por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

FOTO RARA... QUEM SÃO ESSAS CRIATURAS - IGUATU-CE.


Flechas




Disparo uma flecha ligeira
Espero que esta seja certeira
Desejo que te pegue de bobeira
Vou plantar uma roseira
Para que dos espinhos eu use como ponteira
E construa várias flechas perfumadas
Que perfure tua alma
Mas que esta me acalme
Pois hoje o que sangra é apenas minha carne
Rosemary Borges Xavier 

Uma Mineiridade n´Alma - José do Vale Pinheiro Feitosa

Uma casa na Rua da Câmara em Tiradentes, Minas Gerais. Uma casa na subida para a Igreja de Santo Antonio. É pouco: não se trata de apenas uma casa. É a moradia e o ateliê de Oscar Araripe. Uma casa belíssima, desde a exposição de seus quadros, as escadas, muitos cômodos e uma coberta nos fundo, do segundo andar, com a vista completa da Serra de São José.

Oscar tem uma fundação. É jornalista, trabalhou no Rio e agita a cultura na região das Vertentes em Minas Gerais. Mas ele tem uma coisa rara nos conglomerados urbanos de hoje. Ele vai além da família nuclear e do apartamento suprido de babás eletrônicas.

O pintor tem um senso de ancestralidade. Um mito profundo no tempo e no espaço. Ele descende de outras vertentes. Das vertentes do Araripe que um dia no espírito nacionalista de sua época fundiu o nome da família Alencar com a chapada. Oscar Araripe tem uma coisa que muitos invejam: uma saudade difusa de uma era de glória.

Como estamos em Minas há um desejo permanente de fazer a travessia das serras. Da Serra de São José um dia prometi e durante cinco horas, em trilhas pouco amigáveis, eu, Tereza e um guia calado como um mineiro fizemos os treze quilômetros íngremes, por vezes pedras, noutras cascalho, lanhos profundos de erosão e no alto uma visão de quase toda a região das vertentes.

Tereza: que coisa especial estas formações sobre a serra, estas centenas de pequenos volumes de pedras. Lembram os túmulos de um cemitério. A natureza é mais criativa, o humano ao transpor seus sentimentos dos volumes os padroniza. Os reduz à repetição de formas. A natureza não pouca detalhes, o diferente mesmo que sob o cinzel de forças repetitivas, as forças da erosão.

Uma noite ainda fria, uma rua sem saída repleta de mesas, um violão e voz, comendo uma sopa quente: num dia canja no seguinte mandioca com carne seca. Alguns goles de água com gás e gelo, ouvindo o crepitar de um fogareiro ao ar livre. Na saída uma banana flambada com sorvete. Por que o frio se casa com sorvete? Perguntem aos russos de Moscou e aos italianos.

No sábado pela manhã já na estrada, Tiradentes não era o personagem e nem Belo Horizonte, para onde nos dirigíamos, era apenas um horizonte belo. Ninguém que imagina a palavra Tiradentes naquele espaço esquece o relevo, a Serra de São José, a Igreja de 1710, a segunda igreja com mais ouro do Brasil. Ninguém esquece as vertentes intrincadas de rios serpenteando entre morros e montanhas, rios tão profundos na nossa história como o Rio das Mortes, na vizinhança de acertar no olhar à vista nua, da cidade de São João del Rey.

Quando o mineiro diz Belzonte já diz outra coisa de diferente. Pronuncia seu sotaque como um país, ou melhor, um continente. Fala da rua Savassi como um desejo de noitada. Já nem está no cotidiano o Clube da Esquina, mas certamente aquele horizonte belo é uma narrativa histórica, poética e bela destes povos que constroem dimensões nunca antes experimentadas.

Selvageria contra Lula foi "ensinada" pela imprensa


Por luisnassif, dom, 30/10/2011 - 19:29

Autor: Weden

Não há porque o jornalista Gilberto Dimenstein se espantar com a falta de educação de leitores da Folha em relação à doença de Lula. Nem pode se supreender quando olhar as caixas de comentários dos portais do Estadão, do Globo e da Veja, por exemplo.

A selvageria, que se esconde muitas vezes sob o manto do anonimato, nada mais é do que a continuidade do primitivismo jornalístico praticado por muitos dos seus próprios colegas de trabalho, seja na Folha, seja nos outros veículos acima citados.

O modo como os blogueiros selvagens da Veja - com especial atenção aos dois leões de chácara Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes - se referem ao ex-presidente, e o ódio que eles encarnam, não é muito diferente do modo como alguns representantes de uma classe média deseducada - felizmente, minoritária - se refere àquele que saiu do poder com 80% de aprovação.

Exercícios de falta de educação e decoro jornalístico podem ser encontrados em editoriais - um espaço que, por definição, deveria representar a voz respeitosa dos veículos - do Globo, da Folha e do Estadão, com xingamentos e referências sem escrúpulos a Luis Ignácio da Silva.

Assim como a repulsa mostrada por comentaristas e parajornalistas contra os eleitores de Lula resultou num clima de xenofobia e preconceito jamais observado publicamente neste país, a voz carregada de nojo e ódio de uma Lucia Hipólito - que não conseguiu esconder o júbilo pela doença de Lula - ou de um Arnaldo Jabor, ou ainda de um Merval Pereira, produzem seus ecos no comportamento de leitores que não conheceram a civilidade e as regras de comportamento do espaço público.

Autores desqualificados produzem ou pelo menos atraem leitores desqualificados. Antes de se envergonhar dos leitores, Gilberto Dimenstein deveria se envergonhar de alguns nomes que compartilham com ele o mesmo ambiente midiático.

Cogito - por Torquato Neto




eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim.

"Verbos do amor"- por socorro moreira


É noite de lua cheia, mesmo em fase minguante.
Noite dos encontros por acaso, de uma velha amizade, surpreendida por beijos!

Noite de receber mensagens, olhar a cidade de uma roda gigante, acompanhada de carinho e medo.
Escrever cartinhas e versos de amor, mandar recadinhos por tabela, insinuar com o olhar ou o andar, que a tâmara está madura... Comer a maça do amor!

Um par de namorados caminha
ou dança de mãos dadas.

Suspiram, ouvindo a mesma canção
Inventam apelidos, no diminutivo
Sentem ciúmes, arengam,
e se despedem querendo ficar
Os passionais matam ou morrem
Os tímidos declaram paixão,
sem temer a rejeição!
Alguns têm até diário ...
Agenda para armazenar momentos.
Um filme, perfume, o primeiro beijo,
O segundo amasso, e a dor da saudade!

Tenho meio século de encantamentos
Existem prendas, que ainda me pertencem.
Existem amores extintos, noutro incêndio
Só lembro que o coração salta do peito
As pernas ficam bambas, o olhar se ilumina,
a boca fica seca , as orelhas pegam fogo,
e um friozinho na barriga, avisa que estamos vivos!
É como uma febre, sem a moleza do corpo.
É febre tesão de encontrar no outro
Algum tesouro, que não seja ouro
Apenas a adrenalina da paixão!
Qualquer ilusão à toa, nos apraz!
Só pra lembrar João Donato, e sair desse texto,
Conjugando com Abel Silva, Verbos do Amor,
e cantando com Piaff um Hino ao Amor!

socorro moreira