por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 10 de junho de 2013

Os novos conservadores e os negócios dos agrotóxicos - José do Vale Pinheiro Feitosa

Os conservadores brasileiros na variabilidade própria dos matizes de todas as categorias ideológicas têm em comum o temor de uma sociedade plural e democrática. Eles gozam da fé inabalável nos EUA e no seu modo de ser. Para eles aquele napalm no corpo daquela jovem vietnamita, correndo sem roupas após o bombardeio, é apenas um erro na justa luta contra o mal comunista.

Eles continuam com horror às eleições livres, chamam de ditadura os eleitos fora do seu credo e guardam, por enquanto, o silêncio da enorme afeição à ditadura militar de recente memória. Eles são integrais, totais e orgânicos em seu modo de ver o mundo: acreditam na fé neoliberal, têm horror à agricultura familiar e amam o agrobusiness; acreditam na “ordem total” e abominam os movimentos sociais; usam discurso contra a corrupção para combater as lutas sociais, os direitos sociais e os direitos humanos.

São competentes na manutenção do poder mas atabalhoados se as rédeas do Estado não estiverem em suas mãos. Os conservadores piscam o olho para Pinochet, se amuam com a morte do “bom velhinho” Videla na prisão e fazem isso de um modo malandramente disfarçado: combatem Fidel e Raul Castro, além de Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales.   
  
Enfim jamais lerão algo de um conservador apontando a contradição entre grandes negócios e o desastre ambiental mundial. Quando abordam o assunto tendem a falar de uma culpa original e geral contra o ser humano de modo a garantir que o desastre é um tema irreversível da maldade humana. Jamais apontarão para o grande negócio e a necessária luta política contra esta ordem que apodrece o presente e apaga o futuro. Leiamos o seguinte caso.

Sygenta, Monsanto, Bayer, Dow Chemical, Dupont controlam 100% dos agrotóxicos e dos organismos geneticamente modificados (plantas e sementes). Agora desenvolveram uma nova geração de inseticidas neuro-ativos relacionados com a nicotina (neonicotóides).  Um milho geneticamente modificado da Sygenta matou gado na Alemanha e 52 milhões de americanos sofreram contaminação com o agrotóxico Atracina em seu lençol freático usado para beber. A atracina tem a capacidade de mudar o gênero em animais.

Os neonicotóides são letais para aves e o sistema aquáticos que elas dependem. Esta nova geração de agrotóxicos tem uma enorme capacidade de persistir no meio ambiente e se infiltrarem nas águas subterrâneas. Um só grão de milho contaminado com neonicotóides pode matar um pássaro.

Estes agrotóxicos estão se acumulando nas águas superficiais e nas águas subterrâneas e muitas coleções já chegaram ao nível de contaminação suficiente para destruir invertebrados e aves que dependam destas água. A questão mais recente é o impacto destes tóxicos sobre a destruição de abelhas selvagens e domesticadas.
A mortandade entre apiculturas tem sido tão elevada nos EUA que seus proprietários, através de sua associação, estão processando o governo americano pela sua leniência com o crime ambiental. Está acontecendo um conflito intenso entre o governo Obama que defende as empresas produtoras e o governo Putin da Rússia que se indignou com a mortandade de abelhas em toda a Europa em decorrência dos neonicotóides.

A situação é tão grave que a Europa tende a que os governos passem a controlar todas as plantas e sementes. Isso significa que o liberalismo comercial das grandes empresas terá de perder o proselitismo de seus executivos e de suas ações em bolsa, para sujeitarem-se à análise ambiental de governos. Os tempos dos negócios desenfreados para concentrar capital e oferecer glamour à vida de executivos high-tech se encontra na encruzilhada do desastre físico do planeta. Some-se mas este efeito os desastres econômicos dos neoliberais.

A natureza da adjetivação dos relatórios em relação aos organismos geneticamente modificados está de tal forma talhado que na União Europeia se fala em “sementes monstruosas” criadas geneticamente. A EU e a Rússia de Putin têm esta visão mas o governo Obama defende as cinco grandes dos agrotóxicos argumentando que a morte das abelhas não se deve aos neonicotóides e atribui tais mortes (fora do normal) a inúmeras causas.

Argumenta-se em contrário que Obama foi financiado pela Monsanto e que pôs inúmeros funcionários da empresa em órgãos chaves do governo ligados à regulação dos agrotóxicos e dos organismos geneticamente modificados tais como o FDA (US Food and Drug Administration) e a USDA (US Departamento of Agriculture).   

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou uma lei que anistia previamente todas as “agrotoxicoleiras” de suas eventuais responsabilidades em desastres ambientais. Ou seja, protege as sementes geneticamente modificadas de eventuais litígios perante riscos ambientais. A lei foi sancionada por Obama e passou a ser jocosamente chamada de “Monsanto Protection Act”. Se alguém no futuro tiver algum problema de saúde associado com as sementes da Monsanto não poderá recorrer aos tribunais.

O capitalismo sempre aprende a fazer negócio e os capitalistas a se eximirem de suas responsabilidades sociais: se houvesse uma lei como essa em relação a nicotina as companhias tabageiras jamais teriam sido responsabilizadas pela epidemia decorrente do uso do cigarro.   


Enquanto isso o regime franco dos conservadores brasileiros teve um grande ideólogo que foi um grande executivo da Dow Chemical. Chamava-se Golbery do Couto e Silva.