por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 11 de maio de 2011

Anotem aí: www.fotografiaspjamacaru.blogspot.com - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Foto de Pachelly Jamacaru
Este ensaio sobre Nova Olinda é arte, pois ir àquela cidade e fotografá-la com os macetes e ângulos da moda pode não ser. Mas o Pachelly fotografa, o que se encontra lá, como se ele desse uma "arrumada" na composição. Esta coisa de mostrar uma ordem cênica no mundo é quase que lampejo, dura segundos e muitos poucos têm a mente atenta o suficiente para captá-la.

Escolho quatro fotografias, mas poderia pegar aquela de Seu Expedito Seleiro, em seu eterno sonho de Lampião, o mito são as alpercatas do cangaço e Pachelly nem fotografou a espingarda toda, mas o olhar de riso do artesão diz muito bem do seu segredo comercial. Tantas outras, mas quatro me foram marcantes como representativas das demais: a Casa Grande, a Bodega, a Oficina e A Sala em que a idosa ver televisão.

Ele fotografou a Casa Grande de um modo inteiramente diferente com que a vemos em imagens. Entende-se, ela fica numa rua larga e muito visível ao transeunte, foi escolhida como símbolo do projeto do Alemberg e por isso sempre se evidencia como imagem solitária. Mas o Pachelly foi lá e a fotografou de um modo nunca visto: um pedaço da cena, entre outras, por trás dos troncos evidenciados das árvores, cuja folhagem não mostram as cores, mas as folhas e flores do jardim embaixo a substituem.

A bodega é um ensaio sobre a cor: a bicicleta vermelha descansada no balcão amarelo, ambos tomando parte substancial do olhar, mas se desdobrando em misturas de cores primárias nas paredes e prateleiras. Sobre a garupa da bicicleta um cesto parece dialogar com a mesma cor do piso.

A oficina é um ensaio abstrato. Pode pegar qualquer grande pintor abstrato que verás esta mesma proposição artística. Tudo na composição faz sentido, desde aquela peça vermelha no centro da imagem, como todas as formas que fragmentam conceitos nos três cantos do olhar, ficando mais clara esta fragmentação dada a certeza conceitual da moto bem evidente e à frente de tudo. Satisfeito? Tem mais, uma banheira azul que certamente serve para testar o furo na câmara de ar, no ponto lateral à esquerda do olhar, como se dialogasse com o pedaço avermelhado antes descrito.

A sala tem muitos significados. Primeiro a própria sala. Ela é azul. A cor do céu. Céu cuja trilha é feita com as guardas e guias de santos pela parede. Tem um santuário e claro que a solenidade dos membros da família em fotografias espalhadas pelas paredes. Como a fazer a ligação entre o céu e o altar da terra, ainda se põe o olhar num tecido vermelho que emoldura a parte inferior da foto. A esse molho todo, acrescente o efeito da iluminação, dando à cena seu tom mais sublime. Mas eis um mais agudo do lampejo de Pachelly: a senhora, idosa, muito certo que autora da fé, se encontra de costas para o nosso olhar, atenta a um outro "céu", aquele da televisão e sua presença dominante na casa das pessoas.

Quando pensamos na glória do grande mercado de arte, é preciso que na altura dele não se esqueça de grandes artistas, que vivem e criam, continuamente como faz Pachelly Jamacaru.



por José do Vale Pinheiro Feitosa

Por João Nicodemos


A Arte poética de João Nicodemos


As Luas (são minha e são tua)-Por: Rosemary Borges Xavier

Lua
Tão nova
Renova semente
E me deixas contente

Lua
Tão nua
Cresceste crescente
Agora imponente

Lua
Que é cheia fronteia
Esta face singela
De uma aquarela

Lua
Minguante
Leva-me adiante
Tal qual como antes.

As luas são dos amantes...
E só assim, todas e todos se tornam delirantes.

O CRATO NÃO É MAIS A TERRA DA CULTURA- Wilton Dedê


Não somos mais a “TERRA DA CULTURA”.
Infelizmente podemos constatar que os nossos valores, hoje, são outros. Podemos nos despedir do Mestre Aldemir e do seu Reisado. Do Maneiro Pau, das Quadrilhas, das Bandas Cabaçais, dos nossos artesãos,etc.
Para uma grande parcela do povo do Crato (os que se dizem cultos), eles hoje representam o atraso. Atraso que só o povo sem cultura, aqueles da periferia, lá da zona rural, gosta. Será? Isso é verdade?
Eles estão confinados a minúsculos espaços na nossa cidade. Estão confinados ao gosto de uns poucos que teimam em não acompanhar a tão propagada MODERNIZAÇÃO.
Ouvi dizer que no Juazeiro o povo gosta. Tem até uma praça dedicada aos Mateus dos reisados, aos Bacamarteiros, aos Romeiros. Em Barbalha, a cultura, dita popular, já chegou às escolas. Será que eles são incultos??
Se assim for, o que dizer então do povo de Recife, com os seus Maracatus, com o frevo e os seus carnavais??. O que dizer do povo de Maranhão com o seu Boi Bumbá?? O que dizer das festas negras da Bahia?? E dos Guerreiros Alagoanos?? Seus reisados??
Vou além mar...O que dizer do Fado português? das danças Russas? do Kabuki Oriental? da dança do ventre? Não serão todos representantes culturais dos seus países??
Eles por aqui aportam como ATRAÇÕES INTERNACIONAIS...

Vivemos a era do eletrônico sim. Mas, isto é um motivo para a morte desses valores? O mundo todo vive essa dicotomia. Por quê em outros lugares as duas coisas convivem em paz? Será que todos são burros? Incultos?

Por quê será que a Europa manda buscar no Cariri a Banda Cabaçal dos Irmãos Anicetos?? Talvez por serem burros, iletrados, incultos.
Hoje é dia da Cultura. Mas... onde está a nossa cultura?? Onde andam os nossos fomentadores?? Onde andam os nossos músicos? Atores? Artistas plásticos?
A maior festa do Crato lhes nega espaço e se expõe aos “forrós eletrônicos”(se é que podemos chamar de forró). Os nossos valores são confinados a um minúsculo palco.
Que motivos tem os “papas” da expocrato para acharem que eles não tem direito ao Palco Principal?? A um espaço digno. Eles não representam a cultura da cidade??
Já vi shows que não deixaram a desejar. Ex-Dihelson, Lifanco, Abidoral, Cleivan, etc...
A nossa cidade é muito rica culturalmente. Temos músicos clássicos, grandes instrumentistas, poetas, atores, cantores, artistas populares aos montes, artistas plásticos, etc, etc, etc... Falta a valorização desses artistas. Falta-lhes espaços.
Pergunto novamente: Onde andam os nossos fomentadores??

ACOOOORDA CRAAATO. “ TERRA DA CULTUUUURAAAA”.


Wilton Dedê

uma faca de cortar pão bem amolada - por Domingos Barroso



Quando tu estiveres alegre
alegre mesmo de dá dó

por um segundo
fica em suspense

e percebe
que estarei triste

triste de fato
como quem come jiló.

Se por tuas faces
rolarem duas lágrimas -
agradeço.

Mas somente soltarei festins
se dançares sobre a mesa.

E ao final do tango
fizeres um brinde:

"Ao patético!"

Outro brinde:

"Ao verme!"

Música na boca da noite...




o poeta

escreve poemas

"de ouvido"...

quem duvida?

por Nicodemos 


Vida em sol- socorro moreira


Um arco de lua
- Visão noturna
Um liame, um pensamento
Réstia que acende
O sentimento..
Ora em foco, ora obscurecido
Na fugacidade do tempo.

Busco a canção
Canto da noite
Um tom de Tom
Um choro violado
Um dia de lua 
Uma vida em sol!

(socorro moreira)


Por João Nicodemos






em todo lugar há o tédio

de tudo já feito, tudo finito

e há também o desejo de ver

mais uma cor no prisma do sol,

uma nota mais na vibração

dos silêncios,

um inseto desconhecido

num planeta não descoberto...

Assim, escrevo o verso não dito

do poema não sentido...

a buscar no finito

o

infinito.

Jamelão



José Bispo Clementino dos Santos, mais conhecido como Jamelão (Rio de Janeiro, 12 de maio de 1913 – Rio de Janeiro, 14 de junho de 2008), foi um cantor brasileiro, tradicional intérprete dos sambas-enredo da escola de samba Mangueira.

UM POEMA DE MARIO QUINTANA QUE É UM SAMBA CANÇÃO

Nunca ninguém sabe
Se estou louco para rir ou chorar
Por isso o meu verso
Tem esse quase imperceptível tremor
A vida é triste
O mundo é louco
Nem vale a pena matar-se por isso
Nem por ninguém, nem por um amor
A vida continua indiferente

Mário Quintana

"Ex" - José Nilton Mariano Saraiva

Com direito a propaganda antecipada, veiculada com insistência nos principais jornais do Estado, em eleição realizada na cidade de Fortaleza, num processo pra lá de democrático, a cidade de Quixeramobim, com respeitáveis 61,20% dos votos apurados, venceu a disputa para sediar o futuro “Hospital Regional do Sertão Central e Inhamuns”, a ser construído pelo Governo do Estado do Ceará. O investimento, compreendendo estrutura física e equipamentos, será da ordem de R$ 96 milhões (afora a manutenção).
O anúncio oficial do resultado foi feito pelo próprio Chefe do Executivo cearense, que, na oportunidade, fez questão de enfatizar a plenos pulmões (encarando de frente os flashs), o caráter democrático da escolha, porquanto resultado da soberana manifestação das autoridades representativas dos municípios da Região (cerca de 20).
Faltou dizer, e ninguém lembrou de perguntar ou questionar publicamente (por conivência, frouxidão, conveniência ou o que mais aprouver), por qual razão o mesmo alardeado critério (democrático) não foi escolhido, usado e adotado quando da definição do local onde foram construídos (e estão prestes a funcionar) os “hospitais regionais” das regiões sul e norte do Estado, respectivamente Juazeiro do Norte e Sobral, onde prevaleceu a decisão “solo” e autocrática do Governador.
Aliás, não deveria causar qualquer surpresa tal desenlace, porquanto, dias antes, em visita à cidade do Crato (“ex” capital da cultura, “ex” princesa do Cariri, “ex” cidade modelo, “ex” detentora do melhor carnaval do interior do Nordeste, “ex” futura capital do futuro Estado do Cariri - e usem o “ex” até não mais querer), o Governador do Estado simplesmente ignorou o protocolo e as formalidades corriqueiras, ao circular na cidade sem que o seu prefeito fosse sequer cientificado, numa prova inconteste do “real prestígio” do chefe da municipalidade cratense para com os escalões superiores do Estado (e, de sobra ou por simples pirraça, a raquítica verba destinada a “dá um trato” na barafunda em que se transformou a cidade após as chuvas de janeiro, foi bloqueada e transferida para a conta do Estado, que a alocará onde e quando achar necessário).
Conclusão: ou o povo do Crato coloca no “trono” municipal alguém que se relacione e tenha transito livre junto a quem usa a “caneta” ou vamos continuar patinando na maionese e afundando na mediocridade.

REFLITA - Rosa Guerrera



Será que você já parou para pensar alguma vez que não vale a pena se prender a dores e decepções que aconteceram na sua vida ?
Será que você já fez uma análise de que tudo é tão rápido , o tempo é tão veloz ,e que nada adianta recolher lágrimas da noite que passou ?
Será que a nuvem que escureceu ontem o seu sonho vai ser um eterno obstáculo para que você não enxergue como é radiosa e brilhante a luz do sol ?
A alegria faz parte da vida ! A dor também !!!!
Quantas vezes não deixei escapar a felicidade por medo de sofrer !
Quantas outras vezes acenei um adeus quando interiormente meu coração pedia para ficar !
Muitas vezes lamentamos os espinhos das rosas , sem que nos lembremos a beleza e o odor que elas espalham nos canteiros .
Devemos ter em mente que somos os únicos responsáveis pelo nosso céu e nosso inferno interior , essa é a mais pura das verdades.
É impossivel querermos uma felicidade exatamente como está nos nossos sonhos , e sofremos em não aceitamos uma falha por pequenina que seja na escultura desse projeto.
Surgem então as lamentações, as mágoas , as decepções . como se nada mais existisse senão um futuro nublado.
Cabe a nós entendermos que como humanos estamos sujeitos a enfrentarmos de cabeça erguida os revezes costumeiros da vida ,e acreditarmos que somos capazes de aprender de novo a sorrir , mesmo que através de grossas lágrimas.

 por rosa guerrera

Curtas. Por Liduina Vilar.



Há na areia milhões

de fragmentos,

unguento de

sonhos, espalhados

no tempo.

Uma arco de lua que as nuvens se esforçam em esconder - José do Vale Pinheiro Feitosa

Procurei uma frase que não pretendesse oferecer normas a ninguém. Os indivíduos já estão no mundo com a transparência de cada momento do tempo que inventam.

Procurei um pensamento que não fosse conclusão de alguma coisa complexa ou simples. Os sujeitos da história estão sempre começando alguma coisa mesmo que as conclusões tenham já sido enunciadas.

Procurei um estilo físico que não fosse a presença de algum carisma para influenciar os outros. As pessoas já possuem seus dons adquiridos nas incongruências e compatibilidades da vida.

Nada havendo então para expressar, restei-me junto a você olhando este arco de lua crescente, mesmo que as nuvens se esforcem em escondê-lo.