por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

UMA ARMA DE DESTRUIÇÃO EM MASSA - José do Vale Pinheiro Feitosa

John Kerry vai à Indonésia e diz que o Aquecimento Global é uma arma de destruição em massa. Importante salientar: John Kerry não emite opiniões pessoais. Ele representa os Estados Unidos da América (EUA).

Mas aí ficamos todos sem entender bem o que acontece. Quem não se recorda das posições políticas dos EUA em relação ao Protocolo de Kyoto (2005) que era uma tentativa de reduzir as emissões de carbono? E as posições americanas na Conferência do Clima em Copenhague (2009)?

Se você não recorda, os EUA sabotaram literalmente estas duas grandes tentativas de uma política mundial para o clima. E agora prometem uma “bomba atômica” sobre o resto da humanidade? Esse angu tem caroço. E dos grandes.

Se temos que enfrentar um grande problema temos que atacar primeiro a dimensão de maior impacto. Por isso as emissões teriam que se reduzir mais drasticamente em quem mais polui: EUA, União Europeia, China e por aí vai. Até quiseram botar culpa nas queimadas da Amazônia e inclusive nas pastagens bovinas, mas isso não tem igual relevância.

A análise do momento atual da história é que há uma crise geral do sistema capitalista composta por um conjunto de várias crises diferentes e de natureza global (não é apenas de alguns países): não é apenas econômica e nem financeira, ela é uma crise da relação com a natureza, do sistema alimentar, de energia, climático e por aí vai. Enfim é uma crise global que envolve o equilíbrio entre o metabolismo da humanidade e o metabolismo geral da natureza.

Os EUA têm enorme poder de condução sobre as demais nações, mas continuam a ter os graves problemas de sua origem. Mesmo quando dão a mão para ajudar alguém sempre intentam as vantagens próprias. Eles formaram a cultura do individualismo que se expressa em todas as suas instituições e em suas políticas mundiais (em sua cultura).

Os EUA antes de tudo. E não caiamos na arapuca de achar que os pobres são individualistas só porque querem sobreviver. Salvar a própria pele. Estamos falando do individualismo qualificado, aquele que passa bem, gera desgraça e exploração e continua na corrida para acumular sempre.

A arma de destruição em massa pode se encontrar no crescimento da China, num rearranjo da economia asiática, mais coordenada entre si e menos dirigida pelo ocidente. Quando se diz que o próximo milênio é aquele do Pacífico, aponta-se um norte para o futuro e é a este futuro que teme os EUA, embora tenha uma grande costa para esse oceano.  

Estamos assistindo à grande hiena no seu grito risonho para mastigar a carcaça das vítimas. A crise atual não apenas teve seu núcleo irradiador em Wall Street como é lá que o modelo do capitalismo vitorioso e hegemônico foi forjado e implementado. Quando tudo, afinal, virou mercadoria, não restou mais nenhum espaço comum para que a humanidade criasse a civilização do equilíbrio.

A esse processo que alguns chamam o espírito selvagem do capitalismo é sempre predatório, numa volúpia de ganhos e mais ganhos, numa desregulamentação geral ao mesmo tempo que cria um privilégio absurdo e regulamentado para uma elite extremamente rica e poderosa. É o que se chama de capitalismo de modelo Anglo-Saxão.


Se formos contar mortes nesse processo, as biografias dos líderes mais sanguinários ou dos regimes que mais mataram, não chegam nem aos pés do que continuamente acontece por violência com mortes e danos irreversíveis aos seres humanos.