por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Hoje, dia 21, o Conselho Municipal de Cultura fará o lançamento dos prêmios literários em cerimônia que acontecerá no Les Artistes Café-Teatro, a partir das 19hs. Na ocasião todos os vencedores receberão uma cota com 100 livros, o que corresponde a 10% do total de impressos. Os demais serão distribuídos nas bibliotecas municipais  e instituições dos segmentos cultural e educacional. Os vencedores nas 14 categorias são escritores de todo o Brasil e da região Norte, alguns deles revelados neste prêmio. O destaque vai para as seis categorias regionais.

Na cerimônia de entrega dos livros dos Prêmios Literários Cidade de Manaus, também será lançado o livro “A Catedral Metropolitana de Manaus”, de Mário Ypiranga Monteiro. Esta 2ª edição vem revisada e aumentada pelo autor ainda em vida, mas com publicação articulada por sua filha Marita Monteiro, com o apoio da ManausCult.

O livro fala da Catedral de Manaus, desde sua inauguração oficial em 1878. Este importante ícone da cultura religiosa de nossa cidade é contado por Mário Ypiranga Monteiro com riqueza de detalhes.

O evento contará também com a presença do Arcebispo de Manaus Dom Luiz Soares Vieira, que assina o comentário da orelha do livro.



Abaixo, lista completa dos escritores premiados:



I – Prêmio Álvaro Maia, destinado ao melhor Romance ou Novela



José Humberto da Silva Henriques: A TRAVESSIA DAS ARARAS AZUIS



Categoria Regional



Edilson Ferreira de Souza: O VATICÍNIO – PROMESSA DE AMOR E TRAGÉDIA



II – Prêmio Arthur Engrácio, destinado ao melhor livro de Contos



José Everardo Arraes de Alencar Norões: O FABRICANTE DE HISTÓRIAS

(...)

Everardo Norões!


Edição de - Literatura
O economista das letras
Fonte: Divulgação Clique para Ampliar
A literatura proporciona oxigênio valioso para a vida, assegurando fôlego extra na quase inapreensível aventura do existir. Como tal, nessa imensa floresta de livros e de autores pela qual podemos transitar a fim de respirar com mais ânimo, alguns integram bosques (estabilizados ou em formação); outros, os incomuns, configuram maciços impressionantes, despontando no horizonte cultural como araucárias, plátanos, sumaumeiras, sequoias, inspirados e inspiradores. Sua condição, é de crer, decorre de sabedoria, persistência, virtuosismo e maturidade. Afinal, uma árvore sólida, de raízes firmes, imponente, jamais se formaria em alguns poucos anos, ou com poucas leituras e parcas aprendizagens.
Na poesia, espécime dessa estirpe é o poeta cearense Everardo Norões, nascido em 1944, no Crato, sul do seu Estado, na divisa com o extremo Oeste de Pernambuco. Por conta dessas origens, para continuar os estudos Everardo radicou-se no Recife, onde, por sinal, segue residindo na atualidade, ao lado da esposa, a artista plástica Sônia. Na capital pernambucana, graduou-se em Economia. Em paralelo a essa atividade profissional, porém, nunca abdicou da percepção mais ampla da existência, através do apreço pela leitura e pelas artes.
A exemplo do que ocorreu com muitos intelectuais de sua geração, o recrudescimento da ditadura militar, nos anos 60, motivou a ida de Everardo e de Sônia para o exterior. No exílio, o poeta viveu na França, na Argélia e em Moçambique. A distância em relação às origens acentuou a análise crítica do ambiente político e social. Iluminou, igualmente, em seus escritos, o caráter de protesto diante do cerceamento à liberdade, das desigualdades, da violência.
Com privilegiada intuição estética, sua poesia, límpida e nobre, fala a um só tempo ao coração e ao intelecto. Os versos de Everardo requerem um leitor especialmente atento, determinado a apreender conteúdos e imagens embalados em fértil camada de referenciais. Exsuda, de sua obra, uma espécie de pátina suave, nostálgica, a cobrir tempos e espaços, que aquece a alma e nutre o devir. Fazendo jus a sua área de formação, Everardo é econômico, sóbrio, hábil nas metáforas e no manuseio dos infinitos recursos da linguagem poética.

INTERAÇÃO – A estreia de Everardo Norões ocorreu com Poemas argelinos, em 1981. Seguiram-se os volumes Poemas, em 2000; e Nas entrelinhas do mundo, em parceria com Abelardo Baltar, em 2002. A rua do padre inglês, de 2006, firmou sua chegada à carioca 7 Letras, com carinhosa e inspirada apresentação de Marco Lucchesi.
Seu impulso expressivo reapareceu, universal, em Retábulo de Jerônimo Bosch, de 2008, e em Poeiras na réstia, de 2010, ambos pela 7 Letras. Em paralelo, Everardo exercitou a crítica literária, com resenhas e ensaios de invejável mergulho intelectual, alguns dos quais compartilha em seu blog, www.retabulodejeronimobosch.blogspot.com. Nesse ambiente, empenha-se em divulgar a obra de seus pares, especialmente os do grupo do Recife ou do Nordeste, aproximando-os de outras regiões.
O fabricante de emoções
Everardo Norões dialoga de forma privilegiada com seus conterrâneos cearenses, entre eles o poeta Majela Colares e o romancista Ronaldo Correia de Brito, igualmente radicados no Recife. Com este último, assina em coautoria as peças Auto das portas do céu e Nascimento da bandeira.
Há que se mencionar ainda o Everardo tradutor, que contribuiu para a efetivação da antologia poética do mexicano Carlos Pellicer, lançada pela Ensol, em versão realizada ao lado de um time formado, entre outros, por Ivo Barroso e Thiago de Mello (Thiago, aliás, refere efusivamente Everardo em sua antologia Poetas da América de canto castelhado, lançada em 2011 pela Global).
Em favor da integração literária latinoamericana, ao lado de Diego Raphael, Norões concretizou a antologia El río hablador/O rio que fala (Ensol/7 Letras), com a tradução de poesia peruana da segunda metade do século XX. Em outra frente, revela conhecimento da literatura francesa, a exemplo de sua dissertação de mestrado em Letras, sobre a obra de Jean-Claude Pinson, apresentada à UFPE em 2009.
Em um gênero no qual ainda é menos conhecido, o dos contos, aparece em grande estilo, tendo sido anunciado vencedor, recentemente, do Prêmio Literário Cidade de Manaus, com o volume O fabricante de histórias, a ser lançado brevemente. E na próxima semana, por sinal, começa a ser distribuída a sua mais recente incursão pela poesia, o livro W.B. ou os dez caminhos da cruz.
Em toda essa fértil produção, com simpatia, simplicidade, engajamento e amizade, Everardo firma sua condição de autor diferenciado na literatura brasileira. Sereno e atencioso, paira muito acima da média na floresta das letras, como leitura inspiradora, que oxigena mentes e corações.
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Hora Final - Léon Denis

“Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?André Luiz




Que se passa no momento da morte e como se desprende o Espírito da sua prisão material? Que impressões ou sensações o esperam nessa ocasião temerosa? É isso o que interessa a todos conhecer, porque todos cumprem essa jornada. A vida foge-nos a todo instante: nenhum de nós escapará à morte.
As sensações que precedem e se seguem à morte são infinitamente variadas e dependentes, sobretudo do caráter, dos méritos, da elevação moral do Espírito que abandona a Terra. A separação é quase sempre lenta e o desprendimento da alma opera-se gradualmente. Começa, algumas vezes, muito tempo antes da morte e só se completa quando ficam rotos os últimos laços fluídicos que unem o perispírito ao corpo. A impressão sentida pela alma revela-se penosa e prolongada quando esses laços são mais fortes e numerosos. Causa permanente da sensação e da vida, a alma experimenta todas as comoções, todos os despedaçamentos do corpo material.
Dolorosa, cheia de angústias para uns, a morte não é, para outros, senão um sono agradável seguido de um despertar silencioso. O desprendimento é fácil para aquele que previamente se desligou das coisas deste mundo, para aquele que aspira aos bens espirituais e que cumpriu os seus deveres. Há, ao contrário, luta, agonia prolongada no Espírito preso à Terra, que só conheceu os gozos materiais e deixou de preparar-se para essa viagem.
Entretanto, em todos os casos, a separação da alma e do corpo é seguida de um tempo de perturbação, fugidio para o Espírito justo e bom, que desde cedo despertou ante todos os esplendores da vida celeste; muito longo, a ponto de abranger anos inteiros, para as almas culpadas, impregnadas de fluidos grosseiros. Grande número destas últimas crê permanecer na vida corpórea, muito tempo mesmo depois da morte. Para estas, o perispírito é um segundo corpo carnal, submetido aos mesmos hábitos e, algumas vezes, às mesmas sensações físicas como durante a vida terrena.
Outros Espíritos de ordem inferior se acham mergulhados em uma noite profunda, em um completo insulamento no seio das trevas. Sobre eles pesa a incerteza, o terror. Os criminosos são atormentados pela visão terrível e incessante das suas vítimas.
A hora da separação é cruel para o Espírito que só acredita no nada. Agarra-se como desesperado a esta vida que lhe foge; no supremo momento insinua-se-lhe a dúvida; vê um mundo temível abrir-se para abismá-lo e quer, então, retardar a queda. Daí, uma luta terrível entre a matéria, que se esvai, e a alma, que teima em reter o corpo miserável. Algumas vezes, ela fica presa até à decomposição completa, sentindo mesmo, segundo a expressão de um Espírito, “os vermes lhe corroerem as carnes”.
Pacífica, resignada, alegre mesmo, é a morte do justo, a partida da alma que, tendo muito lutado e sofrido, deixa a Terra confiante no futuro. Para esta, a morte é a libertação, o fim das provas. Os laços enfraquecidos que a ligam à matéria destacam-se docemente; sua perturbação não passa de leve entorpecimento, algo semelhante ao sono.
Deixando sua residência corpórea, o Espírito, purificado pela dor e pelo sofrimento, vê sua existência passada recuar, afastar-se pouco a pouco com seus amargores e ilusões; depois, dissipar-se como as brumas que a aurora encontra estendidas sobre o solo e que a claridade do dia faz desaparecer. O Espírito acha-se, então, como que suspenso entre duas sensações: a das coisas materiais que se apagam e a da vida nova que se lhe desenha à frente. Entrevê essa vida como através de um véu, cheia de encanto misterioso, temida e desejada ao mesmo tempo. Após, expande-se a luz, não mais a luz solar que nos é conhecida, porém uma luz espiritual, radiante, por toda parte disseminada. Pouco a pouco o inunda, penetra-o, e, com ela, um tanto de vigor, de remoçamento e de serenidade. O Espírito mergulha nesse banho reparador. Aí se despoja de suas incertezas e de seus temores. Depois, seu olhar destaca-se da Terra, dos seres lacrimosos que cercam seu leito mortuário, e dirige-se para as alturas. Divisa os céus imensos e outros seres amados, amigos de outrora, mais jovens, mais vivos, mais belos que vêm recebê-lo, guiá-lo no seio dos espaços. Com eles caminha e sobe às regiões etéreas que seu grau de depuração permite atingir. Cessa, então, sua perturbação, despertam faculdades novas, começa o seu destino feliz.
A entrada em uma vida nova traz impressões tão variadas quanto o permite a posição moral dos Espíritos. Aqueles – e o número é grande – cujas existências se desenrolam indecisas, sem faltas graves nem méritos assinalados, acham-se, a princípio, mergulhados em um estado de torpor, em um acabrunhamento profundo; depois, um choque vem sacudir-lhes o ser. O Espírito sai, lentamente, de seu invólucro: como uma espada da bainha; recobra a liberdade, porém, hesitante, tímido, não se atreve a utilizá-la ainda, ficando cerceado pelo temor e pelo hábito aos laços em que viveu. Continua a sofrer e a chorar com os entes que o estimaram em vida. Assim corre o tempo, sem ele o medir; depois de muito, outros Espíritos auxiliam-no com seus conselhos, ajudando a dissipar sua perturbação, a libertá-lo das últimas cadeias terrestres e a elevá-lo para ambientes menos obscuros.
Em geral, o desprendimento da alma é menos penoso depois de uma longa moléstia, pois o efeito desta é desligar pouco a pouco os laços carnais. As mortes súbitas, violentas, sobrevindo quando a vida orgânica está em sua plenitude, produzem sobre a alma um despedaçamento doloroso e lançam-na em prolongada perturbação. Os suicidas são vítimas de sensações horríveis. Experimentam, durante anos, as angústias do último momento e reconhecem, com espanto, que não trocaram seus sofrimentos terrestres senão por outros ainda mais vivazes.
O conhecimento do futuro espiritual e o estudo das leis que presidem a desencarnação são de grande importância como preparativos à morte. Podem suavizar os nossos últimos momentos e proporcionar-nos fácil desprendimento, permitindo mais depressa nos reconhecermos no mundo novo que se nos desvenda.

Texto retirado do livro “Depois da Morte” - Léon Denis

Um ato que se repete.
Começa no primeiro instante,
no corte umbilical
E com isso a vida diz :
aprende a conviver, amar e separar !
 
Um amigo especial está fora de mim
Com ele se foi a poesia
ou a poesia persiste em mim?
 
Os amores não se perdem
quando as pessoas de nós
se despedem
O amor se inaltera, e até cresce...
Mesmo no silêncio !
 
socorro moreira
Até a poesia do teu silêncio

me preenche

E o nosso encontro,

na linha do horizonte,

em qual Janeiro será?
 
(socorro moreira)
manhã chuvosa
mágoas lavadas
vivem o dom e o tom
- novo dia !

sem cereja na boca
sem graúna nos olhos
ocidental nos anelos
calos de rendeira
- azeitado desejo

um cheiro de flor
lembra a nossa história
acorda,
tá na hora...
- o sol voltou !

socorro moreira

Se não houvesse...

se não houvesse relógio
se não houvesse trem
se a felicidade fosse vendida
e a alegria também
muito dinheiro teria
o pobre, que alegria tem.
felicidade teria
o rico, que poder tem.
e o homem seria livre
e o mundo, livre também!

(socorro moreira)

Por Stela Siebra de Brito





Há 93 anos atrás, em 15 de Janeiro de 1919, era assassinada Rosa Luxemburgo e Karl Liebknetch. Rosa foi uma das inspirações para o nome da minha filha. O que mais me atrai em Rosa, uma das maiores revolucionárias marxi...stas, era que nela irradiava lirismo, amor, paixão as pessoas que a rodeavam e a natureza. Como fica claro nessa carta que ela escreveu a amiga Sonia Liebknecht:

“Dentro de mim sinto-me bem mais em casa num pequeno canto de jardim como aqui, ou no campo, sentada na grama, cercada de abelhas, que num congresso do partido. Posso dizer-lhe isto tranquilamente, você não vai desconfiar de que estou traindo o socialismo. Você sabe, espero, apesar de tudo, morrer no meu posto, numa batalha de rua ou nos trabalhos forçados. Mas o meu eu mais profundo pertence antes aos meus
passarinhos mais do que aos meus camaradas'” (02/05/1917)



tomei emprestado do meu amigo Antonio Paulo.