por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Marketing político piorando a situação do político - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ao invés de discutir política, de construir uma imagem junto à sociedade, os políticos atuais recorrem ao Marketing. Sob a forma de empresas especializadas, de assessorias de imprensa ou de outros tipos de assessoria mais política, o objetivo é manter a imagem pública do político numa situação adequada.

O Marketing age nas mídias, pois são estas que intermedeiam toda a mensagem de construção da imagem do político. Em recente episódio aqui na cidade vimos uma lição das dificuldades da tarefa e principalmente de erros comuns que provocam exatamente o efeito contrário do que se pretendia.
Aconteceu um incidente numa reunião política que envolvia um personagem destacado da cidade. O incidente poderia ter ficado restrito à reunião, mas ultrapassou-a e chegou ao conhecimento da pessoa que deste modo veio a público protestar sobre o que considerou ofensivo a si. Dado o protesto houve a manifestação de uma terceira pessoa considerando que aquilo resultava de uma prática reincidente e que dado o padrão cairia o incidente sobre a liderança maior a ele.

O que teríamos como marketing: desvincular a liderança do incidente e reduzir o incidente a algo insignificante, inclusive demonstrando carinho público pela personagem atingida. O que resultou do trabalho de marketing? Exatamente o contrário.

A cada ação de marketing realizada mais trazia a liderança maior para o centro do incidente. A repetição sistemática do seu nome com o incidente ampliou a sensação de que afinal ele tinha algo com o assunto. É como um anunciante repetindo o nome várias vezes de uma mercadoria até que ela se fixa na nossa memória.

Por outro lado o incidente foi ampliado ao invés de reduzido e esquecido. Por um longo período ficou sendo martelada a vingança, os processos na justiça, as desqualificações em torno do incidente, dando-lhe gás e sobrevivência. Na verdade até se preparou o público para o nascimento de uma grande montanha derivada do incidente. Ora todo mundo ficou doido para ouvir a exposição ampliada de quem naquela altura deveria era estar sendo preservada e associada a gestos magnânimos como, por exemplo, visitar a pessoa atingida e desfazer o que julgava uma trama.

Pelo contrário a ampliação do incidente com sua sobrevivência em mais um dia, apenas o pôs sob os efeitos perniciosos de uma trama que mesmo se não houvesse, agora passaria a existir. A “trama” dos erros do marketing político. E aí os recursos de marketing também são importantes para o efeito que se deseja. Por exemplo, se o político chama a sua família para o centro do incidente ele só está valorizando o mesmo. É como se jogasse gasolina num monturo que deveria estar se apagando.

Ao divulgar uma explicação havida no ambiente que originou o debate, o conteúdo da explicação deveria ser muito bem cuidado. Qualquer deslize, qualquer ampliação do debate como acusar terceiros pelos fatos e se eximir de todos eles ou qualquer referência à liderança maior, apenas provoca o efeito que não se desejava. Mais põe a liderança maior na roda e a si mesmo onde não gostaria de politicamente se encontrar.

Enfim o Marketing entrou na vida dos políticos e da política como consequência das ciências em torno da comunicação social, da psicologia social e da própria natureza dos meios utilizados. Por isso temos muitos problemas em face do seu uso.

A FACE COMUM DO BILIONÉSIMO SÉTIMO HUMANO, DO BLOQUEIO A CUBA E BOICOTE DOS EUA À UNESCO - José do Vale Pinheiro Feitosa

O que tem a vê a chegada da população mundial a 7 bilhões de humanos, a resiliência dos americanos no bloqueio comercial a Cuba e o boicote da contribuição dos EUA com a UNESCO só por que esta aceitou a Palestina como membro pleno? O denominador comum é a ideologia imperial de natureza anglo-saxônica.

Esperem aí que não estou forçando a barra. Posso cometer uma dificuldade interpretativa ao falar da criança simbólica que nasceu nas Filipinas como sendo o bilionésimo sétimo humano. Agora esclareço: o pavor conservador com a perda de seus privilégios diante desta população crescente. O Filipinozinho agora nascido, bem que a ONU lhe deu uma esperança capitalista, alguma poupança para estudar e à família um capital para começar um negócio. Agora os conservadores chorarem lágrimas de sangue malthusiana por conta do coitado inocente, isso já cheira à própria desconfiança no sistema que adere às suas almas. Nesta hora são piores que os comunistas: não confiam no capitalismo do Adam Smith. Agora a bem aventurança se ameaça.

O neo-malthusianismo, especialmente este da grande mídia, tem a sombra indelével daquelas teorias da Eugenia tão apreciadas pelos Fascistas. O sentimento mais exposto por estes é que está crescendo muita gente não branca e isso lhes subtrai substâncias para a defesa do seu imutável status quo. Não confessam isso, mas demonstram ao alardear a fome na África, a falta de Água no Oriente Médio e na China e falta de energia nos soquetes de suas lâmpadas. Tudo em nome do privilégio. Toda matemática deste povo é mentirosa e não tem o menor respeito. A população mundial cresce a proporções cada vez menores e chegará ao ano de 2100 em quantidade suficiente de meios para se manter, pois os já existentes atualmente são mais do que abrangentes para o consumo previsto no futuro. A fome que existe e o desastre do saneamento é a pobreza em face da concentração de renda.

Por isso os EUA e Israel sozinhos perdem na votação para todos os países pedindo o fim do bloqueio comercial a Cuba e ainda vem com papo de democracia enquanto assassinam políticos estrangeiros. Deve haver alguém de boa fé que ache que o problema se resume ao direito dos americanos negociarem com quem bem quiserem. Mas aí não venham com papo de comércio livre e não pratiquem a chantagem que praticam: se um navio sai do Brasil com uma carga para Cuba e para os EUA, eles não permitem o aportamento nos portos americanos. Não tem quem não fique com raiva de um argumento a favor disso.

Quando a UNESCO que cuida exatamente da paz abriga um povo que vive em luta e os EUA deixam de pagar suas obrigações com a Organização que é da ONU como represália pelo ato, este país se tornou um pária político ou no mínimo poderia ser enquadrado, não pelos critérios de Bush, mas certamente pelo critério da acepção da palavra: em algo do eixo do mal.

Enfim o denominador comum destas três notícias é a própria midiatização dela pelas corporações a refletir-se aderente nos corações dos setores reacionários e conservadores em todo mundo.


Nunca é demais,
Apostar
Todas no AMOR

Presença de Mia Couto no Azul Sonhado

IDENTIDADE

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem inseto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Raiz de Orvalho e Outros Poemas,1999.

chuva

Eu nunca fugi de mim
por isso nunca me cansei

nem dos versos
nem dos sonhos.

A chuva é um sinal
que mais tarde
vem vindo
arco-íris.

E todo arco-íris lava a alma
depois que a chuva
molha os cabelos
das rosas

e os bermudões
das orquídeas.

Se já adultos e velhos não vimos arco-íris algum
havemos de ter por encanto na memória
aquele desenho que fizemos
quando éramos crianças.

E se rosas e orquídeas
é papo de jardineiro tristonho
havemos de lembrar que um dia

mesmo de passagem
desejamos os canteiros
da praça.

O cansaço nem por morte minha
e a fuga de mim é um absurdo.



Nunca duvidem dos sentimentos melhores, que os cratenses distantes nutrem pela sua cidade. Espelho-me nos mais próximos, como: Zé do Vale, Zé Nilton Mariano, Joaquim Pinheiro, Dedê, Carlos e Magali, Domingos, Altina Siebra, Dario Lôbo, Stela Siebra, e muitos outros!
Sou acordada por eles com intimações poéticas, culturais e até políticas.
Estão presentes, tanto quanto nós, nos problemas e conflitos, que afetam o nosso dia a dia.
Agradeço-lhes pelo nível de informação, muito superior à minha- vida enclausurada num mundinho pequeno.
Aplausos para todos os interessados no nosso bem estar e soberana cidadania.
Abraços, agradecimentos, e todo meu carinho!

Amanhã viajo para Fortaleza por alguns dias. A gente permanece conectados!
Este nosso ponto de encontro não deixa o café esfriar.
Tenham um excelente início de semana!

Depilação Luiz Fernando Veríssimo( recebido por e-mail)


Estava eu assistindo TV numa tarde de Domingo, naquele horário em que não se pode inventar nada o que fazer, pois no outro dia é segunda-feira, quando minha mulher deitou-se do meu lado e ficou brincando com minhas 'partes'.
Após alguns minutos ela veio com a 'brilhante' idéia:Por que não depilamos seus ovinhos, assim eu poderia fazer 'outras coisas' com eles.
Aquela frase foi igual um sino na minha cabeça. Por alguns segundos fiquei imaginando o que seriam 'outras coisas'. Respondi que não, que doeria coisa e tal, mas ela veio com argumentos sobre as novas técnicas de depilação e eu, imaginando as 'outras coisas', não tive mais como negar. Concordei.
Ela me pediu que ficasse pelado enquanto buscaria os equipamentos necessários para tal feito. Fiquei olhando para TV, porém minha mente estava vagando pelas novas sensações que só despertei quando ouvi o beep do microondas.
Ela voltou ao quarto com um pote de cêra, uma espátula e alguns pedaços de plástico. Achei meio estranho aqueles equipamentos, mas ela estava com um ar de 'dona da situação' que deixaria qualquer médico urologista sentindo-se como residente.
Fiquei tranqüilo e autorizei o restante do processo. Pediu para que eu ficasse numa posição de quase-frango-assado e liberasse o acesso à zona do agrião. Pegou meus ovinhos como quem pega duas bolinhas de porcelana e começou a passar cêra morna. Achei aquela sensação maravilhosa!
O Sr. Pinto já estava todo 'pimpão' como quem diz: 'sou o próximo da fila'!
Pelo início, fiquei imaginando quais seriam as 'outras coisas' que viriam.
Após estarem completamente besuntados de cêra, ela embrulhou ambos no plástico com tanto cuidado que eu achei que iria levá-los para viagem.
Fiquei imaginando onde ela teria aprendido essa técnica de prazer: na Thailândia, na China ou pela Internet mesmo?
Porém, alguns segundos depois ela esticou o saquinho para um lado e deu um puxão repentino.. Todas as novas sensações foram trocadas por um sonoro PUUUUTA QUEEEE ME PARIUUUUUUU quase falado letra por letra..
Olhei para o plástico para ver se o couro do meu saco não tinha ficado grudado. Ela disse que ainda restavam alguns pelinhos, e que precisava passar de novo. Respondi prontamente: Se depender de mim eles vão ficar aí para a eternidade!!
Segurei o Dr. Esquerdo e o Dr. Direito com as duas mãos, como quem segura os últimos ovos da mais bela ave amazônica em extinção, e fui para o banheiro.
Sentia o coração bater nos ovos.
Abri o chuveiro e foi a primeira vez que eu molhei o saco antes de molhar a cabeça. Passei alguns minutos só deixando a água gelada escorrer pelo meu corpo.
Saí do banho, mas nesses momentos de dor qualquer homem vira um bebezinho novo: faz merda atrás de merda. Peguei meu gel pós-barba com camomila 'que acalma a pele', enchi as mãos e passei nos ovos.
Foi como se estivesse passado molho de pimenta. Sentei no bidê na posição de 'lava xereca' e deixei o chuveirinho acalmar os Drs. Peguei a toalha de rosto e fiquei abanando os ovos como quem abana um boxeador no 10° round.
Olhei para meu pinto. Ele, coitado, tão alegrinho minutos atrás, estava tão pequeno que mais parecia irmão gêmeo de meu umbigo.
Nesse momento minha mulher bate à porta do banheiro e pergunta se estava passando bem. Aquela voz antes tão aveludada e sedutora ficou igual uma gralha.
Saí do banheiro e voltei para o quarto. Ela estava argumentado que os pentelhos tinham saído pelas raízes, que demorariam voltar a nascer. 'Pela espessura da pele do meu saco, aqui não nasce nem penugem, meus ovos vão ficar que nem os das 'codornas', respondi.
Ela pediu para olhar como estavam. Eu falei para olhar a meio metro de distância e sem tocar em nada e se ficar rindo vai entrar na PORRADA!!
Vesti a camiseta e fui dormir (somente de camiseta). Naquele momento sexo para mim, nem para perpetuar a espécie humana. No outro dia pela manhã fui me arrumar para ir trabalhar. Os ovos estavam mais calmos, porém mais vermelhos que tomates maduros.
Foi estranho sentir o vento bater em lugares nunca antes visitados. Tentei colocar a cueca, mas nada feito. Procurei alguma cueca de veludo e nada... Vesti a calça mais folgada que achei no armário e fui trabalhar sem cueca mesmo.
Entrei na minha seção andando igual um cowboy cagado. Falei bom dia para todos, mas sem olhar nos olhos. E passei o dia inteiro trabalhando em pé com receio de encostar os tomates maduros em qualquer superfície.
Resultado, certas coisas devem ser feitas somente pelas mulheres. Não adianta tentar misturar os universos masculino e feminino.
Ainda dói...

A Bruxa de Portobello - Paulo Coelho





Ela me dizia que estava aprendendo à medida que me ensinava.

Todos buscam um mestre perfeito; acontece que os mestres são humanos, embora seus ensinamentos possam ser divinos – e aí está algo que as pessoas custam a aceitar. Não confundir o professor com a aula, o ritual com o êxtase, o transmissor do símbolo com o símbolo em si mesmo.

Cozinhamos reclamando da perda de tempo, quando podíamos estar transformando amor em comida.

As coisas não são absolutas, elas existem dependendo da percepção de cada um.

Sugeriu que, pouco a pouco, começássemos a preparar terreno para dizer que ela tinha sido adotada. (...) a pior coisa que podia acontecer é que ela descobrisse por si mesma – passaria a duvidar de todo mundo. Seu comportamento poderia tornar-se imprevisível.

“Diante de mim havia duas estradas
Eu escolhi a estrada menos percorrida
E isso fez toda a diferença” (Robert Frost)

A música é tão antiga quanto os seres humanos. Nossos ancestrais, que viajavam de caverna em caverna, não podiam carregar muitas coisas, mas a arqueologia moderna mostra que, além do pouco que necessitavam para comer, na bagagem havia sempre um instrumento musical, geralmente um tambor. A música não é apenas algo que nos conforte, ou que nos distraia, mas vai além disso – é uma ideologia.

- Por que não me dá a comunhão?
(...)
- (...) a Igreja proíbe que pessoas divorciadas recebam o sacramento.
(...)
- Cristo disse: “Vinde a mim os que estão agoniados, e eu os aliviarei”. Eu estou agoniada, ferida, e não me deixam ir até Ele. Hoje aprendi que a Igreja transformou estas palavras: vinde a mim os que seguem as nossas regras, e deixem os agoniados para lá!
(...)
Penso que, ao sair da igreja, Athena pode ter encontrado Jesus. E, chorando, se atirou em seus braços, confusa, pedindo que lhe explicasse por que estava sendo obrigada a ficar do lado de fora só por causa de um papel assinado, uma coisa sem a menor importância no plano espiritual, e que só interessava mesmo a cartórios e imposto de renda.

Quando escrevo, quando danço, sou guiado pela Mão que tudo criou.

O caminho é mais importante que aquilo que a levou a caminhar.

Para aqueles que viajam o tempo não existe – apenas o espaço.

Desde épocas remotas os seres humanos tinham um ritual onde fingiam ser outras pessoas, e desta maneira procuravam a comunicação com o sagrado.

Quando vc dança, sente desejo? Sente que está provocando uma energia maior? Quando vc dança, existem momentos em que deixa de ser você?
(...) parecia entrar mais em contato comigo, o fato de estar seduzindo ou não alguém deixava de fazer muita diferença.
Se o teatro é um ritual, a dança também. Além disso, é uma maneira ancestral de aproximar-se do parceiro. Como se os fios que nos conectam com o resto do mundo ficassem limpos do preconceito e dos medos. Quando vc dança, pode se dar ao luxo de ser você.

Nos conhecemos quando nos vemos no olhar dos outros.

Procurei, eu mesma, os galhos maiores, e os coloquei por cima dos gravetos; era assim a vida. Para que pegassem fogo, os gravetos deviam antes ser consumidos. Para que pudéssemos liberar a energia do forte, é preciso que o fraco tenha possibilidade de se manifestar.

Para sempre ser lembrado !


Enjôo da Folha de São Paulo com as manifestações dos seus leitores em relação à doença de Lula - sobre a coluna de Gilberto Dimenstein

Publicado na Folha de São Paulo este texto revela o comportamento de certas pessoas na internet. Profunda aversão ao contraditório e inimigos violentos dos oponentes políticos. O Gilberto faz parte do corpo Editorial da Folha de São Paulo e se mostra envergonhado com o fato vivenciado por ele em face das manifestações dos leitores de sua coluna com relação à doença de Lula. O que ele não considera e talvez não passe em sua consideração é que a Folha de São Paulo contribua na raiz deste ódio. O modo como caiu o nível até de comentaristas bem estruturados na grande imprensa certamente está na pedagogia desta raiva toda. Isso sem falar num verdadeiro ódio que emana em blogs de revistas como a Veja e outros. A vinculação entre os internautas virulentos e desumanos e a grande imprensa é tamanha que uma comentarista da Rádio CBN, chamada Lúcia Hipólito, torceu o assunto para tirar vantagens políticas além de querer aplicar em Lula uma teoria geral sobre câncer da laringe. Por isso o enjôo do Gilberto até causa dúvida em nossos frágeis espíritos: será que na verdade ele não estaria comemorando “uma enxurrada de ataques desrespeitosos” para demonstrar que o Lula não recebe solidariedade nem no câncer como disse o Lara Resende sobre a solidariedade mineira? Até o título da nota é estranho, pois ele não poderia se envergonhar do câncer de Lula, mas da manifestação dos seus leitoras a respeito do câncer de Lua. Mas isso pode se inserir na paranóia deste que vos escreve.

O câncer de Lula me envergonhou

Gilberto Dimenstein

DE SÃO PAULO

Senti um misto de vergonha e enjoo ao receber centenas de comentários de leitores para a minha coluna sobre o câncer de Lula. Fossem apenas algumas dezenas, não me daria o trabalho de comentar. O fato é que foi uma enxurrada de ataques desrespeitosos, desumanos, raivosos, mostrando prazer com a tragédia de um ser humano. Pode sinalizar algo mais profundo.

Centenas de e-mails pediam que Lula não se tratasse num hospital de elite, mas no SUS para supostamente mostrar solidariedade com os mais pobres. É de uma tolice sem tamanho. O que provoca tanto ódio de uma minoria?

Lula teve muitos problemas --e merece ser criticado por muitas coisas, a começar por uma conivência com a corrupção. Mas não foi um ditador, manteve as regras democráticas e a economia crescendo, investiu como nunca no social.

No caso de seu câncer, tratou a doença com extrema transparência e altivez. É um caso, portanto, em que todos deveriam se sentir incomodados com a tragédia alheia.

Minha suspeita é que a interatividade democrática da internet é, de um lado um avanço do jornalismo e, de outro, uma porta direta com o esgoto de ressentimento e da ignorância.

Isso significa quem um dos nossos papéis como jornalistas é educar os e-leitores a se comportar com um mínimo de decência.