por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 21 de abril de 2011

INFÂNCIA NA ROÇA - Marcos Barreto de Melo


Filho de fazendeiro e pecuarista, nasci e me criei no Sitio São José, numa propriedade rural pertencente ao meu pai. Contudo, nem de longe eu me afinava com algumas atividades correntes naquele ambiente. Confesso que fui mesmo um menino avesso às práticas da agricultura e da pecuária. Lembro-me muito bem de quando caiam as primeiras chuvas do mês de janeiro, marcando o início da quadra invernosa em nossa região. Acordava assustado com os trovões, raios e relâmpagos que clareavam o meu quarto pelas brechas das telhas, mas, apesar do medo, envolvido em meu pijama de flanela, ficava maravilhado em escutar a cantiga da chuva no telhado da minha casa. Porém, sabia que, ao amanhecer do dia, logo estaria escalado para compor a tropa que iria fazer o plantio de milho e de feijão no pasto do engenho. Era uma plantação apenas para consumo da família. O meu pai sempre plantava esta área para ter o desfrute do milho verde cozido ou assado, da canjica sem igual que só a minha mãe sabia fazer, e também daquele feijão verde cozido com jerimum caboclo. Tudo fresco e colhido no dia.
Em meio aos muitos trabalhadores, iam também os seus filhos junto com ele. E eu, criança, não entendia porque o meu pai fazia isto com a gente. Queria apenas ficar brincando. Se ele tinha tantos moradores e podia contratá-los, por que me levar para o roçado? Reclamava dessa prática e resmungava o tempo todo. Mas, não adiantava reclamar. Tinha mesmo que trabalhar. Era uma espécie de plantio feito de improviso, para não perder o terreno molhado e por isso, dizia-se que era uma “planta no espelho”. Depois que o legume brotava, é que era feita a limpeza final do terreno.
Nesse plantio cabia sempre a mim a tarefa de semear o milho, seguindo a pegada dos outros trabalhadores que iam à minha frente abrindo as covas na terra molhada. Dada à presença abundante de espinhos, carrapichos, maliça e ainda daquela formiga vermelha, o consumo de sementes crescia a cada carreira que eu semeava. Revoltado com o que estava obrigado a fazer, eu sempre enchia a mão ao fazer a semeadura, ao invés de lançar apenas três ou quatro grãos em cada cova. O resultado desse trabalho sujo e irresponsável só seria visto por meu pai três dias após o plantio, quando ele voltava para vistoriar o roçado e avaliar a necessidade ou não de algum replantio. Eram inconfundíveis as marcas deixadas por mim, tão visíveis que eram as “carreiras” onde o milho brotava amontoado, formando grandes touceiras que já nasciam condenadas ao atrofiamento. Em cada cova, fazia-se necessário a retirada do excedente.
E quando chegava o tempo da colheita, novamente eu era escalado para ir ao roçada buscar milho e feijão verde. E eu, mais uma vez, aprontava as minhas. Só trazia o feijão na sua forma mais tenra, chamada de “canivete“, e as espigas de milho ainda embonecando, alegando que não conseguia identificar o que já estava no ponto certo para ser colhido. Nem assim me davam trégua e eu continuava indo à roça para colher o que não queria, enfrentando o orvalho, as formigas, o carrapicho e ainda a maliça a cortar as minhas pernas. Para me livrar deste grande tormento, me veio a seguinte idéia: antes de chegar à roça, eu passava pela casa de um antigo morador, Seu Expedito, e em lágrimas, relatava para ele o meu drama. Ele, compadecido desta criança em desespero, dizia para que eu ficasse na sua casa brincado com os seus filhos enquanto ele faria a apanha do feijão verde por mim. Essa tática durou um bom tempo, até que meu pai certa vez o flagrou fazendo o trabalho que seria meu. Depois de advertido, não pode mais colaborar comigo nesta função.
Outra atividade que eu abominava, era o pastoreio do gado. No inverno, a chuva intensa provocava muita lama no curral e o gado, inconformado, berrava sem parar, como que pedindo para sair daquele ambiente insalubre. E esse berreiro interminável era tudo o que eu não queria. Além da lama, tinha também a mutuca que muito incomodava o rebanho. Coincidentemente, logo após as primeiras chuvas brotava uma vegetação rasteira que se chamava de babugem, muito apreciada pelo gado. Nesse ambiente, tudo conspirava contra mim. O meu pai queria tirar o gado desse sacrifício e contava com o entusiasmo do meu irmão Geraldo Sérgio, que desde menino adorava lidar com o gado. E quando eu previa que estava prestes a ser chamado para esta tarefa, inventava que estava estudando ou me prendia à mesa numa merenda sem fim, regada a tapioca, cuscuz, pão de côco e café. Enquanto lanchava, pela janela da sala eu via quando o gado saía do curral e corria beirando a linha do trem. O meu irmão gritava e me chamava aflito, mas eu fingia nada entender. Só saía da mesa quando era expulso por meu pai para ajudar o meu irmão. E quando eu me distanciava o bastante da minha casa, a ponto de não mais ser visto, eu me sentava no trilho do trem e de lá ficava atirando pedras nas vacas mais afoitas e que queriam se entender mais ainda ao longo da estrada de ferro. Eu queria que o rebanho ficasse confinado para poupar meu trabalho e, para tanto, atirava pedras em seus chifres, deixando-as furiosas.
Hoje, depois de tudo passado, vejo o quanto me valeram estas lições de vida dadas por meu pai. Embora reclamasse muito quando criança, reconheço agora que esse aprendizado forçado preparou-me para o profissional que hoje sou e deu-me a exata noção de que somente com o trabalho o homem alcança a sua grandeza.

Texto dedicado ao meu pai Geraldo de Melo.

Marcos Barreto de Melo

Breve !

















Lançamento em Maio !

Livro Infantil / CD Músicas / Audio-Livro

Uma Celebração à Mitologia Caririense


Livro/ Letras - J. Flávio Vieira

Projeto Musical :

Luiz Carlos Salatiel
Abidoral Jamacaru
Lifanco
Amélia Coelho
Pachelly Jamacaru
Ulisses Germano
Luiz Fidelis
João Nicodemos
Zé Nilton Figueiredo

Intérpretes Convidados:

João do Crato
André Saraiva
Eliza Moura
Mazé (Reisado de Dedé de Luna)
Valéria Santana ( Reisado de Dedé de Luna)
Leninha Linard
Ermano Morais
Fatinha Gomes
Coral : Mensageiros de Cristo (Ponta da Serra)
Lívia Beatriz

Arranjos:

Ibbertson Nobre

Músicos:

João Neto
Ibbertson Nobre
Bonifácio Salvador
Rodrigo
Lifanco
Golerim
Dudé
Betim


Audio- Livro

Luiz Carlos Salatiel
Fernanda Cardeal



Aguardem !

D.Almina Arraes de Alencar Pinheiro



"D. Almina Arraes de Alencar Pinheiro nasceu Araripe em agosto de 1924, onde uma professora particular lhe ensinou as primeiras letras.
Seus pais mudaram-se para o Crato a fim de possibilitar a educação formal aos filhos:
Fez o curso primário na Escola Santa Inês, da Mestra Lourdinha Esmeraldo, e o colegial na Santa Tereza.
Concluiu o curso de formação de professora, na época chamada “curso normal”, na Escola Normal Rural Federal de Limoeiro do Norte, na cidade do Limoeiro do Norte, Ceará, onde ficou interna durante três anos. Foi a oradora.
Usuária e guardiã da biblioteca familiar é leitora contumaz, poetisa, incentivadora de artistas e intelectuais.
Foi responsável pelo registro escrito da poesia de Patativa Assaré, possibilitando a publicação do primeiro livro dele, respiração Nordestina, a primeira edição desta obra, 1953, foi impressa através dos manuscritos dos cadernos de Almina Arraes:
Era o próprio Patativa do Assaré quem lhe ditava os poemas.
Também tem domínio sobre muitas técnicas de bordado e da pintura sobre tela.
Aos 83 anos despertou para a informática, motivada pela possibilidade da comunicação virtual com os filhos, pois ela continua vivendo no Crato, mas os filhos são profissionais em diferentes cidades do Brasil.
Frequentou cursos, recorreu a professores, aprendeu a pesquisar na internet, a restaurar fotografias antigas, a gravar e armazenar suas músicas preferidas: recorre ao computador como um instrumento multimídia.
Para sedimentar suas informações fez as anotações que compõe esta cartilha, agora oferecida como contribuição para o aprendizado dos amigos.
Será sempre um documento incompleto: a cada dia uma aula se acrescenta."


Foto de Antonio César

TIRADENTES: O Primeiro Grande Mártir da Independência do Brasil



TIRADENTES ( Joaquim José da Silva Xavier) (1746-1792), é considerado o grande mártir da independência do nosso país. Nasceu na Fazenda do Pombal, entre São José ( hoje Tiradentes) e São João del Rei, Minas Gerais. Seu pai era um pequeno fazendeiro. Tiradentes não fez estudos das primeiras letras de modo regular. Ficou órfão aos 11 anos; foi mascate, pesquisou minerais, foi médico prático. Tornou-se também conhecido, na sua época, na então capitania, por sua habilidade com que arrancava e colocava novos dentes feitos por ele mesmo, com grande arte. Sobre sua vida militar, sabe-se que pertenceu ao Regimento de Dragões de Minas Gerais. Ficou no posto de alferes, comandando uma patrulha de ronda do mato, prendendo ladrões e assassinos.

Em 1789 o Brasil-Colônia começava a apresentar algum progresso material. A população crescia, os meios de comunicação eram mais fáceis a exportação de mercadorias para a metrópole aumentava cada vez mais. Os colonos iam tendo um sentimento de autonomia cada vez maior, achando que já era tempo de o nosso país fazer a sua independência do domínio português.

Houve então em Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto, no Estado de Minas Gerais, uma conspiração com o fim de libertar o Brasil do jugo português e proclamar a República. Uma das causas mais importantes do movimento de Vila Rica foi a independência dos Estados Unidos, que se libertara do domínio da Inglaterra em 1776, e também o entusiasmo dos filhos brasileiros que estudaram na Europa, de lá voltando com idéias de liberdade.

Ainda nessa ocasião não era boa a situação econômica da Capitania de Minas, pois as Minas já não produziam muito ouro e a cobrança dos impostos ( feita por Portugal) era cada vez mais alta.

O governador de Minas Gerais, Visconde de Barbacena, resolveu lançar a derrama, nome que se dava à cobrança dos impostos. Por isso, os conspiradores combinaram que a revolução deveria irromper no dia em que fossem cobrados esses impostos. Desse modo, o descontentamento do povo, provocado pela derrama, tornaria vitorioso o movimento.

A conjuração começou a ser preparada. Militares, escritores de renome, poetas famosos, magistrados e sacerdotes tomaram parte nos planos de rebelião. Os conspiradores pretendiam proclamar uma república, com a abolição imediata da escravatura, procedendo à construção de uma universidade, ao desenvolvimento da educação para o povo, além de outras reformas sociais de interesse para a coletividade.

Uma das primeiras figuras da Inconfidência foi Tiradentes. O movimento revolucionário ficou apenas em teoria, pois não chegou a se realizar. Em março de 1789, o coronel Joaquim Silvério dos Reis, que se fingia amigo e companheiro, traiu-os, denunciando o movimento ao governador.

Tiradentes achava-se , nessa ocasião no Rio de Janeiro. Percebendo que estava sendo vigiado, procurou esconder-se numa casa da rua dos Latoeiros, atualmente Gonçalves Dias, sendo ali preso. O processo durou 3 anos, sendo afinal lida a sentença dos prisioneiros conjurados. No dia seguinte uma nova sentença modificava a anterior, mantendo a pena de morte somente para Tiradentes.

Tiradentes foi enforcado a 21 de abril de 1792, no Largo da Lampadosa, Rio de Janeiro. Seu corpo foi esquartejado, sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, arrasaram a casa em que morava e declararam infames os seus descendentes.

Enciclopédia Ilustrada do Ensino Primário. São Paulo: Formar, 1973.p/53-55.


Bolinho de Bacalhau



Ingredientes

500g de bacalhau seco e salgado
500g de batata
4 colheres de sopa de farinha de trigo
2 cebolas médias
4 dentes de alho
1/4 de xícara de azeite
1 xícara de chá de salsinha
1 colher de chá de sal
1 colher de chá de pimenta do reino (de preferência moída na hora)
Óleo para fritar



Modo de fazer

escorrendo bacalhauaferventando bacalhaucozinhando bacalhauPrepare o bacalhau: O bacalhau seco é sempre muito salgado, por isso é necessário deixá-lo de molho em água por algumas horas, tomando o cuidado de trocarbacalhau desfiado refogadocebola e alho refogadosbacalhau desfiado a água de tempos em tempos. Portanto ponha o bacalhau em uma tigela com muita água e troque-a a cada hora. Repita essa operação durante umas 5 horas. Por último coloque o bacalhau em uma panela funda com água até cobrí-lo e leve ao fogo para ferver por uns 5 minutos. Retire, deixe escorrer em uma peneira e esfriar e depois desfie-o com as mãos. Em uma panela ponha o azeite para esquentar. Acrescente a cebola picadinha e o alho espremido e deixe refogar sem dourar, depois junte o bacalhau desfiado e refogue rapidamente. Retire do fogo e deixe esfriar um pouco.

batatas cozidas e espremidasPrepare as batatas: Descasque, pique e ponha-as em uma panela funda para cozinhar em água quente. Verifique com um garfo se estão macias e retire do fogo. Deixe-as escorrer bem numa peneira e descansar um pouco para que o excesso de água evapore e depois passe-as por um espremedor de batatas.

bolinho de bacalhau crumassa de bolinho de bacalhauPrepare o bolinho: Misture então o bacalhau refogadinho, a batata espremida e a farinha de trigo. Se achar que o bolinho ficou com pouca liga, acrescente um pouco mais de farinha de trigo. Tempere com o sal, a pimenta e a salsinha. Faça pequenas bolinhas ou se quiser salgados maiores, dê o formato de quibe apertando um pouco nas pontas.

DICA: Pode-se também enrolar as bolinhas com as mãos molhadas para evitar que grudem.

fritando bolinhos de bacalhau
Frite os bolinhos: Em uma panela larga e funda ponha o óleo para aquecer, deixe esquentar bem e só então coloque os bolinhos um a um, com cuidado, com o auxílio de uma escumadeira, para evitar queimaduras. Eles estarão prontos quando estiverem douradinhos. Se eles se partirem durante a fritura acrescente mais farinha à massa para melhorar a textura. Deixe escorrer em um prato forrado com papéis toalha. Sirva quente.

DICA: Para verificar se o óleo já está na temperatura adequada, ponha um palito de fósforo dentro da panela. Ele irá acender quando estiver bem quente, depois retire-o. Somente frite salgados que estejam em temperatura ambiente. Se estiverem congelados eles irão se partir comprometendo seu sabor, textura e aparência.

http://www.muitogostoso.com.br


Quinta-Feira Santa



Os ofícios da Semana Santa chegam à sua máxima relevância litúrgica na Quinta-Feira de Endoenças, quando começa o chamado tríduo pascal, culminante na vigília que celebra, na noite do Sábado de Aleluia, a ressurreição de Jesus Cristo ao Domingo.

Na Missa dos Santos Óleos ou Missa do Crisma, a Igreja celebra a instituição do Sacramento da Ordem e a bênção dos santos óleos usados nos sacramentos do Batismo, do Crisma e da Unção dos Enfermos, e os sacerdotes renovam as suas promessas. De entre os ofícios do dia, adquire especial relevância simbólica o lava-pés, realizado pelo sacerdote em memória do gesto de Cristo para com os seus apóstolos antes da última ceia.

Na Quinta-Feira de Endoenças, Cristo ceou com seus apóstolos, seguindo a tradição judaica do Sêder de Pessach, já que segundo esta deveria cear-se um cordeiro puro; com o seu sangue, deveria ser marcada a porta em sinal de purificação; caso contrário, o anjo exterminador entraria na casa e mataria o primogênito dessa família (décima praga), segundo o relatado no livro do Êxodo. Nesse livro, pode ler-se que não houve uma única família de egípcios na qual não tenha morrido o primogênito, pelo que o faraó permitiu que os judeus abandonassem do Egito, e eles correram o mais rápido possível à sua liberdade; o faraó rapidamente se arrependeu de tê-los deixado sair, e mandou o seu exército em perseguição dos judeus, mas Deus não permitiu e, depois de os judeus terem passado o Mar Vermelho, fechou o canal que tinha criado, afogando os egípcios. Para os católicos, o cordeiro pascoal de então passou a ser o próprio Cristo, entregue em sacrifício pelos pecados da humanidade e dado como alimento por meio da hóstia.

Foto de Pachelly Jamacaru


Por Lupeu Lacerda



A fera sempre rondará o cheiro dos meus passos trôpegos na madrugada. A fera. A ferocidade intacta da feroz cidade. A fera sabe da minha paixão por telenovelas, dos meus ouvidos moucos, dos meus comprimidos de acabar com a dor num instante. A fera. Quando olho pra cima, lá está: lambendo a pata em cima do muro da casa velha. A fera recita um verso de um cantor que não conheço e a tempestade se instala.


por lupeu lacerda


Quintana sempre me dizia


o amor é um rio vermelho de sangue


os caranguejos desovam nos mangues


os rios deságuam no mar


o mário é um poeta solitário


um dia vai pousar em teu aquário


e no outro vai nadar em pleno ar


o amor se esgota pelos mangues


caranguejos não têm veias nem sangue


os rios se evaporam pelo ar


o mário é um poeta centenário


um dia se esfinge solitário


e no outro se transborda pelo mar


(Artur Gomes)


A poesia de Artur Gomes



Drummundo

eu sou drummundo

e me confundo

na matéria

amorosa

posso estar

na fina flor

da juventude

ou atitude

de uma rima primorosa

e até na pele/pedra

quando me invoco

e me desbundo

baratino

e então provoco

umbarafundo

cabralino

e meto letra

no meu verso

estando prosa

e vou pro fundo

do mais fundo

o mais profundo

mineral

guimarães rosa


A PERFEITA CANÇÃO DE AMOR - por José do Vale Pinheiro Feitosa



E o Bolsa Família? Demonizado por alguns setores como um programa demagógico, que “vicia o cidadão”, não tem uma porta de saída e apenas serve como esmola. O Bolsa Família vai muito além do “preconceito”, do ódio partidário e do desprezo a quem vivia no limite da vida sob os pés da irresponsabilidade social, econômica e política de uma sociedade egoísta.

O Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (CIP-CI) do PNUD, órgão das Nações Unidas, em parceria com o Governo Brasileiro, examinou o Bolsa Família. Do ponto de vista inclusivo, ou seja, analisando os desdobramentos históricos do Programa e apontando a porta de saída para o mesmo. O melhor ponto de corte é a educação, aquele valor que todos, à direita e à esquerda, consideram universal para o progresso das pessoas e das famílias.

A primeira indicação é de que este programa de transferência de renda combate os dois empecilhos principais para o acesso à escola: a) o trabalho infantil e, b) custos diretos com educação como uniforme, livros e mensalidades. E para deleite dos dois principais partidos em luta eleitoral este ano, PT e PSDB, o estudo começa em 1998, ainda com o Bolsa Escola, e foi até 2005.

Usando indicadores da educação, o estudo conclui que nas escolas públicas em que havia alunos beneficiados pelo Programa, a taxa de matrículas cresceu em todo o ciclo do ensino fundamental (5% da 1ª a 4ª e 6,5% da 5ª a 8ª), houve redução da taxa de abandono e aumentou a taxa de aprovação. E tem um efeito mais importante ainda, resolve o problema da equidade, ao impactar mais sobre as populações mais desiguais e sendo assim as taxas de matrículas que mais cresceram foram: negros, pardos e índios.

Após um ano de programa, o aumento das matriculas foi 2,8% na média das escolas, mas chegou a 13% nas escolas que atendem populações mais predominantemente negras. Vale salientar que estes percentuais que podem fazer alguém torcer o bigode por achá-lo baixo, considere que este foi o crescimento na população escolar como um todo, considerando as crianças que não recebem os benefícios do programa. No entanto, quando se observa o impacto apenas sobre o segmento mais pobre da população, onde estão os beneficiários do programa, se viu um aumento de 18% na taxa de matrícula, de 2% na taxa de aprovação e redução de 1,5% na evasão escolar.

Agora algo para se refletir muito bem. A municipalização se mostra cada vez mais virtuosa para o progresso da população brasileira. Programas de Previdência Social, Transferência de Renda, Educação, Saúde e Saneamento, entre outros, não teriam a mesma eficiência sem a flagrante intervenção municipal. Pode dar desvio, isso acontece, perseguições eleitorais etc., mas nada é mais eficiente em termos de políticas públicas.

Enfim: a sociedade precisa ser menos egoísta, mais inclusiva e muito menos arrogante quando pensa apenas com o fígado das disputas eleitorais. Toda sociedade possui valores que vão além desta disputa. Bandeiras que unem a todos.

José do Vale Feitosa

FRAGMENTOS DE UM CORDEL - por Ulisses Germano

José Mauro da Costa, amigo e parceiro no Cordel DO SELO LAMBIDO AO PONTO COM
I
Ai como seria chato
Se todos fossem iguais
Parecidos no retrato
E nos gestos mais banais
De sorrir, de amar e agir
Na maneira de sentir
No ferir e tudo o mais!

II
Viva a Santa Diferença
Que difere e edifica
Assim como a renascença
Morre o velho e o novo fica
No viver das relações
Os outros são as lições
Que sugere e identifica 

III
Ninguém é ninguém sozinho
Nem que queira de verdade
Todo mundo tem vizinho
Lá no mato ou na cidade
Eita coisa complicada
É essa tal macacada
Que vive em sociedade!

IV
Mas o real se complica
Quando vem a explanação
Que no explicar aplica
A emoção sobre a razão
O real não é culpado
Se o real é malfada
O culpado é a explicação!

Ulisses Germano
Crato, 20+04+2011=10



Fragmentos dedicados ao mestre, professor, poeta e escritor e divulgador da literatura e da poesia brasileira - o mineiro maneiro José Mauro da Costa; um dos responsáveis pelo Projeto Livro de Graça na Praça em Belo Horizonte


Projeto Livro de Graça na Praça - Praça da Liberdade - Belo Horizonte - MG - 2009