por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O DEBATE QUE O TRABALHADOR NÃO PÔDE VER - José do Vale Pinheiro Feitosa

Comecemos pelo principal. Desde a segunda metade dos anos 60 do século XX a Rede Globo de Televisão é a “mídia” nacional. A mediação dos fatos, fenômenos e ideias que acontecem e norteiam a sociedade brasileira. O jornalismo, especialmente o Jornal Nacional, as novelas e programas de auditórios deram a base para uma “identidade” nacional sujeita ao capitalismo industrial e financeiro e aliada aos EUA nos conflitos subjacentes à política internacional.

Existem muitas análises que demonstram que, agora já no andamento da segunda dezena do século XXI, a Rede Globo esteja em baixa em razão da mudança de paradigma do próprio papel das mídias. A rede mundial de computadores faz mais do que o telefone fez em termos de diálogos entre as pessoas. O telefone era ponto a ponto enquanto a rede de computadores se dissemina, viraliza como é do jargão.

Quando as empresas de mídia faziam a mediação da comunicação social e do conhecimento público fatalmente atendiam a uma sociedade de massa carreando-a ideologicamente num determinado rumo. Quando a rede de comunicação interpessoal surgiu o primeiro fato foi a diversidade de rumos, de interpretações e de entendimentos ideológicos.

Numa sociedade em crise econômica o fenômeno da rede é mais agudizado, existem mais análises, interpretações do que nos cursos acalmados da história. Como consequência desta crise já observamos perigosamente um quadro de aglutinações e alianças bélicas que prometem grandes conflitos, muita morte, doença e miséria. Basta observar a grande aliança “ocidental” para atacar o território do Oriente Médio onde grupos em desespero lutam. Acrescente a forte tensão ente EUA/União Europeia e a Rússia vazando tensões no rumo da China.

E agora o que me interessa nesta postagem. Alguém entre nós pode compreender o motivo que levou a rede Globo de Televisão a realizar um debate entre candidatos à Presidência da República depois das onze horas da noite e terminando depois de uma hora da madrugada? Haveria aí a necessidade de apenas ela ser detentora do fato para que pudesse, sozinha, fazer a mediação entre os candidatos já ausentes e a sociedade?

Nos dias seguintes, na ausência dos candidatos a rede Globo em seu jornalismo e na sua programação dramática (Hollywood é a grande escola ideológica do pensamento dominante) poderá “repercutir” o debate que ninguém viu? Deseja ela continuar tendo o bastão da mediação do conhecimento público?


Pode ser isso mesmo, como não pode. Pode apenas ser uma decadência que já não consegue mediar a própria grade de programação. Afinal a rede mundial de computadores se encontra ativa até o minuto final da apuração dos votos. 

BACEN - Autonomia X Independência - José Nilton Mariano Saraiva

Embora alguns teimem em ignorar, existe uma diferença abissal entre um Banco Central “autônomo” e um Banco Central “independente”. Não se trata apenas e tão somente de mera questão semântica. Foi o que, no debate da Globo, quis mostrar a Presidenta Dilma Rousseff à atarantada candidata Marina Silva, quando lhe questionou a proposta de, caso eleita, tornar o Banco Central “independente”.

É que essa tal “independência” do Banco Central configuraria, na prática, uma espécie de “nascimento-indesejado” de um pleno poder, um poder paralelo ou um quarto poder, porquanto sem ter de prestar contas ou dar satisfação a quem quer que seja.

E o primeiro entrave seria sua constitucionalidade. Como a nossa Carta Maior só reconhece três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – seria o caso de se aprovar uma emenda constitucional incluindo um certo poder “Central”, que cuidaria de elaborar e gerir tudo que se refere às políticas micro e macroeconômicas de um novo governo ??? 

Mas, e se os “novos inquilinos” de um Banco Central independente resolvessem exercer na plenitude a prerrogativa de independência, indo de encontro ao próprio planejamento governamental, não estaria caracterizada a total submissão do poder executivo ao novo poder vigente ???

Já um Banco Central “autônomo”, embora detenha a prerrogativa de elaborar e implementar planos e metas na condução da política econômica do Governo, há de, antes, sugerir, submeter ou obter o “aval” do Poder Executivo, que chancelará (ou não) o que for apresentado (como o é na atualidade). Tanto que, no organograma do Planalto, o Banco Central é o primeiro na linha de subordinação direta à Presidência da República.

Além do mais, não se pode esquecer o “detalhe” de que a política econômica do programa Marina Silva tem na sua linha de frente uma das herdeiras de um dos maiores Bancos do país, o Banco Itaú. Que certamente ficaria exultante em compor os quadros de um Banco Central independente.

Seria como se colocar uma raposa dentro do galinheiro.