por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 14 de março de 2011

Catulo, que tinha uma Paixão Cearense - José do Vale Pinheiro Feitosa


Um dos personagens mais marcantes nos anos 10, 20 e 30 no Rio de Janeiro. Ousado, vaidoso, sabia-se genial, e não fazia por menos. Frequentava o Palácio do Catete, era amigo de presidentes e, no entanto, terminou numa casinha humilde no antigo subúrbio do Rio. Acho que no Engenho de Dentro. Nasceu no Maranhão, filho de um cearense, esteve pelo estado do pai e cunhou seu nome com uma bela expressão: Paixão e além do mais Cearense.

Quando parte da nossa gente mais letrada se acostumou a ter a noção profunda do Jazz, do Blue, do Country e do Rock, esquecem que o Brasil teve a sua grande glória que formou um mercado de disco e muita gente que chegou no mais adiantado da civilização da época, mas voltou-se às origens populares. João Pernambuco, Catulo, Pixinguinha e por aí abra-se o leque que tudo que se sustenta tem base por ali. A primeira e seminal experiência urbana moderna do nosso país.

Quando nós, os caririenses nos derramamos de amor com a poesia de Patativa do Assaré, nos lembremos de figuras importantes como Juvenal Galeno e o nosso Catulo da Paixão Cearense que escreveu coisas lindas para esta canção de João Pernambuco.


Poeta do Sertão

João Pernambuco
Catulo da Paixão Cearense


Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Se choro o pinho,
em desafio gemedô,
não há poeta,
cumo os fio do sertão,
sem sê dotô.

Os oios quente
da cabôca faz a gente
sê poeta de repente,
que a poesia vem do amô.

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

O Puritamo,
Pró da famo,
Chico Gamo,
João Rangé.
O Catolé
O Canindé,
O Riachão,

quando eles dança no Baião,
só tem na boca,
esse nome de cabôca,
que escangaia o coração.

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Dotô frormado,
homi letrado,
lá das corte
se quizé brincá comigo,
muito então se tem que vê,
os livro da inteligença e da sabença,
mas porém a mata virge
tem poesia como quê.

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Eu ostru dia vi Carol
uma roceira
lá prás banda da Ipueira,
temperando igarapé,
desde este dia senti n`alma a poesia,
temperei minha viola,
cantei mais que um caboré.

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Eu sou roceiro,
o meu nome é João Bueiro,
vô fazê trinta janeiro,
amenhã se Deus quizé,
mas deus me fez um cantadô afamanado
prá morrê crucificado
nos coração das muié

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Por José do Vale Pinheiro Feitosa

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