por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Everardo Norões!

 
OS CINCO ELEMENTOS
Por que água?, perguntas.
Porque se insinua entre fendas,
brota entre pedras,
confunde as esferas,
toma a forma do Mundo.
Por que vento?
Esvai-se entre ramos,
desliza entre abismos,
canta a voz que cede.
Por que fogo? inquires.
Circunda o nome,
labareda a sombra,
desintegra a alma:
e tudo torna cinza.
Por que terra? interrogas.
Porque submete os passos,
e quando a olhamos,
do alto,
sabemos do pó
a humana condição.
Por que céu?
Um silêncio alisa tua pele:
entre folhas,
um sopro se desprende.
Fogo e água…


NAUSEA MATINAL
Restos de falas na mesa
e a náusea matinal.
O bule, a xícara, os copos.
A mão, submersa no sal,
da tarde, na planície,
tão clara, dessa mesa,
onde deslizam os repastos
da habitual tristeza
que cobre a toalha branca
de rendas. E essa fome,
bordada sobre a mesa
como as iniciais de um nome.
O jarro com flores e
as cinzas do outro dia,
fugindo aos arabescos
das rendas, tão frias,
como as coisas distantes
que nos aguardam à mesa:
o leite, o bule, o café,
o sono, a morte, a incerteza.

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