por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A caixa preta da cooperação internacional - José do Vale Pinheiro Feitosa

Vou ligar três pontos, em épocas diferentes e lugares bem distantes entre si. Vou ligar embora todos saibam que não sou e nunca fui cirurgião. E razão nenhuma, para meu ego avantajado, tenho em esperar que o velho lua faça uma música sobre isso.

Nos anos 60 o Programa Aliança para o Progresso refletia o desconforto do Império com a Revolução Cubana. E começaram a aparecer latas imensas de queijo cheddar para os pobres nordestinos que de vez em quando mastigavam um naco de queijo coalho. Sem contar latões de leite em pó, um legume estranho entre o arroz e o trigo, roupas usadas e tantas coisas mais com duas mãos se cumprimentando. O Império chegando junto da América Latina enquanto esta queria mais do que recebia na divisão internacional das riquezas.

Logo após a queda de Duvalier filho estive numa missão do governo brasileiro junto ao Haiti para preparar uma cooperação na saúde com eles. Andei em Port au Prince, estive pelo interior visitando hospitais e postos de saúde. Andei em instituições religiosas de caridade e conversamos muito sobre Jean-Bertrand Aristide, ex-padre e amigo delas e então presidente.

Savimbi ainda estava vivo e sua Unitas brigava com o MPLA. Vi prédios furados a bala como um queijo suíço. Uma grande missão da Agência Brasileira de Cooperação foi a Luanda para ajudar o governo de convivência entre as duas organizações. Era uma situação estranha: o ministro da MPLA e o vice da Unitas. Agora sobre a cooperação esta era ampla e irrestrita através de ONGs e instituições governamentais de um leque enorme de países. O Laboratório Central da Saúde era controlado por italianos, um hospital pelos franceses e assim os nativos viviam sendo cooperados.

Pronto, para desagrado do grande cirurgião que acerta até nas homenagens musicais, vou ligar os pontos sem saber suturar. A cooperação internacional. Aquilo que parece um ato humanitário, uma solidariedade de espírito elevado. Um diplomata de Luxemburgo, Jean Feyder, presidente da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), em seu livro Fome voraz, abre a caixa preta da cooperação internacional.

Os países que ajudam normalmente aproveitam a ocasião para dominar o mercado local com seus produtos, destruindo ainda mais a produção local. Os EUA resolveram alguns problemas dos agricultores do Arkansas com ajudas humanitárias ao Haiti e assim destruíram completamente a produção de arroz local que dava para alimentar a população do país e oferecia meio de vida a milhares de agricultores. Ajuda em alimento para a Somália serviam para financiar os senhores da guerra na compra de mais armas. Países africanos tiveram sua produção agropecuária arruinada por “ajuda” subsidiada dos produtos vindos dos excedentes europeus e americanos.

O difícil de encontrar nações sem interesses a não ser ajudar é que elas representam interesses comerciais de povos e corporações multinacionais.

Renovando em mim



Queria escrever, e depois colocar no fundo de uma gaveta dentro do meu pensamento, onde mora meus sentimentos, sentimentos adormecidos.
Minhas mãos estão presas, em uma cela imaginária, preciso descrever e envolver as ideias que piscam, e me levam para um lugar onde o silêncio é perene.
Então, agora respiro, busco fundo no fechar dos olhos as palavras, elas vão deixar impressas as aflições encontradas no caminho, me sacudo para fora do meu eu, é angustiante não perceber como vou achar um fim.
Vai meus pés tocar o chão espinhoso, salgado, e me pergunto todo este sacrifício vai levar-me onde?
As articulações não articulam mais nada, perdi meu rumo. Mas vou viver como sempre me mostrou a vida, simples, porque as reais pretensões se esvaíram assim como as minhas forças.
Rosemary Borges Xavier

compulsivo

O vinho abre a porta do inferno
e eu um diabo manco e caolho
desço as escadas espumando
no canto da boca febril loucura.

Mas como pode um infortúnio
em uma alma de santo?

Vinde então cruel carrasco
apartai minha cabeça
e lançai aos porcos.

Doravante andarei apenas com o tronco.
Lúcido e delicado com o coração vivo
na concha das mãos.

E quem beber do meu sangue
beberá da vitória do mendigo
que acordou um rei -

um rei manso
que colhe flores.

O CALDEIRÃO DO HUCK NO CRATO: ANTONIO HIGINO DE OLIVEIRA

    

     O apresentador do Caldeirão do Huck, programa exibido aos sábados pela Rede Globo, esteve na manhã desta terça-feira na cidade do Crato. De uma forma sigilosa, Luciano Huck desembarcou no Aeroporto de Juazeiro do Norte de onde seguiu direto para a Rua Padre Sucupira, 338, imediações do Cemitério de Crato. Ele surpreendeu a família do vendedor ambulante Antonio Higino de Oliveira, de 55 anos, escolhido para o quadro Lata Velha do seu programa.
     A surpresa e a correria com a chegada do apresentador e sua equipe foram grandes e vizinhos pareciam não acreditar no que estavam vendo. A permanência de Luciano Huck no local foi rápida se restringindo a tomada de algumas imagens. A notícia se espalhou rapidamente e o público crescia a cada instante. Só que quando muitas outras pessoas chegaram ao local, o apresentador global já havia retornado a Juazeiro, a fim de retomar o jato no qual veio e encontrava-se estacionado no aeroporto.
Nem o próprio contemplado para participar do programa ainda não sabe quem enviou carta à produção indicando seu nome. Antonio Higino possui uma velha Kombi de cor branca, ano 1985, com a qual trabalha vendendo balas, refrigerantes, doces e outros produtos junto a bodegas da periferia do Crato.
As filmagens foram feitas no cruzamento das ruas Fábio Lemos e José Marrocos e o carro será transportado para São Paulo. De acordo com os critérios do quadro Lata Velha, Higino poderá ter o seu veículo totalmente recuperado caso se de bem nos desafios propostos ao mesmo.

Barbalha On-line Notícias

POEMA DE ISOPOR XI - por Ulisses Germano

UM POEMA É COMO UMA ORAÇÃO
DEVE SEMPRE SER LIDO EM VOZ ALTA
PARA SER SENTIDO NO CORAÇÃO
LUGAR ONDE O SUBLIME AMOR SE EXALTA 
EXERCITANDO A SENSIBILIDADE
AO VER NO BELO A POSSIBILIDADE
DE ACHAR A BONDADE QUE TANTO FALTA

Ulisses Germano
"O objetivo da vida  é brincar. O objetivo do amor é brincar. O homem e uma mulher brincando estão se amando! Essa faculdade de sonhar, sonhar, sonhar..."

Rubem Alves

LEVITA-ME SUBLIME POESIA!






O Haver
Vinicius de Moraes

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas,
essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

15/04/1962

A poesia acima foi extraída do livro "Jardim Noturno - Poemas Inéditos", Companhia das Letras - São Paulo, 1993, pág. 17.



"Será que nas escolas a gente ensina as crianças a chorar diante da beleza?" Rubem Alves
"Será que na escola a gente aprende a brincar de novo?" Rubem Alvez

PALESTRA: AMOROSIDADE DE RUBEM ALVES NO SESC DO CRATO

"Estou com 78 anos... eu tenho estado pensando que chegou a hora de partir. Então eu tenho pensado muito em parar com as minhas viagens, mas ai eu começo a pensar: "O QUE VAI SER DE MIM SEM AS PESSOAS QUE GOSTAM DE MIM! Porque eu acho que vocês gostam de mim... pelo menos na imaginação (aplausos)... pelo menos na imaginação!... eu não posso viver sem vocês e acho que vou continuar dando as minhas palestras até que o Deus todo poderoso decida o que vai acontecer comigo. Enquanto isso não acontece, a minha relação será com vocês. Vocês é que vão decidir o que eu vou fazer da minha vida."


"O QUE VAI SER DE MIM SEM AS PESSOAS QUE GOSTAM DE MIM!


Igreja: o "Celibato" - Leonardo Boff

O celibato, para esse tipo de Igreja que temos, é estrutural e necessário. Temos uma Igreja altamente concentrada em termos de poder, que está só na mão de uma mínima parte, que é o clero. E QUE TEM DE GERENCIAR A PRIMEIRA GRANDE MULTINACIONAL DO OCIDENTE QUE É O CRISTIANISMO – DESDE O SÉCULO IV É UMA MULTINACIONAL, QUE ENVOLVE CERCA DE 1 BILHÃO DE PESSOAS.
Então, para a Igreja, o celibato é estratégico. Porque você tem uma mão-de-obra diretamente ligada a você e que não tem nenhum vínculo de família, de mulher, de filhos, de herança, e é o intelectual orgânico estrito da instituição. Ele encarna a instituição e, não sem razão, é tirado da família com a idade de 12, 13 anos, levado para o seminário e criado na sua mentalidade, na sua subjetividade, para servir a instituição. Ele é estruturado nessa perspectiva, que vai contra duas tendências básicas da modernidade, que são resgatar a liberdade e a subjetividade. Quer dizer, o ser humano se descobre como sujeito livre, que organiza sua privacidade, sua sexualidade, seu projeto pessoal. Se é casando, se é mantendo-se solteiro, se é sendo gay, não importa, você respeita as preferências do projeto que você tem.
E A IGREJA NEGA ISSO. ELA IMPÕE QUE QUEM QUER SERVI-LA TEM DE SER CELIBATÁRIO. ENTÃO, FRUSTRA TODO UM CAMINHO, QUE É UM CAMINHO TAMBÉM DE REALIZAÇÃO HUMANA, PORQUE A SEXUALIDADE NÃO É SÓ UMA QUESTÃO DE TROCA GENITAL, É O DIÁLOGO COM A DIMENSÃO DA “ANIMA” E DO “ANIMUS”, COMO UM INTEGRA A ALTERIDADE DO OUTRO, MULHER OU HOMEM, RESPECTIVAMENTE, COMO TRABALHO DA DIMENSÃO DA TERNURA, DA FRAGILIDADE, DO AMOR, QUE É UMA EXPOSIÇÃO AO OUTRO.
O celibatário trabalha com grande dificuldade isso, porque ele - por força da educação e sua função - é autocentrado. E toda a dimensão do feminino, não só da mulher, mas do feminino no homem e na mulher, é encurtada.
No campo, o celibato nunca funcionou, porque o padre era simultaneamente camponês e tinha de arranjar mão-de-obra, e não havia seminários onde se formassem padres. Ele gerava um filho, explicava como era a missa, os sacramentos e tinha o seu sucessor. No primeiro milênio, o celibato era reservado aos bispos, que tinham de ser monges celibatários. Com os padres era mais ou menos livre. O seminário só veio na polêmica com os protestantes no século XVI, quando a Igreja cria a instituição de formação de seus quadros e aí impõe o celibato rigoroso. É assim até hoje.
AGORA, ISSO NUNCA FOI ALGO QUE FOSSE ENTENDIDO COMO DO ÂMBITO DA TRADIÇÃO CRISTÃ, OU DA REVELAÇÃO. É UMA DISCIPLINA ECLESIÁSTICA, PORTANTO DEPENDE DA VONTADE DO PRÍNCIPE.

Texto: Leonardo Boff
Grifos: responsável pela postagem

QUEM FOI O ALMIRANTE ALEXANDRINO..

A família Alencar, deu ao Brasil grandes nomes. Homens que, por seu heroísmo e sentimento patriótico ainda hoje são exemplos de brasilidade. Entre os grandes nomes da historia politica brasileira, destacamos a figura impar do Almirante Alexandrino. Nome de Rua na cidade de Crato, seu nome figura entre os nomes históricos da região sul do Brasil, notadamente São Paulo e Paraná.

Nome completo Alexandrino Faria de Alencar, foi um grande Almirante da Marinha Brasileira, e é um legítimo representante da família Alencar, cuja nascedouro se deu a partir da cidade de Exu, no Pernambuco.

O Almirante Alexandrino era filho do Capitão do Exercito Alexandrino de Melo Alencar e de Ana Ubaldina de Faria, e neto do General Pedro Rodrigues de Melo Labatut e Archangela de Carvalho Alencar, e bisneto de João Pereira de Carvalho e Inácia Pereira de Alencar que era filha de Joaquim Pereira de Alencar e portanto tetraneto de Leonel Pereira de Alencar, pioneiro da família Alencar no Brasil.

Alexandrino de Faria Alencar, nasceu no dia 12 de outubro de 1848, na cidade de Rio Pardo – RS, e faleceu em 18 de abril de 1926. Foi militar, Formado em Engenharia Naval pela Escola Naval do Brasil, e o grande herói da batalha Aquidabán: histórico do combate de 16 de abril de 1894 em aguas de Santa Catarina durante a Gerra do Paraguai. Exerceu os seguintes cargos Públicos: Ministro da Marinha e Ministro do Supremo Tribunal Militar.

Exerceu mandato de Senador da república nos anos de 1906 e 1921 a 1922, tendo recebido as homenagens de Cavaleiro da Ordem de Aviz, a Medalha de Mérito Militar, Medalha da Campanha do Paraguai concedida pelo Brasil, Medalha da Campanha do Paraguai concedida pela Argentina.
Seu filho, Armando de Alencar foi Ministro do Supremo Tribunal Federal, e o neto Fernando Ramos de Alencar foi embaixador do Brasil

Aniversário

Sou de Escorpião: descobrindo a cada dia o profundo e simples mistério da vida. Este ano me repito na Revolução Solar com Ascendente Escorpião: o Sagrado, na grandeza do seu Amor, me diz sempre para ir além do mistério aparente. Transformar, transformar, transformar.

Sou de Escorpião
não revelo tudo
é preciso ler as entrelinhas

mistério:
linguagem a decifrar
como se percorresse uma noite
profunda
sem lua
e sem estrelas.
só silêncio

Stela Siebra Brito

Olinda - Por Rosa Guerrera


Com o título de Patrimônio Mundial da Humanidade e berço da cultura brasileira, Olinda é pura beleza e arte nas ruas de seu sítio histórico, inspiração para vários artistas plásticos que escolheram a cidade para montarem ateliês, galerias e museus. Foi a primeira capital de Pernambuco e deve ser também um dos primeiros lugares a serem visitados quando se chega a Recife.
Com suas igrejas, seminários e casarios, a cidade atrai visitantes de todas as partes do mundo.
Quem chega a Olinda se encanta.!
Os guias mirins são ótimas companhias para conhecer a cidade . Explicam de forma rimada e muito engraçada toda a sua história. Com eles, se pode conhecer os Mercados da Ribeira, do Varadouro, o Mirante do Alto da Sé, o Seminário, o Museu de Arte Sacra, entre outras construções que levam o visitante ao passado.
O circuito das igrejas também merece um destaque especial. Existem inúmeras delas, dedicadas aos mais diferentes santos, além dos nichos espalhados pela cidade, que contam a trajetória de Jesus até o calvário.
Juntamente com os carnavais do Rio de Janeiro , Recife e Salvador , o carnaval de Olinda é dos mais famosos do Brasil.Para quem não sabe ,uma característica desse Carnaval pernambucano é que os festejos são protagonizados pelo POVO . Não há sambódromos,nem trios elétricos: a animação e o ritmo são mantidos pelos populares, que formam grupos de todos os matizes, com variados instrumentos e tocando as músicas que desejarem. E é essa alegria contagiante , que leva centenas de turistas que vêm a Recife , dar uma esticadinha de apenas 6 quilometros , e conhecer além de tudo de belo que possui Olinda , as lindas praias de águas mornas existentes também na nossa primeira capital.

por rosa guerrera

Amanhecendo o dia...


Para Stela: flores, música e poesia!






HERANÇA

Tal qual Luzilá* procurou por Thargélia em Arquivos e Museus,
Eu procuro uma Thargélia revelar-se dentro de mim.
Que Thargélia habita em mim?
Que indizível poema se escondeu na minha alma,
Se enredou no emaranhado dos meus pensamentos
E não se revelou ao meu coração?
Que dor carrega minha alma, que medo se instalou em meu corpo?
Por que Thargélia em mim está tão quieta?
Onde estão os sonetos de louvor à vida?
As ousadias e as ternuras?

Tal qual uma dor que machuca minha alma
Tal qual um medo incrustado em minha pele
Ou uma lembrança que não se faz lembrada,
Os poemas passeiam em meu sangue. Vermelhos, ardentes, vivos!
Uma herança merecida e não recebida
Células poéticas caladas, sussurrando emoções de um vulcão em aparente extinção,
Desejoso de expelir sentimentos seculares.

Por que a poesia não se materializa, se faz concreta?
Ela é uma angústia trancada em meu peito
É uma palavra que não se deixa escrever nem falar
É uma onda do mar que nunca quebra na praia
É uma lembrança escondida e antiga,
De um mundo antigo,
De uma alma antiga.
Pois são tantas as estrelas que vivem em mim
Querendo se fazer clarão...

Quantos baús de poesia carrega minha alma
Sem lembrar onde e porque escondeu suas chaves?

Thargélia, irmã, em qual constelação guardei as chaves?


* Luzilá Gonçalves Ferreira, escritora pernambucana, autora de “Em busca de Thargélia”, pesquisa sobre as mulheres escritoras pernambucanas do final do século XIX.




"Amor bastante" - Paulo Leminski



quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você
caminhando junto

(LEMINSKI, Paulo. La vie en close. São Paulo: Brasiliense, 1991. )



O coletivo não admite escolhas

Fatos admitem argumentos ?

Conjugar no plural é um ideal
Vivê-lo é crescimento geral !

(socorro moreira)