por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

LEMBRANÇAS DO ATACAMA

Laguna Miscante e ao fundo vulcão do mesmo nome. 6 mil metros da altitude

Diário de  uma viajante – Parte I
No deserto do Atacama percebi  o quanto é importante o silêncio: um silêncio que cochichou no meu ouvido tantas verdades que eu insisti a  vida toda em não escutar, fui tão, mas  tão teimosa que terminei  perdendo 35% da minha audição ao longo dos meus  52 anos. E lá naquela imensidão de areia, sal, restos de vulcões a bem pouco em erupção (2006) pude contemplar o céu mais azul do mundo, lá eu pude compreender que a gente pode dormir espiando para as estrelas, que se pode viver sem  teto literalmente.
Para alem do que apareceu aos meus olhos, quando eu descobri cada paisagem com o meu coração, fui arrancando de mim com frio e calor tudo que estava me pesando, tudo que estava me adoecendo, veio a cura, a cura do medo da solidão, a cura do medo do escuro, a cura do medo de viver, a cura do medo de amar, mas um amor que a gente não pode aprender em nossa sociedade ocidental, um amor que liberta, que não precisa está junto, mas que está dentro.
Ao longo das  longas e desafiantes caminhadas pela areia, massacradas pelo vento que batia e doía no meu corpo, fui pensando, pensando e aí como numa imensa tela de cinema projetei  o filme da minha existência: quanto me emocionei, quanto me alegrei, quanto sofri e este filme sem final possibilitou que eu iniciasse um novo roteiro,  o rolo de fita antigo deixei nas areias do deserto e hoje estou tentando reescrever com amor,  luta, poesia e canção este novo momento da minha história.
Um pouco sobre o ATACAMA
O deserto do Atacama situa-se no norte do Chile, entre os rios Loa e Copiapó. Este deserto está delimitado a oeste pelo Oceano Pacífico e a leste pela Cordilheira dos Andes.

De acordo com os especialistas em clima, o deserto de Atacama é o mais árido e seco do mundo. Na região central do deserto, por exemplo, existem regiões que ficam até 4000 anos sem chuvas.

O deserto é extremamente árido, pois a cordilheira dos Andes atua como uma barreira, impedindo a entrada de umidade que vem do Oceano Atlântico e da região da Floresta Amazônica.

As temperaturas no deserto variam muito durante o dia. Na parte da manhã e tarde elas oscilam entre 25º e 32º C. Durante o período noturno, a temperatura cai bruscamente, atingindo até 25 graus negativos. Isto ocorre, como na maioria dos desertos, porque não há vegetação e construções que poderiam conservar o calor do dia para o período noturno. No deserto do Atacama não ocorre muita variação climática entre os períodos do verão e inverno.

Em função destas características climáticas, o deserto do Atacama é uma região inóspita (em que não se pode viver). As dificuldades de sobrevivência do ser humana são muitas, tornando a região quase totalmente desabitada.

Ocorre no deserto a exploração de recursos minerais como, por exemplo, ferro e cobre. O Chile é um dos maiores produtores de cobre do mundo graças à exploração de minas deste metal, na região do deserto do Atacama.

Eu: "andarilha do óbvio"



Um comentário:

socorro moreira disse...

Que depoimento maravilhoso, criatura !
Vc voltou com os florais do deserto, literalmente.
Escutando tua canção , acho que nem preciso viajar pro Atacama...
Sou tua amiga, e o Atacama está dentro de você.

Estou esperando a sequência deste roteiro.

Nossos medos podem ser opostos, mas a superação dos nossos, nos fortalece !

Um forte abraço