por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 26 de março de 2012

MIGUEL GUSTAVO- por Norma Hauer



P’ra frente Brasil!

Ele nasceu em 24 de março de 1922 e recebeu um nome longo: Miguel

Gustavo Werneck de Souza Martins, mas teve uma vida curta, não

chegando a completar 50 anos. Ficou conhecido como MIGUEL

GUSTAVO.

E como Miguel Gustavo ele foi o responsável por vários “jingles” que

circularam pelo rádio e pela televisão.

Mas destacou-se com aquele que foi considerado o hino da Copa do

Mundo, quando o Brasil foi tri-campeão em 1970. Aliás, 1970 só foi ano de

júbilo para o futebol.

“90 milhões em ação,

P’ra frente Brasil

Do meu coração.

Todos juntos, vamos,

P’ra frente Brasil,

Salve a Seleção.



De repente

É aquela corrente p’ra frente,

Parece que todo o Brasil deu a mão.

Todos juntos, juntos...

P’ra frente Brsil

Salve a Seleção”



Como radialista, Miguel Gustavo iniciou sua carreira aos 19 anos, na

Rádio Vera Cruz, como discotecário,e depois apresentando o programa

“As mais belas frases”

Seu primeiro sucesso, porém, foi um samba gravado por Jorge Veiga,

ironizando os colunistas sociais em grande voga nos anos 50. Seu nome

“Café Soçaite”. Na onda desse sucesso, compôs, ainda para Jorge Veiga

gravar, os sambas “Boite Tralalá” e “O Que é o Café Soçaite”, que tiveram

menos êxito que o primeiro.



Em 1958 Elizeth Cardoso gravou o samba “E Daí, e Daí?” e nesse mesmo

ano Carequinha fez todo o povo cantar:



“Ela é fã da Emilinha,

Não sai do César de Alencar

Grita o nome do Caubi

E depois de desmaiar

Pega a Revista do Rádio

E começa a se abanar...”



Era uma alusão às chamadas “macacas de auditório” que esqueciam tudo

para tomar parte nos programas populares da Rádio Nacional.

Outra grande produção de Miguel Gustavo que “pegou” na época do Dia

do Papai foi “È Sempre o Papai”, gravado por Zezé Gonzaga, que se tornou

uma espécie de hino daquela data.

O cantor Moreira da Silva, que fez grande sucesso nos anos 30 e 40, estava meio afastado dos estúdios.

No início dos anos 60, Miguel Gustavo

”transformou-o” em uma espécie de artista do faroeste americano dando-lhe

para gravar os sambas de breque “O Último dos Moicanos”; “O Rei do

Gatilho”; “O Sequestro de Ringo” e, ainda como “gozação”, “O Rei do

Cangaço”, "O Canto do Pintor” e “Morengueira contra 007”.

Seus “jingles” famosos ele começou a compor em meados dos anos 50,

iniciando com um para as “Casas da Banha”:



“Vou Dançar o Chá-Chá=Chá,

Casas da Banha...”



Depois vieram para o Leite Glória, para o Toddy, para a Varig, para a

abertura do programa do Chacrinha, para vários outros produtos , assim

como para campanhas políticas, de Sarney (desde deputado) Juscelino e

Jango

“É Jango, é Jango

É o Jango Goulart”.



Miguel Gustavo foi casado com a também radialista Sagramour de

Scuvero, que mantinha um programa radiofônico com o nome de “O

Mundo Não Vale seu Lar”.


Sagramour e Lígia Lessa Bastos, foram as primeiras mulheres eleitas

vereadoras no Rio de Janeiro, quiçá no Brasil.

Pouco antes de falecer, Miguel Gustavo gravou um LP só com músicas

natalinas suas e de outros compositores.

Sem mesmo completar 50 anos, Miguel Gustavo faleceu em 22 de janeiro

de 1982.


Norma

ANDRÉ FILHO- por Norma Hauer




Foi no dia 21 de março de 1906 que ele nasceu, aqui no Rio de Janeiro, recebendo o nome de Antônio André de Sá Filho, mas ficou conhecido nos meios musicais, como ANDRÉ FILHO.

Em sua mocidade, estudou no Colégio Salesiano de Santa Rosa, em Niterói, onde foi colega de Almirante, o então futuro "Maior Patente do Rádio".

André Filho foi cantor, compositor, radialista, homem dos "sete instrumentos" (violão, piano, bandolim, banjo, percussão...) e autor de 'CIDADE MARAVILHOSA", o hino da Cidade do Rio de Janeiro, oficializado por decreto governamental, quando a cidade se confundia com o então novo Estado da Guanabara.

Essa música foi lançada, como marchinha, em uma festa de nome "Festa da Mocidade", em outubro de 1933

. No ano seguinte foi gravada por André Filho e Aurora Miranda para o carnaval, obtendo, no concurso que a Prefeitura lançava anualmente, a segunda colocação. Nesse mesmo ano, André Filho gravou, com Carmen Miranda, outro sucesso :"Alô, Alô", também bastante cantada no carnaval.

Naquela época, César Ladeira lia, diariamente, na Rádio Mayrink Veiga, uma crônica escrita por Genolino Amado, de nome "Cidade Maravilhosa". Discutiu-se muito para saber quem intitulou o Rio de Janeiro de "Cidade Maravilhosa": André Filho ou Genolino Amado?


Nenhum dos dois. Foi o escritor Coelho Neto.

ANDRÉ FILHO, como cantor, atuou nas Rádios Tupi, Mayrink Veiga, Philips e Guanabara.

Como compositor, gravou, com Carmen Miranda ("Bambolê"; "Quero Só Ver"; Lua Amiga; "A Lua Vem Surgindo"; "Mulato de Qualidade"...) gravou, ainda, com Aurora Miranda (“Ciganinha de meu Coração”;”Bibelô”), com Mário Reis e alguns outros...



Em 1960, fez um depoimento a Ricardo Cravo Albin, no Museu da Imagem e do Som, onde registrou para a posteridade, fatos de sua vida como cantor e compositor.



ANDRÉ FILHO compunha sozinho, quase não teve parceiros, mas um marcou sua vida com uma música de grande repercussão na época "Filosofia", gravada por Mário Reis
Quem foi esse parceiro? Nada menos que Noel Rosa.

Em 1974, exatamente no ano da morte de ANDRÉ FILHO, Chico Buarque redescobriu o samba "Filosofia", dando-lhe nova roupagem , repetindo o grande sucesso, que tivera na época de seu lançamento.



Mas muitos o julgam do próprio Chico ou apenas de Noel Rosa.



Outro que fez parceria com André Filho foi Ataulfo Alves, no samba “Quanta Tristeza”, gravado por Carlos Galhardo, que então se encontrava na Odeon.

André Filho, tendo se separado de sua esposa, passou a viver sozinho com suas lembranças e faleceu no dia 2 de julho de 1974, aos 68 anos.

Hoje, todos conhecem “Cidade Maravilhosa” mas pouquíssimos se lembram de ANDRÉ FILHO.
Norma

A Atração dos Fatos - José do Vale Pinheiro Feitosa

Uma das piadas recorrentes no folclore cearense era aquela do sujeito que tinha um apelido que odiava e se chamado perseguiria o provocador. Aí se contava que numa roda os provocadores falavam partes do apelido separadamente e o indigitado vinha como uma fera desafiando que eles juntassem as partes.

Mas não parece que algumas notícias juntam coisas? Por exemplo: esta vantagem que a gravidade está em relação aos divertimentos radicais. Aquela menina lá num parque de diversões em São Paulo, aquele rapaz nas montanhas do Chile e agora a turista baiana que caiu de um parapente aqui no Rio de Janeiro. Eu até já escrevi para meu irmão que mora em Salvador e veio ao Rio só para fazer o passeio e depois deixar-me morto de inveja e humilhado pela minha covardia de nunca ter assumido o sonho de Ícaro. Paulinho: você hoje é mais baiano do que cearense, tome cuidado com a gravidade, viu meu Rei!

O registro histórico realmente mexe com a atenção humana. Ainda hoje conhecemos pessoas aficionadas pelas primeiras e segundas guerras mundiais. Gostam de descrever as batalhas, os armamentos, as táticas e a grandes estratégias da guerra. Poucos percebemos que esta dedicação caberia perfeitamente nos dias atuais. Basta que prestemos atenção aos fatos.

A famosa bipolarização com os EUA teria terminado pela rendição da União Soviética. Pronto a guerra acabou! Que nada. Quem for acompanhar a história recente da Europa Ocidental e dos EUA verá todos os elementos da propaganda de guerra dos anos 40 do século XX, as estratégias e as táticas. Inclusive o cinismo deslavado.

Percebem-se a guerra travada, as conquistas e as resistências no Oriente Médio em torno das reservas de Petróleo. Ali EUA e Europa Ocidental disputam com a China e a Rússia o território e os povos morrem diariamente em batalhas sangrentas. Obama vai para a Coréia e destrava o cinismo falando em banir as armas atômicas do mundo. Logo o presidente da única nação a usar tal armamento e que não diminuiu uma bomba do seu arsenal ainda da guerra fria?

E Israel? Não tem argumento contra o Irã e sua bomba. O enclave judaico no mundo Árabe tem mais de trezentas ogivas nucleares. Portanto o argumento é o da guerra, não deixar o inimigo se armar e ficar à sua altura naquele mundo que se agudiza ponto a ponto, pois é o centro do petróleo. E o Afeganistão? Todo aquele ódio contra as burcas, os talibãs, sem contar a Al Qaeda, é uma falsidade de cabo a rabo. Ali se encontra o controle das ex-repúblicas soviéticas da Ásia e, claro, o território estratégico do Afeganistão para o escoamento das jazidas a norte do país. Isso sem esquecer o controle do subcontinente indiano, incluindo o Paquistão, Índia e o Irã no Oriente Médio.

Então: se as reservas de Petróleo do Pré-Sal brasileiro são o que dizem? É urgente nos prepararmos para a guerra. A indústria de armamento por aqui renascerá e as forças armadas terão investimentos à altura. O nosso protagonismo internacional ainda é fraco, mas com o argumento do Petróleo, mesmo que queira se esconder não conseguirá. A não ser que se opte por desaparecer e sair por aí virando lata de lixo.

Enfim vivemos atualmente os dois sentidos da palavra gravidade: a agudeza dos fatos e a irresistível atração para os desfechos de guerras.


Obrigado !


Faltam-me palavras para agradecer a profusão de gestos carinhosos ,recebidos recentemente, quando do encantamento da minha insubstituível D. Ninette. Em meio à dor e ao desespero da perda , essa solidariedade cai como um lenitivo para a ferida aberta e sangrante. Como um barco à deriva estou, e o consolo dos amigos é-me como um vento cálido a bafejar-me as velas , impulsionando-me para um longínquo mas possível porto seguro.

Obrigado por tudo !