca pensa que um dia morrerá. Para nós, a morte somente acontece aos outros. Sem pensar no futuro, mas somente para me livrar de um vendedor insistente, comprei, há uns oito anos, um jazigo num novo cemitério em Fortaleza, em construção. Depois do pagamento do título, comecei a receber pequenas cobranças da taxa anual de manutenção, que poderia ser paga em doze módicas prestações mensais. Mas Magali pagava tudo de uma vez, pois dizia não se sentir bem olhando para aquele papel todos os meses. E eu, então, acrescentei:
– Não sei pra que eu comprei esse túmulo. Acho que se eu morrer aqui em Fortaleza, vão levar o meu corpo para o Crato.
– E eu? – disse ela. – Que nem de morrer gosto!

A vida é bela, é curta, e ninguém quer morrer, por maior que seja a fé. Ah, se a nossa fé fosse ao menos do tamanho de um grãozinho de mostarda! Pensando nisso, lembrei-me de uma pequena história que me contaram.
Um cardeal voava com destino a Roma, num desses superjatos, ao encontro do Papa. Com todo direito que a sua autoridade lhe permitia, sentou-se na fila da frente da primeira classe. Em dado momento do vôo, que até então havia sido tranqüilo, ouviu-se um estranho barulho, um grande sacolejo no jato. A comissária foi até à cabine, para saber o que tinha ocorrido. Então o comandante lhe disse:
– Avise aos passageiros que iremos cair no mar, pois pifaram de uma vez as quatro turbinas e não estamos conseguindo fazê-las funcionar novamente. Mas dê a notícia com muito jeito, para não causar pânico – ordenou-lhe, com aparente tranqüilidade, o comandante.

Ao sair da cabine, o primeiro passageiro avistado pela comissária foi o cardeal. Então trêmula, porém esforçando-se para aparentar calma, tentou disfarçar:
– Monsenhor, que é que o senhor diria se este avião caísse daqui a cinco minutos, e nós todos morrêssemos?
– Oh! Seria a glória suprema! O momento mais aguardado da minha vida! Iria estar face a face com Jesus. – respondeu-lhe o cardeal.
– Pois, monsenhor, daqui a cinco minutos o senhor estará face a face com Jesus, porque este avião vai cair. Todas as turbinas falharam e não resta nenhuma possibilidade de serem recuperadas a tempo.
– Pelo amor de Deus, não diga uma desgraça dessa não, moça!
A vida é bela, porém breve.

Extraído de “Histórias que vi, ouvi e contei” de Carlos Eduardo Esmeraldo, Premius Editora, 2005, p.17

"Pedra Azul" - Domingos Martins ES

Localizado no município de Domingos Martins, no estado do Espírito Santo, o Parque Estadual da Pedra Azul foi criado na década de 1990 com o intuito de proteger o seu rico conjunto de belezas naturais. O destaque vai para a Pedra Azul, que pode ser vista da BR-262, e da Pedra do Lagarto, formação de granito e gnaisse que fica a 1882 metros de altura.
Pedra Azul é um lugar para ser apreciado sem pressas. A natureza foi generosa com a região, de clima ameno e paisagens exuberantes. A montanha, que é o principal cartão postal de Domingos Martins, muda de cor de acordo com a posição do sol. Como se não bastassem as formações rochosas exóticas, a localidade ainda conta com uma variada quantidade de espécies vegetais e animais que enchem os olhos dos visitantes mais observadores.

Na fauna local, destacam-se espécies como o macaco-prego, o tatu, o tamanduá-de-colete, a jaguatirica, o tucano, a araponga, o veado-catingueiro, o mão-pelada, o trinca-ferro e o sabiá; além de animais ameaçados de extinção como o sagui-da-serra, a onça-pintada e o barbado. A flora predominante na área do parque inclui a vegetação rupestre – que se desenvolve sobre as pedras –, e a Floresta Ombrófila Antimontana – matas influenciadas pelo alto regime das chuvas, localizadas acima dos 1500 metros de altitude.

Destacam-se as orquídeas, as bromélias, os ingás, os cedros, as cássias, os ipês, as canjeranas, e vários tipos de canela. O parque possui três trilhos abertos ao público: Trilho do Lagarto, Trilho das Piscinas e Trilho da Pedra Azul.

O acesso é controlado pelo IDAF - Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do estado do Espírito Santo. As visitas são feitas em grupos de pessoas, acompanhadas por guias e guardas florestais do próprio Parque. Conhecida como a cidade do verde, Domingos Martins é o município mais badalado da serra capixaba. A combinação das belezas do parque, da hospitalidade do povo e da arquitectura colonial confere um encanto especial à região, colonizada por imigrantes alemães e italianos.

Informação básica Clima
O clima da região é o tropical de altitude. A temperatura média anual gira em torno dos 18º C, com máximas de 28º C e mínimas de 8º C.

Imagens
Google Imagem


http://www.ferias.tur.br/informacoes/10277/pedra-azul-es.html

Por Lupeu Lacerda




Nada a ver com essa dor no peito. Nada a ver com a constatação absoluta e intrínseca dos meus defeitos com cheiro de cocaína e vinho tinto. Procuro o vidro com as anfetaminas coloridas. Vontade de ir assim sem sim. Vontade de ir sem dormir. De verdade, não conheço mais o cara que aparece na minha identidade. Te falo isso por telefone e você foge com seus delírios mal vestidos. Com seus vestidos cor de nada. Com suas flores de plástico recicladas de garrafas pet. Nada a ver com essa ânsia. Nada a ver com a discordância das notas desse piano. De onde veio a merda desse piano? eu mastigo os seios dos meus medos. Depois os regurgito. Pro meu deleite de fim de noite. No silencio entre uma apitada e outra de um guarda que nada aguarda da vida. Que nem eu.

A Música - Por Everardo Norões


A MÚSICA

Para Isaac Duarte

Sem pedir licença,
insinua-se pelos cômodos,
invade os espelhos,
derrama suas jarras de luz.
Vejo-a
pelos canteiros da casa,
na nitidez dos bordados
de minha mãe,
no brilhar de tua íris
quando os deuses descem
para beber a insensatez
das águas.
Depois,
ela se transforma em seios,
goiabas,
espigas.
E nua, adormece,
enquanto a lua brinca
entre meus dedos
e lagartixas
passeiam pelas pedras do pátio...

Sobre "anônimos X personagens" - José Nilton Mariano Saraiva

Unanimemente reconhecido como uma figura desprezível e digna de se guardar distância, o “anônimo” vive no mundo da escuridão absoluta, à espreita da chance propícia pra semear a desordem, a anarquia, o caos. Sem nunca identificar-se, quer pessoalmente ou através de seus textos (apócrifos), tem, no entanto, consciência plena das desagradáveis conseqüências advindas da mesquinhez das suas intervenções e atitudes, na perspectiva de deixar algum rastro. Não se trata, pois, de nenhum inocente ou incauto, sendo merecedor de uma penalidade severa e exemplar. Lamentavelmente, entretanto (por incrível que pareça), ainda encontra quem o aplauda, o estimule e o acolha fraternalmente, lhe disponibilizando espaço para arrotar seus devaneios e irresponsabilidades.
Mas, aqui pra nós, dada à incrível similitude do “modus operandi”, existirá alguma diferença entre essa excrescência monstruosa (o “anônimo”) e os que se prestam à patética tarefa de criar e apresentar ao distinto público - com o fito lastimável e exclusivo de lhes servir de escudo-protetor - um tal “personagem”, de forma que possam, em se escondendo por detrás dele, atentar contra as mais elementares e básicas regras de civilidade ao investir, atacar e denegrir pessoas de reputação ilibada e idoneidade moral comprovada, com o agravante de jamais com elas terem convivido no dia-a-dia ??? O deplorável “personagem”, tal qual seu irmão siamês, o “anônimo”, não é também um sem rosto, um sem identidade, um ser caricato ???
Afinal, o que leva mesmo os que criam tal anomalia a posarem de paradigma da moralidade, de defensores dos bons costumes, de últimos guardiões da decência e de ícones da retidão, se lhes falta a dignidade de assumir oficialmente aquilo que oficiosamente as pessoas sérias e de bem têm conhecimento e reprovam com extremada veemência: que o uso (até abusivo) do famigerado “personagem”, não passa de uma tentativa canhestra de personificar e enxovalhar com cidadãos dignos e pertencentes a famílias honradas, a uma outra geração, a uma outra época e que, ainda atuantes, idiossincráticos não se furtam de subscrever sem qualquer receio o que expõem didaticamente, para conhecimento público (sem a necessidade ou conveniência de esconder-se por detrás de nenhum “personagem”).
Elementar, meu caro, Watson: falta-lhes coragem de mostrar a face e se expor, responsabilizando-se civilmente por atos e escritos, porquanto sabedores que, em reconhecendo publicamente que da sua lavra são as acusações direcionadas pelo seu “personagem” a pessoas íntegras e cônscias dos seus direitos e deveres, poderão ser imediata e tempestivamente acionados na Justiça, objetivando a confirmação, ratificação e comprovação, em juízo, das graves e infundadas denúncias, veiculadas com o claro intuito de ridicularizar e de desmoralizar.
No jargão judiciário, tal ação ou causa é conhecida por “danos morais” (que abalam a honra, a boa-fé subjetiva ou a dignidade das pessoas físicas ou jurídicas), que além de detenção iminente contempla também a competente indenização (cujo objetivo é reparar a dor, o sofrimento ou exposição indevida sofrida pela vítima em razão da situação constrangedora à qual foi exposta).
Além do mais, convém que os holofotes sejam direcionados para a pedagogia embutida na decretação de uma penalidade dura e exemplar (em casos da espécie e similares), já que certamente servirá pra desestimular os ofensores (e aliados) a insistirem na conduta reprovável e mesquinha que deu origem ao dano.

Johann Ambrosius Bach



Johann Ambrosius Bach (Erfurt, 24 de Fevereiro de 1645 – 24 de Fevereiro de 1695) foi pai do mestre da música barroca erudita Johann Sebastian Bach.

Alma Canina - socorro moreira




Doçura e esperteza

garra dos felinos

Falta em mim


Não entendo a liguagem

dos que nada dizem ...

Encontro entendimento no olhar

mas me perco na direção do luar


Cansada de mim

evito todos os nós ...

desenrolada na vida

ainda me amarro

no pão de cada dia ...

Um dia ,

tudo será vazio ...

Até de poesia !


Não sei trovar sozinha - Socorro Moreira

Socorro Moreira disse...

Parceria na poesia
complementa a intenção
amplia a sabedoria
firma um elo interessante

A viola nos espera
num canto triste da casa
reclama no seu silêncio
Sozinha não sei tocar
E você, meu cantador
Sabe sozinho trovar?

um pensamento – Walter Franco





por ser que nada
por ser que voa
por ser que fala
que pensa
se aperfeiçoa...


Walter Franco – LP Revolver [1975]