por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 16 de maio de 2012

O "poste" que... chora - José Nilton Mariano Saraiva

Ao dá posse, hoje, aos membros da “Comissão da Verdade” (que irá apurar as violações aos direitos humanos cometidas entre 1964 e 1988, quando da vigência da ditadura militar), a presidenta Dilma Rousseff surpreendeu, ao mostrar uma faceta não muito comum numa “gerente-durona”: a sua “porção-estadista” (e em diversas ocasiões).
Primeiramente, ao reunir e se fazer acompanhar, na chegada e durante toda a solenidade, pelos ex-Presidentes da República que a antecederam (Lula da Silva, Fernando Henrique, Collor de Mello e José Sarney), independentemente das divergentes conotações político-ideológicas de alguns (em relação à sua posição).
Passo seguinte, humildemente nos cientificau, en passant, de como cada uma daquelas autoridades (e inclusive Tancredo Neves e Itamar Franco, já falecidos) haviam contribuído para a realização daquele momento histórico.
Mais a frente, mostrou não guardar nenhum rancor por conta das atrocidades sofridas quando presa e torturada durante aquele período, ao declarar "... ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu. Nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la (a verdade) em sua plenitude, sem ocultamento.
Em mais uma intervenção, pontuou de forma incisiva sobre a importância de se conhecer a própria história, de se ter a coragem de verbalizá-la e de registrá-la sem medo, ao declarar: “É como se disséssemos que, se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem corpos, nunca, nunca mesmo, pode existir uma história sem voz. E quem dá voz à história são os homens e mulheres livres que não têm medo de escrevê-la".
E, finalmente, coroando com competência sua participação na solenidade, foi ovacionada de pé no momento em que, lágrimas a escorrer na face e com a voz embargada pela emoção, (certamente que recordando as agruras enfrentadas no passado), concluiu: "O Brasil merece a verdade, as novas gerações merecem a verdade e, sobretudo, merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia".
Pois é, pra decepção de muitos, até nisso o Brasil inova: temos um “poste” que... chora, um “poste” que... se sensibiliza, um “poste” que... é capaz de emocionar e transmitir emoção os que se encontram à sua volta.
Aleluia, aleluia !!!  

Rory Gallagher - A Million Miles Away Irish Tour 1974


Josenir Lacerda - A fala mansa do encanto


A cordelista carrega uma exuberância de versos fraternos na forma de lida com a literatura.  Josenir Lacerda é uma das inúmeras mulheres do Cariri que escreve cordel e que transita cotidianamente no universo da arte. Integrante da Academia dos Cordelistas do Crato e da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Josenir montou na sua própria casa uma budega para divulgar o artesanato e a literatura “popular”, na qual recebe artistas e pesquisadores de diversos estados brasileiros para beber da sua deliciosa conversa mansinha.       






Alexandre Lucas - Quem é Josenir Lacerda?

Josenir Lacerda –
Sou poeta, cordelista
Sou dedicada artesão
Natural aqui do Crato
E dele ardorosa fã
Retalhos de “ser feliz”
Emendo a cada manhã
Garanto que ainda sou
A mesma eterna criança
Que brinca de embalar sonhos
De fabricar esperança
Na mente imaginativa
A fantasia inda dança
Elói Teles, Patativa
Também o Cego Aderaldo
Os meus pais e meus avós
Professor Zé Esmeraldo
São exemplos de vida
Meu incentivo e respaldo.
Pela arte popular
Sinto um amor verdadeiro
Vejo em nossa tradição
Rico e cultural celeiro
Que transforma o Cariri
Em vasto e fértil canteiro.

Alexandre Lucas - Quando teve início o seu despertar pela Leitura?


Josenir Lacerda – Na infância ainda, começou meu interesse pela leitura.
 
Alexandre Lucas – Qual a influência do seu trabalho?


Josenir Lacerda – Tenho admiração por vários poetas e escritores, o que me estimulou a escrever, porém nunca me detive para tentar descobrir algum sinal que caracterizasse a influência de algum especificamente.
 
Alexandre Lucas – Fale da sua trajetória?


Josenir Lacerda – Escrevo por necessidade de comunicação, bloqueada pela timidez, desde a adolescência. Tenho alguns cordéis publicados antes do meu ingresso na Academia dos Cordelistas do Crato em 1991 e hoje e conto com uma significativa produção divulgada em alguns pontos do Brasil. Em 2010 ingressei na Academia Brasileira de Literatura de Cordel no Rio de Janeiro.

Alexandre Lucas – Qual foi o seu primeiro cordel?


Josenir Lacerda – Foi “O Manequim”, que continuava inédito, engavetado esperando seu momento. O primeiro editado, foi “A “cabôca” que enganou o santo” em parceria com Iris Tavares. E ao ingressar na ACC foi “Severino e Luzia ou As Proezas do Destino”.

 
 Alexandre Lucas – A região do Cariri se destaca pela quantidade de
 cordelistas. Isso influenciou a sua carreira poética?


Josenir Lacerda – A efervescência cultural do Cariri como um todo, estimula, contagia e influencia.
 
Alexandre Lucas – Você hoje faz parte da Academia Brasileira de
 Literatura de Cordel. O que isso representa para você?


Josenir Lacerda – Significa não só uma conquista pessoal como cordelista, mas a chance de representar a mulher caririense na conceituada instituição nacional do cordel.
 
Alexandre Lucas - Como você caracteriza a sua poética?


Josenir Lacerda – Prefiro não buscar uma característica específica, pois de certa forma isso gera um rótulo e tira um pouco da liberdade de explorar os temas. Costumo dizer que a inspiração é igual a menino “birrento” que chega puxando a saia da mãe querendo algo imediatamente nos momentos inoportunos e inusitados. Geralmente procuro atender ao tema sugerido pela “musa” sem me preocupar em manter uma linha ou característica. Talvez minha poética tenha essa característica: “diversidade de temas“.
 
Alexandre Lucas – A sua residência se tornou ponto de referência para
 a pesquisa sobre cultura popular por conta do espaço que você criou
 “Cordel e Arte”. Isso contribui para a sua produção poética?


Josenir Lacerda – Contribui sim, pois cada contato oferece um pouco de conhecimento, aprendizado, informação e isso alimenta a criatividade e estimula a produção.
 
Alexandre Lucas - O que é a poesia para você?


Josenir Lacerda – A poesia pra mim
É uma amiga sincera
Que assume meus queixumes
Faz de inverno, primavera
Compreende os meus medos

Guarda fiel meus segredos
Meu sonho, minha quimera.
 

Sammy Davis, Jr.




Samuel George "Sammy" Davis, Jr. (Harlem, Nova Iorque, 8 de Dezembro de 1925 — Beverly Hills, 16 de Maio de 1990) foi um Cantor, ator e dançarino estadunidense.

Essencialmente Dançarino e cantor, Davis passou sua infância no vaudeville e se tornou conhecido por suas performances na Broadway e em Las Vegas, estrelando programas de televisão, e filmes. Fez parte do grupo de atores liderado por Frank Sinatra, conhecido como Rat Pack, sendo o único membro não branco.

"Será" ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Meses atrás, aqui, no Brasil, na tentativa infrutífera de desestabilizar um Presidente da República, Lula da Silva, eleito através do sufrágio universal (o voto popular), a decadente e desonesta revista VEJA (vulgarmente conhecida por “óia”) se outorgou o direito de publicar uma capa que retratava a imagem do mandatário maior da nação numa posição pra lá de constrangedora e depreciativa, já que com marcas de sapato nas nádegas, como se houvesse levado um “pé-na-bunda”, que caracterizaria sua “expulsão” da vida pública. A agressividade da capa não deu em nada, por absoluta falta de consistência da matéria correspondente e, na seqüência, o prestígio do ex-torneiro mecânico fez foi crescer mais ainda, aqui e lá fora.
Eis que, esta semana, “do lado de cima da linha equatorial”, num país que não cansa de se vangloriar da pujança da sua democracia (mas coincidentemente, também em estado de decadência acentuada - Estados Unidos) a importante revista “Newsweek” usou e abusou do mesmo escabroso expediente, na tentativa de alavancar a candidatura do opositor do atual presidente Barack Obama, ao dedicar-lhe uma capa onde aparece com uma auréola “colorida” por sobre a cabeça, seguida da manchete de letras avantajadas “The First Gay President”  (O primeiro Presidente Gay). Pelo que se sabe e até prova em contrário, nada há que desabone a conduta moral do “colored” Obama.
Será que a “liberdade de expressão” comporta tais desatinos ??? Será que uma “autoridade” constituída, democraticamente eleita pela maioria da população, tem mesmo que suportar toda essa “sujeirada”, com um sorriso de Mona Lisa no rosto ??? Será que não estariam confundindo (propositada e covardemente) os conceitos de “liberdade de expressão” com “libertinagem de expressão” ???  Será que não existem limites éticos e morais para que uma publicação desonesta (mesmo que poderosa) tente impunemente destruir reputações e avacalhar com a honra de pessoas de bem, unicamente porque não concorda com seus posicionamentos políticos, sob a alegativa de quea defesa do casamento gay, professada por Obama, não passaria de uma manifestação oportunista objetivando ganhar os votos do segmento ???
Será ???

Liberdade para Angola - José do Vale Pinheiro Feitosa


Falo de 13 anos passados. Angola acabara de selar a paz entre a UNITAS e o MPLA e se formava um governo de coalizão. A missão do governo brasileiro estava no país.  Chegamos a ver prédios ruídos por tiros de armas pesadas e especialmente um que, ainda em pé, estava com as paredes varadas assim como um coador de folha-de-flandres.

Na embaixada brasileira após uma reunião de trabalho com um embaixador entrei numa roda de conversa com um dos funcionários locais. Um angolano alto e forte de seus quarenta e poucos anos de idade. Duas histórias dele prenderam toda a minha atenção. Ele estivera na frente de batalha junto com o MPLA. Estava no campo quando o regime do Apartheid da África do Sul, estimulado pelos EUA, invadira Angola com tanques modernos e um poderoso armamento.

Era um massacre no desaparelhado exército do MPLA. Os soldados Sul-Africanos já haviam superado, com facilidade, as primeiras linhas de fogo angolanas. A situação era de destruição iminente das forças angolanas quando, de repente, sem que a maioria dos combatentes angolanos soubessem, irrompeu na guerra as forças cubanas. Ali mesmo as forças Sul-Africanas foram barradas e rapidamente foram expulsas do território angolano.

Uma vez numa conversa com Neiva Moreira, ex-presidente do PDT, jornalista, exilado, uma grande figura que acaba de falecer aos 94 anos de idade ele me contou algo sobre isso. Neiva Moreira não se fixou num só lugar em seu exílio. Andou pelo terceiro mundo todo e por isso mesmo chegou a fundar a Revista do Terceiro Mundo em cuja redação um dia encontrei e passamos os três a conversar: era o João do Vale. Maranhense como Neiva. Pois bem, o Neiva me disse que estava em Angola quando um médico brasileiro exilado que estava ajudando o MPLA chegou e disse: Neiva algo estranho está acontecendo. Hoje atendi alguns combatentes que falam espanhol.

A outra história do angolano já foi quando trabalhava na embaixada em Angola e o Brasil conquistou a quarta Copa do Mundo nos EUA. Aquilo representava um sentimento tão forte de terceiro mundismo, uma alegria tão intensa dos pobres, que uma multidão de mais de quinhentas mil pessoas subiu a colina onde ficava a embaixada brasileira para comemorar. O coitado do embaixador foi levado nos braços pela multidão.

Angola: aqui o Bonga fala do fim da guerra. A paz é uma coisa que nos parece tão absoluto apesar de sua dependência relativa ao conflito. E Angola é uma nação tão intensa que não sabemos como classificar com estas escalas civilizatórias.