por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O ESTRANHO



                                                                    
O ESTRANHO

O dia amanhece carregado de pássaros.
O canto dos pássaros vai romper o silêncio das dálias.
É meu o cavalo. É minha a montanha.
É minha a rosa perdida no barco do olvido.

Todos os caminhos levam ao deserto.
A faca na garganta ilumina a cicatriz do enigma.
Pairo sobre as vagas do mar eterno e vejo Deus.
Ergo o cálice dourado e bebo o vinho da rosa.

As palavras são duras como pedras.
Estou com as mãos feridas de tanto lavrar as palavras.
Envelheço. Um estranho me olha do espelho.
Devoro as pedras do estigma.

Anoitece na casa vazia. Há um lugar vago
no álbum de retratos. Em breve serei antepassado.
Ouço a voz de Deus. O verbo de Deus me chama.
O sopro de Deus outra vez molda a minha forma na argila.


Um comentário:

socorro moreira disse...

Leitura suspirada
É sobremesa literária ler um poema de Brandão!

A-Do-ro !!!!

Abraços, menino!