O dia:
18/06/2008 (portanto, pouco mais de dez anos atrás). A hora: 11:00 da manhã. O
local: sede do Departamento da Polícia Federal, Bairro de Fátima,
Fortaleza-Ceará.
Miseravelmente só (já que a Associação dos Aposentados do BNB, na hora "h",
tirara o “braço da seringa”, negando-nos a competente assistência jurídica e,
portanto, deixando-nos na mais completa orfandade), sem lenço e sem documentos
e “tremendo mais do que vara verde”, ali nos encontrávamos, a fim de atender à
lacônica e fria Intimação recebida dias antes, a fim de “prestar
esclarecimentos de interesse da Justiça”.
Na pequena e desconfortável sala, que mal cabia os dois “birôs”, um computador,
um arquivo e a cadeira do “visitante”, os dois delegados da Polícia Federal nos
receberam e cumprimentaram, burocrática e formalmente.
De
início, um deles indagou-nos se sabíamos por qual razão ali estávamos. Ante
nossa ignorância (já que na Intimação não constavam detalhes), sacou da gaveta
o livro de nossa autoria “BNB-A Verdade Nua e Crua (Sobre a Era Byron
Queiroz)", que havíamos publicado três anos antes (em 2005) e arrematou,
convicto; “Para esclarecer e confirmar as graves acusações aqui contidas”.
Quem
fizera a denúncia e entregara o livro ??? Silêncio sepulcral.
E então... começou o “bombardeio” (que durou cerca de duas horas). Experientes,
preparados, passados na casca-do-alho, possuidores da refinada técnica de
extrair do “convidado” aquilo a que se propõem, os dois não demonstraram seguir
um roteiro pré-determinado: abriam o livro, aleatoriamente, em uma página
qualquer, e indagavam sobre o ali posto. Vez por outra, refaziam uma pergunta
feita lá atrás, na tentativa sutil de encontrar alguma contradição, algum
escorregão, uma falha sequer; e tome perguntas, questionamentos, pedidos de
esclarecimentos. Uma coisa de louco.
Como, ao receber a “Intimação”, houvéramos imaginado o que lá trataríamos (só
podia ser sobre aquilo), reuníramos todos os documentos citados no livro e,
assim, a cada indagação, disponibilizávamos, tecendo um breve comentário, a
peça correspondente. E o melhor: a “tremedeira” passara, sumira, se fora,
escafedera-se, e, repentinamente, uma aura de segurança e total tranquilidade
se apossara do nosso ser.
O certo é que, ao final daquele calvário (para nós), depois de receberem e
garantirem que anexariam ao processo o “caminhão” de documentos que lhes
entregamos (mais de 200 páginas), a agradável surpresa: “Senhor José Nilton –
confidenciou um deles – parabéns pelo pleno exercício da cidadania”; ao que o
segundo, complementou: “Se todos agissem assim, esse nosso país seria bem
diferente”.
O sol do meio da tarde brilhava forte e abrasador, quando de lá saímos, famintos,
mas tranquilos, leve, em paz com a vida e com a nossa consciência. Resolvemos,
então, elaborar uma espécie de “mini-relatório”, a respeito, que encaminhamos a
alguns poucos colegas do BNB. E aí, nos dias seguintes, sem que fosse essa a
nossa intenção, a “coisa”, tal qual um rastilho de pólvora, se espalhou,
multiplicou-se e até em uma reunião da Diretoria do BNB o assunto foi
ventilado. Colegas de agências do Banco, por todo o Nordeste, chegaram a
solicitar da AABNB que, através do seu jornal mensal, mostrasse a “fuça”
(rosto) daquele “doido” (o que foi feito, a posteriori).
Inacreditavelmente,
no entanto, alguns colegas aposentados do Banco, aqui e alhures, sentiram-se
ofuscados, visivelmente incomodados, incompreensivelmente contrariados,
constrangidos até e, a partir de então, cortaram relações, passaram a nos
denegrir, a lançarem insinuações malévolas a nosso respeito, à tentativa de nos
desqualificar (mesmo em ocasiões em que o assunto não tivesse nada a ver).
Isso tem nome ??? Tem, sim !!! Qual ??? O cardápio é variado e cada um pode
escolher o que achar conveniente e apropriado. Da nossa parte, uma certeza:
vamos continuar a cobrar, fuçar, questionar, a, enfim, exercer nossa cidadania.
Na plenitude. Contundentemente.
Post Scriptum:
01)
Quando lançamos o livro (3.500 exemplares), unidades foram encaminhadas, pela
Associação dos Aposentados do BNB (que, depois, como vimos, “tirou o braço da
seringa”), ao Presidente da República, alguns Ministros de Estado, Senadores,
Deputados Federais, Deputados Estaduais, Desembargadores de Tribunais,
Governador do Ceará, Prefeita de Fortaleza, Vereadores da capital e Diretores e
Superintendentes do BNB. Se leram, ou não, são outros quinhentos. Fizemos a
nossa parte.
02) Byron Queiroz e demais integrantes da quadrilha, após ação impetrada pelo
Ministério Público (que fora acionado pela AABNB), foram condenados, pela
Justiça Federal do Ceará, a 14 anos de prisão, devolução do valor subtraído,
suspensão dos direitos políticos por 8 anos, indisponibilidade dos bens e tal.
Recorreram ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife-PE, e foram
inocentados, por unanimidade (é vero, senhores, podem acreditar; afinal, o
“padim” do homem era o todo poderoso tucano Tasso Jereissati).
03) Posteriormente (em 02.09.09), nova condenação da mesma Justiça Federal do
Ceará. Com a mesma pena e as mesmas supressões de direitos. Nova apelação ao
mesmo Tribunal Federal (Recife) e a repetência do veredito (inocentados, por
unanimidade), o que nos leva à velha conclusão: para o Judiciário brasileiro,
cadeia foi feita pra pretos, pobres e putas.
04) O “rombo” que Byron Queiroz deixou no
BNB foi de “insignificantes” R$ 7,5 bilhões (isso mesmo, com “B”, de bola).
05)
Como a refrega com os aposentados do BNB foi intensa e desgastante (até mesmo
para um marginal), Byron Queiroz faleceu pouco depois em razão de uma copiosa e
letal hemorragia digestiva (para azar do Lúcifer, que com ele passou a conviver
a partir de então).