por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 14 de março de 2011

Jalousie- Jacob Gade





Jalousie (célèbre Tango Tzigane)


Le destin
Qui te fit un beau matin,
Croiser ma route,
Le désirait sans doute
Mais depuis,
Tout au long des jours et des nuits
De toi je doute
Et mon rêve s'enfuit.
Lorsque tu viens te blottir
Aux creux de mes bras,
Tes yeux ne peuvent mentir,
Mais je n'y crois pas,
Sur mon souci
Tu ris tout bas,
Mais chéri, Ne m'en veux pas ...

{Refrain:}
Mon coeur est jaloux malgré moi
Jaloux d'un regard vers un autre,
D'un mot qui soudain fait trembler ta voix
Jaloux d'un frisson qui glisse en tes doigts ...
Mais c'est ce danger j'en ai peur,
Qui nous lie si bien l'un à l'autre,
Le jour, mon espoir
Tu l'emportes avec toi,
Et mon coeur est jaloux malgré moi !

Je sais bien,
Tu profiteras demain,
Pour ta défense,
De cette confidence,
A ce jeu,
Ton coeur est le plus fort des deux
Le mien d'avance
Fait tout ce que tu veux !
Mais de ce goût que tu as
De me voir souffrir,
Mon coeur un jour parviendra
Peut-être à guérir,
Si c'était vrai,
Qui sait pourtant,
S'il pourrait
T'aimer autant !

{au Refrain}

Mon coeur est jaloux malgré moi
Jaloux d'un regard vers un autre,
D'un mot qui soudain fait trembler ta voix
Jaloux d'un frisson qui glisse en tes doigts ...
Mais c'est ce danger
J'en ai peur,
Qui nous lie si bien l'un à l'autre
Aussi quel bonheur
Mon amour je te dois,
Si mon coeur est jaloux malgré moi !
Jalousie (ciúme)
Francisco Alves

Jalousie, eu sinto crescer em mim
Este ciúme,
Que um grande amor resume.
Porque fazer,
Ó Jalousie, meu coração sofrer assim
Toda a amargura de um tormento sem fim.
Se tu sorris eu disfarço e sou feliz,
Se longe estás, a minh'alma não vive em paz,
Ó melodia vem traduzir
Toda a exaltação do meu sentir.
Ciúme é um perfume de flor,
Ciúme é um queixume de dor,
Teus olhos que fingem não me fitar,
Mas que vivem só a me acompanhar.
Ciúme expressão dolorida
Das mil incertezas da vida.
Julgar que outro alguém se interpôs
E que tudo acabou
Entre os dois, entre os dois.

Ciúme




Eu sempre catei o ciúme,

mas ele se esconde de mim.

Fico com a  comodidade

de deixar escapar,

quem se perde de mim,

em outro olhar !

socorro moreira

Um canto...


Sonhar-te...
És o sonho de tantas,
Que te sonhar,
Nem importa tanto
Nem mais, nem menos.

Soprar-te,
Só de vez em quando...
Pra longe da terra
Pra longe do mar
Pra longe de mim

Querer-te
Não muito,
E de vez em quando.

É minha sina,
Voar como a minha saia
Ora branca, ora negra,
Ora cinza!

É isso, e nisso...
Vivo assim pairando
É isso que falo, canto...
Ora voz e alma
Tudo em branco
Ora tudo negro
Como um manto.

(socorro moreira)

BENEDITO LACERDA - Por Norma Hauer



Foi a 14 de março que nasceu, no ano de 1903, BENEDITO LACERDA.

Flautista, compositor, arranjador, responsável pelos conjuntos "Boêmios da Cidade" e "Benedito Lacerda e seu Regional". Com esses conjuntos acompanhou quase todos os cantores de sua época, como Francisco Alves, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Odete Amaral...Foi o arranjador e acompanhante de Ciro Monteiro na gravação do famoso samba de Geraldo Pereira "Falsa Baiana".

Um dos maiores sucessos do carnaval de 1939, ainda hoje sempre executado, foi "Jardineira", feita em parceria com Humberto Porto, inspirado em uma musica do folclore baiano.

Dois sucessos, baseados em temas idênticos, marcaram os carnavais de 1935 e 1936: "Eva Querida", gravada por Mário Reis e "Querido Adão", gravação de Carmen Miranda.

Benedito Lacerda compôs centenas de músicas, muitas não marcaram muito, mas outras estão sempre por aí, nas vozes dos seresteiros atuais, como "Boneca" (parceria com Aldo Cabral), "Número Um", composta com Mário Lago "Carnaval de Minha Vida", também tendo Aldo Cabral como co-autor.

Dentre as centenas de composições de Benedito Lacerda, gostaria de destacar: "A Lapa"(sucesso absoluto no carnaval de 1948); "Espelho do Destino";"Um caboclo Apaixonado;"Lela";"Alô Cabrocha"...são tantas que ficaria exaustivo citar e acompanhar essa citação.

Mas uma eu gostaria de destacar:"Isis", feita em parceria com Aldo Cabral, também co-autor de "Boneca".

Isis era o nome de uma de minhas irmãs, a quem sempre eu dizia que havia uma música com o nome dela gravada por Silvio Caldas em 78 rotações. Nunca saiu em LP; entretanto, em 2003, um ano após o falecimento de minha irmã, a gravação foi relançada em CD (cópía do original de 78 rotações). E minha irmã não a conheceu.

Depois de fazer várias gravações de chorinhos famosos com Pixinguinha, a flauta de Benedito Lacerda emudeceu e ele veio a falecer em 16 de fevereiro de 1958, em pleno domingo de carnaval.


Norma

MAIS UM CENTENÁRIO SYNVAL SILVA-Por Norma Hauer




Na data de 14 de março de 1911, nasceu, em Juiz de Fora, SYNVAL SILVA

que marcou muito a carreira de Carmen Miranda. Terei de recorrer á minha memória para lembrar um pouco de SYNVAL SILVA.


Seu nome completo era SYNVAL MACHADO DA SILVA, mas se identificava apenas como SYNVAL SILVA.

Muito cedo começou a tocar em festas em sua cidade natal.

Como todo menino pobre precisou trabalhar muito cedo. Assim, tornou se mecânico de automóvel, trabalhando depois como motorista

. Em 1927, compôs sua primeira música, a valsa “Lua de Prata”, que não chegou a ser gravada. Três anos depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar no morro da Formiga.

Já em 1931 passou a fazer parte do regional Good-Bye, da Rádio Mayrink Veiga, e, pouco depois, conheceu Assis Valente, que o apresentou a Carmen Miranda.


A pedido da cantora, que lhe prometeu um conto de réis (dinheiro da época) por uma música falando em mulato de samba, ele, compôs “Alvorada” e “Ao voltar do samba”, gravados por Carmen, pela Victor, em 1934.

Com o grande sucesso alcançado pela segunda composição, a cantora lhe fez novo desafio: dois contos de réis se lhe entregasse outro samba que atingisse pelo menos a metade do sucesso do anterior.

Foi quando compôs o samba “Coração”, gravado em 1935, também por Carmen que, no ano seguinte, “estourou” com “Adeus Batucada”.


Esses sucessos deixaram Assis Valente (que apresentara Synval para Carmen) triste porque Carmen deu preferência aos sambas de Synval.

Nesse mesmo ano, Aurora Miranda gravou, de Synval, a marcah “Amor, Amor” e o samba “Moreno”.

A marcha fez bastante sucesso.


A partir daí, cantores, como Orlando Silva, Odete Amaral e outros daquela época gravaram Synval Silva.


Aqui deixo parte das letras de duas composições de Synval que fizeram sucesso:

"Coração" e "Amor, Amor".


CORAÇÃO


"Coração, governador da embarcação do amor,

Coração, meu companheiro na alegria e na dor.

A felicidade procurada corre

E a esperança é sempre a última que morre..."


AMOR, AMOR...

"Amor, amor, amor,

Quem é que neste mundo

Não conhece a sua dor?..."


Mas o que chamou atenção dos ianques para "descobrirem" Carmen Miranda foram os sambas "Adeus Batucada" e "Ao Voltar do Samba".


"Meu Deus, eu me acho tão cansada,

Ao voltar da batucada

Que tomei parte na Praça Onze.

Ganhei no samba um arlequim de bronze,

Minha sandália quebrou o salto

E eu perdi o meu mulato

Lá no asfalto".


E, também, de Sinval Silva, outro grande sucesso na voz de Carmen Miranda:


"Adeus, adeus

Meu pandeiro de samba

Tamborim de bamba

Já é de madrugada

Vou-me embora chorando

com meu coração sorrindo

E vou deixar todo mundo

Valorizando a batucada


Em criança com o samba eu vivia sonhando

Acordava, estava tristonha chorando

Jóia que se perde no mar só se encontra no fundo

Samba mocidade

Sambando se goza nesse mundo.


E do meu grande amor sempre me despedi sambando

Mas da batucada agora eu despeço chorando

E trago no peito esta lágrima sentida

Adeus batucada, adeus batucada

Querida."


Sinval Silva faleceu em 14 de abril de 1994, aos 83 anos .

Norma



UM PIANO NAS SERESTAS CUSTÓDIO MESQUITA -Por Norma Hauer



Foi num dia como o de ontem, 13 de março de 1945, que um vulto conhecido em nosso meio artístico partiu para a viagem sem volta. Seu nome CUSTÓDIO MESQUITA.
Custódio Mesquita foi um seresteiro diferente: ele levava o piano para fazer serestas em plenas ruas de Laranjeiras, bairro onde nasceu em 25 de abril de 1910. Faleceu sem completar 35 anos.

Custódio foi compositor, escreveu peças para teatros, atuou no cinema; era um galã diferente. Na época em que os homens cortavam o cabelo a la Príncipe Danilo, Custódio ostentava uma cabeleira bem tratada, bonita, que lhe dava os ares de galã hollywoodiano.
Criando trabalhos para teatro, conheceu o também autor e compositor Mário Lago, fazendo logo dupla com ele. Foi quando ambos compuserem um dos grandes sucessos de Orlando Silva :"Nada Além". Na outra face do disco de 78 rotações foi gravada outra composição da dupla: "Enquanto Houver Saudades".

Vou deixar para falar mais de Custódio na data de seu nascimento (25 de abril) mas hoje quero recordar o que foi o dia de sua morte. Já se sabia que ele tinha cirrose hepática, mas não se esperava que morresse tão cedo. Assim, sua morte apanhou seus amigos de surpresa.

Lembro-me dessa data e, na ocasião, mandei um comentário para a revista "A Cena Muda", lembrando quem foi Custódio Mesquita e terminando com os versos:

"A caixinha já não existe mais,
Só ficou a saudade de seu tra-lá-lá..."

de sua composição "Caixinha de Música", uma das poucas que ele compôs sem parceiro.

Norma

Anil

Acabei de chegar de um encontro poético.Ouvi recitais de um povo jovem que pensa e deixa o coração  falar.
Achei belo!
Depois, Ulisses Germano ficou tocando bandolim, e a sua música crescia, crescia, e a gente silenciava, silenciava...
O músico que desperta o nosso silêncio, e deixa aflorar a nossa emoção , é poeta!
A lua estava linda.Sua energia transformou a noite numa tela, numa música, numa saudade futura, que eu faço questão de não antecipá-la.
Catando quadras na noite, eu juro que fiquei perdida, e vali-me daquelas escritas, por tantos poetas que fazem o Azul sonhado permanecer anilado de paz.

Dia da poesia no fim dos tempos





O LEITOR E O POETA

O leitor gosta de um poema
porque pensa que foi ele que o escreveu.
O melhor poeta é aquele que desperta
o poeta adormecido no leitor.

O poeta vê as gotas de chuva na janela
e nas folhas do abacateiro, viu à noite,
    antes da chuva,
as estrelas multiplicando-se e apagando-se,
como numa grande brincadeira
                                                  – e escreve
como se fosse o leitor.

                                          O poeta é o mais abnegado
e desprendido dos seres: anula-se para que o leitor viva.
O poeta morde o lábio, morde a língua e sangra.
A poesia é feita de sangue, não de palavras.
                                                                    Estas são
um disfarce para a dor, cacos do espelho que chamamos
de poema.
                  O relógio resmunga na parede, como se fosse
dono do tempo.
                           Vai medindo, compassadamente,
a minha morte individual, diz o poeta, pensando
na morte coletiva.
O poeta pensa no seu irmão, o leitor,
tão íntimo e estranho ao mesmo tempo.
                                                              O leitor que lê

o poema como se tivesse ele próprio traçado, linha a linha,
aquelas linhas, aquelas palavras, aquelas imagens
que pulsam no bolso e, por pouco, não o derrubam.



NO FIM DOS TEMPOS

Talvez haja mil leitores entre um milhão de pessoas,
mas haverá cem leitores de poesia entre mil leitores?
Haverá dez leitores de poesia entre mil leitores?

Quantos leitores de poesia haverá entre mil poetas?
Os poetas leem os poemas dos outros poetas?

Sic transit gloria mundi – assim os poetas são:
passageiros, estranhos e indiferentes passageiros.


______________


A Coluna da Hora - Emerson Monteiro


Dos logradouros cratenses que possuem mais nomes, a Praça Francisco Sá vem recebendo várias identificações conforme características que apresenta no decorrer de sua ativa história de porta principal da cidade: Praça do Cristo Rei, da Estação, das Kombis, dos Ônibus, e Praça dos Pombos. Quando cheguei a Crato, na primeira metade da década de 50, era o quadro mais bonito dentre as outras praças do centro urbano. Recepcionara, em 1926, o primeiro trem vindo de Fortaleza, data de festa gandiosa, e merecera do prefeito Alexandre Arraes de Alencar, nos preparativos das comemorações do Centenário do Município, os melhores mimos de decoração.
Entre seus Ficcus benjamim e torceras de flores coloridas, edificara alguns dos monumentos alusivos àquela fase cratense: uma fonte luminosa, de que, hoje, só restam resquícios; a Coluna da Hora; e a Fonte da Samaritana; estas belas e intactas, apesar da carência dos maiores cuidados.
A Praça da Estação cumpriu importante papel nos itinerários de minha história de infância e morador do Bairro Pinto Madeira à busca dos acessos da vida social do lugar. Escreveu não leu, cruzava seus canteiros e desviava de seus postes de ferro prateado, o que, por maior empenho dedicasse, não escaparia, certa vez, de trombar num deles e colher galo dolorido bem no centro da testa.
A edificação da Coluna da Hora, monumento de bom gosto, encimada pela imagem de Jesus em escala adaptada às proporções do Cristo Redentor do Rio de Janeiro, coube construir a Alexandre Arraes, no ano de 1938, sob orientação do arquiteto-escultor Agostinho Balmes Odisio, mestre italiano responsável pelo trabalho, segundo consta numa das placas do pedestal.
A execução da obra, por sua vez, ficou a cargo do mestre Vicente Marques da Silva, imaginário nascido em 06 de janeiro de 1908, na cidade de Juazeiro do Norte, e que viveu algum tempo em Crato, um dos irmãos de Raimundo Marques, Mundinho, o autor da Samaritana, inaugurada em 21 de junho de 1952, e goleador emérito do futebol de antanho, falecido vítima de acidente automobilístico num dos cruzamentos da cidade.
Dia desses, abordado por Aristides, decano personagem da AABB de Crato, ele indagava quando retornará o funcionamento normal do relógio da coluna, tão apreciado pelos frequentadores da praça, indagação esta que ora repasso aos titulares da municipalidade e responsáveis diretos pelo assunto.
Dentre os registros e citações que adornam o valioso monumento, duas falam de perto à alma de nosso povo, quais sejam: Cristo reina, vence e impera, dístico gravado em latim clássico. E Sede bem-vindo, nesta terra há lugar para todas as pessoas de boa vontade, palavras bem aos moldes da grandeza desta gente alencarina.

" Eu e o Mar "


Poseidon furioso
Mar desafio
Imensidão
Profundezas.

Odisseu perdido
Canto de sereias
Penélope à espera
Mortalha infinita.

Alto mar
Mar aberto
Medo
Naufrágio
Morte
Imensidão de lágrimas.

Eu -Ilha
Porto seguro
Areia morna
Praia deserta.

Eu -Sereia
Sem en-Canto
Eu gaivota
Asa partida.

Meu Pirata dos Sete Mares
Tesouros perdidos ou roubados
"O que o mar leva, o mar traz."
Levou os meus sonhos ,
Mas só trouxe a saudade.

Corujinha Baiana -Dia do Mar - 12 /10/ 2009

Arthur,o Meteoro e a Corujinha

Era uma vez uma coruja
Que viu um meteoro e teve medo
Quando a coruja viu a outra coruja
Ela ficou alegre.

Arthur – 13/03/2011

PS.Arthur tem sete anos e dois meses, e é meu netinho mais novo.Ele escreveu a lápis, no próprio desenho, mas como ficou muito claro, ao escanear não saiu,por isso eu digitei.
Não julgar!

- Mas,vamos comentar?!


PARTO

A
P  o  e s i A
d e u
 a 
l u z
ao 
s o n h o



Ulisses Germano
Ponta da Serra - Crato
14/03/2011

No dia da Poesia ...



Catulo, que tinha uma Paixão Cearense - José do Vale Pinheiro Feitosa


Um dos personagens mais marcantes nos anos 10, 20 e 30 no Rio de Janeiro. Ousado, vaidoso, sabia-se genial, e não fazia por menos. Frequentava o Palácio do Catete, era amigo de presidentes e, no entanto, terminou numa casinha humilde no antigo subúrbio do Rio. Acho que no Engenho de Dentro. Nasceu no Maranhão, filho de um cearense, esteve pelo estado do pai e cunhou seu nome com uma bela expressão: Paixão e além do mais Cearense.

Quando parte da nossa gente mais letrada se acostumou a ter a noção profunda do Jazz, do Blue, do Country e do Rock, esquecem que o Brasil teve a sua grande glória que formou um mercado de disco e muita gente que chegou no mais adiantado da civilização da época, mas voltou-se às origens populares. João Pernambuco, Catulo, Pixinguinha e por aí abra-se o leque que tudo que se sustenta tem base por ali. A primeira e seminal experiência urbana moderna do nosso país.

Quando nós, os caririenses nos derramamos de amor com a poesia de Patativa do Assaré, nos lembremos de figuras importantes como Juvenal Galeno e o nosso Catulo da Paixão Cearense que escreveu coisas lindas para esta canção de João Pernambuco.


Poeta do Sertão

João Pernambuco
Catulo da Paixão Cearense


Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Se choro o pinho,
em desafio gemedô,
não há poeta,
cumo os fio do sertão,
sem sê dotô.

Os oios quente
da cabôca faz a gente
sê poeta de repente,
que a poesia vem do amô.

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

O Puritamo,
Pró da famo,
Chico Gamo,
João Rangé.
O Catolé
O Canindé,
O Riachão,

quando eles dança no Baião,
só tem na boca,
esse nome de cabôca,
que escangaia o coração.

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Dotô frormado,
homi letrado,
lá das corte
se quizé brincá comigo,
muito então se tem que vê,
os livro da inteligença e da sabença,
mas porém a mata virge
tem poesia como quê.

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Eu ostru dia vi Carol
uma roceira
lá prás banda da Ipueira,
temperando igarapé,
desde este dia senti n`alma a poesia,
temperei minha viola,
cantei mais que um caboré.

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Eu sou roceiro,
o meu nome é João Bueiro,
vô fazê trinta janeiro,
amenhã se Deus quizé,
mas deus me fez um cantadô afamanado
prá morrê crucificado
nos coração das muié

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Por José do Vale Pinheiro Feitosa

Na Rádio Azul



14 de Março- O Dia Nacional da Poesia



A poesia é a arte da linguagem humana, do gênero lírico, que expressa sentimento através do ritmo e da palavra cantada. Seus fins estéticos transformaram a forma usual da fala em recursos formais, através das rimas cadenciadas.

As poesias fazem adoração a alguém ou a algo, mas pode ser contextualizada dentro do gênero satírico também.

Existem três tipos de poesias: as existenciais, que retratam as experiências de vida, a morte, as angústias, a velhice e a solidão; as líricas, que trazem as emoções do autor; e a social, trazendo como temática principal as questões sociais e políticas.

A poesia ganhou um dia específico, sendo este criado em homenagem ao poeta brasileiro Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), no dia de seu nascimento, 14 de março.

Castro Alves ficou conhecido como o “poeta dos escravos”, pois lutou grandemente pela abolição da escravidão. Além disso, era um grande defensor do sistema republicano de governo, onde o povo elege seu presidente através do voto direto e secreto.

Sua indignação quanto ao preconceito racial ficou registrada na poesia “Navio Negreiro”, chegando a fazer um protesto contra a situação em que viviam os negros. Mas seu primeiro poema que retratava a escravidão foi “A Canção do Africano”, publicado em A Primavera.

Cursou direito na faculdade do Recife e teve grande participação na vida política da Faculdade, nas sociedades estudantis, onde desde cedo recebera calorosas saudações.

Castro Alves era um jovem bonito, esbelto, de pele clara, com uma voz marcante e forte. Sua beleza o fez conquistar a admiração dos homens, mas principalmente as paixões das mulheres, que puderam ser registrados em seus versos, considerados mais tarde como os poemas líricos mais lindos do Brasil.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Há braços
que
abraçam o
Mundo...

Lá no Universo-Por Rosemary Borges Xavier

Unir  Versos
Neste UniVerso
Ver  Versos
Nestes Versos Unidos
Depois de ter Unido Versos neste Universo
Escrevo-os nas Bordas deste e peço-te para Espiar

"Primary" - Eterna Estação



(Para minha prima Maryfran)


Conheço uma geminiana ,


no legítimo padrão : sensível, volúvel,


inteligente , e excelente contadora de histórias.


Adora todas as artes , e até faz algumas ...



Uma mulher como "Gilda ":


"Uma dessas mulheres ,


que a gente não esquece ",


por infinitos motivos .



Tem cheiro de "Calandre";


Som de um noturno em Mi bemol.


Admira mulheres como " Shirley Valentine" na ficção ,


e respeita Zélia Gattai , na vida real.


Considera Lindos , homens como Chico Diaz...


- Com homens inteligentes ,


o papo satisfaz !



Adora todos os adereços femininos ,


menos o batom ...


Enfeita a casa com flores do campo,


e artesanais , que a vida traz.



Tem sempre uma canção ,


na ponta da língua , e chora,


Se o violão quebrou sua corda.



Sorri bonito por qualquer bobagem ,


Se irrita com a crueldade ...



Quando lhe perguntam ,


por um grande amor,


de pronto , responde:


"Nem às paredes confesso "


Nem que tenho , nem que tive ...


- Seu coração é discreto!


Sabe amar, num tom baixinho ...




Gosta da fauna e da flora ,


Diz que fidelidade é sempre relativa


Que o destino existe ...


E que todo mundo , no fundo descobre,


"A delícia de ser o que é " , pelas cicatrizes !



"Primary " é o meu Porto Seguro , minha eterna Estação.


Brisa que sopra minhas folhas-dores ... douradas ou não!


Flor na delicadeza de bem receber


Fruta na fartura do nutrir


Chuva benfazeja de informações , sugestões ...


Sem a força da imposição.




Eu tinha 7 anos, quando a conheci.Depois ficamos da mesma idade.
Naquele dia distante,fiquei impressionadíssima com as unhas da minha prima: bem cuidadas , compridas e lindas !

Foi nela que entendi , pela primeira vez , a função de um espelho. Bem diferente , daquela da madrasta de Branca de Neve;reflexo da verdadeira vaidade : o cuidar-se ! Não por ostentação , mas por respeito às pessoas e a si mesma !




Mulher de um charme irresistível
Humor inteligente,
Mãe d'água da família !


Sabe todas as minhas histórias e enredos
E até os que não vivi , ainda saberá !


Uma lua no rio ...
Pra não dizer que esqueci "Moon River "!

Casamento poético


Agora namoro tudo que eu quero
Sem pensar , no juntar dos trapos
Penso apenas , no cruzar de versos
- Um enxoval sem lençóis bordados

 (socorro moreira)

Um amor que volta ,
volta com os olhos salgados ...
querendo o colírio do afago !

(socorro moreira)

RODA DE HISTÓRIAS COM BISAFLOR

O CÁGADO TOCADOR DE GAITA

Meu pai sabia de uma história contada por seu bisavô, que escutou de uma velha parenta índia que viveu no tempo em que se entendia a fala dos animais.
A velha índia contou que havia um cágado tocador de gaita, dos bons, cuja arte causava grande admiração a todos os outros animais, e a alguns, até inveja.
É o caso do jacaré, que morrendo de inveja do cágado, só pensava em sair por aí tocando gaita ou então, ficar na beira do rio, tomando banho de sol e tocando gaita.
Um dia o jacaré foi ao local onde o cágado costumava ir beber água, deitou-se na areia e ficou esperando o amigo, que chegou saudando-o:
- Olá amigo jacaré, como vai?
- Na vidinha de sempre. Estou aqui, amigo cágado, tomando meu banho de sol.
O cágado bebeu água até se fartar, sentou-se ao lado do amigo, puxou a gaita do bolso e começou a tocar. O jacaré, que já tinha arquitetado um plano, elogiou a música do cágado, e depois acrescentou:
- Será que eu levo jeito pra tocar gaita? Eu tenho tanta vontade de experimentar, o amigo bem que podia me emprestar um pouquinho.
Disse isso olhando com olho pidão para o amigo cágado, que, sem desconfiar das suas intenções, lhe passou a gaita. O jacaré se atirou na água no mesmo momento, levando consigo a almejada gaita. O cágado ficou fulo de raiva, mas naquele momento estava em desvantagem, não podia fazer nada, “mas, me aguarde amigo jacaré”.
Alguns dias depois o cágado já tinha em mente uma forma de reaver sua gaita e, ainda, criar uma situação constrangedora para o jacaré. Foi a um cortiço, engoliu um monte de abelhas e lambuzou o fiofó com muito mel. Depois, dirigindo-se ao lugar onde o cágado costumava tomar banho de sol, escondeu-se entre as folhas, botou o rabo pra cima e aguardou.
O jacaré chegou, postou-se a tomar sol. O cágado abriu a boca e soltou uma abelha que saiu zunindo, zum... zum... zum; daqui a pouco soltou outra abelha, depois outra e todas saiam zunindo, o que chamou a atenção do jacaré, que, supondo ter por ali um cortiço de mel, enfiou o dedo no fiofó do cágado, que o apertou com força. O jacaré gritou “ai” e o cágado perguntou:
- Cadê minha gaita? Só solto seu dedo quando me der conta da gaita -, falou assim e ia apertando cada vez mais o dedo do jacaré, que se pôs a chamar pelo filho, entoando uma cantiga:
- “Ô Gonçalo,
meu filho mais velho,
a gaita do cágado...
tango-lê-rê...
a gaita do cágado...
tango-lê-rê...”
O rapaz não entendendo bem o que o pai queria perguntava de lá:
- O quê, meu pai, é sua camisa?
Da beira do rio o jacaré respondia:
- “Ô Gonçalo,
meu filho mais velho,
a gaita do cágado...
tango-lê-rê...
a gaita do cágado...
tango-lê-rê...”
Mais uma vez o rapaz não ouvia direito o que o jacaré pedia.
- Ô, meu pai, é o seu chapéu?
- É não, meu filho,
é a gaita do cágado,
é a gaita do cágado.
- Ô, meu pai, é sua alpercata?
- “Ô Gonçalo,
meu filho mais velho,
a gaita do cágado...
tango-lê-rê...
a gaita do cágado...
tango-lê-rê...”
- Ô, meu pai é seu facão?
E novamente o jacaré respondia a cantilena, e pensava: “ai que vexame”.
Já estava com o dedo quase torado, quando finalmente Gonçalo chegou com a gaita. O jacaré a entregou ao dono, que, só então, soltou seu dedo.
O cágado saiu tocando gaita beira de rio acima, feliz da vida com sua música.
O jacaré teve que mergulhar rapidinho nas águas, pois não agüentava mais a mangação dos outros animais.

Foto de Pachelly Jamacaru

Mandala- por socorro moreira



Existem mortes que não se preparam. Existem mortes que são dissolvidas, bebidas, esperadas.Nos ultimatos, uma porção de recados , que nem sempre chegam ao seu destino.
Hoje nos despedimos. O perfume já estava fora do ar. Tinhas uma energia nova, que eu não captara... Perdi o fio da meada de um sentimento, que não criou limbo. Eu te vi longe de todos os meus contextos.Eu ti vi longe e fora de mim. Mas abri os meus braços, e nos acolhemos para um último abraço.
Teus cabelos saíram contigo, embranquecidos de lua, ensolarados de vida. Nos demos conta das árvores que foram cortadas, e do último pôr-do-sol que assistimos.
O dia a dia renova o céu... Estamos renovados, nos becos com saídas. Eu continuo no mesmo lugar. Tu continuas partindo. Não nos prometemos madrugadas, nem sorrisos cruzados.
Estamos soltos no tempo... As cartas dizem, que nos esquecemos.