por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Para Stela: flores, música e poesia!






HERANÇA

Tal qual Luzilá* procurou por Thargélia em Arquivos e Museus,
Eu procuro uma Thargélia revelar-se dentro de mim.
Que Thargélia habita em mim?
Que indizível poema se escondeu na minha alma,
Se enredou no emaranhado dos meus pensamentos
E não se revelou ao meu coração?
Que dor carrega minha alma, que medo se instalou em meu corpo?
Por que Thargélia em mim está tão quieta?
Onde estão os sonetos de louvor à vida?
As ousadias e as ternuras?

Tal qual uma dor que machuca minha alma
Tal qual um medo incrustado em minha pele
Ou uma lembrança que não se faz lembrada,
Os poemas passeiam em meu sangue. Vermelhos, ardentes, vivos!
Uma herança merecida e não recebida
Células poéticas caladas, sussurrando emoções de um vulcão em aparente extinção,
Desejoso de expelir sentimentos seculares.

Por que a poesia não se materializa, se faz concreta?
Ela é uma angústia trancada em meu peito
É uma palavra que não se deixa escrever nem falar
É uma onda do mar que nunca quebra na praia
É uma lembrança escondida e antiga,
De um mundo antigo,
De uma alma antiga.
Pois são tantas as estrelas que vivem em mim
Querendo se fazer clarão...

Quantos baús de poesia carrega minha alma
Sem lembrar onde e porque escondeu suas chaves?

Thargélia, irmã, em qual constelação guardei as chaves?


* Luzilá Gonçalves Ferreira, escritora pernambucana, autora de “Em busca de Thargélia”, pesquisa sobre as mulheres escritoras pernambucanas do final do século XIX.




Um comentário:

Stela disse...

Adoro essa música (claro - rs rs)
Sauska,
brigadão pela homenagem.
xêros