por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 12 de setembro de 2020

"PALADINOS DA JUSTIÇA" (AQUI SE FAZ AQUI SE PAGA) - José Nilton Mariano Saraiva

 Desde tempos imemoriais, no privilegiado espaço dos blogs para os quais colaboramos, através de postagens diversas temos afirmado com contundência e convicção que a “esculhambação” jurídica hoje vigente no país se deve exclusivamente àquele que deveria ser o guardião da Constituição Federal – o STF (Supremo Tribunal ederal).


Afinal, ao fechar os olhos para as diuturnas arbitrariedades perpetradas pelo então juiz de piso Sérgio Moro e seus procuradores (integrantes da Operação Lava Jato), aquela Corte Superior literalmente estimulou os novos (falsos) “paladinos da justiça” a estuprarem nossa até então respeitável Carta Maior, sem a menor cerimônia, através da criação de um “direito” próprio, intocável e oriundo de Curitiba, remetendo as “calendas gregas” todo o receituário jurídico então vigente.


É que, picados pela “mosca azul” e marombados pela soberba, em razão do apoio popular embutido no “canto de sereia” de um presumível combate sistemático à corrupção (uma farsa descomunal, como ficou provado a posteriori), os lavajateiros se consideraram como que semideuses, donos de uma verdade primeira e única.


E tanto fizeram, e tanto provocaram, e tanto exageraram, que findaram por despertar ciúmes explícitos nos membros do tal Supremo Tribunal Federal, que, parece, agora (após a perpetração do golpe contra o ex-presidente Lula da Silva) acordaram de vez e decidiram bater de frente com a “criatura”, na perspectiva de mostrar-lhe “quem manda mesmo no pedaço” (aplicação do constitucionalmente estabelecido).


Assim, num primeiro momento a decisão de remeter à Justiça Eleitoral os processos relativos à corrupção/via caixa 2, feriu de morte a Operação Lava Jato, porquanto esvaziando-a em sua essência.


Tanto é, que a Internet está sendo usada e abusada “full-time” e de modo depreciativo pelos “lavajateiros”, numa clara demonstração de confrontação ao STF, principalmente porque muito em breve (não já passou o tempo ???) teremos esse mesmo STF julgando definitivamente sobre a legalidade ou não da prisão em segunda instância, defendida arraigadamente pela República de Curitiba, mas, para muitos juristas de escol, absolutamente ilegal.


Na perspectiva de desaprovação de tal tese (perfeitamente possível, já que flagrantemente inconstitucional, porquanto não contempla a “presunção de inocência” e obsta o prosseguimento do devido processo legal, como determina a Constituição Federal) o STF finalmente se credenciará ao respeito daqueles que primam pela legalidade.

Até lá, entretanto, prisões e mais prisões serão efetuadas a mando da Operação Lava Jato, numa tentativa de manter um protagonismo que definha dia-a-dia (é só ver o que acontece hoje no Rio de Janeiro).



Enquanto isso, restou comprovado que o ex-juiz Sérgio Moro “quebrou a cara” ao ingressar na política sem qualquer vivência e apenas com o aval de um maluco incompetente. É que imaginou que em lá chegando e já na condição de Ministro da Justiça poderia casar e batizar, fazer e desfazer, mandar e desmandar e, enfim, exercitar sua porção perversa em maior amplitude.


Com apenas três meses de governo foi “enquadrado” pelos mafiosos políticos do Congresso Nacional e, ao bater de frente com a padrinho político (o “traste”) findou sendo enxotado sem dó nem piedade do governo ao qual houvera prometido fidelidade eterna.


Aqui se faz... aqui se paga.

OLHA ELA AÍ... DE NOVO - José Nilton Mariano Saraiva

 OLHA ELA AÍ... DE NOVO

A propósito da prisão da filha do mafioso Roberto Jefferson, Cristiane Brasil, por suspeita de roubalheira, permitimo-nos repetir postagem de nossa autoria, mais de dois anos atrás, envolvendo a mesma personagem e pelos mesmos motivos. A pergunta é: e por
qual razão estava em liberdade ???

*************************************
“COERÊNCIA” NA “EXCRESCÊNCIA” – José Nílton Mariano Saraiva

Por paradoxal que pareça, existe certa coerência na excrescência que foi a nomeação da senhora Cristiane Brasil para Ministra da Educação.

“Excrescência” porque vamos ter no comando do Ministério do Trabalho, pela primeira vez na história, uma figura que está sendo processada pela própria Justiça do Trabalho por não cumprir o que reza a lei trabalhista, já que, lá atrás, não pagou o devido a dois funcionários que lhe prestaram serviço durante certo tempo (hoje, num reconhecimento explícito de culpa, já está pagando, parceladamente, a dívida).

“Coerência” porque, num governo repleto de bandidos e gatunos (a partir do próprio Presidente da República golpista, Michel Temer) nada mais natural que convocar uma outra figura marginal para juntar-se ao bando; assim, a quadrilha estará reforçada para avançar em seus propósitos mafiosos.

Na oportunidade, não custa lembrar que a nova ministra foi indicação do próprio pai, o notório mafioso Roberto Jefferson, delator do tal “mensalão” e que, lá atrás, sem nenhum escrúpulo, admitiu ter agregado ao próprio patrimônio a verba de R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais)) que houvera sido destinada para uso do partido do qual ainda hoje é presidente (e nada aconteceu com o distinto).

Alfim, nada mais emblemático pra coroar toda essa imoralidade que a passividade e alheamento dos preguiçosos, prolixos e desonestos integrantes do tal Supremo Tribunal Federal, que se portam como se todo isso fosse normal, legal e absolutamente permissível.

São uns merdas.

GLORINHA - Dr. DEMÓSTENES RIBEIRO (*)

 Sim, eu também tive um tempo feliz. Foi quando era menina sapeca na fazenda são Francisco, querida pela madrinha Sinhá e pelo coronel Assis de Almeida, mas o tempo destruiu tudo.

Pouco a pouco Seu Assisinho esquecia do mundo, e a família se mudou para a cidade. Já mocinha, eu fui junto. Estudaria para professora e cuidaria do coronel. Ele, cada vez pior. Vivia nos médicos, muitos remédios, e não tinha melhora. A noite era um inferno: não dormia e ficava cada vez mais agitado.

Havia um sofá ao lado da sua cama e decidiram que eu dormiria lá. Seu Assisinho se acalmava um pouco quando eu fechava a porta, sentava ao seu lado e alisava os seus cabelos brancos. Tempos depois, era a sua mão passando pelo meu rosto, descendo pelos meus seios, e a casa adormecia.

A todos surpreendia essa melhora. Agora, os remédios estavam certos, as noites eram de paz, e o velho cada vez mais assanhado comigo. Abria a minha blusa, soltava o meu sutiã, sugava o meu seio e caia em sono profundo como um neném amamentado. Prá mim pouco importava aquela boca desdentada, se isso era o preço por uma noite de paz.

Mas, num Natal, Josefina, a filha solteirona e histérica, de repente abriu a porta do quarto, acendeu as luzes e nos surpreendeu no ritual. Foi um escândalo: Glorinha, sua vagabunda, puta de idosos, vai ver onde você vai morar!

O jipe parou no cabaré de “Peituda”, eu chorava, eu a minha mala jogadas na calçada. “Peituda” abriu a porta e acostumada com aquela situação, tentava me consolar: “minha filha, vá dormir, não fique assim, “Peludinha” vai lhe trazer um chá...” No dia seguinte, Seu Assisinho morreu – como é triste esse tempo de Natal.

Quando o dia nasceu e lhe contei a minha história, “Peituda” prometeu me ajudar. Logo eu acharia um marido, seria professora e, se ficasse loura, tudo seria mais fácil. Ela oxigenou os meus cabelos e mudou o penteado.

Dias depois, um viúvo veio me conhecer. Um homem gordo e suado, de chinela japonesa e pedalando uma bicicleta apareceu por lá. “Coquinha” era barbeiro, se apaixonou mim e me levou prá sua casa. Ele queria exclusividade, mas pelo meu sonho de professora, não se importava que eu desse aula pra alguns meninos interessados enquanto ele trabalhava.

Pois bem, durante muitos anos, no final da tarde, cinco ou seis mocinhos esperavam pacientemente em frente à casa a aula individual. Ao escurecer, já com a turma debandada, “Coquinha” chegava bem cansado. “Loura” – ele falava – com as suas aulas e a barbearia, qualquer dia a gente tem geladeira e fogão a gás.

De saia justa e batom vermelho, loura e de salto alto, quando eu saía pela cidade os homens enlouqueciam e me comiam com o olhar. Até que um dia, o meu barbeiro não acordou e o mundo acabou prá mim. De novo, estava sozinha, não era mais a “loura do Coquinha”, chorei muito, não tinha amigas e fiquei desesperada. “Peituda” tinha se amigado com um sargento em Pernambuco e “Peludinha”, com um fazendeiro em Goiás.

Aos poucos refiz as forças, dei aula extra e juntei uns trocados. Fiz empréstimo e mudei de cidade. Voltei a ser Glorinha. Hoje sou uma empresária da alegria nessa terra de beatos. Várias meninas moram comigo, elas se dão bem e pela minha boate já passaram todos os figurões da sociedade.

Às vezes, eu fico triste e lembro “Cinzas de Amor”, cantada por “Chico de Zé Namorado”, e ontem Seu Assisinho me apareceu em sonho. O sem-vergonha andava doido por uma mamada.

Mas, hoje é a festa do município e não há lugar para saudade. Vou receber gatinhas de Recife, Salgueiro, Campina Grande e de outras cidades mais. Vai ter “baile de debutantes” e um vereador fará um discurso como no tempo chique do soçaite.

Apostei num futuro de sucesso, sou influente, todos gostam de mim e tenho certeza que quando o “Coquinha” voltar prá me levar, Glorinha ainda vai ser nome de rua nessa cidade.

****************************************

(*) Dr. Demóstenes Ribeiro é médico-cardiologista, natural de Missão Velha, residente e atuante profissionalmente em Fortaleza-CE