por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 19 de abril de 2016

"EFEITO MANADA" E "CORRUPTOCRACIA" - José Nilton Mariano Saraiva

Em qualquer processo de votação, o “efeito manada” tem por característica o uso do “voto prostituto”; ou seja, aquele voto que é dado ao sabor de conveniências momentâneas, da inexistência de um mínimo de pudor, da falta de respeito para com o eleitor, da covardia dos que se deixam vender pela perspectiva de obtenção de nacos do poder.

No decorrer da votação do processo da admissibilidade do impeachment da presidenta “ficha limpa” Dilma Rousseff, ontem, tal voto se fez presente quando integrantes de partidos aliados do governo até o dia anterior se bandearam para a trincheira adversária na hora da decisão, em razão dos provisórios números negativos ao governo, mostrados no painel (as bancadas do PDT e do PR, dentre outras, embarcaram nessa onda de insubordinação e covardia).

E tal ocorreu em razão da manobra do representante maior da “corruptocracia” (e que preside a Câmara Federal) Eduardo Cunha que, contrariando a praxe da votação em ordem alfabética, como já houvera ocorrido quando do impeachment de Collor de Mello (e fora sugerida agora pelo ministro Marco Aurélio Mello), optou por estabelecer o chamamento dos votantes via bancadas estaduais, permissiva ao surgimento do “efeito manada”, espécie de escancaramento da porteira (exemplo emblemático: depois da votação da bancada do Estado do Paraná, que em peso foi contra o governo, a debandada foi quase que automática).

Há que se registrar que, antes, a imprensa internacional já houvera retratado de forma pejorativa o Brasil para o mundo, com destaque para o New York Times, que em sua edição de 15 de abril destacou em primeira página, de forma cristalina e contundente, sobre a presidenta Dilma Rousseff: “ELA NÃO ROUBOU, MAS ESTÁ SENDO JULGADA POR UMA QUADRILHA DE LADRÕES”.

No mais, uma sessão que poderia ser considerada séria e histórica, mesmo que objetivando uma ruptura democrática via cassação (ilegal) do mandato de uma presidenta eleita democraticamente por quase 55 milhões de eleitores, findou por assemelhar-se a um espetáculo circense periférico de quinta categoria (com todo respeito ao circo e à periferia).

É que, tirante as exceções de praxe, as “excelências” e “nobres” deputados (tratamento hipócrita por eles usados entre si), à falta de uma única justificativa consistente para cassar a presidenta, usaram e abusaram de palhaçadas, canalhices e falta de seriedade, ao vivo e a cores, via estapafúrdias mensagens ao pai, mãe, esposa, tia, filho, neto que está por vir, cachorro, papagaio e por aí vai.

Autentico festival de baboseiras e desrespeito, que poderia ser sintetizada em três instantes distintos: 01) quando o deputado goiano Heuler Cruvinel, na tentativa de agradar o chefe e corrupto-mor Eduardo Cunha, inadvertidamente tascou: “pelo fim da corrupção e dos fichas sujas, voto sim”; 02) quando a deputada Raquel Muniz, esposa do atual prefeito da cidade de Montes Claros, Rui Muniz, bradou eufórica: “pelo Brasil e pelo fim da corrupção, voto sim, sim, sim (ironicamente, hoje, 18.04.16, um dia após, a Polícia Federal prendeu o “prefeito-esposo” por… corrupção); e 03) quando o próprio deputado Eduardo Cunha, anunciou seu enigmático voto evangélico: “Que Deus tenha misericórdia desta nação. Voto sim”. Pergunta-se: misericórdia do Brasil, em razão da possibilidade iminente de ser por ele governado ???

Assim, e na triste perspectiva de que o Senado Federal não mudará o que foi decidido pela Câmara Federal, resta lamentar que um governo ilegítimo (já que sem voto e fruto de um golpe de estado) e tendo à frente figuras comprovadamente desonestas e mafiosas, finde por exterminar as conquistas sociais até aqui registradas (já foi sugerido antecipadamente que as verbas para a saúde e educação serão podadas e que o salário-mínimo não mais terá os generosos aumentos reais até aqui vigentes).

Isto posto, muito cedo vamos descobrir, principalmente os mais carentes e necessitados, que as momentâneas dificuldades vivenciadas hoje serão consideradas “café pequeno” ante as medidas “arrasa quarteirão” que estão por vir (até porque o “tucano” Armínio Fraga, dono de um saco de maldades sem fundo, é o cotado para assumir o Ministério da Fazenda).

Alfim, não custa repetir, repetir e repetir, a fim que fique bem claro, que todo esse dantesco e apavorante quadro é resultante e produto da criminosa negligência e covardia do antigo “guardião da sociedade”, o hoje desacreditado Supremo Tribunal Federal, por ter-se omitido em tomar providências ante as arbitrariedades e abusos perpetrados pelo deputado-ladrão Eduardo Cunha.

Triste e lamentável.