por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Viva a vida!




-- amante incondicional da vida com todos seus sabores: doces, acres, amargos, azedos -- não os anos, mas todos os dias, as horas e os segundos. É que do meio para frente, começamos a perceber que poucas, muito poucas coisas na nossa trajetória, merecem ser contabilizadas na pauta de saldos. Viva a vida!

28 de agosto de 2011 
(José Flávio Vieira)

QUADRAS RETALHADAS - por Ulisses Germano

A

Lá pelas tantas se descobre
Que o feito não tem retorno
E nada mais se encobre
Do lento e cruel transtorno

B


Feliz é o bodisatva
Que é sempre um ser amával
Faz da vida a dádiva
De valor incalculável!

C

Vence aquele que vence
Sutil íntimo inimigo
Que vive dentro em suspense
Causando grande perigo

D

Meu amor, minha fissura
Terna voz melodiosa
Sinto em ti toda ventura
De uma mão maliciosa

E

Pra que serve a poesia?
Pra que serve o vercejar?
Pra que serve a heresia?
Pra que serve o invejar?


Em tudo há serventia!
... há cotejar!
... há melodia!
... há desejar!

A solidão da dor - Emerson Monteiro


É isto, sim, invés de tratar do tema a dor da solidão, tocar um pouco neste tema, a solidão da dor. Naquele momento em que se acha face a face com a solidão de verdade, livre das contradições e dos conceitos. Portas e janelas fechadas ainda que ao sol do meio dia. Quando nem adiante gemer, muito menos chorar... E a dor dói de consumir por forte que se seja. Ali, na beira de nós mesmos, esses grandes desconhecidos, no limiar do Eterno, enquanto a dor dói de não ter tamanho. Onde uivam lobos e choram homens, mulheres e meninos. Sem idade, a dor traz o perdão, reduz a nada e atiça o peito das resistências, num desafio esplendoroso... Doloroso, quero dizer.

Isso de quando as vaidades caem de joelhos e querem entrar de buraco adentro, na fronteira da inexistência. Pouco ou muito importa o tamanho da herança, e a dor dói de não ter juízo que aguente... Irmã dor, qual dizia Francisco de Assis, nas suas longas viagens espirituais.

Os laços com tradição e experiências anteriores somem no abismo infinito onde, soberana, a dor dói... Pássaros cantam pelos quintais em festa; o vento sopra nas árvores; ressurge bonito o Sol; a Lua, linda, desfila no céu... Times jogam na televisão do domingo de tarde... Tocam sinos nas igrejas... E dói a dor com fome feroz de paciência a roer o coração dos humanos.

Meu Deus, como estreita o caminho e tudo de repente nos abandona quando dói a dor e o sofrimento pede passagem na avenida, encostas das florestas escuras do desassossego.

Pedir a quem tem para oferecer. Pedir sempre, que ninguém sabe quando a dor chega trazendo consigo o custo das impiedades desse solo dourado. Surgirá silenciosa no instante certo, mãe e mestra, amiga da plena glória, no tempo da colheita nos calendários que nos abandonarão.

Ah, amigo, quando a dor mostra seu rosto, na vitrine daquela solidão, não há bom, não há melhor... Viva, pois, de saber que maiores são os poderes da certeza, e junto deles manda, senhora, a dor que nos prepara o dia de invadir o leito da saudade na paz dos mistérios em constante movimento.

OSWALDO SANTIAGO- por Norma Hauer



Foi no dia 29 de agosto de 1976 que OSWALDO SANTIAGO passou a ser uma grande saudade por tudo que ele deixou como poeta, como compositor e como constante defensor dos direitos autorais, tendo sido um dos fundadores da UBC (União Brasileira de Compositores)

OSWALDO SANTIAGO nasceu em Recife e lá começou sua vida de poeta, lançando, em 1923, seu poema "No Reino Azul das Estrelas" e em 1924 um livro defendendo a Amazônia (já naquele tempo) com o nome de "Gritos do Meu Silêncio".

Ainda em 1923, Vicente Celestino lá se apresentou com sua Cia e a revista "Mademoiselle Cinema", na qual Oswaldo Santiago tomou parte, assim como na revista (impressa) "Lua Nova".

Fez parceria com Nelson Ferreira, um compositor e pianista muito apreciado , por seus frevos, em todo o Brasil. Com Nelson, Oswaldo Santiago escreveu "Melodia do Amor", gravado por Alda Verona.

Mas foi com o "Hino a João Pessoa", em parceria com Eduardo Souto e gravado por Francisco Alves que Oswaldo Santiago ficou conhecido fora de Pernambuco.
No mesmo ano dessa gravação (1930) Oswaldo Santiago veio para o Rio, quando aqui desabrochava o período de Getúlio Vargas e a política estava enfervescendo.

O "Hino a João Pessoa" era uma homenagem póstuma que os autores fizeram a João Pessoa, assassinado, por motivos políticos e amorosos, em sua Paraíba, que nessa época não era "muié macho, sim senhô", mas já pesava na balança nacional.

HINO A JOÃO PESSOA

"Lá no norte um herói altaneiro´
Que da Pátria o amor conquistou.
Foi um lindo farol, que ligeiro,
Acendeu e depois se apagou.

João Pessoa, João Pessoa
Bravo filho do sertão.
Toda a Pátria espera ainda
A sua ressurreição.

João Pessoa, João Pessoa
O seu vulto varonil
Vibra ainda, vibra ainda ...
No coração do Brasil.

Paraíba, oh rincão pequenino
Como grande esse homem te fez.
Hoje em ti cabe todo o destino
Todo orgulho da nossa altivez.

Como um cedro que tomba na mata
Por um raio que em cheio o feriu.
Assim ele, ante a fúria insensata,
De um feroz inimigo caiu.

Depois do sucesso do "Hino a João Pessoa", Oswaldo Santiago enturmou-se com os compositores que aqui labutavam nos anos 30.

Com Benedito Lacerda compôs o samba "Querido Adão", sucesso carnavalesco de Carmen Miranda; para as festas juninas, compôs a primeira música que Dalva de Oliveira gravou sem a formação do "Trio de Ouro": "Pedro, Antônio e João"; com Gastão Lamounier criou um "jingle" para um produto para os cabelos, de nome "Juventude Alexandre". Era um "jingle" tão bonito que Sílvio Caldas o gravou comercialmente.
Chamou-se

HÁ UM SEGREDO EM TEUS CABELOS

Em teus cabelos de seda,
Que perfume, que aroma sutil.
No sonho pela alameda,
Bailam flores, num baile gentil.
Há um segredo cantando
Trescalando uma essência de flor.
Onde vibram, ardejos, desejos...
Silenciosos eflúvios de amor.

O locutor entrava nos anúncios, dizendo, mais ou menos assim: "esse perfume, ela conseguiu usando a Juventude Alexandre"...devia "quebrar" o "clima" do ouvinte.

Foi quando se juntou a Paulo Barbosa, que Oswaldo Santiago teve seus maiores sucessos, quase todos na voz belíssima de CARLOS GALHARDO.
O primeiro foi "Cortina de Veludo", que foi também o primeiro sucesso de Galhardo como cantor romântico.

Depois vieram "Viena do Meu Coração";"Madame Pompadour";"Italiana";"Salambô";
"Lenda Árabe";"Tapete Persa" (este Galhardo lançou, mas não gravou);"Canções de Toda Gente";"Rua Escura";"Um Beijo em Cada Dedo"(estas duas últimas foram gravadas inicialmente, por Moacyr Buenno Rocha) "Torre de Marfim"; "Baile de Sombras"....

Oswaldo Santiago compôs, ainda, para Carlos Galhardo, com José Maria de Abreu, "Noite sem Luar"; "Poeira Dourada" e "Junto de Ti Estou no Céu"; com Georges Moran, "Meu Sonho é Só Meu"; "Perfume de Mulher Bonita" e "Linda Butterfly"; com Nelson Ferreira os frevos "Peixe-Boi" e "Sorri, Pierrô"; com Eriberto Muraro "Roleta da Vida"...
Ainda Oswaldo Santiago fez versões de "Eles se Amaram no Rio" e "Boa Noite".

Carlos Galhardo deve muito do sucesso de sua carreira a Oswaldo Santiago.

Foram tantas as composições de Oswaldo Santiago gravadas por Galhardo, que nem sei como citar as interpretadas por outros cantores, como Dircinha Batista em "Tirolesa"; "Jóia Falsa", com Gastão Formenti; 'Eu Não Posso Ver Mulher", gravação de Francisco Alves; "Lig, Lig, Lé", gravado por Castro Barbosa; "O Caçador de Esmeraldas", gravado por Dalva de Oliveira ou "Tudo Cabe num Beijo", gravado por Manoel Reis.

LIG-LIG-LÉ fez, recentemente, parte de uma novela da Rede Globo

"Lá vem o Seu China na ponta do pé
Lig, lig, lig, lig lé
Dez "tões", vinte passos, banana e café
Lig, lig, lig, lig, lé

Chinês, come somente uma vez por mês,
Não vai mais a Shangai buscar a Butterfly.
Aquii com a morena fez a sua fé
Lig, Lig, lig, lé"

Essa é mais uma composição em que os autores misturavam "alhos com bugalhos" ou seja, colocavam o Japão e a China como se fossem a mesma coisa.

Daí misturar Shangai (capital da China) com Butterfly (Madame Butterfly, personagem japonesa da ópera do mesmo nome),

Oswaldo Santiago deixou de compor no final dos anos 60 para se dedicar à UBC, chegando a ser "mestre" no assunto de direito autoral, sem ser formado em Direito.

E foi assim que faleceu na tarde de 29 de agosto de 1976, aos 74 anos, pois nascera em 26 de maio de 1902.

Norma

Zabumbeiros Cariris


Aurora
Zabumbeiros Cariris

Eis a razão que me guia
No auto da noite
Eita que estrela invocada
Dorando manhã
Fogo cabelos ao vento
Solta colheçe o luar
Diva teus passos comduzem
A mina do olhar
Deixa um sorriso uma deixa
Prà eu me anunsiar
Musa tua chama è serpente
A me hipnotizar
Cravo tuas presas teu ventre
Vai me iluminar
Reina a poesia na noite
Noite que afaga o sonhar
Sonho que sou teu poeta
A quele que ainda vai chega
Com todo o calor desta noite
Com os versos que estàs a busca
Com o vinho mais tinto desejo
Que a tua aparição
Se darà


Composição: luciano brayner


Fechando o álbum de imagens...







Outras imagens/movimentos na janela

A cantora Aucy Ventura


Com o músico querido de todos, Abidoral Jamacaru

Com a minha amiga Tatiana Figueiredo

Com o meu irmão Cosme

Com o músico Ulisses Germano

Com amigas queridas: Patrícia e Amélia

com nossa liduína Belchior


quarteto amigo:Lidú,Rosineide,eu e Fátima Figueiredo.


A bela Fátima!

Nossa querida Liduìna!

Flashs de uma noite- encontro de pessoas com a música

A câmera de Liduína Belchior fez os registros, usando ora o seu olhar,  de Tatiana e Caio.Vejam!
Se faltou alguém?
Sempre falta!
Mas quem fica, entra numa história animada.
Fabiana e Abidoral

Victor Arturo Moreira

Luciano Brayner

O escritor e médico Zé Flávio


As amigas Patrícia e Amélia


Entre os meus meninos : Caio e Victor


Amar é possível - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

O Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus, 22,34-40 nos revela que os fariseus perguntaram a Jesus qual o maior dos mandamentos. A resposta de Jesus foi outra pergunta. "O que diz a lei?" O fariseu respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.” Em seguida, acrescentou: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” Vimos assim, que a resposta nivelou em importância o amor a Deus e o amor que nós devemos ter pelo próximo. “Quem não ama o irmão que vê, como pode amar a Deus que não vê?” Pergunta-nos João, outro evangelista.

Segundo Eric From, amar é uma arte e como todas as artes devemos aprendê-la. É fácil amar as pessoas com as quais convivemos, aquelas que consideramos normais dentro de padrões de comportamento estabelecidos. O difícil é amar as pessoas invisíveis pela sociedade: os catadores de lixo, os desvalidos que vivem perambulando pelas ruas sem um travesseiro onde recostar a cabeça, os alcoólatras, os menores abandonados, os mendigos, os de partidos políticos contrários ao nosso.

Vejam que belo exemplo da força do amor: aqui em Fortaleza, conheci a Casa do Menino de Jesus. É uma instituição que abriga menores cancerosos do interior do Estado e suas mães ou outras acompanhantes durante o tratamento a que aqui se submetem. Ao ver tamanha organização, o visitante imediatamente pergunta quem mantém aquela obra grandiosa. Apenas duas mulheres pobres através de donativos. A irmã Conceição e uma sua companheira de congregação, únicas religiosas que compõem aquela ordem.

Outro exemplo de como saber amar, li há uns dez anos em uma publicação da Campanha da Fraternidade. Era dia de visita no extinto presídio Carandiru, em São Paulo. Um sacerdote conversava em um dos bancos do pátio do presídio com um preso, quando observou uma senhora entrando com uma sacola enorme, indo ao encontro de um rapaz que estava sentado num banco próximo. Ao avistar esse rapaz, a mulher abraçou-o e beijou-o, e em seguida retirou da sacola, roupas e um bolo que foram entregues ao rapaz, tendo se mantido ao lado dele conversando animadamente. O padre, então comentou com o presidiário com o qual conversava. “Como é bonito o amor de uma mãe!” “Padre essa senhora não é a mãe dele. Ela é a mãe do rapaz que ele matou.” Respondeu-lhe o presidiário.

Mas quem é o nosso próximo, a quem devemos amar com a mesma força do amor que devemos devotar a Deus? Foi essa a pergunta que os doutores da lei fizeram a Jesus. E ele respondeu narrando a história de um homem que foi atacado por salteadores que o deixaram quase morto à margem da estrada. Passaram por aquele caminho um sacerdote, um doutor da lei e um samaritano. Os dois primeiros passaram ao largo, ignorando aquele homem ferido. O samaritano, porém, socorreu o desconhecido, curou suas chagas e pagou o tratamento que ele necessitava numa hospedaria. E Jesus perguntou ao doutor da lei: "Quem dos três foi o próximo daquele homem abatido?"

Ao narrar essa parábola, Jesus parece inverter a pergunta que lhe fizeram para "O que devemos fazer para sermos o próximo do outro?" Enfim, Jesus nos revela que o nosso próximo é aquele que encontramos em nossos caminhos.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo