por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 1 de novembro de 2014

Pelas Estradas do Brasil - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

A gente corre na BR-3. E a gente morre na BR-3....

Quem não lembra dessa música interpretada por um cantor até então desconhecido, Tony Tornado, que venceu a fase brasileira do I Festival Internacional da Canção em 1970?

Um ano depois, as rodovias federais brasileiras tinham recebido novas denominações. A nossa BR 13 que ligava Fortaleza ao Rio de Janeiro passou a ser chamada BR 116. De Fortaleza até Feira de Santana era uma extensa faixa de terra, esburacada e poeirenta no verão e um grande lamaçal no período das chuvas. Era a época do Brasil "ame-o ou deixe-o". Estradas eram pavimentadas e construídas em todas as direções. A mais famosa de todas era a transamazônica.

Eu já estava formado e obtive o meu primeiro emprego numa empresa de engenharia que elaborava estudos técnicos de solos e projetos geométricos para pavimentação de estradas, tendo ido parar em Oeiras e Ypiranga no Piauí. Em um ano elaboramos os projetos dos trechos da BR 230 e BR 316, respectivamente entre Gaturiano e Floriano e Valença, num total de 210 km de muita poeira e sol quente. Quem realiza esse tipo de trabalho em rodovias, anda por péssimas estradas. Entre tantos aprendizados, aprofundei meus conhecimentos de mecânica dos solos e da nomenclatura das rodovias federais, creio eu que por muitos ainda desconhecidas.

As nossas rodovias federais são nominadas por BR como todos sabem, seguida por uma numeração que indicam o seu sentido. Dividem-se em rodovias radiais, longitudinais, transversais, diagonais e de ligação.

A BR 020 e todas as demais cuja numeração se inicia pelo número zero são as estradas radiais que  partem de alguma capital de estado para Brasília. As mais conhecidas dessas rodovias são a BR 010 de Belém a Brasília, BR 020 Fortaleza a Brasília, BR 040 Rio de Janeiro a Brasília entre outras.

A nossa BR 116 e todas as demais rodovias que se iniciam pela número 1 são as rodovias longitudinais, aquelas que cortam o país no sentido norte/sul. A BR 116 liga Fortaleza até Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Num trajeto que compreende em seu roteiro as cidades de Russas, Brejo Santo, Salgueiro, Belém do São Francisco, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Teófilo Otoni, Governador Valadares, Barra Mansa, Lorena, Guarulhos, São Paulo, Curitiba, Lage, Florianópolis, Porto Alegre, Pelotas, Jaguarão e Rio Grande. A BR 101 a partir de Natal, João Pessoa, Recife, Maceió, Aracaju, Feira de Santana, Itabuna, Vitória, Campos, Rio de Janeiro, Santos, Antonina-PR, Florianópolis, Osório, Rio Grande.

As rodovias transversais são aquelas que cortam o país no sentido leste-oeste. Suas denominações têm como prefixo o número 2 seguido de 00 a 50 se situadas ao norte da capital federal e 50 a 99 se ao sul de Brasília. Exemplo a nossa BR 222, de Fortaleza a Sobral, Piripiri, Santa Inês, Açailândia, Marabá. A BR230 a partir de João Pessoa, Patos, Lavras da Mangabeira, Várzea Alegre, Farias Brito, Picos, Oeiras, Floriano, Carolina, Estreito, Marabá, Altamira, Humaitá, Labrea e Benjamim Constant.
  
As denominadas rodovias diagonais são aquelas no sentido Nordeste/Sudoeste ou Noroeste/Sudeste. Temos a BR 304 de Boqueirão do Cesário até Natal; BR 316 de Maceió a Belém e todas que tem o prefixo iniciado pelo número 3.
 
Finalmente o último grupo de rodovias é o denominado de Rodovias de Ligação, que ligam duas rodovias federais, ou uma rodovia federal a uma cidade importante ou ainda às fronteiras. Nesse grupo temos em nosso estado a BR 403 Acaraú, Sobral, Crateús; BR 404 Piripiri - Crateús - Novo Oriente - Catarina - Iguatu - Icó. 
 
Nosso país adotou a opção errada pelo caminhão, construindo estradas em vez de ferrovias. O trem com ferrovias, mesmo que não fossem eletrificadas seria o meio de transporte mais econômico para as longas distâncias que nos separam. De Fortaleza ao Crato temos toda uma estrutura de caminho de ferro montada, mas nenhum trem a conduzir nossas cargas.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Fonte DNIT   

ZÉ ALMINO E O AUTOGIRO - José do Vale Pinheiro Feitosa

Não lembro mais os editores no Brasil. Poderiam ser Codex ou a Abril. Não sei a origem se seria a Enciclopédia Britannica. Mas lembro com precisão da revista Tecnirama, Naturama e outras que esqueci o nome. Eram revistas que resumiam teorias científicas e tecnologias de origem científica ali pela segunda metade dos anos 60.

Muitos assuntos acenderam luzes brilhantíssima naquele, então, jovem rurícola, com ouvidos simultaneamente no rádio (radiolas), os olhos no cinema e os pés em veredas, no canavial, tirando mangas e levantando marolas nas águas do rio Batateira. Agora teve um assunto que levou-me a sonhar acordado como regra para pegar no sono.

Zé Almino, que tinha medo de alma como sei, deixou de ter como ele diz e eu não sabia, não sei se vocês têm conhecimento, é um inventor. Um inventor das causas impossíveis, do pragmatismo, do sonhar é possível, do cutucar o parasita que secreta o impossível. Zé é racional o suficiente para não querer inventar o moto perpetuo, mas se tiver uma brecha, lá isso ele faz. Não perde um segundo.

Ninguém é apenas os traços genéticos uma vez que a realidade molda personalidade. Mas se fosse falar de um modo básico, Zé Almino é o pai como ninguém entre os filhos o é. Um gozador de marca maior, caladão, um olhar sério, enquanto faz acontecer o riso. Mas uma ressalva: caladão em termos iniciais, pois tem a conversa estimulada e ampliada de um César Pinheiro.

Um dado. Quem conheceu o modo sério, atento e sem demonstrar emoção, de observação sertaneja e desconfiada, de Miguel Arraes, vai encontrar em Zé Almino este traço. Não o reconheci em nenhum outro filho do político, embora o xará do Zé tenha algum destes traços.

Mas estou me estendendo muito na personalidade do Zé Almino. O fato é que ambos sonhamos em fazer um Autogiro. Uma espécie de helicóptero primitivo, pequeno, assim como é um ultraleve em relação aos aviões. Vimos na revista Tecnirama.

E tome a estudar os detalhes. Numa varanda da casa de Dona Leonarda, grande projeto de engenharia moderna, ao lado de um pé de cajarana, das galinhas ciscando, o badalo das vacas no curral, alguém com uma lata d´água na cabeça, crianças jogando pião e nós estudando os detalhes do objeto voador, mais pesado que o ar.

Aí vem a diferença fundamental entre Zé e este que vos escreve. Zé já vinha com o argumento do motor, da estrutura, da função das hélices, como faziam o autogiro subir, descer e seguir em frente. A estrutura mínima necessária. A necessidade de um cálculo estrutural e avançou pelas veredas numa tal velocidade que fiquei na rabeira tentando tirar um espinho da planta do pé.

Zé projetava a materialidade do aparelho, enquanto eu já voava nele. Saia de um canto do quintal de casa, subia lentamente até ver tudo embaixo, a copa das árvores, o pessoal de casa, o telhado e subir mais ainda. Pegar o céu azul como um urubu e tomar o rumo do litoral. Claro que meu sonho era cauteloso: parava em algumas cidades para abastecer.

Pense no herói. Era aquele Deus descendo dos céus, como o alemão do Zepelim, as meninas se derretendo em meu coração. Uma fantasia hollywoodiana da fama em canhões de luzes. Uma superioridade que não humilhava e fazia amizade entre os machos que não sei porque cargas d´águas não me expulsavam diante do sucesso com as mulheres da terra deles.

E assim chegava a Fortaleza, vendo o mar. O mar. Sempre ele.  O objeto do desejo. Aquele que tinha se antecipado em barulho ao meu ouvido encostado na grande concha da praia. E outro mar. Com ondas de veículos, ruas cheias de gente, lojas chiques, cinemas fabulosos, teatros, tudo que não havia nas ladeiras da batateira. Tudo mas resplandecente que a cor da cal sob a luz solar. A capital.

E na apoteose do Autogiro, descendo na frente da casa dela. Aquele arco íris do desejo de anular distâncias e sentir os olhos verdes que arrombavam o lago de testosterona e inundava o mundo de luxúrias. A cintura do corpo é a fronteira de dois mundos, para a baixo ou para cima, será sempre uma grande escolha.


Ih! Zé! Foi demais. Que giro na cabeça.  

A "bomba" que virou... "traque" - José Nilton Mariano Saraiva

Pelo que se descobre dia-a-dia, após o pleito, a óbvia conclusão é que os tucanos realmente sonharam que o “GOLPE”, em parceria com a revista “VEJA-ÓIA”, a “TV-GLOBO e os jornalões do Sudeste, vingaria, tal a meticulosa engenharia empregada. Mas...

Mas - como tinha um tal de “POVO” no meio do caminho - hoje, ainda “grogues” em razão da derrota nas urnas, os tucanos anunciaram com estardalhaço uma “bomba” com potencial para mudar o resultado das urnas: o pedido, à Justiça Eleitoral, da realização de uma “auditoria especial” em todo o processo eleitoral (não na contagem dos votos), em razão dos “boatos” veiculados por anônimos nas redes sociais.

O texto, de uma sordidez a toda prova, protocolado junto ao Tribunal Superior Eleitoral e assinado pelo coordenador jurídico nacional do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), argumenta que, após anunciada a reeleição da presidente Dilma Rousseff, desconfianças propagadas nas redes sociais têm motivado... "descrença quanto à confiabilidade da apuração dos votos e à infalibilidade da urna eletrônica".
Só que, como nenhum fato concreto foi citado, o corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro João Otávio de Noronha, afirmou que o pedido “NÃO É SÉRIO”, embora com “potencial para arranhar a imagem do país”, e que “se os tucanos querem auditoria, que apresentem fatos e não boatos”.
Em complemento, o ministro Noronha disse ainda que "parece grave" que a petição tenha sido protocolada na Justiça Eleitoral sem assinatura de Aécio Neves e outros integrantes do partido, o que nos leva a concluir que a intenção parece ter sido mesmo a de “baldear o coreto” (alguém do terceiro escalão assina, livrando a cara da cúpula e... vamos ver o que acontece).
Fato é que a emenda saiu pior que o soneto, já que a “bomba” prometida não passou de um inofensivo “traque” (provavelmente molhado), restando aos tucanos carregaram a alcunha de “NÃO SÉRIOS”, conforme “carimbo” do ministro Noronha.
Um dia, de tanto apanharem, eles aprendem...

O "IMORTAL" que se descobriu... "MORTAL" - José Nilton Mariano Saraiva

Dias antes, após um debate por demais acirrado com o oponente, a Presidenta da República, Dilma Roussef, no momento em que estava sendo entrevistada “ao vivo” pela TV, houvera passado mal, em razão de uma repentina queda de pressão. Nada que um simples copo d’agua não resolvesse, recompondo-a inteiramente. Vida que segue.

Agora, quando da solenidade de posse como “imortal” da Academia Brasileira de Letras, o conceituado jornalista Zuenir Ventura não só sentiu-se mal, como chegou a perder a consciência, indo a nocaute. Diagnóstico: queda de pressão. Atendido de pronto, em instantes recobrou os sentidos e assim pode não só receber os cumprimentos, como brindar com as dezenas de amigos que lá compareceram para prestigiá-lo.

Embora em ambientes e situações distintas, são dois momentos emblemáticos da fragilidade do ser humano, dois atestados eloqüentes de que o que diferencia o ser humano de uma máquina é a sensibilidade, a emoção, a racionalidade, o “ser gente”.

No debate, ao qual nos reportamos no parágrafo primeiro, o oponente da Presidenta da República, Aécio Neves, como se fora um super-homem, uma máquina mortífera ou um ser superior oriundo de uma outra galáxia, chegou a vangloriar-se de ter sido o responsável pelo que houvera acontecido com a nossa Presidenta.

Com o ocorrido na “Academia”, quando o “imortal” Zuenir Ventura se descobriu um “mortal” comum, comprovado restou que também os “imortais” são passíveis de emoção, de um momento de fraqueza, de serem acometidos por um mal súbito.

Que a lição seja absorvida pelo “playboy do Leblon”, no decorrer da “ressaca” pela derrota nas urnas.
  



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