por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 25 de abril de 2011

JANELAS MARINHAS
Posso partir
Sem mais olhar pra trás
Sem medo de me perder
De me sentir incapaz
De olhar de novo a vida
Com mais prazer, sem despedida.

Vi que o amor
Viaja com as marés
E quando volta traz
Prazeres e seduções
Que dão ao corpo e à alma
Todo o sentido das paixões.

Parti quando senti
Que minha alma despertou
Olhou outras janelas
e descobriu outros caminhos;
cansou  de ser sozinha
e noutro cais se atracou
e disse: nunca mais
e disse que jamais
vai  conviver com a solidão.
Rio/2003

Mimetismo no Amor

Tenho que confessar: absolutamente sou um homem romântico. Talvez não como dissesse o eterno “Rei da Juventude”, Roberto Carlos“( do tipo que ainda manda flores), por não querer misturar amor com comércio, mas um romântico empedernido, que inda crê no amor, aqui parafraseando Silvio César.
O amor está presente em tudo, e falo do amor entre as pessoas, o amor conjugal, das almas que se acreditam unidas para sempre. Esse amor é o motivo maior da existência das pessoas, seus passos de felicidade e, também, de desventuras. Entendê-lo torna-se fácil, basta-nos estar atentos às suas manifestações.
Tanto nosso cancioneiro, como nossa literatura, trazem-nos fartos exemplos do que escrevo. São incontáveis os encontros e desencontros ali narrados. O amor é tratado sob todas as óticas: o amor que deu certo, o que não; amor que doi, amor que maltrata,  amor que mata; amor que realiza, que destroi, que se complementa, que se afasta. Amor, sempre o amor, palavra abstrata que concretiza os mais diferentes anseios.
Dia desses, relendo alguns de nossos escritores, parei para contrapor duas ideias em dois poemas distintos: À Carolina, de Machado de Assis e A Arte de Amar, de Manoel Bandeira. Naquele, a mais linda declaração de amor, de um Machado de Assis, no auge do Realismo, à sua amada que se vai para sempre. Nesse, toda a frieza do Bandeira, onde ele trata o amor de forma puramente física, carnal, onde diz que os “corpos se entendem, as almas não”. Aqui, Bandeira afirma que a alma estraga o amor, enquanto Machado “o faz apetecido, a despeito da humana lida”.
Além dos escritos em poemas e canções, expressões populares definem o amor com sua real singeleza. “Um deles,” quando duas pessoas se amam e tornam sua união perene, até seus rostos ficam parecidos, como se irmãs gêmeas fossem”, tocou-me, sobremaneira, noite dessas, no Docentes e Decentes, restaurante de que sou frequentador contumaz
Com permissão do uso dos nomes, Paulo e Mara são um casal por que nutro um amor fraternal. Daquelas pessoas que estão do nosso lado em todos os momentos, independente da hora e lugar. Eles são a representação maior daquele amor que contraria o Bandeira. Neles, as almas e os corpos não só se entendem, como são idênticos. Quando os vi, ali na minha frente, numa conversa sobre poesia, crônicas e música, a mim me pareceu ver dois rostos fundidos num só, duas expressões faciais únicas e dois sorrisos gêmeos. De imediato, lembrei-me dos poemas e disse: “Mara, você é a cara do Paulinho!”  “amiga, vocês estão desmentindo o Manoel Bandeira, mostrando que a Arte de Amar não é a que só Deus entende, e que o amor estraga as almas”.  Ocorreu-me escrever sobre essa sensação.
Falei para Mara como é difícil os casais permanecerem unidos, hoje em dia. O dia a dia é o exercício mais paciente de se preservar o amor, tantos são os problemas que são colocados e, neles, posta em prova a durabilidade do amor. Muitos tombaram no caminho, por motivos diversos, provando que o Bandeira é mais presente do que nunca. Com Paulo e Mara a história é diferente. As dificuldades tomaram-lhes mais unidos. O brilho de seus olhos prova que a felicidade dos dois é transcendental. O dia a dia é mis do que um exercício rotineiro e passa a ser a complementação prazerosa dos corpos e a completa conjunção das almas. As divergências, que são muitas, são feedbacks da relação, fortalecida a cada discussão, cada briga. Quem nunca brigou, nunca amou. Se numa relação as duas pessoas concordam em tudo, a relação é morta.
Como disse alhures, sou um romântico assumido e admiro relações que perduram. A felicidade me bateu àquela noite, deixando-me pensar em minha vida. Pensar que também acreditei num amor perene, mas que sucumbiu ao longo da estrada, onde, em mim, Bandeira foi mais marcante do que Machado de Assis. Em Paulo e Mara nada é esmaecido, ao contrário, os laços de felicidade que os uniram não são lassos; eles são a encarnação do “amor maior”, buscado por uma dessas bandas pop nacionais e, também, por nós todos, ou não?
Em silêncio, pedi a Paulo e Mara que me permitissem sonhar com a felicidade que  senti naquela aura noturna, trazendo para os meus olhos o lume do seu olhar, derramando-se sobre a minha vida a alegria de viver que vive em suas vidas, enfim, deixando-me  acreditar que o amor, que cultivei em toda minha existência, não foi algo que estragou a alma, que só serviu aos corpos, antes,  que se permita latente e pronto para brotar em um solo mais fértil.
Cícero Braz de Almeida

SIDERAL - por Stela Siebra

ASCENDENTE AQUÁRIO:
Entre em sintonia com seus ideais


Quem tem Ascendente Aquário se apresenta na vida olhando para o mundo e desejando torná-lo mais justo e igualitário. Deixe-se guiar por seus ideais, porque você se orienta quando sai de uma visão subjetiva e pessoal para ampliar o horizonte e sintonizar-se com novas idéias e tendências.

Engaje-se em grupos que lutam por mudanças sociais, que desejam a igualdade de tratamento e de oportunidades para todas as pessoas. Pergunte-se como vai seu envolvimento nesses movimentos, analise objetivamente se você está colocando em sua vida essa preocupação com o funcionamento de um todo maior. Saiba que você tem afinação com uma identidade grupal. É nos grupos que você se afirma, se situa e se orienta.

Cultivar amizades é importante para você. Lembre-se de conviver com pessoas práticas e mais consistentes. Elas lhe darão a estabilidade que você precisa para não romper tão facilmente os vínculos de uma amizade construída em torno de um ideal comum.

Mas observe uma coisa: normalmente você tem uma elevada auto-estima, vê-se como muito especial porque sabe o que quer e consegue restringir o desejo pessoal em função do coletivo. Por isso, você quer que os outros "vistam a mesma camisa que você veste". Lembre-se sempre de pensar como ficam a opinião e a vontade deles. Nem sempre o que é correto e adequado para você é para os demais.

E não adianta se apresentar com esse toque de rebeldia no seu comportamento. Utilize melhor seu espírito pouco convencional para renovar a perspectiva de mundo das pessoas e ajudá-las a ampliar suas visões de futuro. Dê-lhes esperança!

Outra coisa: ser livre não significa fazer o que lhe vem à cabeça. Seu amor à liberdade e à independência deve levá-lo a destacar-se como defensor dessas prerrogativas para outras pessoas.

Utilize sua objetividade e agilidade mental para colocar-se na vida afinado com os ideais de fraternidade e igualdade entre os povos.


ASCENDENTE PEIXES:
Sintonia com a fé

Peixes, último signo do Zodíaco, dá a sinalização do desapego e da entrega, que se traduzem em abnegação e fé. É difícil para quem tem Ascendente Peixes mostrar-se no mundo, porém lembre-se que a força impulsionadora do seu Ascendente está na fé espiritual. E essa fé é capaz de fazer de você um soldado audaz e confiante.

Quando você se sentir confuso, apático ou evasivo, recorra a essa qualidade pisciana de sua alma. Ela fará surgir seu lado mais sensível e intuitivo, que poderá guiá-lo para desenvolver o artista ou o místico que existe em você. Quando você não expressa a sinalização de Peixes, pode guiar-se por tortuosos e confusos caminhos, recorrendo ao escapismo e refugiando-se no mundo das ilusões.

Peixes se expressa no artista intuitivo e criativo e na pessoa que, desprendida e caridosamente, está a serviço dos outros. Use sua sensibilidade e imaginação criativa para tornar o mundo mais pacífico e amoroso. Saiba que em águas de Peixes só nadam a serenidade, o abandono, a intuição e a dissolução do eu. Não existe nenhum apego. É só entrega e união. É só o milagre da vida envolto na compaixão e no amor universal.

VIVER DESPENTEADA-Colaboração de Altina Siebra



"Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie,
por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade. ..
O mundo é louco, definitivamente louco...O que é gostoso, engorda. O que é lindo, custa caro.O sol que ilumina o teu rosto enruga.E o que é realmente bom dessa vida, despenteia...
- Fazer amor, despenteia.
- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Beijar à pessoa amada, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível...

Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo bagunçado... mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida. É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.
Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável,
toda arrumada por dentro e por fora. O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença:arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça,coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria...e talvez deveria seguir as instruções, mas quando vão me dar a ordem de ser feliz?
Por acaso não se dão conta que para ficar bonita eu tenha que me sentir bonita... A pessoa mais bonita que posso ser!

O único, o que realmente importa é que ao me olhar no espelho, veja amulher que devo ser.Por isso, minha recomendação a todas as mulheres:

Entregue-se, coma coisas gostosas, beije, abrace, dance, apaixone-se, relaxe, viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, corra,
voe, cante, arrume-se para ficar linda, arrume-se para ficar confortável!Admire a paisagem, aproveite,e acima de tudo, deixa a vida te despentear!

O pior que pode acontecer é que, rindo frente ao espelho, você precise se pentear de novo!! "

* O autor não foi mencionado.

A riqueza e o tempo - Emerson Monteiro


De imaginar que tantos vivam qual quem mata o tempo, o cidadão médio resolve saber o que significa tempo, viver este período quando aqui, neste chão de possibilidades, realizar o que pretende. Porém poucos reconhecem o que pretendem, no entanto. Olham dos lados, atrás, à frente, e olha as águas de vasto oceano, cheios de preocupações, atribulações e desordem. Outros, descem à profundeza do mar e encontram os lenitivos de preencher o estirão da viagem com vaidades, instintos e posses. Já, lá adiante, os que buscam ter a aceitação interna, dentro do mundo de valores e sonhos.
Conquanto alguns poucos descubram a interpretação de que vida e tempo correspondam a uma mesma coisa, pois tempo mostra a cara na saúde e nas condições do corpo, as suas decisões e atitudes levam a pensar que vida e tempo são coisas diferentes. E ignoram os resultados do que realizem.
Noutro bloco, grupo reduzido estuda, trabalha, controla os sentimentos. Graças a esses poucos heróis, o barco permanece vagando na superfície das perguntas, querendo respostas do movimento dos dias e do relógio.
A famosa corrida do vil metal, das intenções materialistas e conceitos ocidentais, contudo, conduz a história, esquecida desses valores, no salve-se quem puder da sobrevivência. Ética e os ideais viraram discursos das manobras eleitoreiras. A classe dominante dos países ocupa os palacetes da ilusão e são poucos os que, de verdade, mandam no pedaço, a gastar o suor do povo em mãos gananciosas. Notícias requentadas, no meio do tempo de televisão, entopem a consciência das gentes. O costume de fabricar bombas e balas acinzenta de gazes as folhas dos calendários. É o tempo, de novo, sendo perdido no vento. Pessoas querendo reverter a marcha dos acontecimentos com propostas pessoais e tomam a si o direito de errar, matar, sem respeito ou responsabilidade.
Por onde andaria o custo dessas ações, ninguém consegue calcular e dizer o nome dos que manipulariam os cordões políticos das manadas vagando perdidas, abandonadas à própria sorte. Depois, chegará o senhor do tempo a pedir satisfação da farra. Filas quilométricas, que vão e que vêm, catam o pão e misturam com as lágrimas. Sim, o tempo perguntará aos surdos e responderá aos mudos suas leis de Eternidade. Quem fez ou deixou de fazer, nos passos das horas, subirá, ladeira acima, qual aquele Prometeu da lenda, a conduzir, nas encostas de elevada montanha, um rochedo que escorregará e voltará ao começo, necessitando subir novamente o velho itinerário.
Há espécie de religiosidade nisso tudo. Elevar o sentido da condição humana aos níveis superiores. Esquecer o quase nada que escorrega pelos dedos e estabelece padrões maiores de compreensão às vulgaridades, que deixaram imaginar as mil alternativas e um só Deus a lhes administrar todo tempo as engrenagens.

Um presente de Bruno Pedrosa para ilustrar nosso livro !


A poesia de João Nicodemos




breve diálogo:

- cuidado com o que falas!!

- cuidado tu, com o que ouves!!

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pesadelo

rói unhas

dormindo


Por Domingos Barroso



Sonhar é um pecado terrível

Mate seus mosquitinhos da dengue

Escreva seus versinhos sem pé nem cabeça.

Beba seu cafezinho quente da ofegante cafeteira.


Seus deuses não têm força suficiente

contra a natureza e o estado das coisas.


Portanto, não se desespere:

Continue matando seus mosquitinhos.

Escrevendo seus versinhos.

Bebendo seu cafezinho.


O máximo de encanto

que a vida lhe oferece

é a exuberância do seu umbigo


sempre tão perfumado

por excremento infantil.

Jogando pro alto - por Socorro Moreira




Estou devolvendo os teus segredos
desacomodados na minha imprudência.

Estou jogando pro alto os meus desejos
Eles fogem dos teus , inconfidentes

Estou esquecendo o nosso adeus
O encontro foi ontem,
e eu nem me lembro...

Estou vivendo o meu amor diário
Meu confidente, meu usuário...
Rabisco, e ele permanece mudo
Não disca, nem atende ao telefone.

Sinto o vazio dos sonhos perdidos
Sinto falta às chamadas pro desconhecido

Acho que a felicidade gosta de cair nos buracos ...
Os meus estão desocupados!


vapt, vupt !

entendi logo o truque :

apostar, ganhar, perder.

a bolsa todo mês se esvazia

o coração aguenta o trampo

a música e a poesia, me visitam !

solidão é coisa da imaginação

É não enxergar o amor,

que adormece em nossa vida !


( Socorro Moreira)

Dia de lembrar Geraldo Del Rei



Geraldo Del Rey (Ilhéus, 29 de outubro de 1930 — São Paulo, 25 de abril de 1993) foi um ator brasileiro.

Fazendo tranças nos cabelos dos outros - por José do Vale Pinheiro Feitosa



Não lembro quem e se realmente a fonte de seu descontentamento era a Propaganda da Petrobrás cantando o hino nacional e falando de bandeirinhas. A pessoa falava da questão do amor à pátria e lá pelas tantas desancou um discurso sobre as estatais, o uso político delas e, claro, aliviado, defendeu as privatizações dos anos 90. Tomei aquele trecho como o renitente discurso do liberalismo econômico, só que agora tratado como neo, pois não é mais vinculado ao capital produtivo, mas ao financeiro.

A verdade é que com toda esta lambança mundial das economias centrais, muito por desregulamentação - a outra perna das privatizações - pôs em xeque o discurso liberal. Mas ele continua vigoroso, inclusive agora com a fase da crise, a Europeia, com ataques ao funcionalismo público, às aposentadorias e todas as políticas de “Seguridade Social”, tão caras à Europa.

No Brasil o discurso neoliberal não está nesta campanha. Melhor explicando, não nos candidatos e seus discursos (tenho a íntegra dos discursos dos dois principais), mas está na Rede Globo de Televisão, na Veja, Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo. E, claro, como a pessoa lá do início, repercutida na rede social da internet e nos blogs.

Um tripé desta visão de mundo: os impostos, a eficiência privada e a autonomia da mídia em tornar instituição o que é apenas visão de mundo de uma parcela da sociedade. A melhor aquinhoada e a classe média tradicional que se encantou com as promessas frustrantes do mercado.

Atacar impostos, como faz, por exemplo, o último filme de Ridley Scott, Robin Hood. Empresas paulistas criaram o impostômetro, as televisões transformam um simples painel em frontispício da notícia nacional e a canalhice (procure a raiz da palavra canalha e a tome por pessoa malvada) nacional repete sem saber bem a razão exata.

Acontece que o sentido ontológico de se achar ruim o imposto é para que sobre mais recurso no bolso de cada um. Ou seja, que a renda de todos aumente. Mas não existe isso na parte de quem manipula o impostômetro: não gostam de pagar salários, têm horror a direitos trabalhistas que significam mais renda para o trabalhador, para esta gente cujo lucro é sagrado, pagar salário pelo trabalho é despesa, ou seja, custo.

Quando um sindicato ao invés de receber um aumento maior para o trabalhador, concede em receber um Plano de Saúde, por exemplo, está fazendo exatamente o que o pessoal do impostômetro ontologicamente condenaria. O pagamento do plano é imposto com o nome de mensalidade e este dinheiro não entra no bolso do trabalhador. Quando alguém compra uma assinatura seja de jornal, de revista semanal, de televisão a cabo, está simplesmente pagando um imposto mensal para se informar sobre o impostômetro. Aliás, tal despesa não está no impostômetro.

O sagrado é o que eles ganham. Pois os liberais brasileiros não têm horror ao Estado, têm horror às regulamentações públicas, à cadeia que prende delinquentes que monopolizam a vida econômica. Quando vêm com aquele papo das privatizações para o lado da educação e da saúde, apenas querem ter o monopólio dos fundos estatais para fazerem negócios. Um funcionalismo pago, regulamentado, com uma renda determinada por lei, não interessa a este liberal do venha vós ao meu reino e ao vosso reino nada.

Só um dado de hoje. A eficiência privada, numa universidade aqui no Rio. Quando passava a pé pela rua em frente ao complexo educacional, existiam entre 340 e 380 automóveis estacionados. Acontece que o valor maior em economia nesta civilização é a energia, a maior parte não renovável e poluidora da atmosfera. Então se cada um destes automóveis, que leva um único aluno, consumir 3 litros de combustível em média (acho muito pouco as distâncias no Rio são imensas), teríamos a queima diária de 1.020 litros de combustível, ou seja, 5.100 por semana e 20400 por mês. A conta é maior por que não computei os automóveis que vão e vêm com os pais e motoristas particulares soltarem e recolherem os rebentos na porta da universidade.

Então se vamos discutir imposto e eficiência privada (ou estatal) paremos de discutir só a raiva dos mais ricos. Vamos discutir a renda dos mais pobres (salários, aposentadorias, etc.) e, claro, a racionalidade geral de uma sociedade que gasta o que lhe é essencial, como energia, e não dar conta do enorme desperdício como a falta de uma política de transporte coletivo e a regulamentação do trânsito de veículos particulares.