por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Noite de Natal - Por Geraldo Lemos





Vivemos, neste momento, a época mais sublime do ano, o NATAL. O verdadeiro espírito de fraternidade lateja no semblante e interior da humanidade, direcionando seus pensamentos para uma manjedoura humilde, onde uma criança, sem agasalhos de luxo, é acariciada, pela brisa e raios de uma estrela.

Esta é a noite de natal que guardamos em nossas recordações de criança. É o nascimento do menino Jesus, Deus que se fez homem, através de uma mulher, humilde, simples e pura, dando-nos um exemplo de falta de apego aos bens materiais. É um momento de reflexão e busca de mudança, em nosso modo de agir, tomando, como exemplo, o “modus vivendi” dessa família, porque não dizer, Sagrada Família.

Infelizmente, nossas crianças não convivem com o mesmo espírito natalino de outrora. Os exemplos começavam de dentro de casa, onde nossos pais nos ensinavam o verdadeiro sentido do amor e fraternidade que envolvia a festa de natal.

No comércio, PAPAI NOEL é a principal figura, estimulando clientes a comprarem presentes, embalando, desta forma, o sentido de amor e fraternidade que, outrora, marcava tão esperado evento.

Voltemos nossos pensamentos ao tempo de criança.

Quem não aguardou, com ansiedade, uma visita às lapinhas? Quem não perguntou aos pais quem eram aqueles três que adoravam um menino em uma manjedoura? Quem não assistiu à “Missa do Galo” e não participou da ceia em família, presidida pelos pais? Aprendemos que a vaca e o boi ali estavam aquecendo o menino com seu bafo quente. E aquele riacho feito de espelho? A grama era farinha pintada de verde, com tinta d’água. Tudo era bonito e significativo. Vivíamos, verdadeiramente, o Natal que começava em nosso lar.

Plantávamos, com muita antecedência, arroz em latinhas, para servir de enfeites, nas lapinhas. Pedrinhas, também, eram utilizadas. Era tudo organizado com amor e carinho. Até o clima do mês de dezembro mudava, trazendo-nos uma alegria contagiante. Creio que nenhum menino viu a chegada do velhinho a seu quarto ou corredor da casa.

Havia duas preocupações: uma a que pediríamos a Papai Noel, emissário de Menino Jesus, e outra, a dos nossos pais, de conseguirem recursos para comprá-lo. E os sapatos ou chinelos, embaixo da rede para o presente ser colocado, e o medo de molhá-los com xixi?

No entanto, amigos, tudo era bonito e significativo.

Às primeiras horas do dia 25, começava a exibição dos presentes. As calçadas ficavam lotadas de crianças com brinquedos, verdadeiros troféus adquiridos do Papai Noel. Alguns afirmavam que o viram colocando-os, em baixo da rede.

Carrinhos de plástico ou madeira, bonecas até de pano, bolas, violões, apitos, piões, substituíam os produtos eletrônicos. Sabíamos valorizá-los. Eram nossos brinquedos, aguardados durante todo o ano que terminava. Éramos, verdadeiramente, crianças, com o rótulo da inocência e simplicidade. Nossas mentes não eram trabalhadas ou programadas por computadores, mas pelos nossos pais e mestres.

Aguardávamos, com ansiedade, o dia de visitarmos as lapinhas de Dona Enói, Bela Macedo, Pedro Teles, Casa de Caridade e outras, nos bairros e distritos. Nós as víamos e vivíamos. Durante o ano, era programada, por Dona Ceicinha, a visita da imagem do Menino Jesus, de sua propriedade, ás residências. Era a visita mais importante que um casal poderia receber.

Recordei um passado, talvez distante, mas bem vivido. Removi as recordações existentes em nosso “baú de recordações”. No entanto, é bom que sempre o façamos.

Hoje, nossa Praça da Sé, palco da tradicional festa do nascimento de Cristo, está ornamentada à altura do evento. As lâmpadas que a iluminam representam a fé existente nos corações daqueles que ali estão homenageando a Sagrada Família. Mudou a ornamentação, a praça mudou, no entanto nossa crença não. Na praça de outrora os corações também fervilhavam de amor ao Deus Menino. Os sinos que ali repicavam, à meia noite, são os mesmos. As horas são marcadas por ponteiros que há décadas não param. É o nosso Crato ali representado pelas mesmas famílias de outrora, frutos que nasceram sob o manto da Mãe Rainha, N. Senhora da Penha.

Geraldo Lemos
Dez/2010


Nenhum comentário: