Rua André Cartaxo, 148
Naquele tempo, naquela rua
tinha um nome que ia e vinha,
nome de menina,
como se a rua fosse um fio
por onde passam as palavras
de um coração de angústia
numa cidade que não quer.
Tinham cartas com letras azuis
dizendo ser a saudade
uma coisa esquisita,
cortando por dentro,
e as noites de Fortaleza...
Puxa! Não lembro. Quem lembrará?
Tinha um menino que seria
um poeta sem livros,
de poemas para surdos,
poemas mudos de amor,
mas o que é o amor?
A Rua André Cartaxo foi ficando
um espinho onde o tempo cravou
os dentes e roeu lentamente
o que secaria em outras ruas
transfigurado pela distância,
por ver o que não queria,
cimento e aço, sangue e choro,
água podre e fumaça,
exílio cinzento.
Naquele tempo, naquela rua
tinha um nome que ia e vinha,
nome de menina,
como se a rua fosse um fio
por onde passam as palavras
de um coração de angústia
numa cidade que não quer.
Tinham cartas com letras azuis
dizendo ser a saudade
uma coisa esquisita,
cortando por dentro,
e as noites de Fortaleza...
Puxa! Não lembro. Quem lembrará?
Tinha um menino que seria
um poeta sem livros,
de poemas para surdos,
poemas mudos de amor,
mas o que é o amor?
A Rua André Cartaxo foi ficando
um espinho onde o tempo cravou
os dentes e roeu lentamente
o que secaria em outras ruas
transfigurado pela distância,
por ver o que não queria,
cimento e aço, sangue e choro,
água podre e fumaça,
exílio cinzento.