por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 31 de maio de 2014

A hora e vez do... "PIB-marombado" - José Nilton Mariano Saraiva

País desenvolvido é outra coisa. Da Europa, nos chega à notícia (via GloboNews) de que os dirigentes de alguns países do velho continente estudam a possibilidade de considerar os “rendimentos da prostituição e do tráfico de drogas” no cálculo do PIB (Produto Interno Bruto). Teríamos, pois, uma espécie de “PIB-marombado”.

Como não explicaram o “como” proceder para levantar tais valores, num “bate-bola” aqui com os nossos botões pomo-nos a imaginar: no caso da prostituta profissional (a “pebinha” ou aquela de “alto nível”), será que terá direito a uma “maquininha” (naturalmente que fornecida pelo Estado e que levaria acondicionada num estojo específico) a fim de, toda vez que necessitar “trabalhar”, acioná-la e, conseqüentemente, gerar o “comprovante fiscal” respectivo, repassando-o posteriormente à Secretária da Fazenda (fisco), a fim que o “arrecadado” seja incluso como “atividade produtiva” do país ??? Como e em que rubrica será contabilizada a “venda” de tal produto ??? Sobre tal “produção”, cada “trabalhadora” envolvida terá que pagar algum percentual de imposto diariamente ??? Ou tal “recolhimento” será feito mensalmente e de responsabilidade do cafetão ???

Já no tocante ao tráfico de drogas, o acerto seria formalizado através de documento específico (mesmo que “de gaveta”), onde o poder público garantiria a livre atuação da quadrilha (em qualquer lugar), contanto que os seus componentes, a cada “repasse” feito, emitissem o competente comprovante, especificando quantidade e valores envolvidos ??? Qual seria, então, a “taxa” ou “contribuição” a ser repassada ao Estado ??? Mas, se tal ocorrer (o acordo), não teríamos aí uma espécie de “legalização branca” (já que não reconhecida oficialmente) da atividade ???  Como poderíamos rotular os integrantes do exército de repassadores, hoje conhecidos como “aviões” ???

Fato é que por lá (Europa) o assunto já foi ventilado, sim, ao nível de cúpula, e não nos surpreendamos se já já algum parlamentar tupiniquim se arvorar de “progressista” e levantar tal bandeira.


Afinal, somos ou não um “país emergente”, que deve seguir “pari-passu” tudo que é feito pelos “desenvolvidos” ???   Se não o fizermos, como nos  igualaremos a eles ???


por Everardo Norões

Três urubus conversam
sobre a água-furtada.
Comentam o descaso das casas,
o vazio dos quintais.
Divagam sobre a ausência...
da podridão,
o cheiro que rege
o percurso dos abutres.
Lá estão eles,
sobre telhas,
a afiarem as garras,
a deglutirem vísceras.
Ao erguer de asas
declinam
verbos, adjetivos.
Tentam decifrar,
do alto,
de que forma
morre o Recife.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Saída de cena - José Nilton Mariano Saraiva

59 anos, idolatrado por uns e (literalmente) odiado por outros, o ministro Joaquim Barbosa (vulgo Joaquinzão) anuncia sua aposentadoria para o final de junho próximo, embora ainda pudesse ficar por mais 11 anos atanazando a vida de muita gente, como integrante do Supremo Tribunal Federal. Desapego ao poder ???

Acusado de complexado (por ser negro), preconceituoso, autoritário e arrogante, a verdade é que Joaquinzão caiu nas graças de muita gente em razão da disposição em “peitar de frente” quem se julgava inatingível. Nem que (no caso do tal mensalão”), a fim de atingir os fins colimados tenha tido que “importar” uma literatura jurídica (alemã) que, na essência, ia de encontro à própria Constituição Federal, no tocante à “desnecessidade” de provas para condenar alguém (bastariam as evidencias e suposições, para tal). Que o digam José Dirceu, José Genuíno e outros peixes menores, atualmente trancafiados na prisão da Papuda, em Brasília, em razão da ação conhecida por “mensalão”, cujo relator foi o próprio.

Tal desempenho acabou guindando-o à condição de autentico “pop star”, com aparições diárias na TV, jornais e revistas, tanto que, mesmo sem nunca ter incursionado pela seara política, conseguiu ser lembrado por cerca de 10% da população, quando perguntada sobre em quem votaria para Presidente da República.

De temperamento forte e sem paciência para “alisar” quem quer que seja (como se fora, sim, o “dono da verdade”), não admitia sequer que os próprios colegas do Supremo discordassem das suas posições, por mais sectárias e radicais que fossem, daí o costumeiro “quebra-pau” com muitos dos integrantes da suprema corte (que o digam os ministros Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello). Além do mais, tornaram-se contumazes suas brigas e extremadas acusações com advogados outros e com as entidades representativas dos magistrados.

Como não explicou as razões para “se mandar” tão cedo, já começam a circular rumores de que tão prematura decisão teria  a ver com a futura  votação de um recurso sobre o “mensalão” (no tocante à duração das penas), onde a derrota era certa, daí sua insatisfação e decisão final.

Parece pouco, tal justificativa. 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

"Abobrinhas" - José Nilton Mariano Saraiva

Começou. Tanto que, na noite de ontem, a seleção da Austrália já pintou no pedaço. E nesses 15 dias que faltam para o início da Copa do Mundo de Futebol, aqui no Brasil, vamos ter que conviver, sim, com as “abobrinhas” e conversas fiadas da vida. Quem não quiser se sujeitar a tanta babaquice, o jeito é se enclausurar em algum desses conventos da vida e tentar se isolar do mundo (sem acesso à Internet, televisão, rádio e coisas parecidas, o que é um tanto quanto difícil).

Afinal, como pode um dos mais conceituados banco de investimentos do mundo querer momentaneamente se transfigurar numa espécie de “pitonisa” e, daí, se danar a prever resultados de jogos de futebol, usando para tanto “modelos econométricos” de rara precisão (porquanto baseados em 14 mil observações, contemplando os últimos 54 anos) ???

Pois é, para o banco americano Goldman Sachs, o Brasil não só será o campeão do mundo, como seus resultados serão: na primeira fase, Brasil 4 x 1 Croácia; Brasil 4 x 1 México; Brasil 4 x 1 Camarões; classificando-se em primeiro lugar no Grupo A, em seguida, de acordo com a projeção, a seleção brasileira enfrentará a Holanda nas oitavas de final, vencendo por 3 a 1. Nas quartas de final, triunfo sobre o Uruguai por 3 a 1. Já a vítima nas semifinais será a Alemanha, que será derrotada por 2 a 1. E, enfim – aleluia, aleluia, aleluia - o título será conquistado sobre a Argentina, também com uma vitória por 3 a 1. Portanto, nos sete jogos, 23 gols a favor e 7 contra (ou seja, a meta do Brasil será vazada em um gol a cada jogo e sua média de gols será de 3,3 por partida).

Torcendo desesperadamente para que tal “abobrinha” se transforme em realidade, não custa lembrar que, na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, o desacreditado selecionado do Brasil enfrentaria a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ou simplesmente Rússia) já então disputando com os Estados Unidos a supremacia mundial em todos os setores da vida. A rivalidade era tão acirrada que a simples menção à Rússia já apavorava Deus e o mundo (dizia-se até que eles, os “comunistas” russos, eram dados a “comer criancinhas”). E a Copa do Mundo seria uma rara oportunidade da Rússia mostrar a todos, afinal, “quem era quem”. Pois bem, tempestivamente acionados, os até então infalíveis computadores soviéticos e seus modelos econométricos previram que a partida com o Brasil seria um “passeio” e que a Rússia chegaria à final, sagrando-se campeã do mundo.

Esqueceram, no entanto, de perguntar a um mulato de pernas tortas, nascido em Pau Grande, subúrbio do Rio de Janeiro, e que faria sua estréia na seleção brasileira naquela data, qual a sua opinião a respeito. Resultado: Garrincha estraçalhou e enlouqueceu a defesa russa com seus dribles desconcertantes (deixando sempre, a cada jogada, uma “ruma” de jogadores adversários sentados e grogues no gramado) e, assim, com dois gols de Vavá o Brasil despachou a Rússia do torneio, pavimentando a estrada rumo à final. Quando venceu os donos da casa por 5 x 2 sagrando-se campeão do mundo (e a defesa sueca, tal qual a da Rússia, suava frio e entrava em polvorosa quando o tal mulato das pernas tortas pegava na bola).


Era a desmoralização, completa e acabada, da pseudo-influência da informática no futebol. E a confirmação mundial do nascimento de um gênio na arte de jogar bola – Garrincha, ou simplesmente Mané, para os íntimos. Pena que, mais tarde, haja Garrincha sucumbido ao alcoolismo.

Parabéns, Ana Cecília!

anaceciliabastos@gmail.com

De: Ana Cecília Bastos (anaceciliabastos@gmail.com) Este remetente está na lista de contatos.
Enviada: terça-feira, 27 de maio de 2014 18:27:32
Para:

Queridas Pessoas,

estou me dando de presente de aniversário (60 anos) dividir com vocês este livro, Andanças, que acaba de sair, em formato eletrônico, pela Pharol Editora. Espero que vocês não o considerem um presente de grego! É um pouco extenso, mas tem muitas fotos.

O livro está hospedado no ISSUU, e aninhado no meu blog, Casulo Temporário (em cima, à direita), no seguinte endereço:


Pode também ser acessado diretamente pelo link: https://issuu.com/acecil/docs/andancas_by_ana_cecilia_de_sousa_ba

Espero que vocês curtam a aventura!

abraços,
Ana Cecília

Para os não afeitos a ler na tela, seguem algumas dicas para otimizar a leitura. 

1.Existe uma barra preta na parte superior central, acima do livro. Rolar a bolinha para a direita para aumentar o tamanho da página. Se esta barra não aparecer imediatamente, veja uma barra na página inferior, à direita, e clique uma seta dupla (na diagonal) para que a imagem apareça na tela inteira.

2. Na barra central superior, é possível escolher - clicando no ícone que parece um livro aberto (ou fechado) - ler como um livro aberto (duas páginas) ou visualizar somente uma página. No primeiro caso, use as setinhas laterais (ou da barra); no segundo, você vai descendo, usando as setinhas na vertical.

 

 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O que é isso, "Excelências" ??? - José Nilton Mariano Saraiva

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília, valendo-se dos dados e volumosa documentação disponibilizada pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJC) chegou à mesma e, agora, definitiva conclusão deste: realmente, comprovado restou que “alvarás de soltura”, em profusão, eram liberados nos plantões dos finais de semana do Tribunal de Justiça do Ceará, a troco de uma “recompensasinha” que variava entre R$ 100 e R$ 150 mil reais, para cada alvará concedido.

À frente de tão inusitada “maracutaia”, dois "ilustres" Desembargadores (ainda em atividade) e mais quatro “excelências” (já aposentados), que contavam com a valiosa ajuda de cinco "nobres" advogados (atuantes), e um servidor terceirizado daquele Tribunal.

Lamentando que o tal “segredo de justiça” impeça que tenhamos acesso às identidades desses “gatunos-togados-engravatados”, responsáveis por tamanha excrescência (ou mesmo que saibamos se serão penalizados ou se prevalecerá o velho corporativismo), só nos resta indagar:  O que é isso, “Excelências” ???


domingo, 25 de maio de 2014

Nas ondas do Rádio - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Acredito que eu seja um dos poucos ouvintes de rádio que troca alguns programas televisivos pelo rádio. Sou viciado em rádio desde os anos de 1959-60, pouco depois da época de ouro do rádio brasileiro. Ainda não existia para nós cratenses a imagem da televisão. Somente nos restava as ondas do rádio para nos conectar com o mundo.

Sinceramente, eu acredito que o rádio nos possibilita desenvolver a criatividade, coisa que não ocorre com a televisão, que já nos trás tudo pronto. Um locutor de rádio de voz bonita, ou um cantor que a gente ouve, mas não vê sua imagem, deixa-nos a imaginar como seria o seu tipo físico. Durante muito tempo eu ouvia as transmissões esportivas com Oduvaldo Cozzi pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro. Depois, pela facilidade de sintonizarmos no Crato a Rádio Globo, passei a ouvir Waldy Amaral e admirava muito os comentários de Rui Porto. Nas emissoras paulistas lideravam as transmissões esportivas excelentes locutores: Geraldo José de Almeida ("Brasil patrão da bola"),  Edson Leite, Pedro Luis e Fiori Giliotti. Não via as imagens deles e imaginava como eles deveriam ser pelo timbre de suas vozes. Achava que Oduvaldo Cozzi fosse um homenzarrão, pois sua possante voz não nos deixava qualquer dúvida. Quando vi numa revista uma fotografia dele, me decepcionei: era um homem magro e de estatura mediana.

Atualmente permaneço ligado no rádio. Logo ao despertar, sintonizo a CBN no meu radinho portátil de cabeceira para me informar do que se passou no dia anterior por esse Brasil e pelo mundo. Um pouquinho mais tarde, após uma hora de caminhada, acompanho pela internet as noticias do Crato, através do Jornal da Radio Educadora do Cariri comandado pelo competente Antônio Vicelmo, a quem escuto há mais de 40 anos.

Há alguns dias, lembrei-me que no ano de 1961 acordávamos no Crato ouvindo um programa matinal comandado pelo animado locutor Antonio Maria da Rádio Tupi do Rio de Janeiro. Àquela época, para mim, havia três pessoas distintas com esse mesmo nome. O locutor de rádio, o cronista do jornal Última Hora que diariamente chegava às bancas de revistas do Crato e o compositor de tantos sucessos musicais como "Ninguém me ama", que aqueles que como eu são beneficiários do novo estatuto do idoso devem lembrar: (Ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de meu amor..) "Valsa de uma cidade" (Vento do mar e o meu rosto no sol a queimar, queimar. Calçada cheia de gente a passar e a me ver passar. Rio de Janeiro, gosto de você...). Felizmente, o google esclareceu minhas dúvidas. Antônio Maria de Araújo Morais, nascido em Recife foi um radialista, que iniciou na Rádio Clube de Pernambuco, passando depois pela Ceará Rádio Clube, Rádio Sociedade da Bahia de onde se transferiu para o Rio de Janeiro. Antonio Maria era mais conhecido simplesmente pelo segundo nome Maria, e ocupou importantes cargos de direção nas emissoras de rádio e televisão dos Diários Associados e ao mesmo tempo foi um compositor inspirado. Antonio Maria foi também apresentador de programas de televisão e dizem que quando entrevistava alguma personalidade, às vezes fazia perguntas que beirava à agressão. Certa vez, entrevistava a senhora Sandra Cavalcante, secretária do governador Carlos Lacerda e candidata a deputada estadual pelo antigo Estado da Guanabara. Futricas políticas atribuíam à candidata a fama de uma pessoa "mal amada". Pois não é que numa entrevista com a secretária, Antonio Maria resolveu cutucar a onça com vara curta?
-  É verdade que a senhora é uma pessoa "mal amada"? - Indagou o entrevistador.
-  Posso até ser, senhor Maria, mas não fui eu quem compôs  aquela música "ninguém me ama."

 Cronistas da época afirmam que com essa resposta ela conseguiu os votos de que precisava para se eleger. Nos primeiros anos do golpe militar assumiu a presidência do recém criado Banco Nacional de Habitação e depois de uma tentativa como candidata a governadora do Estado na primeira eleição direta ficou em quarto lugar . Mas então não mais vivia Antonio Maria para lhe dar oportunidade de conquistar mais votos.       

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Empeleita de Cristo



Os anos terminam por nos proporcionar algumas licenças poéticas que sempre foram  quase um monopólio das crianças. Aos mais erados , quebrado o Cabo da Desesperança, se lhes torna perfeitamente permitido mentir. As mulheres utilizam, geralmente, esta licença com a data de nascimento. Começam, pouco a pouco, uma contagem regressiva e, tantas vezes, acabam se tornando mais novas que os filhos e netos. Nunca se sabe , quando precisam declinar os anos, se se referem a qual das muitas idades que possuem : a Real que é um segredo mais guardado que os de Fátima; a Cartorial que muitas vezes são muitas e variadas e sempre carregam consigo a velha história que os pais aumentaram a data de nascimento para que pudessem votar; e, finalmente, a da Aparência, esta, de longe, a mais importante. Já os homens direcionam esta licença poética para a virilidade. Aí mentem como cachorro de preá, se apresentando aos amigos como verdadeiros Don Juans seniors, capazes de maratonas sexuais  inatingíveis mesmo para adolescentes com fogo em dia. E lá vamos todos nos enganando um pouco, com fins de tocar as inexoráveis limitações que nos imprimem os ponteiros opressivos do relógio. As mulheres ,meio maracujás-de-gaveta,  buscam remoçar da cintura para cima e os marmanjos madurões e pelancudos, da cintura para baixo.
                                   O velho Xilderico Capanema, por incrível que possa parecer, fugia à regra. Antes dos tempos áureos e de anil do Viagra,  do alto dos seus setenta e lá vai pedrada, enfrentou, impavidamente, os determinismos da Lei da Gravidade. Não mentia para quem quer que fosse, nem  a idade, nem os achaques que os anos lhe trouxeram ao vigor. Usava o lema típico do caboclo setentão:
                                    ---  A garrucha velha tá enferrujada ! Se encarcar o dedo no cão é danado pra bater catolé! Mas enquanto houver língua e dedo, mulher não me mete medo!
                                   A sinceridade de Xilderico tinha lá seus efeitos colaterais. Se abria mão  das balelas já próprias da idade , não engolia o caga-gomismo dos colegas da mesma geração. Na frente dele, neguinho ,já tendente à papa , não se apresentava com consistência de barra de ferro. Aos poucos, Capanema se foi tornando um desmistificador. Utilizava todos os meios disponíveis  para armar dossiês e desmascarar os gabões de Matozinho. Pagava a preço de ouro quengas na Rua do Caneco Amassado simplesmente para saber detalhes de alcova de alguns amigos e colegas metidos a cavalo-do-cão. Foi ele quem descobriu que o velho Anfrízio, que dizia  não se trocar por um rapaz de quinze anos, pagava a “Das Virgens”, uma quenguinha de “O Sorriso da Noite”,  para ela simplesmente espalhar que ele era um garanhão ainda na ponta dos cascos.  Soube ainda que Salustiano Canabrava era conhecido entre as meninas de vida fácil por “Retratista”. Só a peso de ouro conseguiu, com D. Maria Justa, uma das mais famosas cafetinas da cidade ,  desvencilhar a causa do apelido:
                                   --- Salustiano brochou já faz mais de vinte anos ! Ele agora  trabalha como fotógrafo de praça : é só no Lambe-Lambe !
                                    O maior pábulo de Matozinho nesta área, no entanto, chamava-se: Alderico Cilibrino. Funcionário aposentado da Receita Estadual, o homem se apresentava como um varão bíblico. Contava histórias de orgias que fariam Casanova entrar em depressão. Pois Xilderico, cavouca daqui, cavouca dali, descobriu  que o homem tinha o apelido, nas rodas cabarelísticas de “Campainha”. Novamente, nosso Poirot matozense caiu em campo e revelou-se a melindrosa razão, depois de molhar , novamente, as mãos pouco éticas de Maria Justa:
                                   --- Como uma campainha, Alderico só buzina se meter o dedo. Em ladeira bucetina,  o carro velho dele  só sobe se for reduzido !
                                   De posse de tamanho dossiê, na frente de Xilderico, quem tivesse rabo de palha, não acendia fósforo.  Ele, assim, podia tossir toda sua sinceridade sem ser incomodado e principalmente, sem risco de confronto.
                                   Semana passada, na Praça da Matriz, alguém resolveu dar uma conselho a Xilderico. Ele devia pintar o cabelo branco, que já parecia uma roça de algodão, assim era capaz de remoçar uns quinze anos.  Capanema sacou a sinceridade que vinha cultivando há muito tempo e cuspiu :
                                   --- Adianta,  não ! E o pau, sobe ?
                                   Um dia, no mesmo  escritório da Praça, Xilderico debulhava suas queixas relativas à tempestade dos anos, quando alguém lembrou de uma solução possível . Havia chegado um pastor de uma igreja pentecostal na cidade e andava fazendo milagres como no tempo de Salvador. Quem sabe se Xilderico fosse lá e, na hora da bênção, quando o pastor pedisse para colocar a mão em cima de um lugar que tivesse alguma doença, ele colocasse, discretamente, as mãos no meio das pernas, como se estivesse em barreira na hora de bater uma falta ?  Quem sabe , assim, um milagre se faria e a virilidade não voltava?  Xilderico, com a franqueza de sempre,  rifugou o tratamento :
                                   --- Adianta não ! Esse pastor pode até melhorar os moribundos, mas não ressuscita os mortos  ! O milagre de Lázaro, amigos, é empeleita pra Cristo !

Crato, 23/05/14

quarta-feira, 21 de maio de 2014

"Voa, passarinho, voa" - José Nilton Mariano Saraiva

Para os “analfas” da vida (como o encimado), para que alguém se credencie a integrar a corte maior do país (Supremo Tribunal Federal), necessário que, além do douto saber (conhecimento técnico específico), seja dotado de sensatez, discernimento, prudência, responsabilidade e parcimônia na hora de julgar e expressar-se, fazendo-o de forma clara e cristalina sobre as diversas demandas jurídicas que lhe chegam às mãos.

Lamentavelmente, entretanto, por aqui o “poder econômico” e o “poder político” continuam a interferir no “poder judiciário”. Assim, tornou-se recorrente a Polícia Federal investigar, o Ministério Público oferecer denúncia e o Poder Judiciário “bater fofo” na hora H, especialmente se o alvo da ação for alguém “com bala na agulha” (muita grana).

Quem não lembra, por exemplo, que num passado não tão distante, o ministro do Supremo Marco Aurélio Mello mandou soltar o bandido Alberto Caciolla, que houvera dado um monumental “cano” (rombo) no mercado financeiro, ao tempo em que sugeriu que, se fosse ele (já que tinha cidadania italiana), se mandaria para Itália.  Obediente, foi o que fez o marginal, dia seguinte.

Já o também ministro do Supremo, Carlos Veloso (hoje aposentado), mandou soltar o Paulo Salim Maluf e o filho Flávio Maluf, que haviam sido pegos com a mão na botija. Indagado sobre quais razões para fazê-lo, Sua Excelência candidamente disse que, teve “pena” de ver pai e filho presos, juntos. E o Maluf, como se sabe, até hoje não pode ir ao exterior, já que procurado pela Interpol (e não teve sentença final condenatória e como tem mais de 70 anos, sua pena, se houver, prescreverá em 2014).
Mais recentemente, o arrogante ministro Gilmar Mendes, na condição de presidente do Supremo Tribunal Federal, desmoralizou publicamente o Juiz Federal Fausto de Sanctis, ao mandar soltar (em duas ocasiões) o maior bandido do Brasil, Daniel Valente Dantas, que houvera sido trancafiado por determinação do juiz em apreço (por roubo).  E o Daniel Dantas, que junto com Maluf é um dos quatro brasileiros a constar na lista do banco Mundial como responsável por lavagem de dinheiro e desvios milionários, muito provavelmente deve estar operando novas maldades. Já o seu denunciante, delegado Protógenes, passou por maus momentos.
Agora, o recém nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, depois de ordenar que todos os inquéritos e ações penais da Operação Lava-Jato (assim como os mandados de prisão), fossem suspensos, reconhece ter-se precipitado e volta atrás, desdizendo o que dissera antes. Só que com um “pequeno detalhe”: o marginal-mór, o chefão de todo o esquema, aquele que comprovadamente meteu com vontade as duas mãos no erário público, senhor Paulo Roberto Costa (que estranhamente fora liberado, sozinho) não voltará à prisão. Continuará livre, leve e solto, provavelmente destruindo possíveis provas e, quem sabe, arquitetando uma previsível fuga do país.
Afinal, a “senha” já lhe foi apresentada: “VOA, PASSARINHO, VOA”, se possível pra bem distante daqui (ou alguém já esqueceu que o PC Farias, todo poderoso tesoureiro do Collor de Mello, foi bater na Tailândia ???).

segunda-feira, 19 de maio de 2014

"Simeone" - José Nilton Mariano Saraiva

Quando no exercício da sua atividade profissional (jogador de futebol), o argentino Diego Simeone ficou conhecido pela alcunha de “madeira de dar em doido”, popularmente adotada no meio futebolístico pra designar aquele jogador voluntarioso em excesso, de uma exacerbada valentia. Com Simeone, do pescoço pra baixo (evidentemente que do adversário) era tudo canela. E haja porrada, a torto e a direito. Às vezes até deslealmente. Às reclamações porventura existentes, a velha máxima: futebol é jogo prá homem, se quiser moleza vá jogar gamão.

Pois bem, apesar desse excesso de valentia, e até por isso mesmo,  Simeone brilhou não só na Argentina, mas mundo afora; mas, de tanto viajar e de tanto se dedicar e mostrar a velha garra portenha, cedo cansou, encerrando prematuramente a carreira.

Dedicou-se à função de treinador. E eis que consegue levar o modesto time do Atlético de Madrid (no qual atuou e foi campeão como jogador) ao título espanhol, depois de 19 anos na fila, desbancando os milionários e poderosos Real Madrid e Barcelona, que sobraram na curva. Sem dúvida, um feito espetacular e que alavancará sua carreira profissional.

O que chama a atenção no time por ele treinado é que seus comandados refletem a imagem e semelhança do antigo jogador Simeone, em termos de obediência tática, de dedicação, de entrega, de doação, de valentia, de vigor físico. Todo isso, aliado a um preparo físico excepcional, faz com que a equipe “simeonesca” se defenda em bloco e em bloco parta para fulminantes ataques (tal qual a seleção da Holanda, de 1974), daí a dificuldade dos adversários em derrotá-la. Claro que, aqui acolá imprevistos acontecem, mas normalmente a vitória é certa (foram apenas 04 derrotas em 38 jogos).

O título do Campeonato Espanhol foi mais um exemplo do sucesso do clube durante a "Era Simeone". Afinal, esse foi o quarto título até o momento do treinador desde que assumiu o comando em 2011: Liga Europa (2011-12), Copa do Rei (2012-13) e Supercopa da Europa (2012). 

E no próximo final de semana disputará com o Real Madrid, em campo neutro (Lisboa), o mais expressivo dos títulos em termos de Europa: a "Liga dos Campeões da Europa". Independentemente do resultado, Simeone já mostrou que veio para ficar. Definitivamente.


domingo, 18 de maio de 2014

Man of a Many Words - Alexandre da Mata & The Black Dogs



Socorro "O Batera dessa Banda foi meu Parceiro durante temporada em Tokio", essa banda é Show!! Apreciem sem Moderação..








Estivemos nas festividades comemorativas, dia 15, próximo passado, quando André Figueiredo foi agraciado com o título de cidadão cratense.
Embora não seja partidária tenho sempre imensa simpatia pelo PDT de Brizola.
André incorpora a ideologia do partido, e vem se revelando um líder, nas lutas pela melhoria da Saúde e da Educação do nosso país.
Acompanhado de Camila Arraes (nossa  queridíssima amiga e conterrânea), fica fortalecida a nossa esperança de feliz representatividade para o nosso Crato - nosso Cariri!
Parabéns, André Figueiredo. Você é um dos nossos!

sábado, 17 de maio de 2014

E... "o mundo não acabou" - José Nilton Mariano Saraiva

Quer admitam ou não os extremistas, foi um duro golpe ao movimento “não vai ter Copa nem Olimpíadas”, a ausência da população às suas manifestações, Brasil afora. É que, ao anunciarem de forma estridente e antecipada uma mega manifestação, espécie de “fim do mundo” nas cidades que sediarão jogos da Copa do Mundo, a idéia preconizada é que seria esta a grande oportunidade da população brasileira mostrar todo o seu repúdio e descontentamento com o Governo, face os gastos com as tais “arenas” onde realizar-se-ão os jogos do torneio futebolístico (só que, conforme restou constatado, os tais gastos com as “arenas” nem foram do Governo).

E, no entanto, o que a TV nos mostrou foram alguns gatos-pingados atrapalhando o transito e o ir a vir das pessoas nas grandes cidades, carreando para si a antipatia de boa parte da população, incomodada com a impossibilidade de chegar ao seu local de trabalho e/ou voltar pra casa ao anoitecer, ao fim de mais um dia de labuta. Pra completar, os famigerados e covardes “black-blocs” se aproveitaram da ocasião para mais uma vez exercitarem seu mafioso modus operandi: quebradeira generalizada do patrimônio público e particular, de par com o desrespeito para com os que não aprovam seus métodos criminosos de agir (e não venham com o papo-furado que se tratam de vândalos: são criminosos, mesmo; marginais de alta periculosidade, na acepção plena do termo).

Fato é que, como estamos às vésperas de uma eleição presidencial, com a realização de uma Copa do Mundo de Futebol em nosso país antecedendo-a, nesses poucos dias que faltam para o início da competição novas manifestações deverão eclodir, objetivando prioritariamente “provocar” ou instigar o Governo a partir para o confronto (inclusive físico, de suas tropas com os baderneiros), do que se beneficiariam os candidatos da oposição, tão carentes de idéias e discurso. Aliás, estes devem estar babando e torcendo para que o Governo radicalize, a fim de colherem os dividendos.

No mais, como o Brasil já está sob os holofotes da mídia internacional, nada melhor para os marginais e membros da oposição o desgastar o Governo através do “botar pra quebrar”, o provocar acintosamente, o chegar às raias da irresponsabilidade (como o fazem os tais “black blocs”), tudo em nome de uma suposta “democracia”. Só que aí estão propositadamente confundindo “democracia” com “anarquia”. E isso já foi percebido pela população, daí a não adesão ao movimento e, sim, sua repulsão.

Há que se ressaltar que ninguém é contra nenhum tipo de manifestação, desde que realizada dentro da ordem e da legalidade. Todo mundo sabe, por exemplo, que a repercussão das manifestações ocorridas em junho do ano passado se deu por não terem sido patrocinadas por radicais, sindicatos ou movimentos políticos de cunho revanchista (contra o Governo). Foi algo que brotou espontaneamente, daí o realce.

Cabe, pois, ao Governo, a tarefa de, nos limites constitucionais, obstar a anarquia e entender que o momento é de ter paciência e sensatez para suportar tudo isso; daí tais movimentos serem respeitosamente acompanhados pela segurança institucional (polícias estaduais).

Portanto, por ora a notícia é alvissareira: ontem, dia 16.05.14, ao contrário do que pregavam os profetas do caos (os eternamente do contra), “o mundo não acabou”. Estamos todos vivos. E, mais importante, teremos Copa, sim senhor.


Aleluia, aleluia !!!

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Completudes



                                          J. Flávio Vieira

Francisca  Eudóxia da Conceição.  Um nome enorme ! Nem carecia de sobrenome! Eram três nomes próprios se espremendo, como podiam, num só epíteto. Podia ter sido , sim , opção dos pais, se ela , um dia , os tivesse conhecido. Uma embirra qualquer deles ou uma escolha simples pela sonoridade das palavras: uma paroxítona, a martelada de um ditongo crescente, no meio, com ares de proparoxítona  e finalmente a oxítona como fecho. O mais provável, no entanto, é que tenha sobrado para o tabelião, o batismo da menina pobre, sem parentes ou aderentes conhecidos. Ao menos sobraram formas carinhosas de denominá-la :  Chica, Dodó, Ceiça.  Criada por outras almas pobres e, por isso mesmo, generosas, Francisca desde cedo seguiu o curso inexorável do seu destino de órfã. A luta pela sobrevivência tangeu-a da escola. Pequenina ainda ensaiou aprender o bê-á-bá, mas rápido descobriu que não levava jeito para as letrinhas e os números.  Começou como uma espécie de babá mirim de casais mais abastados e, já taluda, fez-se empregada doméstica. Disposta, trabalhava como um mouro, mas facilmente se percebia que a disposição física  buscava compensar uma leve deficiência mental. Mocinha , enrabichou-se por um caminhoneiro – Cacildo do Truck-- e andou juntando os trapos. O amancebo, no entanto, durou pouco. Um belo dia, uns dois meses depois de casada, Ceiça saiu em desabalada carreira de casa e fugiu de Cacildo, a partir daquele dia, como o vampiro do alho. Os patrões apertaram de um lado e do outro tentando saber a razão do desencanto súbito com as hostes matrimoniais. Ela, no entanto, desconversava, ficava trombuda e mantinha silêncio obsequioso.
                                   Eram muitas as histórias de Dodó, espalhadas de casa em casa, por seus múltiplos patrões.  Um dia o dono da casa chegou mais cedo , com ar pesado e cara de pouca conversa. Trancou-se no quarto e ligou um som com um disco de músicas clássicas: Ravel, Mozart, Schubert. Dodó ficou encucada com aquela trilha sonora . Que diabos estava acontecendo ? Acostumara-se às triviais  que curtia : breganejo ou forró puxado para o caribenho. Quando a patroa chegou já à noite, ela, preocupada, derramou sua apreensão:
                                   --- Patroa, a coisa tá feia ! O patrão chegou cedo em casa , se trancou,   e só ouve umas músicas estranhas,penosas ,  aquelas músicas de quando morre presidente...
                                   Chica morava  numa casinha “tomara que não chova” , na periferia da cidade. A vizinhança , na sua maior parte, era um ajuntamento de damas da noite e que borbuletavam por perto, em busca de clientes eventuais. No quenguismo, Chica percebera, havia uma clara estratificação social. Perto dela ficara a zona chamada de “farinhada” e que abarcava os mais lascados dos clientes : bêbados, trabalhadores rurais que vinham para feira, drome-sujos. As meninas, também, tinham perdido o aroma da juventude e, por isso mesmo, foram sendo jogadas, pouco a pouco, para clientes menos exigentes.  
                                   Um dia, a patroa percebeu que a funcionária chegava com sinais claros de noite mal dormida: olhos remelentos, bocejos, cochilos pelos cantos. Interrogou-a sobre a razão de tamanha moleza: entrara também na farra ?  Dodó, então, explicou as razões da indisposição. Passara toda noite acordada, por conta da zoada e burburinho das meninas  nas suas galinhagem e garipagem . Para tanto, usou um coletivo sacro-profano  totalmente inusitado :
                                   --- Não dormi um pingo, patroa ! A noite toda foi uma putaria só,  lá na rua ! Um mundo de quenga viçando !Era a Diocesa das Rapariga ! Vôte !
                                   Um dia,  as funerárias da vila lançaram uma novidade que rapidamente se alastrou,  tornando-se  um dos sinais de status : o carrinho para transportar o caixão. Antigamente o féretro carregava-se nas mãos dos próprios parentes e amigos que se iam revezando neste mister. Ceiça estava varrendo a casa quando ouviu um burburinho na rua. Aproximou-se da janela e percebeu tratar-se de um enterro. Coroas carregavam coroas, na frente ; meninas velas acesas e parentes soluçavam pelas beiradas, seguindo a turba. Dodó estava acostumada àquela atração de cidade pequena: a casa onde trabalhava era próxima ao cemitério local. Notou, no entanto, uma coisa esquisita. O caixão, aderira a uma novidade que não conhecia,  vinha em cima de um carrinho e empurrado pelos circunstantes. Rápido, ela gritou para dentro de casa, alertando a patroa da inovação :
                                   --- Chega,  Madrinha ! Corre ! Vem olhar um defunto andando de bicicleta !
                                   A história da súbita separação de Chica  sempre fora um dos maiores mistérios da vila. Que teria acontecido ? Por que deixara Cacildo, assim tão intempestivamente e, mais, de forma tão  definitiva?  Nem adiantava pressionar Dodó, ela se  danava e fugia do assunto como lobisomem do sol. Um dia, no entanto, numa confissão, Padre Arcelino pressionou. Por que ela tinha quebrado o sagrado sacramento do matrimônio?
                                   ---Casamento que Deus uniu, D. Francisca, só a morte separa ! Isso é pecado grave !
                                   Chica, chorosa, então, resolveu quebrar o segredo mais guardado que o terceiro de Fátima.
                                   --- Seu padre ! Eu cumpria minhas obrigações. Naquele dia, o diabo Cacildo chegou bêbado e com o cão nos couros. Pois , seu padre, ele queria era me acunhar por trás, já pensou? Espia !  Eu fiz foi rifugar ! Ele pensava o quê?  Que eu era mulé compreta ? Naaaannnn !

Crato, 16/05/14