por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Nota !

"As postagens populares" ( até 10) são aquelas mais visitadas em determinado instante. Não são escolhidas de propósito. O dispositivo, contabiliza. Na realidade seria inócuo , se não deixasse em destaque  algumas das postagens antigas, como um mostruário que eu considero aleatório.

Ary, em todos os tempos ...

Ary Barroso



Ary de Resende Barroso (Ubá, 7 de novembro de 1903 — Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 1964) foi um compositor brasileiro de música popular.

"Flor de Lótus" - Balé Chinês

Pérola da MPB




Galeria de Artes SESC Juazeiro
Rua da Matriz, 227 - Centro
10/fev a 18/março 2011
Visitação das 13h às 21h - segunda a sexta
Info.: (88) 3587-1065 / 3512-3355

BBB - Texto de Luiz Fernando Veríssimo- Colaboração de Geraldo Ananias



Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,.... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE...

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.
Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.
Outro dia, durante o intervalo de uma programaç ão da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?
São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..
Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.
Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e di gna.
Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.
E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?
(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)
Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós.. , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.
Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.

Filhos são do Mundo- José Saramago- Colaboração de Geraldo Ananias


Devemos criar os filhos para o mundo. Torná-los autônomos, libertos, até de nossas ordens.
A partir de certa idade, só valem conselhos.
Especialistas ensinaram-nos a acreditar que só esta postura torna adulto aquele bebê que um dia levamos na barriga. E a maioria de nós pais acredita e tenta fazer isso. O que não nos impede de sofrer quando fazem escolhas diferentes daquelas que gostaríamos ou quando eles próprios sofrem pelas escolhas que recomendamos.
Então, filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.
Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém
pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da
incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo! Então,
de quem são nossos filhos? Eu acredito que são de Deus, mas com respeito aos ateus digamos que são deles próprios, donos de suas vidas, porém, um tempo precisaram ser dependentes dos pais para crescerem, biológica, sociológica, psicológica e emocionalmente.
E o meu sentimento, a minha dedicação, o meu investimento? Não deveriam retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na velhice? Pensar assim é entender os filhos como nossos e eles, não se esqueçam, são do mundo!
Volto para casa ao fim do plantão, início de férias, mais tempo para os
fllhos, olho meus pequenos pimpolhos e penso como seria bom se não fossem apenas empréstimo! Mas é. Eles são do mundo. O problema é que meu
coração já é deles.
Santo anjo do Senhor...
É a mais concreta realidade. Só resta a nós, mães e pais, rezar e
aproveitar todos os momentos possíveis ao lado das nossas 'crias', que mesmo sendo 'emprestadas' são a maior parte de nós !!!
"A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver "

José Saramago

Sobre o homem simples : Zé de Zumba - Por Altina Siebra




Acabo de saber do falecimento de Zé de Zumba.
Em Crato, cada pessoa que se vai, cada instituição fechada ou transferida para outra cidade, cada imóvel centenário demolido, cada rua descaracterizada, corroi meu coração e alma.
Zé de Zumba faz parte de minhas lembranças de infância e adolescência, nos anos 50 e 60. Ele não passou despercebido por muitos de nossa geração.
Nascida e criada na Praça da Sé, fazendo parte da "Cruzadinha", participando das atividades religiosas na Sé Catedral, via aquela figura magra, humilde, atraída, exercendo com atenção e esmero o seu oficio, ora de "coroinha" ajudando nos ritos da missa, ora badalando os sinos da matriz, a fim de chamar os fiéis para as orações ou anunciando um enterro que passava.
Testemunhei, nos anos que vivi em Crato, o seu vai e vem levando e trazendo os materiais para construção de altares , andores e palanques nas festas de Maio, da Padroeira e nas celebrações da Semana Santa.
Foi uma vida inteira de dedicação à Diocese. Nunca conversei com ele, mas, certamente, muito além de seu trabalho braçal, de seu interior transbordavam experiências e lições a serem seguidas.
Meu pesar aos seus familiares. Que Deus o tenha. Que os anjos, arcanjos, querubins e serafins o recebam entoando louvores e hinos, tão conhecidos do seu cotidiano.


Altina Siebra P. Barreto

* Altina Siebra viveu conosco a geração jovem dos anos 60.
Gostaria que ela conversasse mais aqui, no "azulsonhado", lembrando as nossas histórias com seus personagens inesquecíveis, e trocando informações atuais. 
Quem conhece "Tininha", com certeza, guarda-lhe o mesmo carinho!

Bem-vinda, querida !

Fortaleza, a rainha da vida noturna no Nordeste.‏

Foto de Heládio Teles Duarte
De todos os lugares por onde passei, o espaço mais  boêmio é Fortaleza.
Saudades do Bar de "Santiago", onde vivi madrugadas, na roda dos seresteiros.


"Cantar quase sempre nos faz recordar sem querer..."
(Godofredo Guedes)






Zivaldo, um dos maiores violonistas cearenses !

LEMBRANÇAS DO ATACAMA

Laguna Miscante e ao fundo vulcão do mesmo nome. 6 mil metros da altitude

Diário de  uma viajante – Parte I
No deserto do Atacama percebi  o quanto é importante o silêncio: um silêncio que cochichou no meu ouvido tantas verdades que eu insisti a  vida toda em não escutar, fui tão, mas  tão teimosa que terminei  perdendo 35% da minha audição ao longo dos meus  52 anos. E lá naquela imensidão de areia, sal, restos de vulcões a bem pouco em erupção (2006) pude contemplar o céu mais azul do mundo, lá eu pude compreender que a gente pode dormir espiando para as estrelas, que se pode viver sem  teto literalmente.
Para alem do que apareceu aos meus olhos, quando eu descobri cada paisagem com o meu coração, fui arrancando de mim com frio e calor tudo que estava me pesando, tudo que estava me adoecendo, veio a cura, a cura do medo da solidão, a cura do medo do escuro, a cura do medo de viver, a cura do medo de amar, mas um amor que a gente não pode aprender em nossa sociedade ocidental, um amor que liberta, que não precisa está junto, mas que está dentro.
Ao longo das  longas e desafiantes caminhadas pela areia, massacradas pelo vento que batia e doía no meu corpo, fui pensando, pensando e aí como numa imensa tela de cinema projetei  o filme da minha existência: quanto me emocionei, quanto me alegrei, quanto sofri e este filme sem final possibilitou que eu iniciasse um novo roteiro,  o rolo de fita antigo deixei nas areias do deserto e hoje estou tentando reescrever com amor,  luta, poesia e canção este novo momento da minha história.
Um pouco sobre o ATACAMA
O deserto do Atacama situa-se no norte do Chile, entre os rios Loa e Copiapó. Este deserto está delimitado a oeste pelo Oceano Pacífico e a leste pela Cordilheira dos Andes.

De acordo com os especialistas em clima, o deserto de Atacama é o mais árido e seco do mundo. Na região central do deserto, por exemplo, existem regiões que ficam até 4000 anos sem chuvas.

O deserto é extremamente árido, pois a cordilheira dos Andes atua como uma barreira, impedindo a entrada de umidade que vem do Oceano Atlântico e da região da Floresta Amazônica.

As temperaturas no deserto variam muito durante o dia. Na parte da manhã e tarde elas oscilam entre 25º e 32º C. Durante o período noturno, a temperatura cai bruscamente, atingindo até 25 graus negativos. Isto ocorre, como na maioria dos desertos, porque não há vegetação e construções que poderiam conservar o calor do dia para o período noturno. No deserto do Atacama não ocorre muita variação climática entre os períodos do verão e inverno.

Em função destas características climáticas, o deserto do Atacama é uma região inóspita (em que não se pode viver). As dificuldades de sobrevivência do ser humana são muitas, tornando a região quase totalmente desabitada.

Ocorre no deserto a exploração de recursos minerais como, por exemplo, ferro e cobre. O Chile é um dos maiores produtores de cobre do mundo graças à exploração de minas deste metal, na região do deserto do Atacama.

Eu: "andarilha do óbvio"



O ESTRANHO



                                                                    
O ESTRANHO

O dia amanhece carregado de pássaros.
O canto dos pássaros vai romper o silêncio das dálias.
É meu o cavalo. É minha a montanha.
É minha a rosa perdida no barco do olvido.

Todos os caminhos levam ao deserto.
A faca na garganta ilumina a cicatriz do enigma.
Pairo sobre as vagas do mar eterno e vejo Deus.
Ergo o cálice dourado e bebo o vinho da rosa.

As palavras são duras como pedras.
Estou com as mãos feridas de tanto lavrar as palavras.
Envelheço. Um estranho me olha do espelho.
Devoro as pedras do estigma.

Anoitece na casa vazia. Há um lugar vago
no álbum de retratos. Em breve serei antepassado.
Ouço a voz de Deus. O verbo de Deus me chama.
O sopro de Deus outra vez molda a minha forma na argila.


Dicas de Quintana por Vera Barbosa


...
"Por que prender a vida em conceitos e normas?
O Belo e o Feio... O Bom e o Mau... Dor e Prazer...
Tudo, afinal, são formas e não degraus do Ser!"
...

“No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: Um estribilho antigo Um carinho no momento preciso O folhear de um livro de poemas O cheiro que tinha um dia o próprio vento...” 

(Mário Quintana)

Mente alada - Por Socorro Moreira



Do meu coração  lavado
Do teu  bolso descosturado
só pingam gotas
do amor partido

inteiro
nunca dividido...

E aquele olhar inquieto,
mentolado,
assusta com carinho
 dias compridos !

Foto do dia - Por Pachelly Jamacaru

Eu associo "Poesia" às belezas inexplicáveis ...
 

Por João Nicodemos


A Poesia de João Nicodemos



ela e eu
eu e ela
sonhando a semente da Arte
semeando sonhos de Beleza e Verdade...
Pintando e recriando a vida,
repisando passos passados
que o tempo desbotou...
Restaurando, reconstruindo
os castelos, os cabelos, os critérios...
Seguir, sempre seguindo e semeando
perguntas e destinos...
destemidos, ciganos,
sigamos!
avante!

Começando o dia...Enquanto arrumo a casa!

Conto do Vigário - por Joaquim Pinheiro

"General nigeriano acusado de envolvimento em conspiração, preso no interior do país, conseguiu subornar um dos carcereiros e estabelecer contato com um subordinado que promove campanha para libertar seu líder. O militar administra fundos de US$ 100 milhões em bancos suíços, e devolverá quantia multiplicada por 10 a quem enviar recursos para conta em Banco da Inglaterra assim que o General seja resgatado”.
O texto acima circula na internet, trazendo anexos fotos de um militar fardado cheio de condecorações e recortes de jornais falando do pseudo perseguido. Por incrível que pareça, muita gente atende o apelo e remete dinheiro para a conta informada no anúncio.
No caso, novidade mesmo só a internet como meio de comunicação. Golpes desta natureza são aplicados há muito tempo. Um dos primeiros registros na polícia brasileira é de 1893. Mas a prática certamente é mais antiga, pois, em 1895, Machado de Assis escreveu em uma das suas crônicas: “Aos sapientes e pacientes recomendo a bela monografia que podem escrever estudando o conto do vigário pelos séculos atrás, as suas modificações segundo o tempo, a raça e o clima”.
O embuste existe em muitos países, mas apenas nos de língua portuguesa recebe o nome de “conto do vigário”. Duas hipóteses para sua origem: a primeira seria porque os golpes iniciais usaram correspondências assinadas por supostos vigários de paróquias da Espanha e de Portugal. O tema era o mesmo de hoje, com pequenas variações, Coronel ou algum Nobre preso, dono de fortuna depositada em Bancos Ingleses. A segunda, diz que o nome foi dado por conta de um falsário português cujo nome seria Manuel Peres Vigário.
Apesar de nome relativamente novo, a prática de enganar os outros em proveito próprio existe desde os tempos bíblicos. O livro sagrado menciona inúmeras trapaças. Uma das mais conhecidas é o caso de Jacó, enganado pelo sogro Labão. Em vez de entregar a filha Raquel em casamento, obrigou-o a casar com Lia e exigiu mais sete anos de trabalho para ceder a filha mais nova.
Alguns golpes ficaram tão famosos que inspiraram livros e filmes, como o espertalhão que vendeu a Torre Eiffel, o loteamento de terrenos na lua e até mesmo o que vendeu bonde do Rio de Janeiro a mineiros. Os vigaristas americanos Joe Weil e Billy Wall ficaram milionários fraudando corridas de cavalos. Usavam artimanha bastante simples: subornavam telegrafistas para enviar os resultados das corridas em outros Estados em códigos primeiro a eles e só 10 minutos após mandavam a informação para as casas de apostas. Foram descobertos tempos depois graças à denúncia de um dos telegrafistas, mas já estavam ricos.
Uma das questões que se coloca é porque tanta gente ainda cai nestes contos. Segundo estimativa da delegacia de defraudações de Recife, de cada 50 tentativas desta natureza, há um acerto por parte dos bandidos.
Obtive estas informações no mês passado por conta de um golpe aplicado usando meu nome. O espertalhão ligou para um dos conselheiros do sindicato do BC na Bahia, falando em meu nome, disse que estava viajando para a capital baiana e o carro quebrou na cidade de Imbassahí. A oficina lá não aceitava cartão nem cheque, pediu para depositar um valor numa conta da CEF e prometeu que pagaria no dia seguinte, tão logo chegasse ao destino. Na primeira tentativa, um outro colega reconheceu que a voz não era a minha e despachou o sabido. Na mesma tarde ele ligou para outro conselheiro do sindicato e este resolveu conferir a história ligando para o sindicato em Pernambuco. Foi informado que eu estava viajando. Por coincidência, estava em Garanhuns, visitando os netos. Soube posteriormente que também foram feitas ligações para Curitiba e para Belo Horizonte, mas os colegas não embarcaram na conversa do bandido.
Com base no número da conta passada por meu colega, consegui o nome e endereço do golpista. Passei a informação à polícia e soube que o marginal, um jovem de menos de 30, já havia sido preso duas vezes por conta do “golpe do carro quebrado”, aplicado anteriormente no gabinete de deputado federal por Pernambuco e no sindicato dos odontólogos da Paraíba.
O espertalhão utiliza pesquisas na internet para obtenção dos dados. Sua última prisão, há dois anos, foi efetuada dentro de uma lan house e foi pego com relação de 32 entidades, entre sindicatos, associações e órgãos de classe e seus respectivos dirigentes.
Recentemente, o jornalista José Augusto Dias Junior lançou livro sobre o assunto (O conto do vigário no Brasil). Retirei informações desta obra.

Pérola da MPB


Roberto Paiva- Por Norma Hauer



PATRÃO, O TREM ATRASOU...

Ele nasceu aqui no Rio de Janeiro, em 8 de fevereiro de 1921. Completa hoje 90 anos, ainda firme e se apresentando em shows e em programas especiais de rádio.

Seu nome artístico ROBERTO PAIVA, seu nome verdadeiro: Helim Silveira Neves, com esse nome jamais venceria no meio artístico.


Ainda estudante do Colégio Pedro II, apresentou-se na Rádio Clube Fluminense, de Niterói. Barbosa Júnior, ouvindo-o, levou para seu programa Picolino, na Rádio Mayrink Veiga.


Em 1938, gravou "Jardim de Flores Raras", de Nonô e Francisco Matoso, marcando seu primeiro sucesso.

No carnaval de 1939 gravou, de Dunga, "Falso Amor", que também obteve sucesso, mas foi no carnaval de 1941 que "estourou" com "O Trem Atrasou", de Estanislau Silva, Artur Vilarinho e Paquito.


"Patrão, o trem atrasou,

Por isso estou chegando agora.

Trago aqui o memorando da Central

O trem atrasou meia-hora.

O senhor não tem razão,

Para me mandar embora".


De Geraldo Pereira gravou "Lembras daquela Zinha?", mas não aceitou gravar "Falsa Baiana", o maior sucesso de Geraldo Pereira; em 1945 lançou, de Roberto Martins e Mário Lago "Leva Meu Coração".


O que poucos sabem é que Roberto Paiva foi o primeiro a gravar e lançar, "Se Todos Fossem Iguais a Você";"Orfeu da Conceição";"Lamento no Morro" e "Maria da Graça", todas da dupla Tom Jobim e Vinícius de Moraes. E mais: que na época Tom o procurava para lançar suas músicas.


Também foi Roberto Paiva quem primeiro gravou, de Luiz Vieira, "Menino de Braçanâ", quando outros cantores a rejeitaram.

Em 1974 gravou um LP com as músicas que fizeram parte da polêmica entre Noël Rosa e Wilson Batista: "Rapaz Folgado"; "Palpite Infeliz"; "Feitiço da Vila"; “João Ninguém" e "Eu Vou P'ra Vila".


Em 2000 fez parte do CD "A Música Brasileira deste Século por seus Cantores e Intérpretes".


Desde 2001 vem-se apresentando no carnaval da Cinelândia, comandado por Osmar Frazão, também aniversariante desta data.

Este ano ele deverá estar lá.

Norma

Milton Amaral - Por Norma Hauer


FOLHAS AO VENTO...
Foi a 8 de fevereiro de 1898 que nasceu, aqui no Rio de Janeiro, o compositor MILTON AMARAL.

Há músicos que marcam muito sua passagem por nosso cancioneiro, com poucos sucessos. Foi o caso de Milton Amaral.

A música que mais o marcou foi "Folhas ao Vento", gravação original de Gastão Formenti (1933) e regravação de Vicente Celestino (1938).

Mas Milton Amaral compôs, "Tatuí"(1929), gravado por Arthur Castro; "Desilusão"(1931); "A Madrugada vem Rompendo"(1935) e "Tu és a Única"(1938). Todas gravadas por Gastão Formenti que foi quem mais gravou Milton Amaral.
Milton Amaral não tinha parceiros, compunha letras e músicas.

Uma curiosidade: Milton Amaral gostava de dizer que nascera em 29 de fevereiro e isso era citado por radialistas como Raul Maramaldo, que tinha um programa na Rádio Rio de Janeiro, de nome "Saudade-Teu Nome é Música".

Conheci Milton Amaral, apresentado por CARLOS GALHARDO, durante a missa de sétimo dia pelo falecimento do compositor Mário Rossi. Aproveitei e disse-lhe:"interessante, o senhor nasceu em 29 de fevereiro".

Ele confirmou e disse-me que havia nascido em 1898.
"Ué"-eu falei-"1898 não foi bissexto".

Sem graça, ele disse que tinha um primo nascido nessa data e, como também era de fevereiro, gostava de dizer que nascera no dia 29.

MILTON AMARAL faleceu em 22 de agosto de 1989, aos 91 anos.


Norma

Noite de Natal - Por Geraldo Lemos





Vivemos, neste momento, a época mais sublime do ano, o NATAL. O verdadeiro espírito de fraternidade lateja no semblante e interior da humanidade, direcionando seus pensamentos para uma manjedoura humilde, onde uma criança, sem agasalhos de luxo, é acariciada, pela brisa e raios de uma estrela.

Esta é a noite de natal que guardamos em nossas recordações de criança. É o nascimento do menino Jesus, Deus que se fez homem, através de uma mulher, humilde, simples e pura, dando-nos um exemplo de falta de apego aos bens materiais. É um momento de reflexão e busca de mudança, em nosso modo de agir, tomando, como exemplo, o “modus vivendi” dessa família, porque não dizer, Sagrada Família.

Infelizmente, nossas crianças não convivem com o mesmo espírito natalino de outrora. Os exemplos começavam de dentro de casa, onde nossos pais nos ensinavam o verdadeiro sentido do amor e fraternidade que envolvia a festa de natal.

No comércio, PAPAI NOEL é a principal figura, estimulando clientes a comprarem presentes, embalando, desta forma, o sentido de amor e fraternidade que, outrora, marcava tão esperado evento.

Voltemos nossos pensamentos ao tempo de criança.

Quem não aguardou, com ansiedade, uma visita às lapinhas? Quem não perguntou aos pais quem eram aqueles três que adoravam um menino em uma manjedoura? Quem não assistiu à “Missa do Galo” e não participou da ceia em família, presidida pelos pais? Aprendemos que a vaca e o boi ali estavam aquecendo o menino com seu bafo quente. E aquele riacho feito de espelho? A grama era farinha pintada de verde, com tinta d’água. Tudo era bonito e significativo. Vivíamos, verdadeiramente, o Natal que começava em nosso lar.

Plantávamos, com muita antecedência, arroz em latinhas, para servir de enfeites, nas lapinhas. Pedrinhas, também, eram utilizadas. Era tudo organizado com amor e carinho. Até o clima do mês de dezembro mudava, trazendo-nos uma alegria contagiante. Creio que nenhum menino viu a chegada do velhinho a seu quarto ou corredor da casa.

Havia duas preocupações: uma a que pediríamos a Papai Noel, emissário de Menino Jesus, e outra, a dos nossos pais, de conseguirem recursos para comprá-lo. E os sapatos ou chinelos, embaixo da rede para o presente ser colocado, e o medo de molhá-los com xixi?

No entanto, amigos, tudo era bonito e significativo.

Às primeiras horas do dia 25, começava a exibição dos presentes. As calçadas ficavam lotadas de crianças com brinquedos, verdadeiros troféus adquiridos do Papai Noel. Alguns afirmavam que o viram colocando-os, em baixo da rede.

Carrinhos de plástico ou madeira, bonecas até de pano, bolas, violões, apitos, piões, substituíam os produtos eletrônicos. Sabíamos valorizá-los. Eram nossos brinquedos, aguardados durante todo o ano que terminava. Éramos, verdadeiramente, crianças, com o rótulo da inocência e simplicidade. Nossas mentes não eram trabalhadas ou programadas por computadores, mas pelos nossos pais e mestres.

Aguardávamos, com ansiedade, o dia de visitarmos as lapinhas de Dona Enói, Bela Macedo, Pedro Teles, Casa de Caridade e outras, nos bairros e distritos. Nós as víamos e vivíamos. Durante o ano, era programada, por Dona Ceicinha, a visita da imagem do Menino Jesus, de sua propriedade, ás residências. Era a visita mais importante que um casal poderia receber.

Recordei um passado, talvez distante, mas bem vivido. Removi as recordações existentes em nosso “baú de recordações”. No entanto, é bom que sempre o façamos.

Hoje, nossa Praça da Sé, palco da tradicional festa do nascimento de Cristo, está ornamentada à altura do evento. As lâmpadas que a iluminam representam a fé existente nos corações daqueles que ali estão homenageando a Sagrada Família. Mudou a ornamentação, a praça mudou, no entanto nossa crença não. Na praça de outrora os corações também fervilhavam de amor ao Deus Menino. Os sinos que ali repicavam, à meia noite, são os mesmos. As horas são marcadas por ponteiros que há décadas não param. É o nosso Crato ali representado pelas mesmas famílias de outrora, frutos que nasceram sob o manto da Mãe Rainha, N. Senhora da Penha.

Geraldo Lemos
Dez/2010


Carlos Drummond de Andrade



Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) foi um poeta, contista e cronista brasileiro.


A um ausente
(Drummond)


Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.


Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,

enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?


Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.


Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Sebastião Salgado




Sebastião Ribeiro Salgado (Aimorés, 8 de fevereiro de 1944) é um fotógrafo brasileiro reconhecido mundialmente por seu estilo único de fotografar. Nascido em Minas Gerais, é um dos mais respeitados fotojornalistas da atualidade. Nomeado como representante especial do UNICEF em 3 de abril de 2001, dedicou-se a fazer crônicas sobre a vida das pessoas excluídas, trabalho que resultou na publicação de dez livros e realização de várias exposições, tendo recebido vários prêmios e homenagens na Europa e no continente americano. "Espero que a pessoa que entre nas minhas exposições não seja a mesma ao sair" diz Sebastião Salgado. "Acredito que uma pessoa comum pode ajudar muito, não apenas doando bens materiais, mas participando, sendo parte das trocas de ideias, estando realmente preocupada sobre o que está acontecendo no mundo".

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