por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 29 de junho de 2014

Vermelho pro "canibal uruguaio" - José Nilton Mariano Saraiva

Foi pouco, muito pouco, pouco mesmo. Apenas nove (09) jogos de suspensão de competições patrocinadas pela entidade, quatro meses na “geladeira” (banido que foi de jogar bola nesse período, e sequer poder adentrar um estádio de futebol) e mais uma multazinha irrisória (cerca de R$ 250 mil), esta a punição que a FIFA houve por bem aplicar ao “canibal” Luis Suárez, jogador de futebol da seleção uruguaia que se viciou em alimentar-se de partes do corpo dos colegas de profissão, durante as partidas de que participa (depois de “degustar” o sabor da carne de um holandês e um inglês, agora o “canibal uruguaio”, em plena Copa do Mundo, resolveu “deglutir” o pescoço de um italiano). É, pois, um tri-incidente cosmopolita.

Mas, como o futebol é pura “emoção”, porquanto desprovido de qualquer “razão”, principalmente quando o objetivo maior é o de ser campeão do mundo, depois da “palhaçada” que patrocinou na Copa do Brasil, Luis Suárez foi corretamente mandado de volta pra casa, pela FIFA, e aí se deu o inusitado: no aeroporto, centenas de torcedores à espera do “canibalzinho” para prestar-lhe “solidariedade”. Ou seja, corroboravam com o grave erro por ele cometido, transformando-o numa espécie de herói nacional. E mais inusitado ainda: entre tais torcedores, ninguém menos que o Presidente da República, que fora protestar contra tão severa punição.


Pobre do país que enaltece e cultua (pseudos) heróis, porquanto de pés-de-barro.
Para acalmar os nervos, regular os batimentos cardíacos, compensar tanto grito abafado, tantos olhos fechados e ouvidos tampados... vamos apreciar, meus queridos amigos, de alma leve e grato sentimento, a bela delicadeza do poema de Manoel de Barros.

O apanhador de desperdícios

"Uso a palavra para compor meus silêncios....
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
Sou da invencionática
Só uso a palavra para compor meus silêncios."

 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

O sedento Deus Liberdade

J. Flávio Vieira

A violência sempre esteve ligada ao poder.
                                    E a violência masculina é um exercício perverso do poder.  
Affonso Romano de Sant' Anna

                                   A Violência é uma irmã siamesa da Civilização. A história da humanidade , desde os seus primórdios, tem sido escrita  com a rubra tinta do sangue. A evolução natural da nossa espécie nunca conseguiu debelar esse mal, apenas ele foi se metamoforseando e aparecendo com outras nuances e outras máscaras. A pólvora substituiu a espada, o canhão à espingarda, o tanque de guerra ao aríete. Se se reparar direitinho,  a Violência tem seu nascedouro nas nossas mais simples relações domésticas. Por trás dela sempre existe impulsionando-a o exercício do poder : seja de pai para filho, de patrão para empregado, do rico para o pobre, do político para o eleitor, do homem para a mulher, da nação mais favorecida contra as mais lascadas. A célula mater da Violência, no entanto, brota das nossas mais simples e domésticas  relações humanas. E ela nos aproxima, mais que nada, das nossas origens animalescas, quando abandonamos o racional e agimos como um lobo na matilha.
                                   No Cariri convivemos com uma chaga secular: a Violência contra a mulher. Entre 2009 e 2011, a cada 90 minutos,  uma mulher foi morta no Brasil , no mesmo período, só no Ceará, pereceram 684 mulheres. Estes índices são assustadores. Recentemente, aqui no Cariri,  nos espantamos, novamente, com dois fatos que, de tão comuns, parecem já corriqueiros. Duas médicas foram alvo impensável desta temida violência. Semana passada, Dra. Ângela Gimbo sofreu um atentado terrível, que quase lhe ceifou a vida, por razões estranhas e que estão em processo de investigação. Dra. Ângela é  uma profissional da mais alta qualificação, infectologista radicada na região há muitos anos e que atualmente assumia, com enorme desenvoltura,  o Cargo de Diretora da Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte. Não bastasse esta notícia triste, esta semana, uma outra médica, Dra. Elizabete Bernardo, viu-se vítima de um crime passional, perpetrado por seu antigo companheiro, perdendo a vida de forma trágica e brutal. Dra. Elizabete era professora também da Faculdade de Medicina de Juazeiro e profissional capacitada e de finíssimo trato. Aparentemente, se tratam de dois crimes totalmente isolados e sem qualquer ligação um com o outro, há, no entanto, um fio condutor ligando as duas tragédias.
                                   No caso da Dra. Ângela, possivelmente, há motivos relacionados diretamente à sua atividade como dirigente de uma empresa educacional.  Administrar é ferir interesses de um lado ou do outro. Não será difícil para os investigadores fecharem o firo. O desvendamento do crime é essencial para que os caririneses ao menos consigam dormir com alguma tranquilidade. No caso da querida Dra. Elizabete, homicício seguido de suicídio, deslinda-se,  imediatamente,  a causa , mas permanece o gosto de fel em todos os seus amigos e admiradores. Em ambas situações percebe-se , claramente, a questão de Gênero presente. Os últimos cinquenta anos se caracterizaram por um avanço expressivo nos horizontes femininos. A mulher passou a ocupar espaços até então tidos como um  monopólio masculino. Conseguiram uma invejável independência financeira, levando a que hoje já sejam cabeça de família de um terço dos lares brasileiros. Já não precisam se submeter ao julgo do varão que lhe dava o pão mas , em troca, as mantinha subjugadas. Já não necessitam ser infelizes, mantendo relacionamentos de fachada. No trabalho, também, têm as mulheres formas peculiares de administrar, são, em geral, mais corretas e menos propensas ao “jeitinho”. Todas essas transformações , no entanto, não foram percebidas, ao que parece, pelo sexo antigamente tido como forte. Amor não correspondido se torna uma afronta para aquele que sempre se achou proprietário universal  da sua  companheira. Regras e leis cumpridas à risca viram uma agressão para os adeptos das maracutaias tão tupiniquins.
                                   Dra. Ângela e Dra. Elizabete são mais  dois cordeiros imolados  ao sedento Deus Liberdade. Esperamos que sejam os últimos. É preciso se pensar num mundo melhor e mais justo, onde o homem não seja o lobo do homem. Que diabos de animal racional é esse e que ainda se diz feito à imagem e semelhança do Criador ? Se pensamos desarmar nossos espíritos e atiçar nossos corações é preciso provar que já conseguimos sair da Selva e que criamos leis mais humanas e mais justas de convivência social.


Crato, 27/06/14    

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O "pequeno Drácula" - José Nilton Mariano Saraiva

Boa pinta, austero, comumente rigoroso e fluente em espanhol e inglês, Marco Antônio Rodriguez Moreno, o bom árbitro de futebol mexicano que foi selecionado para atuar na Copa do Mundo de Futebol, atualmente realizada no Brasil, é professor de Educação Física, tem 1,79 de altura e 81 kg. Pra ser infortúnio, no entanto, tem um apelido do qual não deve gostar nem um pouco, mas que aprendeu a aceitar por pura conveniência marqueteira: o “pequeno Drácula” (Drácula, como se sabe, era aquele vampiro famoso, que assustava a meninada, via telonas dos cinemas).

Pois bem, indicado para apitar o clássico Uruguai X Itália, de repente Rodriguez Moreno deixou passar um lance capital do confronto: aquele em que o atacante uruguaio Luis Sóarez, provando não ter nenhuma tendência “naturalista”, mas, sim, uma avidez carnívora desmedida, deixa o futebol propriamente de lado e quase arranca o ombro do zagueiro italiano Giorgio Chiellini, ao aplicar-lhe uma vigorosa dentada, à altura do pescoço (as marcas caninas foram mostradas pela TV e como é a terceira vez que faz isso (em campeonatos diversos), Sóarez corre o risco de ser suspenso do resto da Copa do Mundo).

No entanto, embora justificadamente o caso tenha sido explorado o máximo pela mídia, porquanto a imagem da televisão é pura e cristalina em relação à violência do lance, no relatório do árbitro à comissão de arbitragem da FIFA tal ocorrência não será citada, já que Rodriguez Moreno sequer apitou falta ou mostrou-lhe o “amarelinho”, que se fazia merecedor (alega não ter visto o lance).

Com o torneio se afunilando, tanto que metade dos concorrentes já voltou pra casa, a esperança dos que querem evitar um confronto com o Uruguai é que, tal qual procedeu em casos análogos, no passado, a FIFA puna com absoluto rigor o jogador, com base apenas nas imagens geradas pela TV (o que constituiria um desfalque de peso para quem quer chegar lá).


No entanto (e por enquanto), à espera de tal decisão a pergunta que todos se fazem é: será que o “pequeno Drácula” (o juiz mexicano) deixou propositadamente de punir o jogador uruguaio por ciúmes, ao entender que ali, naquele momento e com imagens geradas para todo o mundo, nenhum outro Drácula (“fajuto ou de araque”) seria alvo dos holofotes a ponto de ofuscar a imagem dele, o “verdadeiro Drácula”, primeiro e único vampiro no pedaço ???

segunda-feira, 23 de junho de 2014

"Decepcionante" - José Nilton Mariano Saraiva

Dez dias após seu início, com jogos quase diariamente, tem sido prá lá de “decepcionante” a Copa do Mundo de Futebol, que ora se realiza no Brasil, sob os auspícios da FIFA.

E os motivos são vários: a) os estádios (ou Arenas) além de “pebas”, não foram concluídos (deverão sê-lo somente em 2038, conforme preconizado por uma tal revista VEJA, vulgarmente conhecida por “ÓIA”); b) o clima de insegurança é “palpável” e notório, e espraia-se por todas as cidades sedes, do Rio Grande do Sul ao Amazonas; c) em razão disso, o fluxo de turistas não foi o esperado (afinal, só os mais corajosos aventurar-se-iam a vir participar de uma festa dessas num país subdesenvolvido e repleto de índios e marginais); d) como reflexo, os comerciantes, que investiram pesado (principalmente da rede hoteleira) já sentem no ar a perspectiva de prejuízos milionários; e) em termos de comunicação, a Internet no Brasil tá uma “merda” só, impossibilitando que os visitantes se comuniquem com familiares, bem como que os jornalistas de todo o mundo não tenham condições de enviar suas matérias às redações; f) o transporte mostra-se ineficiente (tanto o público como o privado), além do que as vias de acesso não oferecem condição de tráfego; g) o caos aéreo é uma dura realidade, já que as empresas que operam o setor  não têm estrutura nem aeronaves suficientes pra atender os que aqui aportaram (mesmo que em número reduzido); h) os aeroportos, funcionando a “meio-pau” são um péssimo cartão postal, envergonhando-nos; i) o povo brasileiro, deseducado por natureza, tem tratado os “gringos”com desdém e menosprezo, desferindo-lhes “patadas” a torto e a direito; j) os jogos até aqui realizados têm tido um público chinfrim, já que esse mesmo povo nunca concordou com a sua realização; k) enfim, paira o sentimento de que, por ser um país subdesenvolvido, o Brasil não atrai nenhuma atenção, mesmo sendo sede de uma competição de tal porte, tanto que os jornais do mundo inteiro não fazem a mínima questão de divulgar (a Copa e o país).

Em resumo, a Copa do Mundo, no Brasil, tem sido “DECEPCIONANTE” sob todos os aspectos que se possa imaginar, só que: para determinados segmentos da mídia nacional (capitaneados pela tal VEJA) que, desde o anúncio da sua realização, diuturnamente optaram por tentar esvaziá-la, a ponto de insuflar a própria mídia internacional, fazendo-a embarcar na canoa furada do caos que seria; tem sido “DECEPCIONANTE” para os profetas do caos, os maus brasileiros, os eternamente do contra, os sectários e radicais de plantão que, por questões político-partidárias (ou simplesmente por serem contra o atual governo), anunciaram em alto e bom som, com estardalhaço, que “não vai haver Copa nem Olimpíada” (para tanto, fizeram o possível e o impossível pra isso).

Pois é, APESAR DELES, a verdade verdadeira é que até aqui não temos apenas uma Copa do Mundo; temos a maior de todas as Copas, a “Copa das Copas”, a nossa Copa (do Brasil), com tudo pronto e funcionando às mil maravilhas (salvo questões pontuais); temos tido embates monumentais dentro das quatro linhas, tanto que o número de gols marcados já é um recorde: e, mais importante, temos a certeza de que os “gringos” literalmente “redescobriram o Brasil”, já que vivamente impressionados com a beleza do nosso país, com a segurança que encontraram em nossas ruas e, principalmente, com a recepção, o carinho e afeto que lhes estão sendo ofertadas pelo povo e governo brasileiro (ontem, na Beira Mar, aqui em Fortaleza, dava pra ver e sentir quão felizes estavam alemães, americanos, ganenses, suecos, mexicanos, portugueses, japoneses e mais uma “ruma de alienígenas”; um espetáculo digno de nos fazer sentir orgulho do Brasil). 

E mais: por paradoxal que possa parecer, a mesma mídia internacional que antes alertava sobre o perigo iminente de se viajar ao Brasil e, principalmente, sobre se tínhamos ou não condição de sediar um evento de tamanha magnitude como a Copa do Mundo, agora não só se penitencia publicamente como é pródiga em derramar fartos elogios sobre a organização e a nossa capacidade em fazê-lo.

Uma prova ??? 
A declaração de um antigo ferrenho crítico, o jornalista britânico Jason Davis: “SE A COPA DO MUNDO FOR ASSIM COMO ESTÁ SENDO NO BRASIL, QUE TODAS AS COPAS DO MUNDO SEJAM NO BRASIL” (ipsis litteris).

É pouco ou querem mais ??? 


sábado, 21 de junho de 2014

Artilheiros - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Futebol é um esporte que parece ter sido inspirado nas guerras de antigamente. Termos como linha de defesa, ataque, artilheiro, matador, penetrar pelos flancos, entre outros, são frequentemente usados pelos entendidos nessa modalidade de jogo. O pior de todos é esse tal de "arena" que arranjaram recentemente para denominar as praças onde se pratica esse esporte e que faz as delicias dos locutores da televisão. 

Para quem acompanha futebol somente em época de Copa do Mundo, artilheiro é a denominação que se dá para o jogador que marca o maior número de gols numa competição.

Todos escutam pela TV e Rádio que o nosso Ronaldo "Fenômeno" é o maior artilheiro de todas as copas com 15 gols. Isto significa que ele assinalou este total de gols em três das quatro copas das quais participou. E ainda acrescentam  que ele poderá ser superado pelo alemão Kloser que até agora já marcou 14 gols. Besteira muita! O maior artilheiro de todas as copas foi aquele que assinalou o maior número de gols numa única copa do mundo. E esta façanha foi conseguida pelo francês Just Fontaine na Copa do Mundo de 1958. Ele é portanto o artilheiro recordista de todas as copas. Suplantou grandes jogadores de sua época como Pelé, Maradona, Platini e Zidane, tendo sido considerado o melhor jogador francês nas comemorações dos cinqüenta anos da UEFA (Union of European Football Associations)

Just Fontaine nasceu no Marrocos em 18 de agosto de 1933. Como na época, o Marrocos era colônia francesa, portanto Fontaine é cidadão francês. Encerrou sua carreira em 1962, por haver fraturado a tíbia e o perônio da perna direita, vivendo desde então do seguro que fez para suas pernas.

Somente Ademir Menezes do Brasil com 8 gols em 1950;  Kocsis da Hungria com 11 gols em 1954; Eusébio de Portugal com 9 gols em 1966; Müller da Alemanha Ocidental com 10 gols em 1970 e Ronaldo, o "Fenômeno" do Brasil em 2002 com 8 gols se aproximaram do recordista Just Fontaine, o maior goleador de uma única Copa do Mundo. E com esses rígidos sistemas de jogo empregados atualmente pelas seleções de cada país, dificilmente a marca do francês em uma única copa será superada.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Eles "USAM" black tie - José Nilton Mariano Saraiva

Ao contrário do comportamento-padrão daqueles que nada têm a temer  ou esconder, mas, sim, sentem orgulho e satisfação em propagandear os feitos da agremiação a que pertencem, nas eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010 a “tucanalhada” (PSDB) fugiu como o diabo foge da cruz de qualquer referencia ou citação à gestão de oito anos (1995-2002) do tucano-mor Fernando Henrique Cardoso.

Como se sentissem vergonha e considerassem aquele nefasto e sombrio período uma espécie de nódoa irremovível na elitista elegância “black tie” tucana, permitir a presença de FHC no palanque nem pensar, porquanto representaria verdadeira afronta, perigosa sinalização de chuvas e trovoadas, adiante. Assim, a ordem foi enfática e contundente: “deletar” o chefe dos palanques de campanha e/ou de qualquer aparição pública. Foi o que aconteceu. E isso tem um nome, desaprovação.

É que, constatado restou, através de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, posteriormente publicizadas, (foram inúmeras) existia uma “quadrilha tucana” instalada no gabinete do então presidente do BNDES (Mendonça de Barros) que obtivera autorização expressa do “chefe-maior” pra usar seu nome (do Presidente da República) em transações prá lá de suspeitas, durante o processo de privatização (doação) do setor telefônico nacional, objetivando beneficiar, via fundos de pensão estatais, nada menos que o maior bandido do Brasil, senhor Daniel Valente Dantas. Foi o que aconteceu. E  isso tem um nome, corrupção.

Uma outra imoralidade que desnudou o mafioso modus operandi tucano de administrar à época FHC e que veio a público, foram as declarações espontâneas dos então deputados federais acreanos Ronivon Santiago e João Maia, confirmando terem recebido (assim como outros três colegas da bancada acreana) R$ 200 mil reais, cada, a fim de votarem pela reeleição de FHC. Foi o que aconteceu. E isso tem um nome, corrupção (um adendo: teriam sido “comprados”, a esse preço, 150 deputados, de diversos estados e siglas, segundo o senador gaúcho Pedro Simon).

Eis que agora, certamente que confiando na memória curta do povo brasileiro, o candidato do PSDB que irá disputar as próximas eleições presidenciais, o playboy Aécio Neves, à falta de um projeto para o país, resolve “fazer justiça” (palavras dele), ressuscitando FHC como se houvesse sido um grande administrador. Não foi o que aconteceu. E isso tem um nome, desonestidade.

O que podemos deduzir, é que ao espelhar-se num homem que deixou a ética de lado e corrompeu Deus e o mundo objetivando ganhos pessoais (nem que naquele momento o país literalmente estivesse afundando, tanto que valeu-se do famigerado FMI em três oportunidades), o senhor Aécio Neves implicitamente compactua e chancela toda a sujeirada e corrupção praticada pelo chefe.

Sinal de que, se algum dia chegar lá (e não será dessa vez), adotará idêntico proceder ???   


quinta-feira, 19 de junho de 2014

Perigosa "depen(neimar)dência - José Nilton Mariano Saraiva

Ainda no alvorecer da competição, não mais que de repente uma nesga de decepção, desconfiança e pessimismo tomou de conta de boa parte da apaixonada torcida brasileira, depois da extrema dificuldade que a nossa seleção de futebol encontrou para suplantar o “ferrolho” da Croácia e, principalmente, do insosso empate sem gols com os aguerridos mexicanos.

E é fácil detectar que tal estado de espírito deu-se em razão do “óbvio ululante”: a dependência quase que visceral do bom time brasileiro, nesses dois jogos, ao tal Neimar, tido como o principal jogador do nosso selecionado (é que, mesmo jogando em casa, inexplicavelmente outras peças ainda não renderam o que podem).

No duro no duro, parece até que a partir do instante em que a mídia nacional “endeusou” o tal jogador de uma forma até que irresponsável, porquanto o ungindo e colocando-o no panteão de “salvador da pátria”, isso serviu de material de alta combustão para insuflar os torcedores, daí essa expectativa irracional e desmedida de que o tal jogador será capaz de decidir tudo, a toda hora e quando quiser. E, definitivamente, a coisa não funciona assim, como agora estamos a constatar. Até porque, se bem marcado ou mesmo se num dia não muito inspirado, temos que ter um plano B, encontrar alternativas outras que nos permitam avançar.

Assim, antes que a vaca vá pro brejo, o técnico Felipão, macaco velho no trato de questões sobre, ao tempo em que pedia paciência à torcida destacou exatamente isso: que o tal jogador não é um “astro-rei” ao redor do qual orbitam satélites inexpressivos, que o time tem que priorizar o coletivo em detrimento do individual, tem que remeter tal aura de dependência às calendas gregas e, enfim, tem que aprender a se virar nos momentos de dificuldades.

Afinal, temos, sim, outros jogadores que ainda não renderam o esperado, mas que, numa simples mudança de posicionamento durante os treinos ou até depois de uma conversa mais séria com o comando, se conscientizem que estão em débito com a nação e tratem de corresponder o que deles se espera (vide Daniel Alves, Paulinho e Fred, principalmente, jogadores passados na casca do alho, mas que até agora decepcionaram). O recado foi curto e grosso: se não atingirem o desejado, serão sacados (e já na partida seguinte).

No mais, a história está aí por testemunha: evoluindo para a segunda fase nosso time naturalmente encorpará, ganhará a consistência, solidez e confiança necessárias pra deslanchar rumo ao tão sonhado HEXA.

Até porque, queiram ou não os pessimistas de plantão (e/ou os eternamente do contra), a nossa camisa ainda impõe respeito, aqui e alhures e, apesar da exuberância e excelência do futebol que estão a praticar esquadrões como a Alemanha e Holanda, eles ainda tremem quando enfrentam o Brasil.

Portanto, a partir do “jogo da classificação’ (contra a seleção de Camarões) teremos que nos livrar dessa “depen(neimar)dência”, a fim de, no crepúsculo da competição, nos habilitarmos a disputar a finalíssima com as poderosas Alemanha e/ou Holanda (que num certo momento baterão de frente, sobrando uma delas).


Alguém tem dúvida ??? 



Minha mãe gostava de borboletas. Se uma delas entrasse lá em casa, ela nos dizia com voz de mando, quase ameaçadora: cuidado, não se espanta borboletas, elas são abençoadas, dão sorte. Minha mãe gostava de todas, mas especialmente de borboletas de asas quase translúcidas, delicadas, de um amarelo pálido. Talvez achasse que não merecíamos uma borboleta assim, feito esta, aí embaixo, harmoniosamente colorida, bordada com tantos desenhos, envolta em vários tons, ou quem sabe fos...se apenas o medo de não saber lidar com uma sorte tão avassaladora, trazida por uma borboleta tão ricamente vestida. Melhor as simplesinhas que entram aqui muito de vez em quando.
Minha mãe deixou-me por herança o gosto pelas borboletas, especialmente as simplesinhas, igual a esta de um amarelo anêmico, quase morto, que voa (agora) a esmo pela minha sala, num voo desgovernado, como se quisesse (mas) não soubesse sair. Faz tempo que a acompanho, meu olho corre de uma lado para o outro muito rápido; dou com ele no teto, pregado na porta, beirando o chão. Estão cansados, meu olho e a borboleta simplesinha. Pensei em espantá-la, em persegui-la de um canto a outro: venha, pequena, o caminho é por aqui. Mas minha mãe me disse que não se tange a sorte, não se espanta borboletas. Estou numa situação terrível, de pés e mãos atados. Se tanjo essa criatura por demais delicada, posso, num gesto desajeitado, despedaçá-la, aniquilar a sorte que ela me traz, além de desobedecer à severa ordem de minha mãe, que já faz muito tempo eu não vejo, ela não mora mais aqui. Por outro lado, se deixo que essas asas descoradas se encarcerem a si mesmas, que sorte posso eu pretender dessa borboleta simplesinha que vai morrer de tanto
voar?
(rejane gonçalves)
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quarta-feira, 18 de junho de 2014

A família "HEXA" - José Nilton Mariano Saraiva

Com a busca, por parte da seleção brasileira, do “hexacampeonato” mundial de futebol, pelo menos uma curiosidade veio à tona: é que em Brasília, capital federal, na família “Carvalho da Silva” nada menos que 14 dos seus 24 integrantes são portadores de “polidactilia” (para os que desconhecem, trata-se de uma mutação genética que leva uma pessoa nascer com dedos a mais).

Orgulhoso, o patriarca Francisco de Assis Carvalho da Silva (o “pioneiro” da anomalia) juntou toda a “família 6 dedos” (tanto nas duas mãos como nos dois pés) homens, mulheres e crianças e fez questão de posar para os fotógrafos, ao tempo em que aproveitou a oportunidade para, em tom de gozação, declarar ao jornal O Globo:  "Nós já somos hexa. O Brasil é que precisa correr atrás de nós".


Prometeu, também, levar a “família six” pra prestigiar a seleção brasileira no jogo contra Camarões, na próxima segunda-feira.

domingo, 15 de junho de 2014

A Avidez humana! – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Desculpem-me o assunto ou a falta dele. Estamos em clima de Copa do Mundo e o tema não poderia ser outro. Sei que muitos dos leitores não gostam de futebol. Mas o que eu pretendo repartir com os amigos é o desejo insaciável que ser humano tem por lucros, vitórias e glória. Para isso, ignora-se os sentimentos de afetividade que nutre e engrandece as relações de amor. Chega-se ao extremo de escravizar o homem, se possível for. Que tem o futebol a ver com tudo isso?

Apesar das relações de trabalho de um jogador de futebol profissional terem evoluído para melhor nos últimos vinte anos, houve época em que o atleta era um verdadeiro escravo. Preso definitivamente ao clube, não lhe era facultado o direito de livre transferência ou escolha da equipe em que gostaria de jogar. Submetia-se a dias seguidos de confinamento, sem contatos com a família e o mundo exterior, numa ociosidade a que ainda hoje os dirigentes de futebol teimam denominar de concentração.

Em 1946, Ávila era um esforçado jogador de meio de campo do Botafogo, uma das quatro grandes equipes de futebol do Rio de Janeiro. Não chegou a integrar a seleção brasileira, mas era muito importante para o esquema de jogo do seu time. Era um desses jogadores que desarmam os ataques da equipe adversária e ajudam a empurrar o seu time para frente. Geralmente esse tipo de jogador passa despercebido aos olhos da torcida.

O time de Ávila estava concentrado desde a noite da segunda-feira anterior à partida do domingo seguinte, num casarão da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Preparava-se para um jogo decisivo do campeonato. A mulher de Ávila fora hospitalizada naquele mesmo dia, com uma estranha doença. Mas os dirigentes do clube não consideraram esse fato como um motivo justo para dispensá-lo da concentração. Não podiam prescindir daquele jogador na equipe.

A rotina na concentração era de treinos à tarde e o restante do dia na mais completa ociosidade. Naquele confinamento desumano, a nenhum atleta era dado o direito de sair à rua, visitar a família, ou pelo menos usar o telefone para um contato, saber como passavam os familiares. Era uma clausura absoluta!

No domingo pela manhã, dia do jogo decisivo, uma freira que trabalhava no hospital onde estava internada a mulher de Ávila, telefonou para a concentração procurando falar com o jogador. Disseram-lhe que ele não podia atender.
- “Por favor, digam a ele que o estado de saúde de sua esposa se agravou e ela pede desesperadamente para falar com ele.” - Insistia a irmãzinha reforçando a urgência da presença do jogador.

Os dirigentes da equipe acharam por bem nada comunicar ao seu atleta para que nenhuma preocupação viesse prejudicar seu rendimento no jogo. Afinal, iriam enfrentar o Vasco da Gama, um dos mais fortes rivais.

Na tarde daquele ensolarado domingo, Ávila se esforçou como sempre era seu costume, contribuindo para vitória do seu time, que se sagrou campeão.

Somente quando a partida terminou, entre tapinhas nas costas, os dirigentes comunicaram a Ávila para ir ao hospital com urgência, pois o estado de saúde da sua mulher havia se agravado. Ele imediatamente enxugou o suor do corpo com uma toalha, trocou de roupa, sem ao menos tomar banho e foi de taxi, o mais depressa quanto possível, ao hospital. Lá chegando, recebeu uma reprimenda da irmãzinha:
- “O senhor não tem coração? Telefonei várias vezes desde a manhã de hoje. Sua mulher passou o tempo todo querendo lhe falar e somente agora o senhor chega aqui?”
 - “Mas eu vim assim que me disseram. Estava no jogo e tão logo este terminou, vim o mais rápido possível.” - Disse-lhe Ávila preocupado.
- “Agora é tarde! Sua mulher faleceu às três horas da tarde.” -  Respondeu a freira.

Ao saber dessa notícia, Ávila desmaiou, voltando a si, alguns minutos depois. O desespero tomou conta dele. Voltou ao casarão da concentração e não encontrou mais ninguém do clube, somente o caseiro e sua mulher. Então, munido de uma barra de ferro, destruiu tudo que havia pela sua frente, mesas, cadeiras, camas, armários, não sobrando nem portas e janelas.

No dia seguinte, durante o enterro, diante dos companheiros do Botafogo e dirigentes do clube, Ávila desabafava, acariciando o rosto frio da sua amada:
- “Não me deixaram te dar um último beijo, mas você está vingada!”


(Adaptado de "Os subterrâneos do futebol" de João Saldanha, Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 1980)

Por Carlos Eduardo Esmeraldo  
 

sábado, 14 de junho de 2014

"Burrice Siderúrgica" - José Nilton Mariano Saraiva

Um evento portentoso e de dimensões planetárias, como o é uma Copa do Mundo, não é apenas e tão somente um mero torneio de futebol. Trata-se, em verdade, de uma rara oportunidade do país-sede, seu povo e sua cultura serem divulgados pela mídia, planeta afora. E para um país de dimensões continentais, bonito por natureza, com uma fauna e flora exuberantes, costumes multifacetados e com integrantes de diversas etnias, como o nosso Brasil (e que ainda figura hoje com destaque entre os “emergentes” do mundo em termos de importância estratégica), nada mais apropriado que aproveitar a ocasião para convincentemente vender-se como um lugar receptivo e aprazível.

Afinal, a chamada “indústria sem chaminés” – o turismo – é na atualidade uma geradora de divisas em potencial, contribuindo para consistentemente alavancar o país que tiver competência para usá-la com sabedoria e discernimento (vide países como a França, Itália, Japão, China e por aí vai ).

Pois bem, o nosso povo, o povo humilde das ruas, compreendeu de pronto o significado desse momento histórico e, conscientemente, fez o seu papel, tratando os visitantes internacionais com carinho, desvelo, atenção e amabilidade. E como estamos numa “aldeia global”, o reflexo de tal recepção foi imediato: jornais e TVs de todo o mundo divulgaram opiniões dos visitantes, todos extasiados e a trombetear o nosso país, porquanto “bonito, grande, de boa comida, com mulheres lindas e, principalmente, um povo extremamente receptivo e cordato”. 

Mas, aí, a “burrice siderúrgica” pintou no pedaço. E no apogeu da festa. É que uma minoria de “iluminados” desprovidos de um mínimo de educação, civilidade e espírito democrático, acomodados na área VIP do estádio onde o Brasil faria sua estréia (vizinho à tribuna de honra, onde  ficam as autoridades convidadas) resolveu “saudar” ninguém menos que a nossa Presidenta da República, com o raivoso refrão: “Ei, Dilma, vá tomar no cu” (é vero, senhora, acreditem) mesmo conscientes, e até por isso mesmo, que a solenidade estava sendo transmitida para bilhões de pessoas, mundo afora. Algo inadmissível e difícil de acreditar, principalmente por tratar-se da nossa mandatária maior, eleita democraticamente pela maioria da população brasileira.

Ora, amigos, se não gostam da Presidenta, se por questões ideológicas lhe são oponentes, se discordam do modo como ela governa ou do partido a que é filiada, quer queiram ou não têm de admitir que ela ali estava representando o nosso país, cacifada pelo aval de milhões de patrícios (além do que, no mínimo a “instituição” Presidência da República merecia respeito).

Fato é que a “coisa” foi tão imoral e despropositada que mesmo alguns adversários políticos e parte da mídia que lhe faz uma crítica sistemática e diuturna se manifestaram contrários, reprovando o ocorrido.

Exceção para o senhor Aécio Neves, futuro rival na próxima eleição presidencial que, mostrando um caráter duvidoso, tentou tirar proveito da situação ao declarar que “a presidente está sitiada”.

Logo, Aécio Neves, cuja “folha corrida” não o credencia a tais tipos de arroubos (governador/senador de Minas Gerais vive “farreando” no Rio de Janeiro, onde já foi flagrado dirigindo embriagado e na companhia de prostitutas, e se negou, por motivos óbvios, a usar o bafômetro).

É esse o homem que os que xingaram Dilma Rousseff, querem pra ser Presidente da República ???

Colaboração de Eurípedes Reis

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Anexo
                               
Não quero um grande amor.
Não me interessam mais os amores clichês das comédias românticas americanas.
Ou as grandes declarações com plateias e aplausos.
Ou o ‘na saúde e na doença’ para amigos e familiares.
Quero a simplicidade e a rotina da intimidade.
Me interessa sua companhia em silêncio às 18h no engarrafamento da Avenida Beira Mar ou Avenida Paulista.
Me interessa sua mão segurando a minha em conversas trocadas em uma roda de amigos.
Me interessa conversar sobre Woody Allen e você sempre me ensinar uma coisa nova.
Me interessa ter você em olhares trocados enquanto o jantar não chega.
Me interessa você fazer o gordo sozinho, comer milhares de calorias, e lembrar de mim.
Me interessa a cama amarrotada e os seriados compartilhados no PC, enquanto trocamos carícias.
Me interessa não te ter 24h ao meu lado e saber que te tenho assim mesmo.
Me interessa não ter contrato firmado em cartório ou rótulos.
Me interessa a intimidade que nós temos.
Intimidade em se ter sem sermos donos um do outro.
Intimidade em deixar ser livre.
Intimidade em se gostar sem paranoias.
Intimidade em ver defeitos e não apontar.
Intimidade maturidade.
Intimidade em sorrir sem precisar escancarar os dentes.
Intimidade em saber que o dia dos namorados para quem se gosta é todo dia.
Intimidade em compartilhar sonhos.
Intimidade em ser companhia.
Intimidade em não ser perfeição.
Intimidade em dividir saudade.
Intimidade em não ser conto de fadas.
Intimidade em compartilhar delicadezas.
Intimidade em saber o valor da poesia.
 
“O que acho que está em falta não é homem nem mulher, é intimidade. É uma coisa que tu cria e realmente tem que ter uma dedicação. Tem que estar aberto, disponível, com tempo, e isso acho que as pessoas não têm mais. Está todo mundo querendo solução mágica. Daí, fica todo mundo sozinho.” – (Martha Medeiros)
 
E assim como disse Martha Medeiros, não me interessa o sexo de uma noite só. Não me interessam os grandes romances. Não me interessa Shakespeare. Não me interessa a perfeição. Não me interessa o impossível. Não me interessa uma trilha sonora perfeita. Não me interessa uma foto bonita tratada no photoshop.

Me interessa sua cara amassada e o cabelo desgrenhado.
Me interessa escovar os dentes ao seu lado, dividindo a mesma pia.
Me interessa o romantismo dos pequenos detalhes no dia a dia.
Me interessa você carregar o refrigerante para mim, sabendo o quão desastrado sou.
Me interessa o tempo e a dedicação.
Me interessa o antes e o depois do pôr do sol.
Me interessa saber o ponto certo do seu prazer e você saber o meu.
Me interessa a reação química que as nossas peles produzem quando se tocam.
Me interessa o interesse que você tem em mim.
Me interessa a contramão.
Me interessa a poesia.
Me interessa a simplicidade romântica que não precisa ser semântica ou entendida.
Me interessa a rotina compartilhada.
Me interessa a intimidade.
(Texto de Mauricio Pascoal)

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Na Liberdade: uma mocinha com uma orquídea

Recendia  um frescor que se lhe escapava por todos poros. Aquele mesmo que se pressente no primeiro desabrochar do lírio na primavera ou no  amadurecer do fruto opimo no pomar. Como se a vida explodisse em toda sua fúria, naquele interlúdio único: entre a promessa do passado e  a perspectiva evanescente   do futuro.  A mocinha ali estava  na Feirinha da Liberdade e vestia-se do seu despojamento e do seu frescor. Os demais adereços e penduricalhos, naquela idade, pareciam todos perfeitamente supérfluos. Um shortinho jeans , um tênis All Star, uma blusinha curta, deixando antever a barriga tanquinho. O cabelo liso, algo revolto, caía-lhe, por sobre os ombros, delicadamente, como uma cascata. Os olhos vivíssimos, negros, observavam, inquietamente, ao derredor, sem se demorarem muito em qualquer foco, cobrindo, avidamente, os  cento e oitenta graus. A mocinha carregava consigo aquele bulício típico da idade, como um  pássaro , na árvore, tremeluzindo entre os galhos, arisco, temendo o caçador.

                        Na mão esquerda, em concha, estendida  na altura da coxa, a mocinha sustentava um jarrinho com uma orquídea que acabara de comprar. Com  flores de quatro pétalas brancas, fortemente  chamuscadas de lilás e um tubérculo central rubro, em formato de fechadura, a orquídea enchia os olhos de quem a visse, olhos já meio  transbordantes  pelo frescor da menina.  Havia um pacto tácito entre as duas imagens que se somavam, tal dois viços que se fundissem e pipocassem:  como a fusão  dos dois núcleos de hidrogênio na Bomba H. E resplandeciam na certeza de que o ciclo natural da vida ali se iniciava com todo no seu fragor. Aquela visão fazia-se única atemporal e eterna.  Depois , também para a mocinha e a orquídea, viriam o verão , o outono , o inverno. As pétalas murchariam, ressecariam e tombariam pelo solo, prontas para um novo renascimento, para a sucessão de vibrações regulares e  infinitas de um   mesmo pêndulo.    Até que um dia, por fim, a ferrugem do tempo emperraria o pêndulo e subsistirá  apenas a lembrança da mocinha, da orquídea que, como num alinhamento de planetas, um dia se reuniram na Liberdade e passaram a ser apenas uma entidade  una e resplandecente, imune às traças das horas e à oxidação, aparentemente inexorável , dos segundos.

J. Flávio Vieira

quinta-feira, 12 de junho de 2014

As palavras atraem? - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Mais uma Copa do Mundo! Desta vez no Brasil, fato que não ocorria há 64 anos. No ano de 1950, a nossa seleção teve excelente desempenho, tendo sido vice-campeã mundial, derrotada na final pelo Uruguai, em pleno Maracanã, construído para aquela copa. Um simples empate lhe traria o título, conforme previa o regulamento da  época. Segundo declaração do extraordinário Zizinho, um dos melhores jogadores daquela copa e do Brasil, a nossa seleção perdeu simplesmente porque o Uruguai possuía um time melhor.

No intervalo de tempo decorrido entre 1950 até nossos dias, a Alemanha já promoveu duas copas, o México outras duas; Argentina, Chile, África do Sul, uma copa cada um. Esses três últimos países que se encontram no mesmo nível econômico e de desenvolvimento do Brasil nos provaram que tal competição promovida e organizada pela FIFA não quebrou suas economias. Portanto eu vejo com muita preocupação a ligação dessa copa com o momento político em que estamos vivendo. Como se o resultado da Copa do Mundo tivesse influência direta com o resultado da eleição.

Outro dia, ouvi de uma médica que ela iria torcer contra o Brasil, pois se a nossa seleção for campeã do mundo, ela não suportará mais quatro anos sendo governada pelo PT. E assim, deve ser o pensamento de muitos da nossa elite econômica. E parece que subliminarmente* está havendo um incentivo para que se proteste contra a realização da presente copa. Sendo assim, como explicar o tal de "não vai ter copa!", campanha de cunho puramente fascista? Para pensamentos assim, convém lembrar que as palavras atraem. Entretanto, quando o Brasil perdeu a copa de 1950, e aquela doutora provavelmente não havia ainda nascido, Getúlio Vargas, representante da classe trabalhadora foi eleito, sem nenhuma interferência do resultado da Copa do Mundo.

A nossa seleção participou de todas as copas, desde a primeira realizada em 1930, tendo sido campeã do mundo cinco vezes, sendo até agora a equipe que mais vezes ergueu a taça! Foi a única seleção não européia a ser  campeã em solo europeu, enquanto nenhuma seleção européia ganhou no continente americano.  

Em 1958 o jogo mais difícil para o Brasil foi aquele contra o Pais de Gales, vencido pela "canarinho" por um a zero, gol de um menino de 18 anos incompletos que assombrou o mundo. Registrou a crônica esportiva da época que o goleiro Gilmar, ao entrar em campo nesse jogo, disse para o seu companheiro Nilton di Sordi:
- "Hoje eu morro, mas não perco esse jogo!" - Ao que Di Sordi completou:
- "E eu morrerei junto com você.

Gilmar faleceu no dia 25 de agosto de 2013, às 18h15min, pouco mais de vinte quatro horas depois de Nilton di Sordi que faleceu às 16h15min. do dia 24 de agosto de 2013. Será mesmo que as palavras atraem?


Por Carlos Eduardo Esmeraldo   

Notas:
* subliminar é um tipo de mensagem que não pode ser detectável conscientemente. É rigorosamente proibida de ser veiculada pelos meios de comunicação social.
1)  Dos vice-campeões de 1950 todos os jogadores são falecidos.
2) Dos 22 jogadores campeões do mundo de 1958, apenas sete jogadores ainda estão vivos: Zito, Dino Sani, Moacir, Pelé, Mazola, Pepe e Zagalo.
3) Dos 22 jogadores campeões do mundo de 1962 dez ainda  estão vivos: Jair Marinho, Altair, Zito, Mengálvio, Jair da Costa, Zagalo, Coutinho, Pelé, Amarildo, e Pepe

"PRA FRENTE, BRASIL" !!! - José Nilton Mariano Saraiva

Fora de campo, já começamos ganhando. Basta atentar para a “falação” dos “gringos” a respeito do nosso Brasil: “país enorme, bonito, com boa comida e mulheres lindas”, reverberam literalmente extasiados. Estranharam, e muito (ainda bem) o clima de paz e concórdia que encontraram nas nossas ruas, porquanto haviam sido alertados sobre a insegurança nelas reinante, não confirmada ou constatada por eles. Mas, principalmente, chega a ser comovente o depoimento deles a respeito da contagiante “simpatia, doação e receptividade” do nosso povo, diferente de “todos os povos do mundo”, asseguram, visivelmente impressionados.

E se alguém tinha alguma dúvida sobre algum legado que esta Copa deixará, é bom colocar o pessimismo de lado e anunciar em alto e bom som essa irrecorrível certeza: independentemente das obras inacabadas, da corrupção (que se faz presente em qualquer parte do mundo, quando da realização de um evento de tamanho porte), da dificuldade de comunicação por conta da diversidade de povos que nos visitam, adquirimos, sim, desde já, o “status” de candidato a “destino preferencial” de milhões de turistas, num futuro bem próximo. E, isso, claro, gera divisas.

Já em relação ao futebol propriamente dito, claro que existem sobejas condições de conquistarmos o “HEXA”. Temos um bom, experiente e competitivo time, uma torcida apaixonada e disposta a incentivar e carregar a seleção nas costas (se necessário) e, principalmente um “comandante” exigente e já testado e aprovado nessa mesma competição, quando nos sagramos pentacampeões, em 2002. E com um adendo importante: espécie de “psicólogo informal”, Felipão já mostrou ser capaz de fazer com que seus jogadores produzam mais do que são capazes (o tal do Neimar (cai-cai), por exemplo, jogou como “gente grande”, ano passado, na Copa das Confederações; particularmente, vamos torcer, de verdade, para que agora repita a dose, embora não o tenhamos na conta de um craque excepcional, como a mídia insufla).

Alfim, 64 anos depois da frustração pelo fracasso da primeira Copa do Mundo que patrocinamos, e das 05 monumentais conquistas posteriores (todas fora de casa), agora é chegada a hora de, dentro de casa, reafirmarmos ser o Brasil o mais gabaritado na arte de jogar futebol. A bola vai começar a rolar daqui a pouco. Que os “deuses do futebol” estejam do nosso lado.


PRA FRENTE, BRASIL !!!   

Tempo reencontrado

João Pereira Coutinho


Envelhecer não é apenas um fato biológico. É também estético. Segundo os ensinamentos do dr. Coutinho, envelhecer significa rever certos filmes ou reler certos livros que a nossa ignorância juvenil considerava obras-primas —e depois pular do sofá, sustendo o vômito e gritando de pasmo: “Mas como foi possível eu ter gostado de uma bosta dessas?”.
Recentemente, em mudanças, resolvi fazer uma tosquia na biblioteca. Mas, antes da tosquia, resolvi avaliar a qualidade do rebanho, começando pelos espécimes que ocupavam o panteão das paixões adolescentes.
Henry Miller estava no topo da lista, e a sua trilogia (“Sexus”, “Plexus”, “Nexus”), complementada pelos “Trópicos” (de Câncer e de Capricórnio), tinha deixado gratas memórias na memória da criança.
A criança, hoje a caminho da meia-idade, sentou e releu as páginas sublinhadas. E ficou abismada com a mediocridade da prosa e o priapismo repetitivo, sem sombra de humor, com que Miller polvilhava as suas fantasias parisienses. Como foi possível ter dado abrigo a Henry Miller durante tanto tempo?
Aliás, não apenas a ele: com os romances de Umberco Eco; a filosofia de Baudrillard; a poesia de Sylvia Plath foi precisamente a mesma coisa. Tudo para o balde.
E no cinema? Aqui, a minha vergonha é ainda maior: vinte anos atrás, eu acreditava genuinamente que Oliver Stone era um diretor de cinema. Fui acumulando os filmes do homem —”Nascido em 4 de Julho”, “The Doors”, o repelente “Assassinos por Natureza”— com gratidão cinéfila sincera.
Hoje, assistindo a qualquer um deles, é legítimo questionar que substâncias ilícitas eu consumia na década de 1990.
Pior: filmes declaradamente “sérios” e “dramáticos”, como “Nascido em 4 de Julho”, são impossíveis de engolir com cara séria. Acreditar em Tom Cruise como “marine” estropiado no Vietnã não é apenas “suspender a descrença”. É suspender qualquer atividade cerebral significativa.
E quem fala em Stone, fala dos exercícios nulos de Jonathan Demme (“Filadélfia” em primeiro lugar); nos filmes de Mike Nichols (começando logo em “A Primeira Noite de um Homem”); e, obviamente, nesse caso perdido que dá pelo nome de Ridley Scott. Se “Thelma & Louise” não é o pior filme dos últimos largos anos, eu desafio o leitor a apresentar uma alternativa.
Mas nem tudo é necessariamente mau. O que jogamos no balde com alívio e repulsa é compensado por tudo o que resgatamos dele.
Falei de Ridley Scott. Mas, 20 anos depois, eu desconhecia que o talento da família estava com o irmão Tony. Sim, a filmografia do senhor é majoritariamente pavorosa. Mas depois existem uns milagres lá pelo meio -os filmes com Denzel Washington, como “Chamas da Vingança”- que redimem todas as falhas e todas as pirotecnias escusadas.
Ressurreições são também devidas a diretores entretanto desaparecidos em combate, como Steven Kloves (que nos deu “Susie e os Baker Boys”, um filme etílico —em vários sentidos da palavra— e que envelheceu bem como os melhores vinhos) ou Lawrence Kasdan (que em “O Turista Acidental” dirigiu uma obra-prima do cinema americano moderno).
E, nos livros, uma confissão: a arte do conto foi destronando a ilusória grandiosidade do Romance (com maiúscula). Claro que os russos (como Dostoiévski), os ingleses (como Evelyn Waugh) ou os franceses (como Céline) permanecem intocáveis.
Mas sei hoje que, comparando colegas de geração, prefiro os contos de Richard Ford a qualquer romance de Don DeLillo; os contos de William Trevor a qualquer romance de Iris Murdoch; os contos de Hanif Kureishi a qualquer romance de Ian McEwan.
Lições para o futuro? Apenas uma: não confiar demasiado no passado. Como diria o velho Darwin, só sobrevive quem se adapta melhor aos desafios da evolução. O que significa que, evoluindo nós, os livros ou os filmes que ficam são aqueles que se adaptam aos dilemas, às alegrias e às tristezas que só chegam mais tarde nas nossas vidas.
O que jogamos no balde não é tempo perdido. É tempo reencontrado.

Fonte: Folha de São Paulo

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Uma Ingratidão? - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Nesta quarta-feira, dia 11 de junho, Dom Vicente de Araújo Matos estaria aniversariando se  vivo fosse , também completando anos de sua sagração como Bispo da Diocese do Crato.

Dom Vicente foi um grande benfeitor da cidade do Crato, tendo carreado para nossa terra uma grande relação de benefícios. Graças a ele fomos pioneiros do ensino superior no interior do Estado do Ceará, com a implantação da Faculdade de Filosofia do Crato, que possibilitou anos mais tarde a viabilização da Universidade Regional do Cariri - URCA, com sede na nossa cidade. São ainda iniciativas de Dom Vicente a Rádio Educadora do Cariri, a expansão do Hospital São Francisco, o desenvolvimento estrutural da Fundação Padre Ibiapina, a construção do Centro de Expansão da Diocese, único centro do gênero nas dioceses do Estado e quiçá do Nordeste, a Vila Jubilar no bairro Pimenta, além de tantas outras realizações, impossíveis de resumi-las em poucas palavras.

Infelizmente o Crato, através de sua representação política tem demonstrado uma incompreensível falta de reconhecimento à ação desenvolvida por Dom Vicente, não somente no Crato, mas em toda a área da Diocese. Precisamos urgentemente corrigir essa ingratidão!  Por que não dar o nome de Dom Vicente Matos a uma rua do Crato? É uma proposta para qual nossos vereadores continuam insensíveis.

Gostaria de lembrar o argumento de uma senhora cratense que apelou aos vereadores para mudar o nome da rua em que ela reside de Machado de Assis para o nome do seu falecido sogro. Em seus argumentos aos vereadores ela assegurou que aquele escritor jamais tomou conhecimento da existência do Crato, e que portanto nenhum beneficio fizera para receber tal homenagem.

Com o mesmo raciocínio daquela senhora apelo aos nossos vereadores refletiram o que representou para o Crato João Pessoa, Santos Dumont, Senador Pompeu e tantos outros vultos que não sabemos quais os benefícios trazidos por eles à cidade? Por que não encontrar uma ampla avenida para denominá-la de Dom Vicente Matos. Ele merece a principal rua do Crato! Faz-se necessário uma urgente urbanização do bairro onde se situa a imagem de nossa senhora de Fátima recentemente inaugurada. E poderia ser construída uma ampla avenida de acesso com o nome de Dom Vicente Matos. Pensem nisso para corrigir uma grande ingratidão!
 
Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Passaporte pra "bagunçar" e, até... "matar" - José Nilton Mariano Saraiva

Os que têm um mínimo de consciência e discernimento de que a “cabeça humana” não é apenas e tão somente um órgão para separar as duas orelhas, sabem (ou deveriam sabê-lo) porque os viram atuar com desassombro ao vivo e a cores, na telinha, que os tais “black-blocs” são bandidos de alta periculosidade, vermes capazes de contaminar legiões de desavisados, elementos sectários e radicais, mas essencialmente covardes na acepção plena do termo, porquanto providencialmente usuários de um adorno que impossibilita serem reconhecidos: a máscara (se fossem bravos, corajosos, destemidos e responsáveis pelos seus atos, como se julgam, não se esconderiam atrás de).

Assim, protegidos por tão infame instrumento, exacerbam em suas manifestações e, tal qual uma epidemia incontrolável, um rolo compressor humano ensandecido, se danam a quebrar, depredar, agredir, desrespeitar e, até... matar (lembram do repórter cinematográfico, Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes, covardemente morto por um rojão disparado por um desses marginais ???).

Só que, na hora do “pega pra capar”, da repressão à altura (incrivelmente condenada por alguns), sempre encontram uma maneira de evadir-se, de se mandar, deixando para trás um rastro de estrago e destruição, facilmente detectável.

Pois, agora, surgiu uma novidade, a respeito, só que um tanto quanto inverossímil: é que o Ministério Público do Ceará, ignorando tão mafioso modus operandi sancionou, publicizou na mídia em geral e instruiu a polícia militar, a permitir que esses marginais usem e abusem do uso das tais máscaras, nas citadas manifestações, sem que haja necessidade de importuná-los. A ordem é: só agir e eventualmente reagir se notar que os “coitadinhos” demonstram alguma atitude hostil (ou seja, eles seriam antecipadamente consultados do porquê de estarem usando a máscara, bem como se pretendem fazer algum tipo de baderna).

A justificativa, hilária se não fosse potencialmente trágica, é de que, como no nosso “carnaval” os brincantes podem usar a máscara livremente, sem serem importunados, por qual razão nessas manifestações seus integrantes não o podem fazê-lo, igualmente ??? Como se vê, numa aberração sem tamanho e estapafúrdia, em todos os sentidos, os ilustres e letrados componentes do Ministério Público do Ceará igualam uma festa tradicional, um momento do mais puro lazer e diversão de famílias inteiras (como o é o nosso carnaval), com um aglomerado hostil e disposto a tudo que não seja legal (black-blocs).

A conclusão, minimamente racional, só pode ser uma: a bandidagem acaba de receber, das ditas autoridades constituídas, um autentico “passaporte para bagunçar e, até... matar”.  Impunemente (sem ser molestada).

Preparemo-nos, mas torcendo para que tal não aconteça.

"Culpa" em cartório ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Hoje, quando no Brasil se almoça, se janta, se dorme, se sonha e se respira futebol todo dia e o dia todo, uma briga periférica, mas braba, na arena política, chama a atenção dos mais atentos.

É que, em resposta ao senhor Ciro Gomes, que o acusara de ser "chefe de uma milícia ligada ao narcotráfico”, o Capitão Wágner, da Polícia Militar do Ceará, hoje exercendo o mandato de vereador de Fortaleza, não titubeou e, partindo para o contra-ataque (mas sem citar nomes, num primeiro momento) soltou a seguinte pérola: “nós temos relatos na crônica policial de vários políticos envolvidos em orgias regadas a cocaína, bebidas, prostitutas e meu nome não aparece em nenhum desses relatos”.

Foi o bastante e suficiente para o chefe do clã Ferreira Gomes, mesmo sem ter sido nominado, se mostrar visivelmente incomodado, a ponto de replicar: “nunca usei drogas na vida, a não ser álcool moderadamente e nos fins de semana”. 

Na tréplica, o "capitão-vereador" foi contundente e, agora citando-o nominalmente, afirmar que, caso o Ceará não tivesse uma Assembléia Legislativa tão submissa, o senhor Ciro Gomes estaria trancafiado em um presídio. Os dois prometem acionar a justiça e levar o caso aos tribunais.

Agora, aqui pra nós, meros mortais comuns, uma pergunta inocente insiste em aflorar: se o senhor Ciro Gomes “se queimou” com tanta facilidade ante o caustico (embora genérico, já que sem citar nomes) comentário do vereador em relação ao uso de drogas por políticos, terá alguma culpa em cartório ???