por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

POEMAS DE ISOPOR - Ulisses Germano

 QUADRAS EM GRACEJOS
BEIJOS E SOBEJOS

A
*******
A cidade que um dia foi
Continuará sendo ainda
A miragem do olho do boi
De uma cultura que jamais finda

B
*******

Eu não posso ficar alheio
Ao mundinho que me rodeia
O Crato ficou muito feio
Depois da levada da cheia
C
*******

A Praça Siqueira Campos
Não tem mais os postes antigos
Creio que foram os pirilampos
Em conluio com os mendigos

CC
********
A Praça Siqueira Campos
Tem quatro relógios parados
Não aguentaram os trampos
Dos suores dos deputados

D
********

Hoje escutei minha rádio AM
O locutor lia a notícia
A voz soava em FM
Não tinha medo da polícia
 
E
***+***

O corrupto japones se mata
O corrupto brasileiro chora
Talvez seja essa a diferença
Do vendido daqui e o de fora


F
****+****

Se Esopo voltasse a Terra
Nestes tempos bagunçados
Iria ver que quem erra
Quase sempre são os culpados

Ulisses Germano
Crato, 17/02/11

P.S. O Paritido da Questões Pertinentes - P.Q.P.  adverte: Subestimar a inteligência e a sabedoria popular é burrice.

Viajante



Velas acesas, e pés na estrada.
As orações se enfileiram
Parece que a fé não chega.
Dor rascante
A rotina entra no caos das mudanças
Meu coração acompanha viajante
Que de peito aberto enfrenta o mar do destino.

Fantasia - por socorro moreira- Foto by Emerson Monteiro


Quando todos dormem

Sou a fada

e a noite é a cinderela

Visto-a com meus azuis

- brisa gélida.


A dor latente adormece

Escuto um violão

que chega das esquinas

João Nogueira desceu do céu

e canta na janela.


Não vivo a solitária

Sou sozinha

Solidão que persigo

encontra o ninho


Somos amigas

que ensopam o guardanapo

de vinho e gotas salgadas


Tomara que o bem demore

Tomara que chegue tarde...


Minha fantasia gosta

de ser sereno

na estrada.

A dor - Mara Thiers

(comentário sobre postagem "A dor - Aloísio / Socorro Moreira"

Mara Thiers disse...

Muitas vezes, é uma dor pungente...
Dilacerante! Coberta sob véus...
Outras vezes, transparente feito a cor do céu.

Engano




A vida é uma sucessão
de partidas e vindas
Algumas bem-vindas
Outras mal-vindas
E o destino ,na fé se altera
Por um Deus , 
que no fundo , creio !

Ciência e fé ...
Como acreditar , se desconheço
Aposto no dito do amigo ...
Perturbam-me tratados filosóficos ,
Não sei o caminho da verdade
Me engano , em todos os caminhos !

POEMAS DE ISOPOR


O dinheiro compra tudo
Compra rádio, compra gente
Faz do fraco um ser mudo
Mascarado e indecente
Que perdido na vaidade
Constroi a própria maldade
Pisando quem vem na frente

O dinheiro compra tudo
Só não compra a poesia
Que no verso tem o escudo
Amparado na alegria
Do delírio que encanta
Até mesmo a besta anta
Que vendeu a alforria

Ulisses Germano
Presidente vitalício do Partido das Questões Pertinentes - P.Q.P


" Blue Hawaii " - Uma música Inesquecível


(Imagem - Google Imagens)
Essa música deu nome ao filme, um dos maiores sucessos, talvez o maior, de Elvis Presley no cinema,no início dos anos 6o, se não me falha a memória, 1961. Gosto muito da música original cantada por ele,mas não encontrei um vídeo à altura..Esse, com Billy Vaughn e Orquestra, eu acho sensacional.



O gosto de escrever - Emerson Monteiro

À medida que os hábitos passam a integrar a personalidade, eles se revertem numa segunda natureza, agindo por conta própria, arrastando consigo os impulsos e as disposições pessoais. Isto quanto aos maus ou bons hábitos. Daí quanto difícil largar um vício de qualquer naipe. O aprendizado adota, por isso, tal mecanismo de automação da vontade, nas profissões, nos processos de administração das circunstâncias, ou nas inúmeras e complexas atividades que formam os dias das criaturas humanas. Escrever também pode bem representar desses mecanismos, na prática das rotinas, que as transformam numa segunda natureza.
Por mais frequente a ocupação, e na medida em que cresçam as facilidades nela desenvolvidas, o subconsciente age no segundo plano da atenção, propiciando resultados surpreendentes de aprimorar o método escolhido. Dirigir automóvel, pilotar aeronave, praticar esporte, pedalar, cantar, trabalhar, ler, estudar, escrever, além dos milhares de outros exercícios físicos e mentais, alimentam e planificam os costumes da alma humana, identificando-a no que lhe cabe desenvolver. O que antes parecia sacrifício e exigia dedicação, reverte num prazer sem conta ou tamanho.
A força, por isso, aplicada para desenvolver o hábito traz satisfação até então desconhecida por quem desconhece as reações do organismo, em termos de realização particular.
A título de comparação, faz anos que eu avisto, na estrada do Grangeiro, em Crato, o professor Alberto Teles praticar corrida, dias constantes. Às vezes, sob sol intenso; às vezes, debaixo de chuva. Sozinho, suado, nu da cintura para cima, pés descalços, concentra-se na atividade qual fosse pela primeira vez. Um atleta modelo, toca adiante hábitos esportivos reunidos no tempo em que serviu às forças armadas, na Marinha do Brasil. Depois, ensinou educação física nos colégios cratenses. Para mantê-se em forma, corre alguns quilômetros, todo santo dia, exemplo dos que atendem à evolução do corpo físico, no disciplinamento dos hábitos salutares que adquiriu.
Para mim, escrever condiciona as práticas de frases e períodos na busca do sentido, e preserva a memória da leitura e da existência, coisas que gosto de realizar. Algo que arrasta ao exercício físico ou mental, alimento das alegrias interiores, desejos de levar aos outros a disposição das idéias construtivas e as lembranças mais queridas da minha história pessoal.
Conquanto positivos hábitos, que os vivamos nós. Porém, na adversidade dos chamados vícios, que os substitua, pelo esforço reverso, no contrário da força do hábito, e descubra ocupações benfazejas, a fim de preencher o ranço dos inquilinos antigos com sabores novos e agradáveis.
"Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca."

(Manoel de Barros)
Nossa Senhora da Flor Roxa
Rosai por nós
Assim na vida
Como no chão
A primavera de cada ano
Nos dai hoje

(Alice Ruiz)

Caro Ulissess ai vão minhas abobrinhas - por JOSENIR LACERDA

 

É tão bom ter um abrigo
Pra fugir de chuva ou sol
O afago do tato amigo
Feito luva ou cachecol
Escutar a voz do vento
Esperar tempo e momento
Que o amor lança o anzol.

Feliz quem tem o romance
Correndo livre na veia
E que tem ao seu alcance
Prato de afeto na ceia
Tem a posse da magia
E a fórmula da alquimia
Que o sentimento não freia

Em vão tenta-se atingir
O rítmo do pensamento
Se acaso não sentir
Sopro de deslumbramento
Do amor marcando face
E sem medo desenlace
Nós que geram sofrimento.

Josenir Lacerda - 17/02/2011 - Crato-CE.

Apenas um pequenino e invisível ponto!

Imagem/Internet
Olhando algumas imagens do universo eu vejo o quanto somos pequenos. Apenas um grão de areia. Apenas compomos o universo como um pequenino ponto em uma grande tela. E cá estamos nós: um diminuto ponto perdido em meio a toda grandeza desse espaço sem fim. Parei e pensei nessa imensidão; e pensei nesse pontinho que somos nós. E pensei (o que não é nenhuma novidade), que, o orgulho e a vaidade humana (quando existe presunção de superioridade), é uma grande besteira! É a maior deformação do Ser Humano.
Mas não tem jeito, o nariz vai além das estrelas...
E somos apenas um ponto.
Apenas um pequenino e invisível ponto.
Mara


Hoje Eu Vi DEUS por João Marni


Na cura inexplicável dos enfermos;
...no sim da minha amada e nos filhos que vierem;
...na chinela de mãe e no olhar incisivo de pai;
...no sorriso e nas gargalhadas das crianças;
...na felicidade dos pais ao verem felizes os filhos;
...na força da superação que é a cara da criança que cobre distâncias e come poeira em busca de sua escola, pelo caderno puído e pelo chão que é a sua escrivaninha, na descoberta e na alegria indescritível da primeira palavra ao juntar as letras;
...no olhar perdido do idoso e na memória para longe;
...na graça que seria morrermos antes dos filhos;
...no sangue do santo e do herói;
...na mão estendida e na divisão do pão;
...no pensar; e pensar é vagar, é viver em total liberdade;
...no amanhecer, no entardecer e na noite estrelada;
...na chuva, na garoa, na neve, no granizo e na aurora boreal;
...nas tempestades, nos furacões, nos vulcões, nos maremotos e terremotos;
...nas águas límpidas das fontes e córregos e no barulho das cascatas;
...nas quatro estações;
...nos cinco sentidos, mesmo se um dia a vida parecer não ter sentido;
...no pólen que as abelhas carregam nas pernas;
...no ninho do beija-flor e na casa do joão-de-barro;
...no estômago do urubu;
...na confiança dos sabiás pelo ninho na varanda da nossa casa;
...no vento que balança as folhas e também os cabelos da minha amada;
...no vácuo absoluto;
...na bola azul que é nosso planeta;
...na descentralização da terra por Galileu, desnudando nossa presunção;
...nas elipses de Copérnico e nas eclipses daí advindos;
...no mínimo do átomo, no máximo das supernovas, das supergaláxias e no buraco negro;
...na igualdade entre os homens sob seu justo olhar;
...na advertência ao homem e no perdão que lhe concede;
...na transformação do homem, qualquer homem, em pó!!!


Sobre VOCAÇÃO ...



Vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir.
Clarice Lispector

Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.
Ariano Suassuna

Amo a minha vocação, que é escrever. Literatura é uma vocação bela e fraca. O escritor tem amor, mas não tem poder.
Rubem Alves

Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.Não estou aqui pra que gostem de mim.Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou."
Maria de Queiroz

*Pensador

Efemérides - 17 de Fevereiro

Nascimentos

* 1653 – Arcangelo Corelli, violinista e compositor italiano (m. 1713).

* 1879 – Dorothy Canfield Fischer, escritora norte-americana (m. 1958).

* 1898 – Múcio Leão, poeta e jornalista brasileiro (m.1969).

* 1920 – Curt Swan, desenhista de história em quadrinhos norte-americano (m. 1996).
* 1925 – Marcos Rey, escritor e cineasta brasileiro (m. 1999).

* 1933
o Paulo Moura, músico, compositor, arranjador, saxofonista e clarinetista brasileiro (m. 2010).
o Dalida, cantora francesa (m. 1987)

* 1943
o Fernando Gabeira, jornalista, ex-guerrilheiro e político brasileiro.

* 1951
o Amado Batista, cantor e compositor brasileiro.

* 1953 – Peninha, compositor e cantor brasileiro.
* 1954 – Rene Russo, atriz norte-americana.

* 1972
o Billie Joe Armstrong, guitarrista, vocalista e compositor da banda Green Day.

 Mortes

* 1673 – Molière, dramaturgo francês (n. 1622)

* 1970 – Shmuel Yosef Agnon, o primeiro escritor israelita a receber o Prémio Nobel da Literatura (n. 1888)
* 1970 – Alfred Newman, compositor norte-americano (n. 1901)
* 1973 – Pixinguinha, músico e compositor brasileiro (n. 1897).
* 1975 – George Marshall, cineasta norte-americano (n. 1891).
* 1982 – Thelonious Monk, pianista e compositor norte-americano de jazz (n. 1917)
* 1986 – Jiddu Krishnamurti, filósofo e místico indiano (n. 1895)
* 1997 – Darcy Ribeiro, antropólogo, político e escritor brasileiro (n. 1922).

* Vamos lembrar Paulo Moura  ?




Aquela viagem!... Por Carlos e Magali

* Carlos
* Magali
Quando morávamos no Crato, anualmente nas férias de fim de ano, fazíamos uma viagem para que nossos três filhos perdessem um pouco da inibição que toda criança criada no interior parece ter. Esta que agora relembramos e que nos é inesquecível foi a mais extensa delas e para nós, uma das mais cheias de casos engraçados. Planejamos de uma só vez conhecer Teresina, São Luis e de lá iríamos à Araguaina, que na época, 1983, pertencia ao estado de Goiás. Depois de alguns dias em Araguaina, onde passaríamos o natal com minha irmã Amélia Maria e seu marido Leomar Bezerra, nós seguiríamos até Goiânia e Brasília, de lá retornando ao Crato pela Bahia. Saímos do Crato pela madrugada, nós dois, os três meninos e Maria Zélia, minha irmã. Em Teresina, chegamos às nove horas da manhã, demos uma volta pelo centro da cidade e seguimos viagem. Lá pelas cinco horas da tarde chegamos a São Luis e nos alojamos no Hotel Quatro Rodas, recém-inaugurado, um hotel luxuosímo, além de muito caro.

Nessa época, nós tínhamos uma Belina, que era um carro muito bom para viajar com crianças, pois tinha um bagageiro grande, onde após elas cansarem de tanta traquinagem, dormiam por sobre as malas forradas com travesseiros. Durante a viagem, bastante cansativa, quando chegávamos às churrascarias da estrada para almoçar, os meninos com idade de nove, sete e cinco anos, de tanto estarem confinados, descarregavam suas energias correndo pelos restaurantes e, ao sentarem eles pegavam os talheres e batiam nos pratos, como se eles fossem uma bateria. Eu reclamava dizendo que era falta de educação, mas a euforia deles era enorme.

Ao chegarmos ao hotel, a meninada se alegrou ao ver que os apartamentos tinham varandas com portas de vidro com vistas para a piscina e o mar. Um deles ficou tão animado que quis passar para a varanda, sem perceber que a porta de vidro estava fechada. Bateu o nariz na porta, para zombaria dos outros dois irmãos e nossa preocupação, pois seu nariz sangrou muito.

Na hora do jantar fomos todos ao Restaurante do Hotel Quatro Rodas. O ambiente era muito requintado, pouca luz, as mesas todas arrumadas de maneira impecável, com toalhas brancas de linho, bem diferente dos restaurantes da beira da estrada. Embora cheios de turistas americanos, franceses e brasileiros, reinava um silêncio sagrado e não houve tempo de prevenir os meninos para que se comportassem bem. Escolhemos uma mesa e sentamos. Os guardanapos estavam arrumados de forma decorativa, em pé, duros, pareciam um jarro. Os meninos respeitando esse ambiente luxuoso ficaram caladinhos, sem dar uma palavra. Carlos sentou e querendo demonstrar ser traquejado, abriu o guardanapo e o colocou no colo. Maria Zélia, distraída não viu. Depois ela olhou para mim e bem baixinho perguntou: "Magali, ô Magali, o que foi que Carlos fez com o boneco dele?” Eu comecei a rir baixinho, como mandava o ambiente. Ainda agora, eu dei boas gargalhadas enquanto escrevo relembrando essa passagem.

Após dois dias, saímos de São Luis para dormir em Santa Inês. Pelo “Guia Quatro Rodas” verificamos que a melhor hospedagem da cidade era num certo Hotel Socic, localizado após várias indagações e informações dos moradores da cidade. Ao chegarmos ao Socic, notamos ser muito diferente da hospedagem de São Luis. Era um hotelzinho de quarta ou quinta categoria. Além do mais faltava energia, os hóspedes conversavam em voz alta, sentados na calçada do hotel e nós não podemos dormir até a uma hora da madrugada, quando a energia voltou. Para completar o desconforto, havia muitas muriçocas e um dos meninos reclamava do mau cheiro do travesseiro, que segundo ele estava fedendo a cabeça.

Na manhã seguinte, após o café, comecei a arrumar a bagagem, enquanto a Belina funcionava para aquecer o motor. O filho mais velho ficou dentro do carro, enquanto eu fui chamar o restante do pessoal para continuar a viagem. Aconteceu que esse menino saiu e deixou o carro trancado, funcionando com a chave na ignição. Quis quebrar o vidro da janela para abrir a porta, quando um senhor que estava na garagem do hotel disse-me: “tenha calma, eu tenho um Corcel e vamos ver se a minha chave dá no seu carro.” Testei e como que por milagre ela abriu a porta da nossa Belina, para meu alivio. Verifiquei também se a chave do outro carro daria partida no nosso, mas ela não deu. Depois testamos a chave da nossa Belina no Corcel e ela não só abriu a porta, como deu partida ao motor. Então eu pensei: “como é fácil roubar um carro!”

De Santa Inês até Araguaina, foi um dia de viagem. Ainda no estado do Maranhão eu e Maria Zélia desejávamos ir ao banheiro. Mas como todos eram muito sujos, Carlos resolveu parar o carro numa estradinha carroçável lateral, no meio de uma grande mata, para que a usássemos como banheiro. Quando escolhemos um matinho bem apropriado, ouvimos Carlos gritar histericamente: "Entrem no carro depressa, ai vem um monte de índios!" O sufoco foi grande e quando chegamos ao carro, avistamos os índios correndo em nossa direção e gritando. Era quase toda a tribo e não sabíamos o que eles queriam. Só sei que entramos tão rápido no carro, que eu machuquei uma das pernas no batente da porta. Carlos deu uma arrancada e fez uma curva fechada, com muita rapidez e nos distanciamos desses índios, que correram gritando atrás da gente até o asfalto. Depois quando passou o susto rimos muito. Carlos achou que os índios iriam nos assaltar e penso que iam mesmo, pois eram muitos.

Depois de alguns dias em Araguaina seguimos para Goiânia e Brasília. Nesta última nos hospedamos no Hotel Planalto cujas paredes eram todas de vidro, permitindo uma bela visão de Brasília de ambos os lados do hotel. Fomos alojados em um apartamento conjugado: um quarto de casal e outro anexo com duas camas de solteiro, uma delas colada na parede de vidro e, numa espécie de rol de entrada, uma bi-cama. Magali determinou o lugar da dormida de cada um dos meninos, e não colocou nenhum deles na cama da parede de vidro, com receio de que danados como eles eram, quebrassem o vidro da parede. Calou-se de repente, notando que a cama da parede de vidro ficara para Maria Zélia. Esta imediatamente perguntou: “E eu Magali, vou ficar nessa cama para cair lá embaixo?”
A viagem de regresso até o Crato é outra história!

Por Carlos Eduardo Esmeraldo e Magali de Figueiredo Esmeraldo