por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 29 de abril de 2013

O formigueiro, James Bond e a Tartaruga - por José do Vale Pinheiro Feitosa


Uma multidão nestes túneis de vai e vem incessante. Sem nunca descansar. O formigueiro é o universo em criação. Na entranha da superfície com uma rede de comunicação entre os buracos de saída ao exterior. De onde continuamente o sobrepeso é transportado, preso à tesoura, encalcando as pernas frágeis mais ainda contra a gravidade. Quanta resistência por vencer! Quantos esbarrões no trajeto! Ainda mais com o peso da carga que transporta. Dos altos galhos das árvores até as profundezas do formigueiro. Continentes a transpor sobre as magras pernas que se movem com a velocidade de um motorzinho nervoso. Tanta coisa por viver.

E o olhar indiferente aos sapatos que esmagam a insignificância da formiga na estrada do viver humano. Um James Bond ousado e detalhado em artimanhas. Tanta coragem de viver e uma lista enorme de feitos, cada um mais minucioso, em avanços tecnológicos e na supremacia da inteligência. Uma vida de milhões de minutos avante da história da formiga. Basta comparar o tempo disponível para tanto viver e com isso excluir as formigas das possibilidades da lembrança e da identidade.

No passo lento a tartaruga desdenha a pequena fração de vida de James Bond. É tão pouco. Pouco mesmo. O máximo que consegue é examinar as ruínas de tempos remotos e viver a ruina do próprio tempo. E a cinegrafia balança entra a memória e o testemunho da fugacidade de James Bond.