por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Nas voltas que o mundo dá - Aloísio

Nas voltas que o mundo dá


Meu pai foi agricultor
Com ele aprendi a lavrar
Mas mudanças sucederam
Nas voltas que o mundo dá

Eu nasci pra ser vaqueiro
Ou para a terra cultivar
Mas mudei para cidade
Nas voltas que o mundo dá

Sempre me distanciando
Daquele torrão “natá”
Fui mandado pra escola
Nas voltas que o mundo dá

Sempre estudando mais
Me mudei pra “capitá”
Mais longe do meu torrão
Nas voltas que o mundo dá

Já corri outros lugares
Num eterno caminhar
E faço a viagem de volta
Nas voltas que o mundo dá

Sempre bate a saudade
Quando eu escuto falar
Das coisas boas do mato
Nas voltas que o mundo dá

Pedra que não cria limo
Sem lugar pra sustentar
Assim levo minha vida
Nas voltas que o mundo dá

Espero o mundo dá voltas
Pr’eu voltar pro meu lugar
Esperando vou alcançar
Nas voltas que o mundo dá

“Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar...”
(Sabiá – Chico Buarque / Tom Jobim)


Aloísio

Crato desrespeitado - Por Pedro Esmeraldo

Desde a semana passada Crato sofreu desrespeito praticado por certo comerciante que após estabelecer-se aqui achou com direito de colocar o endereço como sendo de outra cidade. O dito comerciante desculpou-se dizendo que houve erro da gráfica na hora exata de imprimir os convites.
Aceitamos as desculpas desses ardis comerciantes, mas o que queremos protestar é contra a fraqueza de nossas autoridades que fazem vista grossa e não procuram reagir com os pequenos erros que há constantemente, sempre solapando o patrimônio do Crato e quando acabam dizem que querem bem ao município do Crato e ainda confirmam amor a cidade na hora de vir buscar os votos. Queremos avisar às autoridades que só há paz quando há união, bem estar e compreensão mútua.
Não podemos deixar tudo correr frouxo, pois dentro do pequeno reino só queremos que haja igualdade e solidariedade entre todos. Ao contrário, devemos partir para a luta.
Avisamos a essas autoridades que nós escolhemos para defender o Crato e não para deixar tudo na corrente submissa que por vários anos esses homens vem solapando o património do município cratense, praticando a discórdia e o desequilíbrio social, semeando o ódio e deixando o povo praticamente inconformado com as suas astúcias desenfreadas e ardilosas.É preciso que aja compreensão dessas autoridades inimigas do Crato, caso contrário o povo cratense devera praticar medidas abusivas contra esses malefícios que há no seio desse povo intrigueiro e cujo o objetivo é transformar o Crato numa cidade dormitório.
Há uma grande parte da população cratense que almeja igualdade de tratamento mútuo e bom amparo social, com o mérito e comportamento de homem sério.
Não queremos que nos surrupiem nada. Deixem o Crato em paz. Que venham com força para vencer com retidão, sem procurar destruir este município que há tanto tem trabalha com honestidade a fim de alcançar o seu apogeu constituído por homens civilizados.
Vejamos bem: Crato sofre pela falta de apoio sistemático do povo. Há quem diga que o Crato paga pelos erros de alguns administradores do passado que causaram erros absurdos e com muita fluência desrespeitam seus munícipes. Enfim, sempre temos dito e tornaremos a repetir: uma horda de bocós invadiu o meio político do Crato. Vejam que o Crato está sangrando, esvaindo-se em sangue e não há nenhum médico administrador que salve o nosso direito de reagir e luta em defesa da terra.
Por isso pedimos a Deus que nos dê força para escolhermos um grande administrador esforçado, vibrador, que venha contribuir com bom desempenho e tenha coragem de partir para a luta.
Olhem para o Crato de amanhã, não deixem a cidade cair no esquecimento, Marchem para a luta, olhem que posição deveremos tomar. Se por acaso nada nos for favorável, não fujam da luta, vamos partir para enfrentar uma campanha plebiscitária a fim de enquadrar a Crato ao vizinho Estado de Pernambuco, pois se não somos bem favorecidos aqui, nós, os cratenses, temos que tomar medidas arbitrárias para que sejamos ardentemente reconhecidos.

Por Pedro Esmeraldo





Don Juan de Marco-- Por Zélia Moreira





"Loucuras por amor"
Acredito que podemos abrir no cariricaturas um fórum com o tema," afinal qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor valerá."
Dou meu pontapé inicial.

Nos anos 90, moravam em Recife meus filhos:Giorgio(35), Samira(32) e Dayan(30).
Frequentemente eu viajava pra cheirar as crias, desatar nós(por obrigação) e ver filmes(por devoção).
A rotina era sempre a mesma. Depois de matar a saudade, combatia os problemas um a um( e não eram poucos). Resolvidas as questões pendentes sentia-me livre para abrir o jornal na página de cinema e assim começar minha maratona de amante.
Numa dessas viagens o lançamento em cartaz era Don Juan de Marco , Cinema Apolo, o mais próximo de casa.
Ir sozinha para Dayan , meu filho, era inapropriado. Centro do Recife? Perigo à vista! Imaginem?
Deixar minguar meu desejo? Nunquinha...Foi o filho saindo pro colégio por uma porta, eu pela outra como quem estava fazendo uma travessura escondida dos pais.
Da rua do Progresso onde eles moravam para a Conde da Boa Vista, onde eu pegaria o ônibus, era um pulo. Sem atropelos eu logo chegaria ao destino. Lerdo engano. Já nos primeiros passos rumo a parada de ônibus, pisei em falso, cai, torci o pé, exatamente o mesmo pé que em época passada tinha sido engessado por um problema semelhante.
Puts!!!!Minha voz interior no entanto falou:Levanta, sacode a poeira e dar a volta por cima...Se voltei pra casa? Que nada..mudei os planos. Peguei um taxi e continuei minha aventura.
Minha intuição dizia, dibla à má sorte, tudo isso é bobagem.
Arrastando o pé cheguei ao cinema.No lugar de mocinhos e/ou bandidos como alardeava meu filho, encontrei senhorinhas de cabeças brancas, num típico programa vespertino, bem família.
A sessão começa...suspendo o pé, sem dar nenhuma importãncia ao inchasso e a dor que pouco a pouco tomava maiores dimensões.
Aguentei firme até o final da exibição (pura loucura de amor), quando então peguei um novo taxi direto para um pronto socorro.
Fiz tudo caladinha, sozinha, sem reclamar.
Medicada e engessada, liguei pros filhos, morrendo de medo da bronca: Venham me buscar...estou no pronto socorro...andando displicentemente(???) pelas ruas do Recife...torci o pé...Mas tudo bem....não se preocupem...
Tudo seria cômico , se não tivesse sido trágico!

Agora falo do filme...

Dom Juan de Marco (Don Juan DeMarco, EUA, 1995)

“A história do homem que pensava ser o maior amante do mundo... e das pessoas que tentaram curá-lo disso!”

O psiquiatra Jack (Marlon Brando) recebe um chamado no meio da noite, de um amigo seu da polícia, para ajudar a resgatar um suicida. Chegando ao local, ele vê um rapaz vestido como um herói de capa-e-espada e dizendo se chamar Don Juan (Johnny Depp), o maior amante do mundo. Se dizendo um dono de terras espanhol, Jack resgata o jovem e o interna no hospital em que trabalha.
Mesmo a apenas uma semana da aposentadoria, o doutor começa a tratar de Don Juan, para ajudar a passar as ideias suicidas, detonadas por uma dor de amor, onde Juan explica não querer mais viver depois que sua amada Doña Ana (Geraldine Padilhas) o desprezou.
Ouvindo a história do jovem, Jack começa a se contagiar com os detalhes e a ambientação de tudo o que ele lhe conta, redescobrindo o prazer de viver e se questionando: será que Don Juan é mesmo Don Juan de Marco?
Além da atuação de Marlon Brando(no papel do psiquiatra) e John Depp (Don Juan), geniais como sempre,o destaque para o tema musical, Have you ever really loved a woman (Bryan Adams).Maravilhoso!

Nossa ópera-bufa - Everardo Norões



Habituada às novelas das 8, a lumpemintelectualidade desfruta de um novo divertimento: a ópera-bufa. Com uma diferença: enquanto as primeiras – as novelas – criam ficções que mimetizam coisas reais, nossa ópera-bufa é a própria realidade. E em vez de nos fazer rir, nos oprime e constrange. A verdadeira ópera-bufa deveria ser ligeira, espirituosa e satírica, em poucos atos, com personagens burlescos, engraçados. A nossa, é uma ópera-bufa sinistra: desenrola-se num continuum, não são burlescos seus personagens, mas nos burlam com o mais absoluto cinismo. São inúmeros seus atores, escolhidos malgrado nosso desejo. Mas a eles oferecemos o sustento. Porque, na nossa ópera-bufa, apenas nós somos os bufões...
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A ilustração é de Botero

Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção





Parecia o Rouxinol, era um encanto como o Sabiá.


Era Luz de um arrebol, um sonho lindo o seu cantar


Maravilhosa cancioneira, cantava com seu coração.


Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção.




Filha de Amélia e Manoel, e Deus Pai lhe escolheu.


Um Sabiá o seu papel, em Cedro Paraopeba nasceu.


A linda mulher mineira, que cantava como oração


Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção.




Seu pai era um marceneiro, bom Manoel Serrador.


Um tocador violeiro, nas Folias de Reis com amor.


Menina bonita e primeira, Caetanópolis imensidão.


Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção.




Vai perder pai e mãezinha, vai ter sua orfandade.


A lhe cuidar irmã Dindinha, vai sentir toda saudade.


De voz com luz sobranceira. Tão doce e pura paixão.


Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção.




Vai decolar e vai insurgir, em plenos Anos Sessenta.


Programa na TV Itacolomi, "Clara Nunes Apresenta".


Já no Rio tão brejeira, vários programas de televisão,


Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção.




Luanda nos anos setenta, na Angola se apresentou


Toda branca a vestimenta, a todo mundo encantou.


Mostrou o jeito e maneira, mostrou escolha e opção.


Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção.




Sua inspiração tão rara, em opções tão verdadeiras.


"Clara Clarice Clara". Das religiões afro-brasileiras.


Cantava seu canto de areia, cantava com marcação.


Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção.




Cantar sua ação tão querida, a força a lhe animar.


Na voz levava a sua vida, com a sua magia e sonhar


Em canto de encanto sereia, mareia esta fascinação.


Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção.




O seu sucesso grandioso, foi quando sambas cantou.


Teve efeito tão maravilhoso, e a todo mundo encantou.


Mostra a alma guerreira, com a sua luz de vocação.


Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção.




A cantar sempre tão bela, nossa cantora a mais querida.


Com Velha Guarda da Portela, cantou Portela na Avenida.


A sua música derradeira, o povo, a escola e a religião.


Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção.




Oitenta e três no dois de abril, atingiu a eternidade.


Muito sentido todo o Brasil, manifestou sua santidade.


Foi velada em Madureira, na Portela do seu coração.


Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção.




O tempo vai passando, tá presente na Comunidade.


Suas músicas estão cantando, marcando a atualidade.


É uma presença verdadeira, uma incrível fascinação


Clara Nunes, Clara Guerreira, Clara Divina Canção.




Azuir Filho e Turmas Do Social da Unicamp e de Amigos

De: Rocha Miranda, Rio, RJ, e de Mosqueiro, Belém, PA.


Poesia de Homenagem a Cantora e Extraordinária Mulher Humana, Clara Nunes, que nasceu em 12-08 1943, em Cedro de Paraopeba que mudou para Caetanópolis, Interior de MG. Foi operária e trabalhou na mesma fábrica de tecidos que seu pai, Mestre Violeiro, Manuel Serrador, que tocava em Folias de Reis. Ficou órfã cedo e morou com sua irmã Maria Gonçalves Dindinha. Sua linda voz, simpatia e feminilidade vai lhe tornar uma artista de sucesso, adicionando a sua genialidade de interprete com a qualidade de letras admiráveis. Vai ser recordista de venda e de popularidade. Assumiu a religiosidade da Umbanda e, vai fazer muitas viagens para a África onde se tornou um mito. Prestou grande colaboração a difusão das religiões de matrizes africanas. Faleceu em 22-04-1983, depois de 28 dias em coma com o povo fazendo vigília, foi velada por 50 mil pessoas na Quadra da Portela em Madureira.
 

Estudantes de um tempo - Por Socorro Moreira




Em 1965 essas meninas terminaram o curso ginasial. Um momento de escolha , entre o científico, clássico e pedagógico.

- A carreira idealizada pela maioria dos pais era que todas fóssemos professoras primárias . Esse sonho não era exatamente o nosso. Mas, no inconsciente, o que mesmo desejávamos era terminar um curso, casar, ter um monte de filhos, e ser felizes para sempre.

A pior coisa que podia nos acontecer seria o celibato- indesejável !

Aos 18 anos , se ainda fóssemos solteiras, já nos acordavam com o primeiro tiro da macaca. Aos 30 anos o estado civil de vitalina já se definira.

Estava previsto, subliminarmente , que mulher inteligente demais não arranjava casamento.

Tinha uma prima que só considerava duas opções na vida : casamento ou convento.

Para cumprir o destino , casei-me precocemente aos 18 anos; em quatro anos já era mãe de 3 filhos; aos 23 anos , por opção, fui divorciada , trabalhando três expedientes para sustentar a família.

A independência feminina nos dava uma passagem para a liberdade. Uma liberdade conflituosa e áspera...A vida não era cor-de-rosa !

Mas tudo isso fez parte dos vendavais e tempestades do passado.

No declínio do tempo voltamos aos primeiros pensamentos. E até o ideal de um amor perfeito, eterno, resistiu como filogenético !

Nas diversas experiências amorosas vamos aprendendo a conjugar o verbo amar, em todas as suas formas. Entendemos que podemos amar várias vezes, e ser feliz sozinha. A realidade solitária nos possibilita a expansão dos sentimentos. Porisso desconsidero a palavra traição. Troquei-a há muito tempo pela palavra fidelidade.

Os casais fazem os seus acordos e, desde que sejam cumpridos, a fidelidade existe !

Fui alma apaixonada em quase todo o tempo da vida.Busquei o amor romântico, e por esse encontro fiz loucuras. Hoje aquieto-me na certeza de ainda vivê-lo o tempo todo, e em todos os tempos.

-Amor-perfeito é uma florzinha linda !

Não acredito no encontro de almas pós-vida. Acredito no encontro das luzes que na terra foram acesas.

E deixo tudo na incógnita - será a grande surpresa !


foto 1 . Franceury teles ( colega no curso primário e científico)

foto 2. Rosineide Esmeraldo Ramos ( colega no curso ginasial e pedagógico)
foto 3. Socorro Moreira
(by Telma Saraiva , claro !)


Minhas tias e os perigos do Google - por José do Vale Pinheiro Feitosa


Hoje foi dia de revisão crítica no ciberespaço de minhas tias. As três são solteiras, não se pode dizer que sejam neuróticas pela sexualidade não acasalada, algo de solução houve. Tanto para Raimunda, como Maria ou Rosa. Nos matos sempre existe um objeto de desejo, não tão explícito, não tão efetivo quanto estas máquinas de hoje. Com elas o recato é maior. Ou melhor, fora os animais que já vivem nus mas a fantasia no meio das minhas tias tem muita roupa.

Qual a novidade? Ensinaram a elas a rampa lisa pela qual as pessoas caem. E o nome dela é Google. Pois ficaram muito satisfeitas com as possibilidades. A rampa levava-as para o espaço, encontrou notas e fotos de sobrinhos, de personagens do Brasil. Estavam felizes com o novo instrumento. Mas aí tia Mundinha com aquele modo apressado de fazer as coisas mandou o Google procurar pela palavra Terra e com as lentes dos óculos um tanto sujas, viu uma coisa que era com terra seixo. Achou interessante e mandou brasa.

Era o site do TERRA SEXO. Rosinha ajustou os óculos. Mundinha limpou o seu. E Maria esticou o pescoço comprido no rumo das imagens: “Ex-Assistente de Xuxa Confessa que é Viciada em Sexo”. O demônio é feito de azougue e o dedo de Mundinha sem querer clicou na matéria: “Procuro ter quatro orgasmos todos os dias. O primeiro pode ser com uma transa logo quando acordo, depois vou para o banho e uso o chuveirinho; à tarde me masturbo e antes de dormir gosto de transar de novo."

- Ô Zefinha ainda tem aquele chá de camomila?
- Tem ninhora sim.
- Traga três para nós.

Fora o pedido e os olhos esbugalhados ninguém comentava nada sobre o assunto. Mundinha foi para outra matéria intitulada: Sexsites: assista a vídeos de mulheres com o “clitóris gigantes”. Dedo no mouse da internet é nervoso e anda rápido. O chá veio, elas puseram um pano sobre a tela para que Zefinha não descesse pelo caminho de Dante. Que coisa mais escabrosa nunca vista, nem no reino dos animais e nem nas fantasias soltas de uma com apenas ela.

Após algumas cenas de entortar o eixo da terra nem a pronúncia de um som mínimo que fosse para homeopatia. Sem que alguém pedisse ou impedisse, o computador foi fechado. Mundinha foi levar as xícaras na cozinha. Rosinha nem disse nada e foi para o seu quarto. Maria saiu no rumo do pé de Juazeiro com seus galhos enormes a arrastar no chão criando uma intimidade de quem se encontra à sua sombra.

E agora a revisão crítica:

- Sim?
- Pois é!
- Não pedir a palavra terra.
por José do Vale Pinheiro Feitosa

A Benção Pai! A Benção Mãe! \por João Marni


Sabe-se como é difícil educar os filhos, ensinando-lhes boas maneiras, cultivando neles o gosto pelos estudos, a respeitar as instituições, tudo enfim de fundamento para suas ações. Investir lá no começo, na infância dos primeiros passos, quando antes de dormirem ou ao acordarem, até mesmo por ocasião de breve afastamento, ouvíamos deles aquele apelo bonito: “ a benção pai, a benção mãe”, e respondíamos com o maior carinho e amor: “Deus os abençoe!”


Não temos observado nos dias de hoje tal praxe. Lembro-me, tempos idos, inclusive de adultos ainda dirigindo-se assim, doce e respeitosamente a seus pais.
Devemos permitir aos filhos que caminhem por aí, sem olhos vendados, sem os passos vacilantes ou monitorados, pois só assim teremos desenvolvido neles a disciplina serena, a consciência de fazer o bem, encontrando felicidade no gesto do acerto. Deverão ser filhos de pais amorosos, participativos e vigilantes, nunca arrependidos por um puxão de orelhas ou uma lapadinha nas pernas dos infantes mais atrevidos ou desgarrados, o que certamente não terá sido em vão! ( melhor do que uma psicologia permissiva, não reflexiva).
Quem não se lembra daquele olhar de “quem-manda-aqui-sou-eu”, de nossos pais? Não havia os horrores de hoje e, nessa escala, nem pensar!
Não é necessário que sejamos espelho, pois somos falhos. Até porque espelhos não refletem a realidade de ninguém. É preciso, sim, que sejamos livres de culpas, vez que tentamos ensinar-lhes que o segredo pode estar no mergulho ao interior de cada um de nós, lá nos bosques da infância bem cuidada! Do contrário, incorreremos no erro de assumirmos seus desmantelos como sendo nossos, culpa nossa! Neste caso, o travesseiro será um tormento, na fase de nossas vidas em que gostaríamos muito de “viver nas nuvens”, tal a leveza e a felicidade pelo dever cumprido!
 por João Marni