por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 29 de maio de 2015

Coração de Clorofila.


O médico assassinado na lagoa e ambientalista, nada...
A mãe de família assassinada na porta de casa, e ambientalista nada...
A "novinha" estuprada, e a ambientalista nada...(ainda bufou contra o machismo)...
O estudante assassinado no bar, no ônibus, na garagem, quando saia de casa, quando entrava, quando tomava banho, quando comprava pão, quando tomava a hóstia...e ambientalista nada...

Mas no final de semana a ambientalista sai no jornal, pomposa em seu estandarte, faceira frente a TV em plena atividade. Furiosa contra a consciência do mundo, gente sem coração.
Acabara de estourar uma rinha de canários e galos de briga. Agora sim, poderia dormir tranquila e sonhar com bichos e florestas em seu colo verde que agora arfava mais calmo em seu coração onde bombeia sangue a base de clorofila.

terça-feira, 26 de maio de 2015


O Pecado de Clarice. Antonio Sávio.


Sempre são cinco da tarde na casa de Armando. Embora o tempo seja incerto, é certo que lá o tempo não passa, ou, pelo menos do modo como passaria em outros lugares. O lá, a que me refiro, é uma vila pretensiosamente burguesa, ou, para ser mais atual, rica. Na realidade não passa de um conjunto de casas pequenas enfiadas ao pé de uma serra no Ceará.
Evidentemente essa pretensa burguesia, que mimeticamente toma chá das padarias caras do centro as cinco horas -não aquelas da casa de Armando, mas de fato cinco horas -, tem sua teia de angústias, de dissabores, que no mar do sofrimento humano se resume a pequenez da inveja, da mentira e da frustração.

Armando que apesar de residir nesse mesmo ninho, onde por sinal sua família é uma das mais evidentes. Suas tias são empresárias de renome, outras donas de escolas, a mãe proprietária de uma infinidade de casas, cujas quais aluga e se mantém através delas. O pai, uma cicatriz que não para de sangrar na face da família, é conhecido como João. 

Na realidade João é um antigo celibatário, primo distante da família, que, nos idos anos setenta, a família vendo-se a jovem Clarice grávida, filha de família nobre, e, para piorar grávida de um filho que resultou de uma bebedeira cuja qual sequer pôde identificar o pai, optaram por arranjar um que, ao contrário do que era de costume, não foi as pressas.


- O que está feito está feito Clarice, não adianta chorar. O que nos resta agora é achar uma maneira para que seu nome de puta não se espalhe por todos os cantos.

A sutileza de fato não era uma prioridade de Armínia, que, não por falta de talento, mas por falta de paciência assim se expressava. No fundo era de fato uma pessoa reta, autêntica e verdadeira, e sabendo sua consciência disso, não aliviava com ninguém.

Sua mãe chorava pelos cantos, e olhava Clarice como a uma leprosa. As narinas se dilatavam em uma raiva indizível. Era algo que a violência física seria uma simplificação do seu sentimento. Ademais, não havia nada mais do que um saco de rugas em uma consciência ainda que afiada.


- Quem é o pai disso aí que está em tua barriga Clarice. Diz logo!

Com a boca entreaberta, sentada em um sofá de teias de vive de braços laçando as pernas e joelhos na boca, nada dizia. Apenas sentia as palavras como dardos e os olhos que ardiam como fogo lacrimejavam sem pressa. Na realidade Clarice estava em um estado de consciência paralelo, onde pouco do que lhe diziam era retido, mas que pesava em seus ombros um sofrimento sem par.

Clarice não sabia quem era o pai da criança. Apenas lembrava que em um sábado depois do carnaval havia ido a uma festa depois da escola. Ligou para a mãe do centro da cidade dizendo que demoraria: Passaria em um armarinho com as amigas, faria deveres escolares na casa de outra, a noite todas iriam ao cinema, e antes das dez como sem falta estaria em casa.

De lá atravessaram o centro, meteram-se em um bairro distante onde debaixo de um pé de mangueira em uma chácara, uma festa regada a vinho e cerveja ela que ninguém conhecia, se deixou levar pela bebida, pelo riso fácil, pela simpatia serpentina de um ruivo de olhos verdes. Lá, dentro de uma Rural velha, atolada atrás das bananeiras o concebeu. 

Enxugando as lágrimas lembrava da cena e nada dizia. Beatriz, que até então estava calada, tremendo as penas sentada, enfiando o dedo anelar na madeira do centro até estalar pela sala em um compasso impertinente e repetitivo, levanta. Bebe água de um filtro de barro vermelho em uma caneca de alumínio com seu nome sugere:


- Joãozinho bem que poderia ser o pai.

A sugestão solta como uma pedrada deixa todas atônitas, excitadas e inquietas. Cada uma achando mais absurdo que a outra. Armínia e a mãe entreolham-se como se afinassem a um instrumento. O nome de fato era perfeito. Joãozinho era um primo segundo que apesar de metido com coisas da igreja, claramente desejava Clarice. 
Nas festas em sua casa Joãozinho atendia a todas em uma educação e refinamento tipicamente francês, lembrava Armínia, que nunca conheceste um francês na vida e tampouco sabia sequer a capital da França. O olhar apesar de faminto, não era corajoso o bastante para fitar. Contido, acabava ela passando por mais malicioso do que de costume, sendo forçado a olhar para o corpo da menina – não que ele também não quisesse – que se espremia em um vestido de brim branco azulado.

Beatriz completa:

- Não sei e nem quero saber quem é o pai disso aí, mas, que ele tem que ter um pai ele ter que ter. Nem que nos o fabriquemos agora mesmo. Se é para escolher, que seja o Joãozinho.
Falava apontando para a barriga do irmão como se a criança tivesse alguma coisa da situação, ou pior, como se por isso mesmo tivesse ela algum direito de humilhar a irmã. Na realidade tinha. Não só ela, mas toda a família. 

Armínia que junto com a mãe, sorriam com os olhos. Já entendiam que de algum modo, o pobre João, menino devoto, que como único pecado tinha o de ser humano, e ter lá, em seu canto, sem dizer palavra, seus desejos que escorriam por vezes pelas retinas. 
Setaram-se à com os cigarros em brasa e cinzeiros cheios. Tiraram o ganço de louça que enfeitava a mesa e puseram-se a armar a ocasião que Clarice seria molestada. Isso era sujo, era feio, mas, frente a situação, se justificava. A mãe dizia em silêncio para si: - Nosso senhor há de entender.


- Próxima semana terá o aniversário de Bianca, nossa prima em comum. Provavelmente será na casa da serra, onde geralmente fazem as festas. Encontrei com Dona Roberta no centro e ela já me fez o convite. João estará lá com a família. Sempre educado e disposto como sempre.

- Sim, e onde entra essa “bendita” moça nisso? Beatriz, você não vai nos meter em um escândalo.

Sorria timidamente constrangida pela própria ideia, mas ainda assim:

- Só posso dizer que com minha ideia arrumo um pai para a criança, um marido para ela. Ninguém aqui tem a opção de escolher com escândalo e sem escândalo. Vai com escândalo mesmo.

A mãe que a princípio simpatizou com a firula começou a não gostar. Isso tudo mexia com sua moral tanto quanto a vergonha da filha, grávida de um filho sem pai. Repetia para si mesma: - Sem pai!

- Olhe Beatriz, se você supõe resolver um pecado com outro pior, fique sabendo que lhe coloco para fora de casa antes dessa… - olhava para Clarice com um furor nunca visto antes – antes daquilo ali.

A essa altura, Clarice já a muito tempo havia perdido a identidade. Não era mais Beatriz, era um objeto tão abaixo dos outros que compunham a sala que nem nome tinha. Logo o plano ficou exposto, o que não era nada sutil ou elaborado, mas nem por isso deixava de ser ousado.
A ideia é que na próxima festa em família, os olhares chorosos de do casto rapaz seriam atendidos, e não só sob um ponto de vista parcial. A irmã autoria da ideia enfatizava com a fanhosa fazendo um círculo com o indicador e o polegar na mão direita:


- Ele vai ter tudo que ele sempre quis. Tudo! Ouviu? Eu disse tudo!

Cabia a jovem mãe fazer de sua beleza um chamariz para Joãozinho, que por sua vez, levado entre um gole outro de bebida, deveria ser arrastado para algum local discreto. Na realidade, nem precisava consumar o ato, mas, fazer com que ele chegasse o mais próximo possível de perder o controle, simulando assim não um estupro propriamente dito, mas um deslize.
A mãe já coautora contribuía:

- Essas coisas acontecem dia e noite. Não seria incomum ele perder o controle e tentar agarrá-la. Muito menos seria ela ceder, como de fato já aconteceu sabe Deus com quem.


A verdade é Clarice já erguida perto da mesa onde se dava o estratagema recusava-se a acreditar. Olhava para mãe e irmãs sem reconhecê-las em suas personalidades. O encanto se desfizera com a notícia de sua gravidez por todas as partes naquela família. Não só ela se revelara uma inconsequente e pecaminosa, mas na mesma oportunidade, e quase tão rápido quanto, mostrou-se o número de sepulcros caiados com quem convivia. 

A irmã, capaz de comprometer a vida de um rapaz cujo qual só lhe direcionara respeito, educação, atenção em todas as oportunidades. A mãe mostrou-se um misto de tudo que ela mais desprezava. Falsidade, oportunismo, tudo em prol de uma boa aparência perante os outros, Quis chorar mas dessa vez a raiva quem lhe tolheu as lágrimas. 

Dias depois estava ela, a mãe e as irmãs na festa. Dona Roberta as recebia prontamente junto com a filha Bianca, já de fitas nos cabelos e os pés imundos de barro. Jamais saberia que a festa de sua filha não passava para aquela família simpática e sorridente de um mero alçapão para casamento.


- Clarice, já o vi atrás das barracas lá atrás. É certo que ele também nos viu. Você já sabe o que fazer. Tire-o da vista de todos, dois ou três copos de cerveja e pronto. Ele vai esquentar feito brasa, - e repetia com a mãe fechada em uma figa - feito brasa!

- Não vou fazer isso Armínia. Eu não consigo. Eu não quero.

A mãe beliscando-a pelas costas tremendo-se toda fala:

- Ninguém está nessa festa idiota por quê quer sua vagabunda. Nós só estamos aqui por sua causa, e para lhe fazer o favor de não deixar que saibam quem você realmente é. Ninguém aqui está lhe pedindo nada. Você vai fazer o que eu mando, se não eu arranco esse moleque de sua barriga com as unhas.
Sentiu latejar os músculos das costas costas calada. Os olhos fizeram-se em brasa no mesmo momento, mais ainda do alto da dignidade que lhe restava concordou. Rapidamente saiu e acenou para o casto. Joãozinho apareceu sorrindo e com um terço minúsculo entre as mãos. Saíram de perto de todos, conversaram alegremente.

De longe via-se Clarice colocar os dedos no nariz do rapaz. Este, por sua vez gargalhava indiferente para o mundo. Parecia mentira que em uma tarde daquelas a felicidade apresentar-se-ia para ele assim, facilmente, ao seu alcance como uma fruta pronta para ser colhida.

Em seu vestido de renda, caminhava com ele por toda a casa e jardim. Em cada canto, quando não vistos, bebiam alguns goles de cerveja preta. Ela, ainda trêmula de ira com plano que se fez sobre sua vida, onde de protagonista de uma história passou a ser um pião em tabuleiro, passou a odiá-lo a cada riso. A cada toque que ele tentava parecer acidental, mais o nojo daquilo tudo exalava. Pela janela dava para contemplar a satisfação que suas irmãs assistam ao teatro que ela representava.
De súbito o carregou para o fundo da casa onde não havia ninguém. O beijou sofregamente. As mãos de Joãozinho trêmulas teimavam com a tentativa de parecer seguro, de ser homem, de mostrar-se merecedor daquilo que tinha em mãos. Tudo inútil, tudo disfarce. Ela também era uma mentira de homem. Sem que ele visse, ela observou as ferramentas grudadas em um quadro de madeira atrás dele. Uma ideia estranha pousa-lhe a mente.

A mão de veludo pousa sobre uma chave de fenda. João, no delírio da própria carne não sentiu o primeiro golpe. Sente algo frio escorrer pelo pescoço quando olha de repente. O segundo entra em cheio peço pescoço e o terceiro no peito. Assim foram mais cinco por todo o corpo. Clarice se afasta para observar sua obra. O sangue se esvai abafado pelo barulho da festa escorrendo pela grama rala. Eram cinco da tarde e o tempo parecia ter parado. Parecia que em sua mente se repetira todos os fins de tarde que já vivera. O tempo se cristaliza as cinco da tarde. 
Antes que alguém visse levanta o arame e some atrás da casa vizinha. A contorna e ganha a rua. Não dera nem cem passos e ouvira os primeiros gritos. A festa em pânico com o casto nos braços, mas já era tarde. Joãozinho nunca estivera tão no diminutivo quanto agora. Clarice estava livre. Seria mãe de um menino chamado Armando.


Antonio Sávio. 2015.

domingo, 24 de maio de 2015

ONDE FICA A PAZ? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Onde se encontra a razão?

A minha, a tua, a dele? A razão como aquele dom da verdade. Da justiça. No modo cearense de dizer: ele tinha razão.

E vou falar do lugar onde moro há quarenta anos. No Rio de Janeiro. Jardim Botânico, cercado de belíssimos e qualificados equipamentos urbanos: o próprio Jardim, o Parque Lages, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Jóquei Clube, a Hípica, hospitais públicos e um seguro modo de viver.

Aí dou um salto e vou àquele samba do Nélson Cavaquinho: “não sei quantas vezes, subi o morro cantando, sempre o sol me queimando e assim vou me acabando”.

Sim. Para pautar a razão: escrevo pensando no médico esfaqueado e morto enquanto fazia ciclismo na Lagoa, no caminho pelo qual sempre passo. E para ajustar mais o campo: sou Flamengo e tenho uma nêga chamada Tereza.

Mas voltando ao morro. Quantas vezes terminei a minha função de médico da comunidade da Favela do Escondidinho, no Rio Comprido, descia o morro para continuar subindo pelo túnel da Rua Alice e, então, descer uma escadaria imensa (o povo subia fazendo zig-zag nos batentes para melhor respirar) até a Avenida Laranjeira, pegar o ônibus, atravessar o túnel Rebouças e chegar à Lagoa e daí a pouco em casa (apartamento).

Eu vivia em dois mundos. Pertencia aos dois. E foi tão imenso este viver para a cultura carioca, partida, onde rico não sobe o morro, mas o pobre presta serviço em suas casas, que me tornei manchete de jornal, editorial de primeira página no famigerado O Globo e até entrevistado fui no Jornal Nacional para falar o óbvio, que o povo precisava da segurança urbana (emprego, educação, saneamento básico, transporte e lazer).

E era este o clima como a moçada costuma falar. O povo do morro vivia em insegurança, inclusive da violência interpessoal. Cheguei a tirar bala de jovens que viveram pouco. Atender punguista todo cortado de gilete por tentar roubar travestis na Praça Tiradentes.

Nos anos seguintes, o tráfico de drogas empregou muitos jovens, mas trazia a marca maldita da criminalização e com isso a formação de grupos armados, que levaram a guerra para o coração do povo.

Esperem um pouco, ao recordar aqueles atendimentos médicos não generalizo. Era a exceção. O meu grande trabalho era com gente honesta em igualdade de valor que meus vizinhos do “asfalto” (acho que até mais, pois no limite sabem o papel da solidariedade).

Aliás. Posso afirmar que mais honestos. Pois, por estes dias no Jardim Botânico e Lagoa o barulho dos batedores de panela foi ensurdecedor em protestos contra o PT, governo Dilma, Lula e tudo que representa esta linha que afinal me coloquei: entre dois mundos que os bem-sucedidos teimam em manter separados.

Portanto, não acredito uma patavina furada na manifestação em solidariedade ao médico morto. Falando em paz para todos. E não apenas para a Zona Sul, enquanto pedem mais policiamento e que as linhas de ônibus dos seus empregados não parem mais na região. E eles sabem que não podem cercar ainda mais seus condomínios.

Como sempre, o discurso da paz é furado. Enquanto batem panelas, querem mesmo é usar o trabalho de prestadores de serviços, porteiros, vigias, empregadas domésticas e babás vestidas de branco, mas têm medo de seus filhos e netos.


Querem o todo, mas apartam o seu querer.

sábado, 23 de maio de 2015

pra adormecer...


Relendo" Paracuru ", lembrei dessa minha postagem , em 2008

Retrato Falado - Por socorro moreira




Estou no quarto elemento
Já me senti rocha
Já fui mar...
Já fui derrubada pelo vento
e agora me queimo, nos meus
vinte e cinco por cento
(Porque todo sentimento
é vitalizado pelo sol!)
Agora sei porque não escrevo
porque as palavras
nem escorregam , nem chegam
Sei também porque não fotografo
Quem escreve
encontra a luz no diálogo
Agora já sei
que não preciso chegar
Depois de um retrato falado ,
Toda luz do mundo ,
chegou aqui , vai parar !
Sei também
que não preciso voltar
Nada deixei por lá
Fui abduzida...
Simplesmente , seduzida !
Percorro meu sonho de entendimento
numa " bicicleta" da cor do vento
e nas miragens do tempo ,
entro e saio ,
sem que me achem !
Meu inconsciente tomou a frente
Minha vida é cristal
dissolvido pelas águas
Os ventos me penetram
com toda suavidade ...
Já não temo a tempestade
nem o mar da ansiedade.
Tudo já foi sem ter sido
Tudo
nunca deixou de ser
porque é !
" O sono do silêncio.
Sem sonho , deixou de ser ".
Agora é quase fim de tarde ...
ainda tenho duas madrugadas
pra ler você .
Nem sei
se és da terra ou das águas
Se dos ares ... ,
ou o fogo te faz criar
Acho que és a grande síntese
de tudo que no mundo há !
Uns são espelhos ...
Outros
fragmentos de nós mesmos ...
E o amor ,
precisa ser inteiro ,
no banquete elemental
de toda natureza !
É "bonzim" ...
um baião com feijão verde
temperado com queijo
manteiga da terra ,
manteiga do reino !?
Um pargo ao termidor
com camadas de bananas
desperta instintos e fome
cria o vazio no estômago
Sabores do mar
sabores da vida
Quero aquela janela
e o teu " olhar panorâmico "
Não quero a posse
sequer do nada
não quero a posse...
Salve , a liberdade !

E OS VENDILHÕES DO TEMPLO DOMINARAM A TERRA - José do Vale Pinheiro Feitosa

O grande fenômeno dos BRIC´s, entre as particularidades nacionais, étnicas, culturais, sociais e econômicas, é essencialmente parte do denominado Capitalismo Desenfreado pelo economista indiano Prabhat Patnaik. O capitalismo, para este economista, não teria mais restrições sociais e políticas como a da aristocracia, do operariado em formação e dos capitais nacionais.

A superação destas restrições acontece com a Globalização Financeira que, praticamente, superou os contrários pela natureza universal atingida. Assim este capitalismo global tem suas características imanentes agora expressas numa “liberdade” sem freios. E esta liberdade destrói formas humanas de viver antiguíssimas substituindo-as pelos seus parâmetros capitalistas de ser.

E o economista identifica algumas de tais características do capitalismo desenfreado: mercantilização numa escala nunca vista (saúde, educação, cultura, religião, vida pública etc.); destruição implacável da pequena produção (produções tradicionais, populares, pequenas empresas, riquezas nacionais, etc.); enorme aumento da desigualdade econômica (não só em riqueza, mas também em rendimento); aumento da fome mundial (tendência à super-produção sem consumidores) e agressão às formas democráticas de sociedade (financiamento de movimentos fascistas, financiamento privado das eleições, etc.).

A se considerar o que foi resumido do pensamento do economista indiano, nestes dias uma publicação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE – formada por 34 países que aceitam os princípios da democracia representativa e a economia de livre mercado ou seja Europa, América do Norte, Austrália, Japão, incluindo os países liberais da América Latina como México e Chile) a respeito do consumo de álcool nestes países.

A pesquisa é relevante porque revela o ambiente psicológico, social e cultural do que seria considerado a “ponta de lança” do “capitalismo desenfreado”. Estes países se conformam como o mais avançado modelo do capitalismo contemporâneo, em outras palavras. E o que temos na pesquisa.

Nestes países o consumo de álcool é cerca de duas vezes a média mundial. Do ponto de vista per capita, em média, nestes países, se consome 9,1 litros por ano. E mais ainda, se verifica que o consumo atinge segmentos específicos destas sociedades, quando o maior consumo se concentra em apenas 20% da população.

A se considerar como espelho da sociedade capitalista desenfreada, extrai-se um componente da educação mercantilizada o fato (talvez não superável apenas pela educação) de que o consumo de álcool tende a se concentrar nas elites bem-sucedidas ao mesmo tempo que o consumo perigoso atinge a base da pirâmide econômica. As pessoas com mais educação e maior nível econômico tendem a beber mais. No entanto os mais pobres tendem a maior risco de consumo perigoso.

Isso significaria um desarranjo endógeno das sociedades capitalistas de ponta, onde os custos decorrente do consumo perigoso do álcool impacta 1% do PIB dos países de alta e média renda; em todo mundo é a quinta causa de mortes prematuras, responde por 1 e cada 17 mortes, deficiências especialmente em homens, repercute em mais de 200 tipos de agressões à saúde e tem repercussão sobre terceiros como causa de acidentes de trânsito, violência e afetando a gestação de crianças e o seu futuro social.     

O relatório da OCDE trouxe um fato positivo uma queda pequena na média do consumo de álcool, mas quando se observam os números por dentro, na verdade houve um agravamento social no consumo. Nestes últimos anos houve um deslocamento do consumo de álcool para jovens e mulheres, ambos grupos muito mais vulneráveis. Aí neste grupo os efeitos sociais são imediatos (trânsito, violência, doenças crônicas etc.) e afetam mais o futuro das pessoas (ou seja, novas gerações mais enfraquecidas).

Nos últimos anos a percentagem de crianças de 15 anos que já faz uso de álcool passou de 66% para 70% e a percentagem destes jovens que se embriagam já de 43% para meninos e 41% para meninas. Deste modo é que o capitalismo desenfreado (bebida alcoólica é um bem de consumo muito bem divulgado no marketing de venda) firma o seu modo “desenfreado” de ser.   

Agora considerem o seguinte: se agrotóxicos é do interesse dos produtores, se as sementes geneticamente modificadas são do interesse da Monsanto, se a exploração de petróleo, em larga escala, alavanca corporações, se o desmatamento se transforma em pastagem e esta em carne, se os pesqueiros nos mares pertencem à exploração desenfreada, por que o álcool e as substâncias psicoativas não absorveriam o interesse capitalista?

Não nos enganemos: a chamada guerra do tráfico de drogas é um mero jogo “mafioso” (bem no estilo americano) de troca e distribuição desta mercadoria. As máfias não estão fora do capitalismo, elas são instituições imanentes a ele. Por isso o ex-Presidente Mujica do Uruguai entendeu a lógica e a transformou num jogo aberto (tentando controla-lo pelo Estado).


Enfim: a tese do Prabhat Patnaik é de que não existem formas de amenizar os efeitos imanentes do capitalismo. A única forma é a sua superação. E isso as novas gerações vão ter que pensar uma vez ultrapassados os efeitos negativos do fim das experiências que tentaram superá-lo, especialmente na União Soviética e na China. 

terça-feira, 19 de maio de 2015

Compreensão-por socorro moreira

Desfragmentando  medos,
culpas,paixões...
A resultante em transcendência
É amor!

Não existem diferenças,
nem preferências...
Cada um é único,
e  todos são unidade!

A propriedade de encantamento,
por alguns,permanece!

Será esse o caminho da ressurreição
e do reencontro?


Interessante,necessária,indispensável- a leitura do livro de José Almino Pinheiro!


"MAR DE ALMIRANTE" - José Nilton Mariano Saraiva

Assim como o “céu de brigadeiro” caracteriza aquele estágio do voo em que o avião prescinde literalmente do comando humano-manual face à tranquilidade na rota seguida (ausência de pesadas nuvens ou turbulências), o “mar de almirante” é sinalizador que o oceano não oferece qualquer dificuldade (ondas, tempestades, etc) aos navios que por ele singram.

A reflexão é só para lembrar que após o insano, desonesto e intenso “bombardeio-depreciativo” patrocinado pela “tucanalhada” e certo segmento da mídia tupiniquim (com repercussão na mídia internacional), com o objetivo precípuo de pô-la a nocaute (a fim de facilitar sua entrega à “gringalhada”), a PETROBRAS continua brasileiríssima e ninguém vai meter a mão no nosso pre-sal.
Para tanto, bastaram algumas medidas básicas: 
01) enxotar de lá, vapt-vupt, os “ladrões-engravatados” oriundos da era FHC (e quem tiver alguma dúvida é só ouvir o vídeo do presidente do grupo Setal, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, uma das empresas abastecedoras do propinoduto), onde afirma detalhadamente que desde 1997 o tal esquema-mafioso vigia na Petrobras; 
02) a decisão da presidenta Dilma Rousseff de “peitar”, contra tudo e contra todos, o tal “mercado”, colocando no comando da nossa maior empresa não um representante do dito-cujo (que certamente trataria de entregar a Petrobras a preço de banana em fim de feira à banca internacional), mas, sim, um “bancariozinho” entendedor de finanças, oriundo dessa outra empresa que muito nos orgulha, o Banco do Brasil; 
03) no mais, ao contrapor o anunciado em Nova York por Fernando Henrique Cardoso, segundo o qual "esses malfeitos vêm de outro governo, isso deve ficar bem claro; vêm do governo Lula; começou aí", o jornalista Jânio de Freitas complementa: Se é para "ficar bem claro", vêm de outro governo, sim. Como disse Pedro Barusco em sua delação premiada e na Câmara, "começou em 1997" na Petrobras do governo Fernando Henrique. Ou o que é dito em delação premiada vale só contra adversários de Fernando Henrique?
Claro que, como o estrago foi de proporções amazônicas, a recuperação completa dar-se-á paulatinamente, num médio prazo; mas a sinalização, que depois de saneada a empresa corre nos trilhos, que a tormenta foi superada com galhardia, pode ser constatada com a divulgação do balanço (auditado) do primeiro trimestre/2015, que apresenta um lucro líquido de expressivos R$ 5.300.000.000,00 (cinco bilhões e trezentos milhões de reais), quando os abusados “especialistas” previam algo em torno de R$ 2,5 bilhões.

No mais, há que se atentar que apesar de toda a abjeta campanha encetada, a PETROBRAS foi a empresa do ramo petrolífero que mais cresceu no mundo, ano passado, superando portentos como a Shell, Chevron, Total e demais. 

  

Saudando um novo dia...


segunda-feira, 18 de maio de 2015

(in)delicadeza

por Vera Barbosa




E foi assim...
Pousaste.

Quando notei, era tarde.

Quando me vi, tinhas ido.

Partiste.

Sem perceber, sem sentido.
- porque sempre foste a primavera em minha vida -
(clique e ouça Canto triste - Edu Lobo)

domingo, 17 de maio de 2015

Escutem...




Porque aquele órgão encantador mais embriagava a dose de Cuba Libre. Entretanto tuas emanações inebriantes a todas as minhas fibras tremiam na angústia da urgência. Aquele momento único não podia se perder.

E teu silêncio denso, como a mais dura rocha, deixava aquele momento grave como o irrealizado que é renúncia. O pingo de perfume na ponta de tua orelha, a fornalha que molda uma vontade no malho do ferreiro.

E aquele órgão se desdobrava em canção. Numa língua que eu não traduzia, mas compreendia. O fervor do teu corpo era o enigma em decifração.  Jogava-me um feito único e toda a iniciativa a mim cabia.

Na timidez ameaçada por um escândalo no salão. Um tapa na cara que move todas as humilhações do mundo. E a tua rocha de silêncio era um lajedo quente no pleno do meio dia.

E os dedos do organista ocupando todo os teclados implodiu o silêncio. Nada mais se escutava, apenas nossos corpos quentes ligados por um cabo rijo e um anteparo que promete o encaixe.

Mas nada havia entre nós. Uma fusão organista, uma concentração no mesmo ponto de fusão. Um momento que não diz nada, mas revela todo o universo. Eis o salto qualitativo do momento de urgência da timidez e do sólido silêncio de espera.

A iniciativa fora disparada. Um pleno orgástico ao som do órgão de A Whiter Sade of Pale.




Co-autores: Gary Brooker e Keit Reid, do grupo Procol Harum. O arranjo de órgão é de Mathew Fisher. Reid numa festa ouviu um rapaz falando para uma moça: você se tornou a mais branca máscara pálida. Uma exótica letra que traduz toda a leitura da educação inglesa do letrista. Parece, no estilo rock progressivo, traduzir a  sedução a dois embriagados, que termina numa relação sexual

A canção e o arranjo são derivados do Bach e isso traduz bem a erudição e a tecnicidade dos músicos do rock progressivo. O órgão introduz, reaparece ao final de cada estrofe e varia durante toda a canção.
No disco apenas estas duas primeiras estrofes foram cantadas. As demais apareceram em DVD e performances do Grupo de Rock inglês Procol Harum.


A mais branca máscara pálida

Nós girávamos a luz do fandango,
Carroça tombada cruzando o piso,
Eu me sentia um tanto enjoado,
Mas a desordem gritou por mais,
O quarto zumbia forte,
E o teto flutuou além,
Quando chamado para mais uma dose,
E o garçom trouxe uma bandeja.

E foi então, que mais tarde,
Como o moleiro disse em seu conto,
A face dela a princípio fantasmagórica,
Virou uma a mais branca máscara pálida.

Não há nenhuma razão, disse ela,
E a verdade é simples de ver,
Mas eu misturava meu jogo de cartas
E não a deixaria ser,
Uma das dezesseis virgens vestais
Que saiam para a costa do litoral,
Embora de olhos plenamente abertos,
Eles estariam sendo bem fechados.

Se a música for o alimento do amor,
Então o riso é a sua rainha,
Da mesma forma se atrás é a frente,
Então a sujeira é o limpo,
Minha boca igual a um cartão,
Parecia deslizar em linha reta ao meu coração
Então submergimos rapidamente,

E atacamos o leito do oceano.

UM DESERTO A SER DECIFRADO - José do Vale Pinheiro Feitosa

E foi por carregar uma criança de colo que caminharam longe pelo deserto. Montados num jumento iam porque o assassinato dos diferentes era a regra do governante.

Balançando no andar do muar, seguia aquele que explicitou que todos somos iguais. Ao invés de uma coisa ou animal de trabalho, somos humanos, pertencemos à mesma família, derivada de igual natalidade.

E aquele que seguia no deserto árido sabia que esta terra estava lá como potência de fertilidade. Sabia que gosmas que se amoldam aos contornos sólidos, lhes daria o beijo da traição.

Mas a questão não se encontra na gosma, nem nas rochas onde se ergue a avareza que tudo deseja apenas para si. A questão se encontra na humanidade traduzida em pessoas humanas que brilham num determinado natal com todo o deserto à frente, pronto para se revelar um potencial fértil.

Mas há que somos iguais e tantos se corrompem na ilusão da superioridade onde tudo que imaginam é um mérito a explorar os outros em diferenças. Há aqueles que decoram sua história com frases da mensagem e sob essa decoração luminosa, tentam ludibriar os demais com merecimentos que dividem, discriminam.

Dois mil anos após, o deserto continua lá pronto para ser entendido. Os chacais ainda o ronda em busca de corpos vivos. Os traficantes do trabalho, em orações de maldita fé, continuam fazendo escravos. Os execráveis continuam com suas vestes ornamentais a pregar anátemas aos demais, condenando-os só para arrancar-lhes o alimento que faz humanos às suas vítimas.

O deserto é para ser atravessado, pois é nele que o relevado se encontra. Ali onde os pilares das instituições nunca se ergueram, onde as bibliotecas da avidez medieval e burguesa nunca foram impressas.

No deserto viverá suando junto ao suor dos demais. Sombras para conservar os escusos que operam a ilusão do progresso não há. Assim como não há a divisão da terra, os livros da mais avalia que acumula, os bytes que fogem com a riqueza coletiva para entocá-las nas ruínas do livre mercado.

O deserto, dois mil anos após, diz tudo ao contrário destes alicerces eclesiais sobre os quais se ergue a acumulação que desfaz a pessoa humana.


A pessoa humana, nós que somos iguais em natalidade.


Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho,
e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor à procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa, amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.
Drummond

P.S Obrigada, amigo Jackson.Drummond é demais!

sexta-feira, 15 de maio de 2015

NADA ALÉM - José do Vale Pinheiro Feitosa




Um em Laranjeiras, outro na Lapa e o terceiro no Engenho de Dentro. Três cariocas de origens sociais diferentes. Nasceram em anos próximos e viveram o mundo desta civilização como ela é: necessária e ilusória.

E por primazia a necessidade se põe à frente das ilusões que reconhecemos vãs. Porém quando se procura as coisas primeiras que são as essenciais, imprescindíveis, indispensáveis ao final e ao cabo há um vazio preenchido pela ilusão.

E ficamos em frente a écrans luminosos estimulados por quimeras e devaneios. Uma maçã envenenada de doses sub-letais que me faz matar por um mero objeto e me faz morrer pelo correr para pegar o bólido da fugacidade.


Por isso o amor, mesmo reconhecido como uma grande ilusão me faz querer a ilusão. Afinal Custódio Mesquita e Mário Lago, bem posicionados socialmente, deram à voz de Orlando silva esta frase magistral: “Eu não quero e não peço, para o meu coração, nada além de uma linda ilusão”.  

"APROPRIAÇÃO INDÉBITA" - José Nilton Mariano Saraiva


Com o título “Apropriação Indébita”, eis artigo do economista José Nilton Mariano Saraiva. Ele critica decisão da Prefeitura de Fortaleza que, na reforma feita no Parque Parreão I, situado no bairro de Fátima, deu sumiço na placa que registrava o local como obra do prefeito falecido Juraci Magalhães. Confira:
“Nas administrações Juraci Magalhães e Antônio Cambraia a cidade de Fortaleza experimentou um surto de desenvolvimento inquestionável; e para corroborar isso, à época a muito bem bolada propaganda oficial anunciava que para se constatar o progresso vigente na cidade bastava “abrir a janela”; lá estavam viadutos, parques, novas ruas, praças, etc.
Uma dessas obras e de grande utilidade foi o Parque Parreão I, localizado no Bairro de Fátima (vizinho à Rodoviária, entre as avenidas Borges de Melo e Eduardo Girão), porquanto um local destinado a pratica de caminhadas, atividades físicas, reencontro de amigos e por aí vai; enfim, um agradável e aprazível local sócio-recreativo-esportivo para onde acorriam os moradores de diversos bairros, principalmente nas manhãs e finais do dia.
Compreensivelmente, a fim de registrar para a posteridade sua marca, a administração de então fincou numa das laterais do parque um modesto pedestal encimado por uma placa onde registrado estavam os nomes do prefeito e secretário responsável (Juraci/Cambraia), data da inauguração (03 de Setembro de 1993) e outras informações básicas.
De lá para cá, entretanto, o Parque Parreão I, por descaso e falta de manutenção, enfrentou um desgastante e corrosivo processo de degradação, com o consequente afastamento daqueles que o frequentavam, tendo em vista a “invasão da área” por parte de desocupados e marginais de alta periculosidade.
Eis que, na atual administração da cidade, houve a “recuperação” do Parque Parreão I, só que com um detalhe ESTARRECEDOR e de uma DESONESTIDADE a toda prova: mantido o pedestal original, a placa com os nomes de Juraci Magalhães e Antônio Cambraia foi substituída por uma outra onde os frequentadores tomam conhecimento que o Parque Parreão I foi “INAUGURADO” em 16.setembro.2014, na administração do prefeito Roberto Cláudio Rodrigues Bezerra, tendo como secretário da prefeitura um tal Samuel Antônio Silva Dias e chefe da regional IV o senhor Francisco Airton Morais Mourão.
Além do desrespeito patente a um dos maiores prefeitos de Fortaleza (já falecido), tal atitude simboliza uma irresponsável e abusada tentativa de APROPRIAÇÃO INDÉBITA, porquanto os fortalezenses que usam o Parque Parreão I (já há décadas) sabem que o próprio foi idealizado e inaugurado pela dupla Juraci Magalhães/Antônio Cambraia (no dia 03 de Setembro de 1993, é necessário que se repita).
Conclusão: como do jeito que está temos configurada uma situação ilegal, imoral e amoral, ou verdadeira excrescência, se restar uma nesga de honestidade ao atual prefeito da cidade a placa original (com os dados corretos) será reposta e, ao seu lado, aí sim, um outro pedestal e uma outra placa informarão da REINAUGURAÇÃO (e não “INAUGURAÇÃO”) do Parque Parreão I, na atual administração.
É o mínimo que se pode esperar de pessoas com um átimo de sensatez e clarividência”.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Elton John - José do Vale Pinheiro Feitosa


GUERRA - PORQUE TE QUERO MORTE! - José do Vale Pinheiro Feitosa

Atrasado. Reconheço. Refiro-me às comemorações pelos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Seus mitos, mentiras e verdades.

Os mitos. O mito da Alemanha Nazista invencível. Surpreendente, vingativa e dominadora. O mito que a ferocidade com uma boa base de tecnologia, organização e disciplina vence a ordem o do mundo. Um mito vencedor.

O mito dos Deuses Caídos. Derrotados. Até o roer os ossos que deuses não deveriam ter. A enorme derrota da Alemanha Nazista e da Itália Fascista. Onde Hitler (o covarde supremo) suicidou-se logo após estimular seus soldados morrerem lutando. Onde Mussolini foi preso e morto tentando fugir para a Suíça.

Mentiras sob os raios luminosos de feiticeiros do cinema. Onde os EUA, Inglaterra e França se tornam OS ALIADOS e sozinhos vencem a guerra. Mentiras para esconder vergonhas do amor a Hitler.

Onde nos EUA Chaplin foi perseguido por ridicularizar o líder nazista. Onde os chanceleres Ingleses e Franceses operaram francamente para jogar Hitler para cima da União Soviética. E vergonhosamente cederam os sudetos num no acordo de Munique.

Onde os EUA, a Inglaterra e outros aliados atacaram os alemães na África, mas não na Europa e deixaram a União Soviética lutar sozinha até quase chegar às fronteiras da Alemanha ao mesmo tempo que ocupava todo o Leste Europeu. Onde já com a Alemanha quase batida em seu próprio território finalmente chegaram as cenas da Normandia cuja gloria é cantada em filmes e no resgate do Soldado Ryan que presta loas a uma família de vítimas da guerra.

Mas não falam de 20 a 27 milhões de russos mortos na guerra. Enquanto na Alemanha morreram 8 milhões, onde ingleses morreram menos, franceses numa divisão de cooperação à Alemanha e guerra no final. Onde italianos, brasileiros, holandeses e tantos morreram.

Onde os EUA fizeram enorme economia de vida e materiais para no final, no campo esgotado da guerra, levar o botim e consolidar-se como um Império diferente de todos os outros. Todos os demais eram saqueadores, mas também civilizadores. Os EUA não têm contribuição original nenhuma, com frequência até aprendem, mas saqueiam até a medula.



A verdade se encontra nas imagens tiradas em 2 de maio de 1945 pelos russos na Berlim arrasada, quando empunharam a bandeira Soviética no alto do prédio do Reichstag. Verdade porque brotada do maior sentimento de vitória sobre o povo que tanto lhes fizera sofrer e morrer.

Verdade porque mostra a miséria da guerra. Quando se examina o ato heroico dos soviéticos no cimo do prédio semidestruído embaixo é tudo terra arrasada. Fumaça. Lama. Morte. Soldados se matando. O povo perdido em ruas que não são mais cidades, sem linhas de abastecimento e sem redes de proteção.


A guerra é isso: mitos, mentiras e verdades.   

Uma seresta...


"
"...Onde o til das sobrancelhas é o til da palavra não.."

Ceará tem disso, sim!


Pra arrepiar...


segunda-feira, 11 de maio de 2015

QUEM CHORARÁ COM ELE? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Com os olhos marejados, nariz vermelho, a face de sofrimento um jovem, aqui em Paracuru, levantava uma questão central para o futuro do país. Uma questão que machuca mais do que nunca pois praticamente exonera o compromisso social com a demanda da família do rapaz.

A sogra, em franca insuficiência cardíaca, precisava de urgente troca de uma das válvulas do coração. Antes que imagine tudo de ruim, mire-se na explicação mais adiante. Ela demandava o direito dela à saúde dentro do Sistema Único de Saúde, de acesso universal, gratuito, igualitário e com participação social.

Depois de um périplo de empurra-empurra, incompatível com o conceito de sistema, era jogada de um lugar para outro que não resolvia e nem encaminhava a solução. Finalmente chegou a um hospital conveniado com o SUS na capital cearense.

Para espanto familiar, não havia quem recepcionasse a paciente, ninguém chamava um profissional e, finalmente, uma supervisora por pressão familiar descobriu que no andar dos médicos, nenhum sinal deles havia. E mais ainda, quando alguém apareceu não cuidou de encaminhar o caso. Simplesmente enrolou a família no seu desespero.

Como se tratava de gente com prestígio social e político um amigo foi acionado, telefonou para o “colega” no hospital que então partiu para a ação que até então enrolara.

Continue comigo.

Uma das figuras mais populares de Paracuru, aposentado como diretor da Universidade Federal, grande músico, detentor de enorme poder de comunicação tem igual problema numa válvula cardíaca. Aí pelos, também credenciados, Planos de Saúde.

O que aconteceu?

Um caso de estenose foi diagnostico há cinco anos e o médico simplesmente não operou e deixou o estreitamente evoluir até um estágio extremamente perigoso, com grande possibilidade de morte súbita. Em seguida não atendeu mais ao paciente, a secretária passou a avisar que ele estava em formação no exterior.

Na última revisão de imagem da lesão da válvula, ele ouviu o tal doutor trabalhando normalmente. Quando foi a um cirurgião mais consciente, este ficou perplexo com a atitude do “colega”. Francamente explicou que o plano paga pouco pelo procedimento e o cara havia fugido do problema. Mas no extremo da covardia e o espírito de ave de rapina jamais deixou claro para o paciente que procurasse outro profissional. Simplesmente deixou que ele evoluísse até o risco de morte.

 Fique mais um pouco.

O sogro do rapaz que, então, revelou todo o desespero do seu choro, aconteceu aqui mesmo em Paracuru. Um cirurgião que serve à cidade simplesmente adiou a extração de um câncer de pele (o tipo mais agressivo o espino-celular) para quarenta dias. E não adiantou o pedido de outro colega, pai do rapaz.

Qual, então, o denominador comum das três histórias. O SUS e Planos de Saúde foram tomados por um conjunto de abutres que no limite só pensa em negócio. Em ganhar rios de dinheiro numa fragmentação de procedimentos que reduzem a efetividade de qualquer tratamento e aumenta os danos à saúde.

Enfim, o modelo liberal e capitalista de exercício da medicina tem se mostrado perverso, tolhendo a liberdade, a segurança e o futuro da humanidade. Ou nos voltamos aos fundamentos do Controle Social verdadeiro, não chapa branca, que bebe suas lutas nas demandas da sociedade e que jamais se torna um capacho a serviço de prefeitos e vereadores, ou este modelo só produz choro e desespero.

Não precisamos entrar numa caça às bruxas e nem no andar meramente punitivo, mas precisamos antes de tudo colocar o interesse de todos à frente da exploração comercial da saúde pública. Não se trata apenas de desonestos profissionais de saúde, mas de um modelo que os estimula a isso. Já vimos isso no tempo do INAMPS e estamos novamente na linha deste comportamento.


Talvez não explique tudo, mas parte da revolta desses profissionais com o mais Médico venha desta antiética prática do negócio com a doença. Negócio que se alimenta nos doentes reduz a efetiva do tratamento e causa mais danos à saúde de mortalidade por causas evitáveis. 

domingo, 10 de maio de 2015

LIBERDADE ÀS MÃES - José do Vale Pinheiro Feitosa



Mãe toda vez que busco tua definição, apesar da maternidade que sou eu, encontro na raiz a mulher que me abriu a luz deste mundo. Mesmo matéria da fusão com a matriz linguística pater, sei que matriz é a mesma coisa que se manifesta em ti.

Tu mulher. Mesmo que minha voz seja feminina é a tua condição de gênero, nesta divisão do trabalho, da renda, dos bens, do acesso aos parâmetros desta civilização, que posso dizer: eis aí uma civilização desgraçada. Aquela que discrimina a ti, mulher.

E não adiante toda esta ternura, por um dia apenas, se do meu amor não surgir uma forte ação permanente para superar o rebaixamento das mulheres em relação aos homens. É disso que falamos no dia das mães. Da condição relativamente discriminada.

E quando canto o amor por ti mãe, preciso ouvir o acompanhamento da melodia, entender os ruídos que a cercam. De outro modo o encanto musical me aliena da tua condição. A tua condição de mulher.

O que do teu corpo fazem como mercadoria de consumo erótico. Como suporte para o fetiche de roupas, joias, cremes e produtos gourmet. Do teu útero que alugam para fazer crescer os delírios genético das classes endinheiradas.

Tu mulher, quanto mais pobre, mais discriminada, usada e descartada. Vítima de abusos. Atacada por uma moral que dizem religiosa e que parecem retornar às pedras lançadas sobre o corpo frágil de Madalena.

E por ti, mãe, que medra até mesmo nas pedras, eu sei que tudo isso nada tem a ver com qualquer fragilidade inerente. Jamais, em momento algum, tive o menor indício de que esta discriminação tenha a ver contigo. Por um mínimo traço que seja do teu ser de mulher a justificar o que esta civilização desgraçada faz de ti.


E sei, mãe, é da tua coragem que a revolução onde se diz igualdade às mulheres nascerá. Da tua luta. Da tua denúncia. Da tua liberdade. Onde nenhum padrão de consumo, de negócio ou moral patriarcal irá tracejar o teu destino.    

sábado, 9 de maio de 2015

Belíssimo texto




As Profissões de Minha Mãe
Minha mãe foi, com certeza, a mulher que mais profissões exerceu em toda sua longa vida, sem ter sequer concluído o curso fundamental.
Tudo que ela aprendeu foi nas primeiras quatro séries que cursou, quando criança. Contudo, era de uma sabedoria sem par.
Descobri que minha mãe era uma decoradora de grandes qualidades, à medida que eu crescia e observava que ela sempre tinha um local no melhor móvel da casa, para as pequenas coisas que fazíamos na escola, meu irmão e eu.
Em nossa casa, nunca faltou espaço para colocar os quadrinhos, os desenhos, os nossos ensaios de escultura em barro tosco.
Tudo, tudo ganhava um espaço privilegiado. E tudo ficava lindo, no lugar que ela colocava.
Descobri que minha mãe era uma diplomata, formada na melhor escola do mundo (nosso lar), todas as vezes que ela resolvia os pequenos conflitos entre meu irmão e eu.
Fosse a disputa pela bicicleta, pela bola, pelo último bocado de torta, de forma elegantemente diplomática ela conseguia resolver. E a solução, embora pudesse não agradar os dois, era sempre a mais viável, correta, honesta e ponderada.
Descobri que minha mãe era uma escritora de raro dom, quando eu precisava colocar no papel as ideias desencontradas de minha cabecinha infantil.
Ela me fazia dizer em voz alta as minhas ideias e depois ia me auxiliando a juntar as sílabas, compor as palavras, as frases, para que a redação saísse a contento.
Descobri que minha mãe era enfermeira, com menção honrosa, toda vez que meu irmão e eu nos machucávamos.
Ela lavava os joelhos ralados, as feridas abertas no roçar do arame farpado, no cair do muro, no estatelar-se no asfalto.
Depois, passava o produto antisséptico e sabia exatamente quando devia usar somente um pequeno band-aid, o curativo ou a faixa de gaze, o esparadrapo.
Descobri que minha mãe cursara a mais famosa Faculdade de Psicologia, quando ela conseguia, apenas com um olhar, descobrir a arte que tínhamos acabado de aprontar, o vaso que tínhamos quebrado.
E, depois, na adolescência, o namoro desatado, a frustração de um passeio que não deu certo, um desentendimento na escola.
Era uma analista perfeita. Sabia sentar-se e ouvir, ouvir e ouvir. Depois, buscava nos conduzir para um estado de espírito melhor, propondo algo que nos recompusesse o íntimo e refizesse o ânimo.
Era também pós-graduada em Teologia. Sua ciência a respeito de Deus transcendia o conteúdo de alguns livros existentes no mundo.
O seu era o ensino que nos mostrava a gota a cair da folha verde na manhã orvalhada e reconhecer no cristal puro, a presença de Deus.
Que nos apontava a fúria do temporal e dizia: Deus vela. Não se preocupem.
Que nos alertava a não arrancar as flores das campinas porque estávamos pisando no jardim de Deus. Um jardim que Ele nos cedera para nosso lazer, e que devíamos preservar.
Ah, sim. Ela era uma ecologista nata. E plantava flores e vegetais com o mesmo amor. Quando colhia as verduras para as nossas refeições, dizia: Não vamos recolher tudo. Deixemos um pouco para os passarinhos. Eles alegram o nosso dia e merecem o seu salário.
Também deixava uns morangos vermelhinhos bem à mostra no canteiro exuberante, para que eles pudessem saboreá-los.
Era sua forma de manifestar sua gratidão a Deus pelos Seus cuidados: alimentando as Suas criaturinhas.
Minha mãe, além de tudo, foi motorista particular. Não se cansava de ir e vir, várias vezes, de casa para a escola, para a biblioteca, para o dentista, para o médico, para o teatro e de volta para casa.
Também foi exímia cozinheira, arrumadeira, passadeira, babá. E tudo isto em tempo integral.
Como ela conseguia, eu não sei. Somente sei que agora ela está na Espiritualidade. E Deus, como recompensa, por tantas profissões desempenhadas na Terra, lhe deu uma missão muito, muito especial: a de anjo guardião dos filhos que ficaram na bendita escola terrena.
Redação do Momento Espírita
Autor: Momento Espíritak