por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 29 de maio de 2012

VEJA x MENDES: Rota de colisão ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Sobre o senhor Gilmar Ferreira Mendes o que se sabe, porquanto vastamente divulgado pela mídia, é que, mesmo sem ter exercido a magistratura (nunca passou num concurso pra Juiz), foi guindado, por indicação do amigo e então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, à condição de Ministro do Supremo Tribunal Federal, após rápida passagem pela Advocacia Geral da União.

Se tinha ou não condição “técnica” de dá de conta do recado, pairava uma certa desconfiança, exatamente porque um dos pre-requisitos para o exercício da função seria o “notório saber jurídico”, que nunca pode ser testado e comprovado (afinal, aquela “sabatina” modorrenta e cheia de conveniência no Congresso Nacional, pela qual passam todos os “indicados”, não passa mesmo de jogo de cartas marcadas).

Fato é que, após sentar no “trono”, sua excelência deu-se à prática de declarações extemporâneas, atos e decisões que até os próprios colegas do STF teriam dúvida em compatilhar, tanto no tocante à relação profissional quanto ao comportamento na vida particular.

Profissionalmente, por exemplo, dentre as “n” intervenções questionáveis do próprio, causou espécie e foi objeto de azedas críticas nas diversas áreas e instâncias jurídicas a sua decisão de, em atropelando como um trator desembestado os ritos processualísticos, “desmoralizar” publicamente toda a categoria e principalmente o Juiz Federal Fausto Martin de Sancttis, ao conceder num mesmo dia dois “hábeas-corpus” para tirar da prisão o banqueiro-bandido Daniel Dantas (a “trôco de quê”, é a pergunta que nunca foi respondida; ou alguém acredita mesmo que não existe algo por trás).

Já no campo privado, sua excelência é citado como sendo um dos proprietários do IBDP-Instituto Brasiliense de Direito Público, instituição educacional brasileira, fundada em Brasília em 1998 (governo FHC), que oferece cursos, presenciais e on-line, de pós-graduação, extensão e mestrado na área do Direito. Só que com um enorme diferencial em relação às demais escolas do gênero: entre os professores do IBDP estão mestres e doutores que atuam no cenário jurídico brasileiro, dentre os quais os seus colegas do Supremo Tribunal Fedeal: Eros Roberto Grau, Marco Aurélio Mendes de Faria Mello, Carlos Ayres Britto, Carlos Alberto Menezes Direito, Nelson Jobim e a senhora Cármen Lúcia Antunes Rocha; ou seja, alguns dos Ministros do Supremo também são funcionários, empregados, prestadores de serviço ou contratados, seja lá como possa ser definida legalmente a relação deles com o IBDP, do ex-Presidente do Supremo.
No mais, sabe-se que, íntimo do senador Demóstenes Torres, sua excelência teria, num passado não muito distante, viajado para a Alemanha em companhia do próprio, existindo a suspeita de que a farra/passeio tenha sido bancada pelo marginal-contraventor Carlos Cachoeira, que teria interesses a tratar com a dupla (longe do Brasil pra eliminar suspeitas).
Gilmar Ferreira Mendes parece ter esquecido (ou sua soberba e arrogância não o deixam enxergar) é que, na posição a que chegou “...não basta ser honesto, é preciso também parecer”. E, pelo andar da carruagem, aí ele não atenderia a nenhum dos requisitos.
Já no que se refere à acusação de que teria sofrido pressão do ex-presidente Lula da Silva sobre a conveniência de usar seu prestígio junto aos seus pares para postergar o julgamento do tal “mensalão” (formalmente desmentida por Nelson Jobim, presente à reunião), aí credite-se à má fé e a desonestidade do panfleto conhecido por Revista VEJA (tudo indica que o Gilmar Mendes não disse o que a VEJA disse que ele disse).     

Alguns escritos poéticos - Maio/20012


aconchego dos teus versos 
Como sustância do dia 
Injetei o sabor da tua melodia 
Nas veias borbulhantes que me destes 
Do riso que tirastes da face seca 
Fez tambor para batucar 
em olhinhos
Chuvosos de alegria
Cantoria de terreiro 
Brotando poesia 
Alumiando o destino guerreiro. 

Alexandre Lucas 

E o vento veio forte 
Como que quisesse me abraça a terra 
o sonho acelerou o medo 
disse que era Oxossi 
com a força da floresta 
nem sei o que é Oxossi 
mas sei que é diferente de oxe
no meio da madrugada tua voz foi minha água 
minha massagem de alma 
e a musica de ninar
que faz o sonho chegar. 

Alexandre Lucas 

Escolhi quebrar as estruturas 
E estourar as bolhas 
Nas quais eu me guardava 
Dançar com o fogo 
Para ressuscitar a alma 
Visitar os bosques 
Conhecer os cheiros 
E apreciar as estéticas florais 
Aprender com o toque que afaga 
E com a distância que aperta. 

Alexandre Lucas

Nega-índia 
Mestiça 
Misturada de saberes 
Mandingueira e caboclinha 
Meu rosário, cobertor e linha 
Frivião de carinhos 
Alimento de ternura 
Cultivo de culturas 
Alinhamentos
Que fazem ninhos. 

Alexandre Lucas 

Quando a saudade bate 
E o desejo sacode a alma 
Emendo a distância com a presença da lembrança 
E monto no lombo das palavras 
Para chegar de longe 
Como sino de capela 
Subtraio os dedos para encurtar os dias
Para nos fazemos jardim poesia. 

Alexandre Lucas

O café chegou cedinho 
Adoçado com doce de palavras
Com gosto de abraço quentinho 
Veio na ginga angolana 
com faca amolada 
para fechar o corpo 
e abrir a encruzilhada 

Alexandre Lucas 

Entre rios e mares
Somos águas
Que se fazem versos 
Para professar desejos 
Levamos pedras e desfazemos barreiras 
para recompomos o nosso itinerário
que deve ter o cheirinho do aconchego de criança 
e os batuques de um sonho libertário. 

Alexandre Lucas

O poema vida 
Embrulhou-se nos lençóis de sonhos
Fez vinda e ida 
Fez trincheira e guarita 
Saiu pedalando sobre as nuvens 
E dançando coco em cima do sol
O poema vida é assim mesmo 
Andarilho e guerreiro 
Traquino, inesperado
Que sai dobrando vidro 
e perfumando os caminhos com lavanda de primavera.

Alexandre Lucas

Que venha a guerrilheira com seus molotovs de ternura 
Com sua artilharia de revolução 
Com seu traquejo assanhado 
Com seu batuque afinado 
Para festejar o coração 
Que venha de Catirina
Para brincar no terreiro
E levantar purina
Que venha com asas libertárias
Para debulhar os céus
E cambalhotear 
Num mar e sacolejar os véus. 

Alexandre Lucas

O poeta joga a parede de concreto 
Cacos, traços e poeira se espalham 
E a alfaia anuncia a morte adulterada da verdade
E a poesia se refaz assanhada e doce
Inquieta e guardiã 
Nas brechas do asfalto do coração 
Brota cheiro, flor e canção 
Cumplicidade, lealdade e liberdade 
E um jarrinho de saudade
Esperando o calor do teu compasso 
E a água do teu abraço. 

Alexandre Lucas

Estou em dilúvio de ternura
Saciando  da maça de uma nova aurora
Compondo mistura
Num guisado instigado
De um tempero aprovado 
Com perfume encantado
Sigo alumiado
O rastro enfeitiçado
Que me embrulha para os teus braços.

Alexandre Lucas   

Rasgo-me de felicidade 
Quando tem tempestade de flores
E frutos de palavras doces 
Nado como golfinho 
Nos teus mares de prazer 
Trago o teu cheiro impregnado nos meus sonhos
e o teu olhar massageando o meu. 

Alexandre Lucas

Queria um buquê de mãos
Para cheirar e sentir 
A companhia catirina e companheira 
O gingado de olhos 
E o canto indecifrável de prazer
Depois queria o aconchego da luta, 
O carinho das palavras 
e um carrossel de sonhos. 

Alexandre Lucas

Teus versos
Engatilharam tiros
E dispararam sabores
E atrevido
Coloquei-me estendido
No centro do alvo
Intensamente aberto
Prazerosamente perfurável
E coloridamente florido
Para receber o alvejar das tuas balas
E o despertar de um coração adormecido.   

Alexandre Lucas

E as roupas se espalharam
Enquanto os  corpos se unificavam
E  mãos se transbordavam em tochas de prazer
Tecendo orações e ladainhas de desejos
Em louvor  de santa Eva
A bendita pecadora
Dos infinitos livramentos
 que com sua boca deliciosa
nos ensinou todos os  mandamentos.

Alexandre Lucas 

O meu tempero tem gostinho
De sabor irreconhecível
Tem cheiro de floresta
 e som de neblina, cantoria de trovão.
Tem feitiço, mandinga e revolução
Tem o preparo em panela de nuvens
Para ninar a alma com versinhos de céus.

Alexandre Lucas

O artista toca fogo no sol
Incendeia os mares 
Desenha uma maçã, pinta de azul e come
Veste um paletó de nudez 
E arregalas os olhos 
Escancara desesperadamente um sorriso
Faz cara de triste
Senta no vaso sanitário e canta alegremente 
Toma banho de chocolate 
Acorrenta-se com um rosário
e diz isso não é normal. 

Alexandre Lucas

Perseguirei os sonhos 
De jeito intenso 
Como os raios solares
Buscarei atingir a lua 
E o brilho caleidoscópico das estrelas 
Hoje sou fábrica de desejos
Fabrico a vida 
Com o toque dos nossos sonhos

Alexandre Lucas

Queria um buquê de mãos
Para cheirar e sentir 
A companhia catirina e companheira 
O gingado de olhos 
E o canto indecifrável de prazer
Depois queria o aconchego da luta, 
O carinho das palavras 
e um carrossel de sonhos. 

Alexandre Lucas

Nega dos maracás e das alfaias 
dos tambores encantados 
que benze meus desejos 
com teus acalentos sonoros 
meu som avexado 
e meu canto de ninar
Mulher dos toques e batuques
Que faz meu pensamento dançar... 

Alexandre Lucas
  

Gilmar Incendeia Sentimentos? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Menos pessoal. Menos. Não precisa odiar o Lula só por ele ter levado pobres para as gôndolas dos supermercados. Por não ter mais aquela mão-de-obra por um prato de comida ou uma camisa de segunda. Não precisa achar que o PT é o último ato da política e que depois dele só uma nova ditadura.
A democracia é para todos e mesmo que coloquemos as opiniões individuais sobre o conjunto da sociedade, não precisa se tornar uma falange perseguindo quem pensa diferente. O vírus do golpe e da violência está aninhado em alguns corações. É a minoria, mas é preciso reconhecer que ela existe.

Por exemplo, hoje há um discurso hegemônico nos editorais das grandes corporações de comunicação, mas simultaneamente nas redes sociais e nos blogs o debate flui de modo plural. Alguns com muito desrespeito e mais virulência do que ideias, mas o conteúdo maior é a pluralidade.

Então vou dar uma opinião. Quem puder que leia a íntegra da entrevista dada ontem em Manaus pelo Ministro Gilmar Mendes do STF. Em momento algum ele afirma ter Lula o chantageado e pedido o adiamento do Mensalão como saiu na reportagem da Veja. Ao contar a ocorrência das conversas com Lula a versão dele é muito mais de conclusões próprias do teor das conversas do que propriamente um fala do ex-presidente.

Fica evidente na reportagem da revista Veja que Gilmar Mendes estava convicto que alguma ameaça recaia sobre ele por conta da sua proximidade com Cachoeira a partir da relação dele com Demóstenes. O teor da Veja é um surto persecutório do Ministro e a entrevista de ontem uma fabulação sobre a conversa que teve com Lula.

Ainda não dei opinião, mas agora vou. O Gilmar Mendes será um Ministro impedido no julgamento do Mensalão. Ele já anunciou o seu voto na matéria da Veja e na entrevista. Ele até editorou o julgamento que dará. Se existe alguém de bom senso entre os processados vai entrar com esta questão no STF.  
   
Por último sobre o Estado Policial que ele denuncia. Ele pode até citar procedimentos incorretos e pedir punição para quem os pratica. Não pode é negar a investigação para subsidiar o julgamento do Poder Judiciário quando apresenta ilações sem qualificar os eventos. Por exemplo, a magistratura não invalidou a Operação Sathiagraha que decorreu de uma investigação? Muitos brasileiros não gostaram desta decisão, mas continua valendo, comprovando que estamos num Estado de Direito Democrático.

Sem investigação policial estamos retornando ao Estado Monárquico em que o juiz é a mesmo tempo senhor do antes, do agora e do depois.   



Porque acho que não devo fazer exercícios físicos – por José Almino Pinheiro

 Há pouco tempo precisei fazer a renovação da carteira de habilitação. Além dos exames de saúde em geral, como os de vista, pressão sanguínea, me deparei com a exigência de fazer um exame estranho: o da bicicleta ergométrica! Me recusei a fazer tal disparate e, claro, seria reprovado. O cardiologista, curioso, provocou-me, queria saber as razões da minha recusa já que pagaria preço tão alto, ficando impedido de dirigir carros. Afirmei que o motivo era simples, queria viver muito! Minha família é de longevos, nenhum deles atleta. Disse também que acreditava em Darwin, e nas leis de Deus, já que foi o criador da natureza. Leis que por sinal ainda não foram revogadas, não ia desobedecê-las, não ia pôr em risco essa oportunidade hereditária. Lembrei que os próprios médicos prescrevem repouso e não exercícios para doentes. A internet está cheia de argumentos sérios e brincadeiras a respeito do assunto. Disse que acreditava e considerava os mais sensatos. Comentei que animais em geral não fazem exercícios, apenas no começo da vida treinam e exercitam movimentos e técnicas necessárias à sua sobrevivência.

Na natureza, excluindo seus predadores, o esforço físico que os animais realizam, desprendendo enorme quantidade de energia na obtenção de alimentos, faz com que, geralmente, vivam pouco em relação aos mesmos similares nos zoológicos. Os animais que vivem nos zoos de primeira linha, não precisam se preocupar com alimentos. Desfrutam de alimentação adequadamente balanceada por especialistas e possuem planos de saúde integral, vivem em média o dobro dos seus irmãos que se exercitam livremente nas florestas. Nunca ouvi falar, nem nunca vi, animais fazendo algo parecido com malhação, Cooper ou outro tipo de correria ou andanças, ao contrário, quando comem bem vão dormir. Não são loucos de gastar energia a toda hora a troco de nada. É uma das leis básicas da natureza em ação: a lei da conservação da energia. Lei apresentada pela primeira vez, em 1842, pelo Dr. Julius Robert Mayer que disse o seguinte: "Quando uma quantidade de energia de qualquer natureza desaparece numa transformação, então se produz uma quantidade igual em grandeza de uma energia de outra natureza”. O físico Max Planck em 1887 demonstrou o conceito de forma mais compreensível: “A energia total (mecânica e não mecânica) de um sistema isolado, um sistema que não troca matéria e/ou energia com o exterior, mantém-se constante”. O problema é que o nosso corpo não é um sistema fechado, portanto a energia duramente adquirida nos processos digestivos é liberada principalmente pelo calor gerado pela necessidade de nos manter vivos. A liberação dessa energia afeta diretamente a massa envolvida. O balanço energético dos seres vivos é negativo. Se o corpo libera energia e dejetos, não é um sistema fechado, significa que a massa do corpo e seus mecanismos vão para o beleléu.

Na Bíblia quase não há referências diretas a exercícios físicos, talvez a mais famosa passagem seja a de Timóteo 1 4:8 que nos informa: “Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser”. Não condena, apenas desqualifica, o que nos faz pensar que, dito por Paulo e citado na Bíblia, passa a ser uma grande negativa ao exercício físico. Claro que naquela época todo mundo caminhava muito, o que pode ser enquadrado como parte da necessidade de sobrevivência. Nos escritos antigos as referências que encontrei a exercícios físicos, quase sempre fica para lutadores, gladiadores ou artistas de circo, esses além de minorias, morriam cedo. Os soldados comuns dos exércitos da antiguidade, geralmente eram agricultores convocados  na zona rural. Porque então essa loucura de malhação, corridas, academias? Fico admirado em ver multidões fantasiadas de atletas, suando nas academias e correndo por ai. Mas logo depois se enchem de picanhas, sanduíches e pizzas tais. As multinacionais de equipamento esportivo agradecem. Nunca dizem o óbvio: só se engorda ou emagrece pela boca.

No final, recebi o diagnóstico com restrições e severo acompanhamento da pressão arterial, e com ele a carteira de habilitação renovada.  

Recife, 23 de maio de 2012