por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 4 de junho de 2012

Será que a Rainha Elizabeth II acenou para o nosso passado neocolonial? - José do Vale Pinheiro Feitosa


Vitória tem quatro anos e adora programa infantil. A geração dela está inundada de personagens de contos de fada redivivos no qual abundam reis, rainhas e princesas. Já tem até DVD em que a famosa boneca barbie vai para uma escola de princesas e na escola é só maquiagem, aprender a se curvar, enfim etiquetas da realeza. Se algum dia Vitória gostar de vê a coroação do futuro rei da Inglaterra ou os noventa anos do reinado de Elizabeth II, não tem por que estranhar: é isso mesmo que ela está vendo. Ela e toda a geração dela.

Por isso compreendo a presença de um milhão de ingleses espalhados na beira do Tâmisa com a finalidade de assistir ao desfile do barco real carregando a detentora de 60 anos de reinado. Eles não sabem bem para que serve a realeza inglesa, mas que diverte lá isso diverte. É um show ou uma escola de princesa da barbie.

Não há um grande problema com o circo e a diversão, mas é um grande problema não se entender o quê foi a Inglaterra e seu império para o Brasil. Desde comboiar Dom João VI até o Rio de Janeiro, e aqui abrir os portos para criar um canal de exportação de matérias primas para a crescente industrialização imperial. E não me venha com papo furado de que os ingleses trouxeram a estrada de ferro, os bondes, a energia elétrica entre outras bondades da sua produção porque tudo foi  às custas do sacrifício dos brasileiros.

Os ingleses, se diga os bancos ingleses, seu comércio monopolista, sua armada violenta literalmente têm responsabilidade sobre o atraso relativo da industrialização brasileira. Sabotaram todas as tentativas de se criar uma verdadeira indústria por aqui, basta ler o livro sobre o Barão de Mauá, traziam o trem e nós pagávamos caríssimo pelo seu carvão. O trem não foi apenas para passageiros, era essencialmente o escoamento da produção do café que ia para a bolsa de Londres. A geração de energia elétrica se dava com o monopólio que multiplicava e sangrava a bolsa popular.

Se inventaram a penicilina, nos deram Shakespeare, o som dos Beatles, mas levaram os nossos ganhos e garrotearam nossas iniciativas de desenvolvimento nacional a ponto de atrasá-lo por mais de um século. Portanto enquanto a comitiva desfilava os nossos olhos deveriam simultaneamente olhar para o show e para o passado de um império que teve o seu apogeu com a bisavó da Rainha Elizabeth II.