por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 31 de outubro de 2014

VAI PASSAR!


E a vida. É vida. Pela vida. Com a vida.


A canção da anistia e do retorno do exílio.


AO DEPUTADO PROMOTOR, E TUCANO CARLOS SAMPAIO


NAÇÃO - José do Vale Pinheiro Feitosa

           Nação - composição de João Bosco e Aldir Blanc. Cantada por Clara Nunes com a expressão de Bento Veríssimo na linguagem LIBRAS para surdos.

E nos cacos depositados no canal do rio a memória de uma lava que nasce no incêndio da nossa alma. E passa sem nunca nos deixar. Sem que os tucanos biquem as urnas numa ruptura que não dizem deles, dos uirapurus, dos galos campinas, dos pássaros que jamais passam.

Que evoquem os bandeirantes no seu desespero de inclusão do botim nos porões das sumacas. Das mortes dos Guaranis, da pele do gato maracajá, do ouro nas minas que rasgam a terra, com os rios transpassados, e as canoas por ondem descem aprisionados os guaikurus, terenas, paiguás, kadiweos a cobrir de lanhos o solo do plantio de riquezas. Os bandeirantes, desbravadores de terras, o instrumento do leito mercantil do oceano atlântico.

E tanta morte através do oceano, desde a costa da Mina, do Dahomé, os axantis, popós, crus, que nas praias do Maranhão e da Bahia fundaram o tambor de mina e o candomblé jeje. E cobriram o solo da terra com seus pés e os rastros ficaram para sempre.

Para desespero dos chicotes feitorados, o abraço entre corpos numa alma única e o cadinho Jeje-Nagô. Nagô, Iorubá, Oxumaré, Mawu é o centro indizível de uma correnteza que é nação, que é povo, que não se pode controlar, aprisionar, depositar.

E evoquem o Supremo Tribunal de suas malfeitorias que ainda assim a marcha da nação não irá parar. É que os mamelucos bandeirantes escondem dentro de si uma banda que diz terra, espaço, liberdade. Uma banda que desfila na Avenida Paulista, que navegou junto o Rio Tietê, subiu pela Mata Atlântica a Serra do Mar e como com seus tropeiros foram dar com os costados nas Minas Gerais.   

E todo este esforço de conquistar o metal dourado, não esterilizou o desejo da terra prometida. O destino profético do solo intato, o martelar contínuo do sussurro karaí, a dizer vai ao teu destino, abandona este solo e conquista a terra sem mal. Segue teu destino profético, e liberta a metade de tua alma deste gelado espectro do norte.  

Golpe à vista: Tucanos querem o poder a qualquer custo!

Sem votos suficientes para obter maioria nas urnas, mesmo utilizando-se da mídia que de todas as maneiras licitas e também ilícitas, inclusive com desrespeito às ordens emanadas da justiça eleitoral, tentaram reverter os os votos destinados a seus opositores, o PSDB acaba de colocar oficialmente sob suspeição o resultado da eleição presidencial, ao entrar com pedido de recontagem de votos, sob presunção de fraudes nas urnas eletrônicas. Será que eles se baseiam em experiência própria? 
 
Os herdeiros golpistas da extinta UDN continuam com o mesmo ideário.O poder a qualquer custo, se possível com uma ditadura que lhe refrigere a sede de poder! 

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

BYE BYE

2014 – ANO DE MUDANÇA  


Ilustração do Facebook de Sibá Machado





SÁBIAS PALAVRAS

“SE EU NÃO VENCER EM MINAS, NÃO MEREÇO SER PRESIDENTE"  (Aécio Neves)

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Pois é, perdeu.
E perdeu três vezes.
E numa mesma eleição.
E três vezes para o PT.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

TERAPIA PARA PERDER O MEDO DE ALMA – por José Almino Pinheiro


 Dos meus problemas da adolescência, o medo de alma era um que atormentava bastante. Para meu próprio bem essa dificuldade teria que ser resolvida, só não sabia como. Muitas vezes pedia ajuda a familiares que, apesar da boa vontade e esforços, não tinham a fórmula secreta para a cura do medo de alma.

No meu caso, tinha um problema extra, pois só tinha pavor de almas importantes. Achava que as almas da família não tinham motivos para nos fazer medo ou mal. E ainda mais, por puro preconceito deduzia que as almas das pessoas da região não teriam forças suficientes para sair do círculo dos mortos. Outra coisa bem diferente era as almas dos poderosos, essas sim, tinham forças para atormentar quem quisessem. Portanto tinha medo dessas almas poderosas como Pilatos, Herodes, Pedro Álvares Cabral, D. Pedro I, Hitler, Napoleão, Stalin, Getúlio Vargas, etc. Também tinha medo dos personagens que iam aparecendo à medida que aumentava o conhecimento de suas existências.
Lembro de alguns pesadelos como o que fui obrigado, de espada em punho, a lutar contra Dom Fernando Sardinha, todo mordido, liderando uns 50 índios que queriam me pegar para fazer um banquete. Uma alma que me perturbou bastante foi a do presidente Kennedy. Achava que ele viria me buscar para enviar para a guerra do Vietnam.  Por essa época meu irmão e uns primos andavam entusiasmados com a leitura dos enciclopedistas, era Diderot, Montesquieu, Buffon pra lá, Voltaire, Rousseau pra cá, e eu desconfiado que aquilo só podia ser alguma presepada para aumentar os meus medos. Felizmente a fase dos filósofos passou rápida, não deu tempo para imaginar o mal que os enciclopedistas poderiam me fazer, apesar de ser informado que de vez em quando eles se guilhotinavam entre si, e as imagens de alma sem cabeça ou alma de cabeça sem corpo, não sei porquê, não me impressionaram.

A tranquilidade demorou pouco, logo descobriram a psicanálise e começaram a ler alguns livros de Sigmund Freud. Já tentando me proteger, pedia explicações do que se tratava a tal psicanálise, e a explicação dada foi que o Dr. Freud era um cientista que se dedicava exclusivamente ao estudo da mente, tinha desenvolvido técnicas mentais para descobrir o que se passava na cabeça dos outros. Achei que eles estavam mais interessados em descobrir o que se passava na cabeça das meninas. Apesar da minha insistência para que fosse informado do assunto, para também saber o que se passava na cabeça dos outros, eles se negavam a ensinar as tais técnicas de adivinhação. Discutiam bastante sobre o ego, a id, libido, neurose, consciência, etc., depois descobriram o livro de Freud – “A Interpretação dos Sonhos”. Após algum tempo, um deles com o exemplar do livro na mão e o primo com outro livro igualmente do Dr. Freud, que já não me recordo qual era, obviamente para dar consistência ao que iam fazer, me chamaram com entusiasmo para explicar que, com base no que tinham estudado, descobriram meu problema: eu sofria da psicose “Megalo-fantasmagórica” mas que não me preocupasse, garantiram  que esse tipo de  psicose tinha cura, como bem explicava o livro.

Passado algum tempo, na época das férias na fazenda de um tio, que sabia do meu problema com as almas, que já era motivo de gozação entre a primarada e também da psicose diagnosticada pelos novos psicólogos autodidatas, resolveu iniciar a cura me chamando para conversar e seriamente dizendo que o meu problema com as almas, era que eu só pensava em “alma macho”, que devia também pensar nas “almas fêmeas,” algumas delas muito bonitas.  Nunca tinha pensado nessa possibilidade. Acredito que, com a chegado da energia de Paulo Afonso iluminando quase a cidade inteira e a presença das almas femininas, o medo de  assombrações e almas  foi diluindo, ficando até mais  interessante, afinal as almas fêmeas não eram tão bélicas e perigosas como as almas macho.

A BRIGA É MAIOR QUE A DERROTA DE AÉCIO NEVES - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ontem o Senador Aloísio Ferreira Nunes, candidato a vice-presidente junto com Aécio Neves foi para a tribuna do Senado reclamar de mentiras e chantagens na campanha eleitoral. Mesmo que alguém acredite na “sensibilidade” do senador, sou levado a crer que seu passado não o faça assim tão sensível.

Na verdade Aloísio está fazendo cenas públicas com duas finalidades. Quer matar dois coelhos de uma cajadada só. À primeira paulada pretende se antecipar a denúncias graves que a candidata Dilma tem contra as manobras sujíssimas da candidatura dele e de Aécio Neves. E, malandro velho, faz a partir de um sinal da própria vitoriosa no pleito em seu discurso comemorativo.

Dilma convocou a união nacional. Passou uma borracha nos ferimentos e manobras sujas da campanha. Diante desta disposição não tem porque ela relembrar as pesquisas eleitorais fraudulentas de dois institutos que foram utilizadas na campanha do PSDB, não tem que denunciar o papel da mídia que fez uma frente de destruição dela e do PT, não tem motivos para relembrar o uso eleitoral dos desvios da Petrobrás, não tem razões para continuar a denúncia contra a manobra fraudulenta da Veja, os milhões de reais utilizados para reproduzir capas da revista, o uso, caríssimo, das redes sociais para anunciar entre o sábado e o domingo a morte por envenenamento, com acusação direta ao PT, do doleiro delinquente.

Aloísio Ferreira Nunes, senador bem votado por São Paulo, põe uma sinuca de bico na Presidenta e seu partido. Diz que não quer o diálogo, denuncia apenas a campanha do PT, esquece as sujeiras da sua e com isso esconde toda as artimanhas conduzidas em nome do seu partido.

E agora a segunda paulada.

Ao levantar a voz desta maneira ele dá um cavalo de pau nas palavras do abatido Aécio Neves no dia da eleição quando admitiu a derrota, dizendo que tinha ligado para Presidenta Dilma para unir o país. Aloísio sabe que esta união não interessa ao PSDB, ele prefere a tese da divisão e da incompetência da Presidenta para conduzir os assuntos políticos do país. É isso que temos pela frente.

Nada de união. Nada de projeto comum. Esta é a ideia do PSDB.

Por outro lado o PMDB já quer a sua fatia de poder, a derrota ontem na votação do Decreto Presidencial que criava os Conselhos Populares foi um soco direto no fígado do setor mais à esquerda do PT. Ali a derrota foi da mobilização do poder popular o qual se apresentando de modo direto, reduziria as “tenebrosas transações” dos “representantes do povo.”  

A turma da Abril já comemorou a derrota. Espera que de derrota em derrota não aconteça a Reforma Política e nem a Regulação da Mídia. Quer dizer, não só a Veja, mas Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, O Globo e jornais televisivos do sistema. Mas na verdade a grande mãe de todas as derrotas é uma que nem o PT levantou a bola, mas se encontra na ordem do debate mundial.

Ontem foi a manifestação do Papa Francisco, o artigo do Paul Krugman dizendo que plutocracia não queria a democracia e temos conhecimento do impacto do livro de Thomas Piketty que é igual ao elefante incomoda muita gente.

E qual é esta reforma magna?

A Reforma Tributária. Aquela que derruba a absurda concentração de renda (85 pessoas mais ricas do mundo detêm toda a riqueza da metade mais pobre da humanidade), pode diminuir as desigualdades e promover políticas inclusivas que elevam a produção e a produtividade dos meios de vida de todo mundo. Só o dinheiro que este pessoal esconde em paraísos fiscais evitaria a morte direta de 29 milhões de pessoas, que faleceram precocemente em relação aos avanços da atual civilização.

Estamos no centro do velho debate. O lucro como instrumento de crescimento revela-se com a sua verdadeira face. Ao concentrar poderes em torno de pessoas, destrói a democracia e é um enorme fator regressivo nos fundamentos da civilização. Quando uma força produtiva inova em alguma coisa, imediatamente o lucro parasita este avanço a tal ponto que se esgota antes de todo potencial de mudança e melhoria de vida.

A reforma tributária, ainda que uma medida gradualista, não revolucionária, é um passo fundamental para ampliar o potencial das inovações e mudanças e é um ajuste de qualidade de vida das pessoas. A reforma é simples: muda a atual estrutura regressiva (taxa o consumo) para uma estrutura progressiva (taxa os mais ricos e detentores de grandes fortunas).


Estes detentores de grandes fortunas, até o Papa reconhece, não têm ética, cabeça e inteligência para conduzir o destino da humanidade.  

"FUROS" da "VEJA-ÓIA"

Terrorismo: as capas da Veja!
A Veja está assim porque ninguém se interessa por comprá-la !





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"FESTA DE ARROMBA" - José Nilton Mariano Saraiva

Era pra ser uma “festa de arromba”. E, para tanto, tudo fora criteriosa e detalhadamente planejado. A inescrupulosa revista “VEJA-ÓIA” houvera antecipado em dois dias sua edição semanal, com uma chamada de capa “criminosa” (embora no texto da reportagem correspondente vigesse o verbo no sentido “condicional” - teria, seria e por aí vai - sinal de nenhuma consistência); irmanada, a principal rede de televisão do país, a “GLOBO”, aderira de pronto ao plano antecipadamente arquitetado e consumira a maior parte do tempo do seu principal noticioso, o Jornal Nacional (na noite anterior) a repercutir com estardalhaço a chamada de capa da “VEJA-ÓIA”; gráficas de todos os portes-tamanhos foram acionadas às pressas para, na virada da noite, reproduzirem MILHÕES E MILHÕES de cópias da citada capa (quem pagou ???) inclusive em tamanho gigante (tipo outdoors), generosamente distribuídas na manhã do dia da eleição; jornalões do Sudeste do país, que já vinham em sistemática campanha contra, de há muito, alinharam-se naquela trincheira e trataram de divulgá-las em letras garrafais em suas edições matutinas. Definitivamente, nada fora esquecido e o “GOLPE” seria perpetrado, sim, sem choro nem vela. Dessa vez não havia escapatória.

Tanto é que, naquele momento (já após a eleição) no “ap” da “IRMÃ-MANDONA”, em Belo Horizonte, o candidato  era bajulado e paparicado por dezenas de “convivas”, oriundos de diversas partes do país, num beija-mão pra lá de asqueroso. Afinal, o homem “já era” o futuro Presidente da República. Daí o “scoth” correr solto e generoso e os variados canapés consumidos numa avidez impressionante.

Igualmente às reuniões da “cosa nostra” (máfia italiana), também ali uma senha seria usada a fim de “cristalizar” o momento. E isso seria feito através de mais um “vazamento seletivo” (qual o preço ???): é que, do interior da hermética sala usada para apurar os votos, no Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, um dos privilegiados vinte técnicos envolvidos na operação discaria para alguém presente àquela festa, lá em Belo Horizonte (o candidato ???) e lhe poria a par do andamento da apuração. E assim foi feito, coincidindo com o momento em que o candidato disparava na dianteira. E haja “scoth”. E haja canapés. E haja comemoração. E haja puxa-saquismo. Mas...

Mas, esqueceram de um tal “fuso horário”. Que, aí sim, dividia o Brasil naquele momento não em dois, mas em três. É que em Brasília e estados do Sul-Sudeste e Centro-Oeste vigia o “horário oficial”; nos estados do Norte-Nordeste uma diferença de uma hora a menos; e no Acre e parte da Amazônia, três horas a menos. Portanto, embora já totalizasse os votos a partir do horário de Brasília, os números obtidos só seriam disponibilizados para a população após o fechamento das urnas do Acre, três horas depois e, pois, já perto da sua totalização geral (apenas aquelas privilegiadas vinte pessoas souberam antecipadamente do andamento da apuração).

Por essa razão, chegada a hora, os primeiros resultados da apuração contemplaram as regiões Sul/Sudeste/Centro-Oeste (onde a votação terminara mais cedo) e onde o “playboy do Leblon” disparara na frente (embora à candidata Dilma Roussef colhesse expressiva votação). E foi essa a senha que faltava para ter início o bacanal no “ap” de Belo Horizonte. A apressada conclusão era a de que o  “GOLPE”, enfim, lograra êxito. Dera resultado. Não tinha volta. Xeque-mate.

E foi aí que a força e a união do povo norte-nordestino tratou de por os pingos nos devidos “iis”, restabelecer a verdade verdadeira, mostrar que a coisa não era bem assim. Em resposta ao “caminhão de votos” que o candidato tucano obtivera no Sul-Sudeste, uma “avalanche de votos” na candidata Dilma Roussef demoliu de vez com o sonho e pretensão tucano. Como um rolo-compressor, não restou pedra sobre pedra. O “playboy do Leblon” sucumbiu e teria que esperar por uma outra oportunidade. Dessa vez, sim, houve choro (inclusive do candidato). Ar fúnebre e fim de festa no ninho tucano, o que não impediu que o “astro-principal”, visivelmente constrangido, reconhecesse publicamente a derrota.

Como teria que haver uma explicação para a “virada”, num primeiro momento o comando tucano atribuiu à Região Nordeste o desfecho não favorável (daí o xenofobismo abjeto nas redes sociais); e aí foi só lembrar-lhe que no Sul-Sudeste a candidata oficial conseguira mais votos do que os obtidos no Nordeste, para restar constatado que faltaram votos ao tucano no Brasil todo. Que o Brasil houvera democraticamente optado pelo projeto que contempla a inclusão social, a redistribuição de renda e o bem-estar do seu povo.

À desculpa esfarrapada de que foi uma vitória apertada (quase três milhões e meio de votos, de maioria) lembramos que a Constituição Federal determina que metade dos votos mais um é o suficiente para a homologação da vitória.

 Portanto... chora, tucanalhada, chora !!!


      




Enfim, encerrado o período eleitoral !

Mesmo com uma competição acirrada o resultado não me causou nenhuma surpresa.Votei na Dilma sem nenhuma emoção.Votei por acreditar na continuação dos programas sociais, e na sua boa intenção em corrigir e otimizar seu programa de governo.Tomara que ela seja iluminada na nomeação ministerial, e consiga cumprir algumas das suas metas.

Torci pela vitória da Dilma, sem nenhuma paixão, esclarecida pela opinião de algumas pessoas que respeito, como Zé Flávio, Zé do Vale,Zé Nilton,Everardo, Carlos Esmeraldo...Torci com certa frieza. Não tinha outra opção.

Domingo ,admirada com a tecnologia que dispara resultados imediatos, lembrei as apurações, comícios, e campanhas políticas vividas na infância e adolescência.

O rádio era o nosso veículo de informações. A sonoplastia da marcha da apuração ainda me arrepia...Com papel e lápis na mão anotava os votos , em cada uma das urnas, Minha família sempre ficou dividida entre partidos,candidatos.Minha avó paterna era pessedista doente, e meu pai udenista. Meu coração não sabia por quem pulsar. Era inflamada pelo desejo do meu pai, e respeitava  as expectativas da minha avó. Minha mãe se valia da prerrogativa do voto secreto e silenciava ...Não tomava partido para manter a harmonia e aplacar os ânimos da família. As passeatas se transformavam num carnaval fora de época. Dançantes, cantantes com criativas paródias. Na escola a classe se dividia. Felizmente os conflitos chegavam ao fim, quando o resultado da eleição ficava definido. Havia uma concentração no Crato Tênis Clube, aonde os votos eram escrutinados. Eu sempre ficava com pena de quem perdia...,mas exultava com a alegria do meu pai. Fui testemunha das vitórias da UDN, inclusive  da vitória de Jânio Quadros, quando coloquei na gola do vestido um
broche dourado, representando uma vassourinha. Logo em seguida, a frustração da sua renúncia. Naquele dia, meu primo Bartolomeu vibrou de alegria...E eu quis entender a situação...Aí comecei silenciosamente a torcer por Jango, e a fomentar meu espírito festivo, revolucionário. Eu não tinha completado 10 anos...

Vivi o período da ditadura militar com uma tristeza inexplicável, que se tornou crônica. Esperei muitos anos  pela volta do regime democrático, social.. Quis saber sobre materialismo dialético, mais valia, justiça social, e entender melhor os conceitos de fraternidade, liberdade, igualdade...

A música de Caetano me dizia:..." luxo para todos..." e eu nunca quis pouco!

O período Lula,Dilma mostrou-me uma nova realidade social.Chorei emocionada, quando votei a primeira vez em Lula. No pleito em que ele foi eleito..Antes vivi a tristeza de não ter Brizola como presidente do Brasil.
Nem Brizola, nem Miguel Arraes, meus candidatos do coração.

Acompanho diariamente o momento político,econômico do Brasil e do mundo. Tento ter uma visão sistêmica do panorama universal, mas continuo desconfiada com os nossos veículos de comunicação.Fico aliviada quando leio um texto de Zé do Vale...Considero-o meu guru político.

A todos os escritores do blog que contribuíram  com esta política esclarecedora, agradeço de todo coração!

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

De baixo ou de cima : um mesmo Brasil


J. FLÁVIO VIEIRA

Brasi de Baxo subindo,
Vai havê transformação
Para os que veve sintindo
Abandono e sujeição.
Se acaba a dura sentença
E a liberdade de imprensa
Vai sê legá e comum,
Em vez deste grande apuro,
Todos vão te no futuro
Um Brasi de cada um.

Patativa

                                               O certo é que o ninho tucano já tinha preparado o alpiste e o xerém para comemoração. A Grande Mídia, devota aliada, já havia colocado o smoking para a festa e havia filhotes por todo o terreiro esperando o aviso para começar o rapapé. O diabo é que o tiro saiu pela culatra e todos ficaram encandeados com o brilho de uma estrela que resplandeceu nos céus do Brasil. Baile desfeito, fantasias rasgadas, o desapontamento da Mídia levou-a, imediatamente, a buscar culpados pelo cancelamento das festividades. E o culpado mais óbvio, quem seria? Ora, o mordomo !
                                   De imediato os colunistas dos grandes jornais, mostrando mapas e infográficos, tentavam demostrar que o país estava dividido: Norte e Nordeste, todo vermelho ; Sul, Sudeste e Centro-oeste azuis. A pobreza, o atraso, a dependência econômica haviam eleito a candidata pior. As Redes Sociais, de repente, se viram atulhadas de insultos , impropérios, ameaças, ditos preconceituosos contra nortistas e nordestinos, coisas dignas do III Reich. E o bombardeio não pára !  A Casa Grande não se conforma  com qualquer movimento abolicionista, parece que vivemos ainda em pleno Século XIX.  Se o eleito tivesse sido o candidato tucano, com a mesma margem de votos,  a linha editorial seria completamente diferente. Não haveria divisão, estava tudo perfeito, a virada era mais que esperada, finalmente brotava a esperança no país. Basta ver todo o material pronto pela UOL, ligada à Folha de São Paulo, já pronto para comemoração, que terminou vazando depois da derrocada. Só encômios e elogios ao bravo povo brasileiro.
                                   A divisão alardeada é a mais perfeita falácia. Não  os chamo de levianos porque dá um azar miserável. Segundo os publicitários , o povo, em todo o mundo, vota de maneira pragmática. Todo eleitor pensa especificamente em que candidato, se eleito, poderá melhorar sua vida pessoal e profissionalmente. O nosso bem-estar próprio é o que conta, a felicidade da nação é apenas uma questão distante e filosófica.  Os médicos apoiaram abertamente os tucanos ao se sentirem feridos pela quebra da reserva de mercado trazida pelo “Mais Médicos”.  Assim, na França, Bordeaux é historicamente socialista, única e exclusivamente porque seus habitantes entendem que são os socialistas que têm uma sensibilidade maior para seu meio de vida : as vinícolas. A Flórida é secularmente Democrata e a Califórnia Republicana. Se se reparar direitinho, não dá para pintar as regiões do Brasil de Vermelho ou Azul.  Aécio ganhou no Sul e no Sudeste, mas lá Dilma teve mais de 26 milhões de votos, inclusive mais que em todo Norte-Nordeste.  Cotejem , minunciosamente,  Fortaleza, onde Dilma teve franca maioria, possivelmente perdeu nas urnas da Aldeota e do Meireles. No Leblon, no Rio, Aécio saiu vitorioso. Em  Caetés, Pernambuco, terra de Lula, Dilma teve 90% dos votos, mas 10% escolherem o tucano. Em São João Del Rey, terra do peessedebista, Aécio teve 65% dos votos, mas 35 % sufragaram o nome  da Dilma. Em Minas , estado natal do peessedebista, ele levou uma peia histórica. Se houvesse a divisão alardeada pela mídia e pintada no mapa do Brasil, Aécio teria sido o grande vitorioso, com uma margem gigantesca de votos. Simplesmente a população vota naqueles em que mais confia para resolver seus problemas mais prementes.  Pois foram os brasileiros espalhados no  Sul,  Sudeste,  Norte, Centro-oeste e Nordeste que deram a maioria absoluta à candidata petista.  Há de haver  razões mais justas para explicar o fenômeno.
                                   A elite brasileira tem que entender : o voto de cada um dos brasileiros tem o mesmo valor, independente de raça, cor, grau de instrução, poderio econômico. Os ricos e remediados sentiram-se  feridos em seus interesses por conta da regulamentação do emprego da doméstica ( ninguém pode mais ter empregada!); pela melhoria das condições de vida da pobreza que agora tem moto e carro e ninguém mais anda no trânsito; por ter aparecido nos aeroportos, coisa antigamente só de grã-fino; por não mais querer trabalhar no campo , só que com diárias de R$ 10,00.  Antes de apregoar que foram os votos comprados pelo Bolsa Família o responsável pela derrota do tucano, têm que afinar primeiro o discurso. Em off chamam o Bolsa Família de “Bolsa  Fome”, “Bolsa Esmola” , o “ vício do cidadão”. No microfone e no palanque pousam de pais do Programa .  Deduz-se, então, seguindo-se as premissas da elite,  que se D. Ruth e FHC são os pais, então, foram eles os reais responsáveis pela derrota do PSDB nestas eleições.
                                   A divisão alardeada  é perigosa e potencialmente mortal, quando incita preconceitos vis e seculares.  A Globo, a Bandeirantes, a Record, o SBT, a Folha de São Paulo, o Estadão estiveram em oposição franca e determinada à Presidente Dilma. A “Veja”, numa atitude criminosa, antecipou uma edição, nas vésperas do pleito, com denúncias caluniosas e sem prova, tentando mudar o curso inevitável da história. Sabemos que a liberdade de imprensa significa a plena liberdade do grande capital em veicular as informações de seu interesse, pois é ele que financia a Mídia. Pois é essa mesma trupe que agora tenta seccionar o país no meio, enfiando na cabeça do povo que foram os esfomeados e esfarrapados que elegeram o PT, em troca de um prato de feijão.
                                   Se deseja , um dia, retomar o poder, a elite brasileira precisa  compreender o Brasil em toda sua dimensão e complexidade. O mundo vai bem além da Avenida Paulista.  Justiça Social tem que preceder à Caridade. O Brasil, historicamente, não é vermelho ou azul, mas de todas as cores e essa é nossa mais importante grandeza.


Crato, 29/10/14

COMUNISTA: PRENDE E ARREBENTA - José do Vale Pinheiro Feitosa

Digamos juntos, de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalha dá”.

E não satisfeito seguiu adiante:

Não existe pior pobreza material do que aquela que não permite ganhar o pão e priva da dignidade do trabalho. O desemprego juvenil, a informalidade e a falta de direitos laborais são não inevitáveis, são o resultado da opção social prévia, de um sistema econômico que coloca os lucros acima do homem.”

E mais revolucionário ainda acusou o sistema:

“Este sistema já não se consegue aguentar. Temos de mudá-lo, temos de voltar a levar a dignidade humana para o centro: que sobre esse pilar se construam as estruturas sociais alternativas de que precisamos”.

E revela de qual perspectiva essas coisas se revelam:

debater tantos graves problemas sociais que afetam o mundo de hoje” na perspectiva de quem sofre a desigualdade e a exclusão “na sua própria carne”.

E politicamente põe uma bandeira de luta:

“Terra, teto e trabalho, aquilo que lutam, são direitos sagrados. Reclamar isso não é nada de estranho, é a Doutrina Social da Igreja.”

“Terra, teto e trabalho. É estranho, mas se falar disto, para alguns parece que o Papa é comunista...o amor pelos pobres está no centro do Evangelho.”

“Os pobres não só sofrem a injustiça mas também lutam contra ela...hipócritas que abordam o escândalo da pobreza promovendo estratégias de contenção....transformando-os em seres domesticados e inofensivos.”

“São respostas a um anseio muito concreto, algo que qualquer pai, qualquer mãe quer para os seus filhos. Um anseio que deveria estar ao alcance de todos, mas que hoje vemos com tristeza que está cada vez mais longe da maioria.

PAPA FRANCISCO


O PODER ARGENTÁRIO - José do Vale Pinheiro Feitosa

O professor e prêmio Nobel de Economia Paul Krugman publica artigo com título: “Os plutocratas contra a democracia”. Antes de seguir adiante um aposto: o plutocrata é um membro das plutocracias que é o exercício do poder ou do governo pelas classes mais abastadas da sociedade. Enfim a influência ou poder das pessoas com dinheiro.

Até os jundiás do rio Batateira reconhecem que o dinheiro se desdobra em poder. Mas as raízes das plantas à margem do rio retêm o conteúdo que alimenta a vida. E ali os jundiás se alimentam. E acham que o poder do dinheiro é uma coisa natural, é uma necessidade do ser no mundo.

Naturalizar as artimanhas e os arranjos dos seres humanos mundo é o que os jundiás mais fazem. Afinal para eles apenas existem as águas deste rio que não é perene. E um dia eles desaparecem para apenas desovarem quando as chuvas ultrapassarem os limites das levadas que roubam a perenidade do rio Batateira.

A artigo de Krugman é revelador. O plutocrata que governa Hong Kong (legitimado pela China) diante dos manifestantes pró-democracia que infernizam a vida da colônia financeira da Ásia disse: “estaríamos dirigindo-nos a essa metade da população de Hong Kong que ganha menos de 1.800 dólares por mês. E acabaríamos tendo esse tipo de políticos e de medidas políticas.”


Esta frase foi repetida milhões de vezes diante dos resultados das eleições no Brasil. A tal questão do bolsa família, do nordestino desinformado, do parasita que rouba de São Paulo é a mesma coisa do governante de Hong Kong, é a mesma coisa dos neoliberais americanos e europeus. É o mesmo da direita política aqui e lá. 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Ainda sobre o "BOLSA FAMÍLIA" - José Nilton Mariano Saraiva

Por entender que é preciso que essa questão relativa ao Bolsa Família fique bem esclarecida, abaixo disponibilizamos o número de FAMÍLIAS beneficiadas em cada estado da federação (posição setembro/2014). Para se obter o número de PESSOAS beneficiadas, basta considerar (num cálculo conservador) cada família com 04 integrantes (o casal e 02 filhos). 

BOLSA FAMÍLIA – NORTE-NORDESTE
ESTADOS
FAMÍLIAS BENEFICIADAS
- BAHIA
- 1.815.368
- PERNAMBUCO
- 1.153.941
- CEARÁ
- 1.094.126
- MARANHÃO
-    987.599
- PARÁ
-    887.633
- PARAIBA
-    526.984
- PIAUI
-    458.081
- ALAGOAS
-    441.931
-  R. G. NORTE
-    364.404
- AMAZONAS
-    359.911
- SERGIPE
-    281.897
- RONDONIA
-    115.389   
- ACRE
-      78.619
- AMAPÁ
-      55.346
- RORAIMA
-      48.088
TOTAL
- 8.669.317 (FAMÍLIAS)


BOLSA FAMÍLIA
SUL/SUDESTE/CENTRO-OESTE


- SÃO PAULO
- 1.270.732
- MINAS GERAIS
- 1.148.187
- RIO DE JANEIRO
-     828.716
- R.G. SUL
-     435.962
- PARANÁ
-     407.556
- GOIÁS
-     336.324
- ESPÍRITO SANTO
-     190.670
- MATO GROSSO
-     186.647
- MATO GROSSO SUL
-     146.228
- TOCANTINS
- SANTA CATARINA
- DISTRITO FEDERAL
TOTAL
-     140.108
-     136.279
-       86.373
-  5.313.792 (FAMÍLIAS)

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social 


Utilizando-se a medida “padrão” internacional de 04 pessoas por família (o casal e 02 filhos), num cálculo “conservador” temos que o Bolsa Família beneficiou 55.932.436 pessoas no total, sendo que no Nordeste 34.677.268 pessoas e Sul/Sudeste/Centro-Oeste 21.255.168 pessoas. 

Alguma dúvida ??? 





Um reacionário, acrescido de uma irracionalidade patológica, uma vez mandou-me um poema do Maiacovsky usando-o contra o PT e seu governo e, claro, contra toda ideia que não fosse neoliberal. Não conhecia a história de Maicovsky e, invertendo a equação, deturpava o sentido do poeta. Um poema contra a burguesia e sua opressão. Estes dias assisti a dois musicais do Chico Buarque: Saltimbanco Trapalhões e Ópera do Malandro. Ambas críticas dos acordões do capitalismo. Aconteceu que por falar em corrupção, com o selo colado na Dilma e livrando a cara do Aécio algumas frases realçadas serviu de manifesto para algumas palmas da classe média conservadora da Zona Sul. 

Por isso tive dúvidas sobre postar esta música. Mas não. Ela diz. Tudo. Diz principalmente sobre esta malta raivosa antipopular. 

UMA MÚSICA NAS CALÇADAS - José do Vale Pinheiro Feitosa

Porque nasci ali. No único sítio que levava o nome do rio que corria em todo o seu terreno. Onde vi muito nascer de sol além de treze quilômetros de um belo canavial. E também a lua tomando o céu por trás dos morros onde um dia se ergue a visível estátua do Padre Cícero. Do meu lado esquerdo o Alto do Urubu, coberto de Mata Atlântica ali os pássaros e os urubus como memória do que um dia foi a matança  em suas árvores se abrigavam aos mistério da noite.

A autêntica Batateira. Que carreguei como parte inseparável do meu território corporal, afetivo e memorial. Onde aprendi, onde ensinei, onde fiz e fui feito de brincadeiras de meninos, do povo como eu. Com coisas que saltam da língua, das piadas toscas, dos palavrões. Dos desarranjos. Da tosse, do defluxo, da sapiranga. Do tracoma que andava naquelas áreas úmidas como uma lembrança bíblica do Oriente Médio.  

Do banho no rio. De fazer castelos em sua areia lavada. De deixar minha alta flutuando e rodando como um helicóptero feito as sementes que assim o eram. Como planadoras ficar mais tempo no ar até me afastar da árvore mãe. É assim que escute o comum da minha alma. 

Assim como esta música de João Bosco e Aldir Blanc. Bandalhismo. Escutem só que samba gosto, que violão de roda. E prestem atenção à suave voz de Paulinho da Viola cantado o mundo real de nossas vidas. Só Aldir seria capaz de uma letra desta.

A CASA QUE CAIU NA VIDA DE AÉCIO NEVES - José do Vale Pinheiro Feitosa

Seja porque Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa baixaram na alma de mentes raivosas. Ou porque eles nunca suportaram os partidos de origem trabalhista (mais ainda se socialistas ou comunistas) e sempre tiveram esteatose hepática à simples menção de seus quadros. Quem sabe mais raiva tenham ainda de líderes populares que ousem afrontar as migalhas do banquete que pegam embaixo da mesa da elite nacional e internacional. Seja onde nasça este ódio é preciso considerar algumas coisas.

Quando Eduardo Campo surgiu e depois Marina, mesmo quem estava escaldado com o PSDB, veio com a tese que o Governo Dilma estava ultrapassado pelo próprio povo que ajudara. Eles agora estavam numa nova classe média e queriam muito mais do que o Estado poderia oferecer. O exemplo? As manifestações de junho de 2013.

Agora ponha na conta de Gilmar e Joaquim mas abra o olhar para uma megaestrutura sem a qual Barbosas e Mendes não são nada. Ao ponto pacífico: a análise sistemática das valias das manchetes e escolhas jornalísticas dos jornais Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e Globo, das revistas Veja, Época e Isto É e Jornal Nacional foram contundentes para uma propaganda negativa e sistemática, criadora de ódio inclusive, contra o governo e o PT. Esta avalanche de matérias pode transformar um pensamento livre em mero “equipamento” de repetição acrítica de propaganda política.

Aí junta a briga de casal, o filho que não estuda, as despesas que não fecham a carestia que é ser de classe média nos bairros chiques e por aí vai e surge um ódio baseado nas tais manchetes. O mundo está em crise e aquela classe média tradicional do Brasil precisa dividir espaços e serviços que antes lhe eram quase que, socialmente dizendo, exclusivo. Avião, Shopping, consumo de linha branca, carro, restaurantes e por aí vai.

Muitos dos raivosos se originam de uma situação em que os avós e pais foram beneficiários do “progresso” do regime militar. Cresceram inclusive nas estatais e nos movimentos da bolsa. Fizeram patrimônio e aí os filhos e netos foram criados, acreditando que aquilo tudo era natural. Aquilo existia desde que o mundo era mundo e eles tinham direito de exclusividade.

Vivem numa sociedade menos exclusiva e mais inclusiva. E será daí por diante. A “meritocracia” de origem não ajuda em sistemas efetivamente democráticos. Os que babam com raiva de nordestino, os conservadores que temem o amanhã, os neoliberais que vêm “totalitarismo” em avanços sociais coordenados, se tornam o resíduo odiento da realidade política e social em transformação.

A campanha de Aécio Neves foi financiada e todas as jogadas maldosas dela tinham uma articulação essencialmente originária em grandes fundos financeiros. Foi uma campanha caríssima e que não se coaduna com as declarações que agora farão à justiça eleitoral.

Como explicar a quantidade imensa de robôs que operaram na Internet, SMS, Whatssap e mais o que aconteceu no Twitter e Facebook. Como em menos de hora foi para a rua milhões de cópias da capa da revista Veja entre sexta e sábado às vésperas das eleições em São Paulo, Brasília e no Rio. E olhem que eram os mesmos cabos eleitorais contratados para bandeiradas do PSDB nas ruas que distribuíam. E quem pagou toda esta logística?

E os robôs que ontem mesmo convocavam manifestações pró-impeachment da Presidenta nas ruas de São Paulo. E os mesmos instrumentos via celular que inundaram os cidadãos com pragas contra nordestinos. Isso tudo demonstra um forte e desleal aparato financiado para golpear o julgamento popular.

Mas e como tirar a história das pessoas?

Falo do porteiro de um prédio na Zona Sul do Rio de Janeiro, com todo o cuidado possível, sentado em sua mesa de trabalho e um morador com a camisa de cima a baixo com bottons do Aécio Neves. E claro agressivamente impondo a vontade dele. O porteiro rindo e sem dizer mais nada. O orgulhoso eleitor saiu para seu voto de “consciência” enquanto o porteiro abria a porta eletrônica para que se fosse.

Quantos anos tens? 48 anos. Desde quando trabalha? Desde os 8. Durante mais de 35 anos de tua vida de trabalho quanto de crédito recebesse para comprar tua casa? Agora. Pago direitinho. Só agora aos 44 anos que tive minha casa e não um barraco no meio da família lá na Rocinha. Agora pago Minha Casa Minha Vida.

Como votar no Aécio? Não pelo que FHC não fez. Mas pelo que Aécio prometia e aí o povo é esperto o suficiente para mesmo não entendendo a linguagem do Armínio Fraga saber quem ia pagar a fatura.

Bolsa família?

Isso é de menos meu senhor. Minha filha faz pós-graduação e todo mundo aqui estuda.