por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 28 de janeiro de 2012

QUADRAS NA CHAPADA - por Ulisses Germano

 QUADRAS NA CHAPADA

As voltas que a vida dá
Nunca se repete não
Não há como comparar
 
O luar do meu sertão

Lá de cima da chapada
O silêncio é a expressão
Basta dá só uma olhada
Pra ver toda a imensidão

O espírito da floresta
Movimenta-se com o vento
Que nas folhas faz a festa
Cantando seu acalento

Sigo a trilha sinuosa
que se alastra feito cobra
Desvelando minha prosa
No assobio que desdobra
Cada folha tem um nome
Cada nome uma serventia
Ninguém nunca passa fome
O fruto é a garantia


Vai e vem e vem e volta
Volta e vem e vem e vai
Não há como ter revolta
A tristeza chega e sai

Ulisses Gerrmano
Crato-CE.
 Dedicado ao amigo Abidoral Jamacaru... grande sabedor das coisas da Chapada




Cicatrizes
Miltinho e Paulo César Pinheiro

Amor que nunca cicatriza
Ao menos ameniza a dor
Que a vida não amenizou
Que a vida a dor domina
Arrasa e arruína
Depois passa por cima a dor
Em busca de outro amor
Acho que estou pedindo uma coisa normal
Felicidade é um bem natural
Uma, qualquer uma
Que pelo menos dure enquanto é carnaval
Apenas uma
Qualquer uma
Não faça bem
Mas que também não faça mal
Meu coração precisa
Ao menos ameniza a dor
Que a vida não amenizou
Que a vida dor domina
Arrasa e arruína
Depois passa por cima a dor
Em busca de outro amor
Acho que estou pedindo uma coisa normal
Felicidade é um bem natural
Uma, qualquer uma
Que pelo menos dure enquanto é carnaval
Apenas uma
Qualquer uma
Não faça bem
Mas que também não faça mal...

Cheiro de Saudade



Cheiro De Saudade


É aquele cheiro de saudade,
que me traz você, a cada instante,
folhas de saudade, mortas pelo chão,
é o outono enfim, no coração...

É talvez que é tempo de saudade,
trgo o peito tão carregadinho.
Sofro, de verdade, fruto da saudade
sem o seu carinho...

Quem seneia ventos,
colhe tempestade
Quem plantar amor
colhe saudade...

Composição: Djalma Freire E Luiz Antonio

Perfumes de saudade pelo ar - Emerson Monteiro

Nas manhãs cinzentas dos invernos, essa brisa suave colhe a gente bem na surpresa dos abraços de antigamente, do tempo em que as flores murcharam leves nos jardinas abandonados. As luzes chegavam aos olhos molhados em gotas de lágrimas dos que se amam e vão sumindo na longa estrada dos dias enegrecidos pelo tempo veloz. Gosto amargo de ausência travava na saliva o íntimo da boca, peito dorido e vazio nos espaços em redor. Desejo imenso de controlar o movimento dos barcos um pouco mais, porém restava pouco de perfume do passado que virava forte saudade descomunal goela adentro. E fiapos de músicas engoliam últimos acordes das notas vazias, românticas, esgotadas nos frouxos véus, traços lentos, indiferentes do Destino com letra maiúscula.

Falas de pessoas agora rumorejam as salas de portas abertas, porém prenhes das ausências de quem se foi nas asas do nunca mais. Há promessas nisso de sucumbirem às doces lembranças quais sementes plantadas nas colinas adormecidas de festas alegres, caprichosas, fugidias. Um pedido de clemência clama aos sonhos interrompidos belas frases, lindos sorrisos, cores intensas, e só desencantos afinal. Aos deuses, as sentenças ao ostracismo de viagens mitológicas jamais receberão revisão.

Pisar, assim, solto no vácuo dos desaparecimentos injustificados no senso comum parece recordações intermitentes, reclamações desse processo exótico, contudo acontecendo a todo instante. Os pobres réus apenas enxugam o rosto sem possibilidades, porquanto a quem não sabem apelar. Rezam, é do direito dos desvalidos. Controlam a duras penas o instinto de sofrer da raça. Retêm ao máximo o impulso das vertigens apelo dos abismos profundos. Param e refletem no caminho à procura dos olhares iluminados que lhes apagaram momentamente os seus, na pedra de memórias arcaicas.

Casos de amor por vezes devoraram as entranhas das gentes e caíram nessa estranha vila das sensações de eternidade a remoer o coração, esfregar na cara as práticas felizes dos adjetivos desnecessários, constâncias permanentes, ainda que contassem tudo aos ouvidos lá internos, na alma teimosa das pessoas, no sonho de ser feliz, a somar cordões de longas esperas aos idos da experiência inesquecível.