por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 10 de outubro de 2014

NEM OS MEGATONS E AS CASTRAÇÕES QUÍMICAS EXTERMINAM - José do Vale Pinheiro Feitosa


Eita povo das gerais. Sul da Bahia. Descambando para o São Francisco.
Eita povo que nem nóis. Que contorna os abrolhos só prá sentir os teus ói.
Eita povo deste meu Brasil, negro, branco e mulato, índio das raízes,
Eita povo dos sertões do Mato-Grosso, a fulô na espera do Cuitelinho,
Eita povo das segadas do café, neste São Paulo do tombo para ficar em pé,
Eita povo dos pampas, das montanhas, das dunas, das matas, das marés.
Eita povo que nem nóis. Aqui pru modi nóis a linguagem Catrumana.
A linguagem que nem castração química conseguirá acabar,
A linguagem que resiste à megatons de tanta besteira vinda do hemisfério norte.

Catrumano - a palavra vem de quadrúmano, que tem quatro mãos. Foi usada para se referir aos primatas que têm pés assemelhados às mãos. No dicionário existe a escrita variante quatrumano que deu origem à escrita da linguagem Catrumano. A linguagem especial do norte de Minas Gerais e do Sul da Bahia. Tem até dicionário, como foi feito o dicionário do cearensês. Mas escutem como as palavras são as mesmas usadas por nós.

Nós, viu gente boa, os nordestinos.

NÃO PEÇA AUMENTO E TENHA UM BOM CARMA - José do Vale Pinheiro Feitosa

Todo mundo sabe que patrão quer sempre ganhar nas costas dos trabalhadores. Que também é verdade que trabalhador quer ganhar mais e que as condições de trabalho melhorem.

Quando se organizaram em sindicatos, os trabalhadores sabiam que sem uma pressão coletiva não receberiam o salário justo. Patrão nenhum vai querer pagar o justo pois é da convenção econômica do capital que ele deve ganhar cada vez mais sobre o mesmo.

A verdade é que o ganho de produtividade, em que pese a era da informação, está sendo conseguido sobre o achatamento do ganho dos trabalhadores. Daí a enorme concentração de renda em toda a cadeia produtiva.

Agora leiam o que disse um executivo da Microsoft numa Celebração da Mulher na Computação. Antes uma explicação: a questão principal na Celebração era o fosso salarial das mulheres em relação aos homens em se tratando do mesmo serviço.

Se não é, deve ter origem Hindu, Satya Nadella, executivo da Microsoft: “Mulheres que não pedem aumentos salariais possuem “superpoderes” e aquelas que se submetem calada a um cenário de defasagem salarial para seus colegas homens têm “karma bom” e são dignas de confiança...”

Maria Klawe que mediava a mesa no momento da frase de Satya contou que quando trabalhava numa universidade descobriu que ganhava menos $50 mil por ano do que devia e dirigindo-se às mulheres na plateia disse: “Faça seu trabalho. Não seja estúpida como eu.


Satya Nadella caiu na arapuca que os arautos do Mercado trombeteiam a todos ouvidos. São estes os que querem voltar montados no cavalo alazão da corrupção. Dos outros, não a nossa de cada dia.  

PÃO, TERRA E LIBERDADE - José do Vale Pinheiro Feitosa

As semelhanças simbólicas são reais nos dias de hoje e nas decisões eleitorais que tomaremos nos próximos dias. E tomaremos tais decisões em relação a governadores e à Presidência da República. As semelhanças são com a dicotomia logo após a Revolução de Trinta que impregnava o debate político não apenas aqui no Brasil. Era o debate entre esquerda e direita.

Um debate agudizado por posições extremadas advindas de tempos difíceis que no desespero levavam a soluções autoritárias como na União Soviética e no Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Mas não excluamos o que acontecia de conservadorismo de direita exacerbada na Inglaterra (um rei que veio abdicar que era simpático a Hitler) e na França.

No debate agudo tudo se resumia a Fascismo e Comunismo. No entanto é preciso que ao descer ao íntimo dessas coisas perceba-se que aí vai encontrar forças políticas que jogam de um lado e outro nem sempre com arraigada convicção ideológica. E isso por que?

É que o sectarismo ideológico é músculo apenas, enquanto a realidade é inteligência e capacidade de construir algo mesmo diante de contradições. De qualquer modo o debate continua superando impregnações de modo que é sempre possível que se observe o campo das ideias como mais do que um cérebro ou um corpo. As ideias são construções de muitos e refletem como este coletivo sofre, interpreta e procura interagir com a realidade.

Há muito que saí da minha terra e do meu lugar. Aquele bairro que se formava virou uma grande aglomeração. Uma aglomeração muito diferente da que vivi, e vivi em cada casa, em cada rua, como se vive um lugar. A diferença deve ser muito grande em quantidade, mas a qualidade do povo e de suas necessidades continua uma questão a ser superada. Superada pela vontade deste povo e o seu primeiro passo é o voto. O voto no lado simbólico que lhe cabe.

Agora pegando o lema dos Integralistas naqueles tempos remotos: “Deus, Pátria e Família”. É o lado autoritário e conservador de ser: pensa em Deus não como o criador, mas o feitor, o capitão do mato de todos os trabalhadores. Pensa na Pátria não como a união de nordestinos a todas as regiões, mas como a República Piratininga que submete todos a sua vontade. Pensa na família não como nossas raízes afetivas e genéticas, pensa nas famílias poderosas que precisam se unir para controlar a gentinha sem hereditariedade ducal.


Pão, terra e liberdade. Pensa no Pão porque a fome é o primeiro passo a ser superado para que se tenha um tempo neste mundo. Pensa na terra porque é nela que se realiza a vida na sua unidade familiar, na duração histórica e na identidade cultural (eita nós, os nordestino). E pensa na Liberdade porque esta é a raiz de tudo, especialmente da juventude e sua capacidade de incomodar o banquete dos bem postos. 

Everardo Norões!

 
OS CINCO ELEMENTOS
Por que água?, perguntas.
Porque se insinua entre fendas,
brota entre pedras,
confunde as esferas,
toma a forma do Mundo.
Por que vento?
Esvai-se entre ramos,
desliza entre abismos,
canta a voz que cede.
Por que fogo? inquires.
Circunda o nome,
labareda a sombra,
desintegra a alma:
e tudo torna cinza.
Por que terra? interrogas.
Porque submete os passos,
e quando a olhamos,
do alto,
sabemos do pó
a humana condição.
Por que céu?
Um silêncio alisa tua pele:
entre folhas,
um sopro se desprende.
Fogo e água…


NAUSEA MATINAL
Restos de falas na mesa
e a náusea matinal.
O bule, a xícara, os copos.
A mão, submersa no sal,
da tarde, na planície,
tão clara, dessa mesa,
onde deslizam os repastos
da habitual tristeza
que cobre a toalha branca
de rendas. E essa fome,
bordada sobre a mesa
como as iniciais de um nome.
O jarro com flores e
as cinzas do outro dia,
fugindo aos arabescos
das rendas, tão frias,
como as coisas distantes
que nos aguardam à mesa:
o leite, o bule, o café,
o sono, a morte, a incerteza.

Na noite de ontem...

Palestra do  renomado escritor  RONALDO CORREIA DE BRITO .
Auditório  do SESCRATO, lotado, na noite de ontem.
Aplaudidíssimo!
Nos fez mergulhar no mar das histórias. Relevou a importância da Tradição Oral.
Estado do Araripe, Nação Cariri, cidade do Crato...Nossas memórias em movimento- Incentivo!