por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 30 de abril de 2015

UM VÍDEO TREME A CENA NO NEPAL - José do Vale Pinheiro Feitosa

Volto ao assunto. Naquele momento. Quando tudo acontece.

Um vídeo feito pelas câmaras de segurança de shopping em Katmandu. Numa rua movimentada pela qual passei há um ano.

Bem poderia tentar fazer um downloanding do mesmo. E postar para que todos vejam. Mas não vou fazê-lo. Prefiro as letras que, uma a uma, pingam como lágrimas pelo acontecendo, acontecido e suas consequências para o futuro do Nepal.

País que depende muito do turismo.

Pessoas pelas calçadas movimentadas de larga avenida de sentido único. De um lado o conjunto de prédios comerciais e do outro um pequeno prédio com mais as grades de um parque de grama verde. Vê-se que o número de vans é superior ao de veículos individuais. No entanto, muitas motos transitam pela avenida.

Metade da avenida é usada pelas Vans para embarcar e desembarcar passageiros. Por isso mesmo um guarda de trânsito se encontra no meio da rua orientando este movimento de tomada do transporte coletivo.

Ao lado de um cone de demarcação do trânsito, o guarda dá sinais para aquele momento da operação de trânsito. Duas mulheres esperam o transporte que lhes é adequado. Um grupo, incluindo uma criança se encontra em frente a uma loja.

De modo geral as pessoas transitam por ambas as calçadas da rua. Sendo que no lado esquerdo o footing é mais intenso. Alguém passa empurrando uma bicicleta por entre as Vans paradas. Outras embarcam, Vans param para desembarcar alguém e logo a seguir embarcar outras.

Enfim a rua é dinâmica. A não ser eventuais paradas nestes momentos citados e as Vans estacionadas com pessoas junto a elas, tudo se move. Motocicletas, como fazem em todo o planeta, costuram no trânsito.

Uma mulher se move na faixa em que se encontra o guarda de trânsito. A Van para ao lado, escondendo-a por um breve tempo, mas ela que seguia em sentido contrário ao guarda permanece indecisa olhando para um lado e outro.

A sua indecisão não se resolve por si mesma. Enquanto tudo mais se move, ela apenas balança com se tivesse dificuldade de adotar um sentido específico. Neste momento se aproxima do guarda de trânsito e conversa com ele.

O guarda de costas para um lado da rua, fica dividido entre atende-la e controlar o movimento de sobe e desce nas Vans que param para pegar passageiros. A Van que encobria os dois termina a parada, segue enquanto o diálogo entre os dois permanece e outra Van estaciona um pouco antes dos dois.       

Desta Van pessoas sobem e descem. Famílias, incluindo crianças, transitam nesta faixa da rua dos transportes de passageiros. A Van começa a se mover lentamente adiante. Como se diz apenas segundos e tudo se transforma.

Durante cinco ou seis segundos a câmara do shopping faz a cena tremer e as pessoas continuam sem nada perceber. Na Van, que começara a se mover, pessoas entram para toma-la. O tremor da cena é intenso.

As pessoas começam a cirandar entre si, correr de um lado para outro. Algumas giram em torno do próprio eixo. A maioria se afasta dos prédios. Em ambas as calçadas e na rua as pessoas correm em direções diferentes.

Motociclistas começam a cair, corridas de um lado para outro da rua. As motos fazem movimentos para as laterais em função do desequilíbrio. Um caminhão velho, com um passageiro na carroceria passa do outro lado da rua.

A mulher que conversava com o guarda percebe algo vindo de trás e o puxa. Ele tenta ir em sentido contrário. Mas ela o puxa no sentido dela. O caminhão passa e no ângulo da cena começa-se a observar um prédio caindo em direção dele.

A mulher solta o guarda e corre em sentido contrário ao prédio desabando sobre o caminhão e quem mais por aquele ponto da rua passasse. O guarda fica perplexo por alguns segundos, mas logo percebe o volume predial vindo em direção de todos.

Uma moto que vinha junto à Van parada e tudo mais é atingido, especialmente o caminhão com aquele passageiro solitário sobre a carroceria. O guarda correndo com o pó da construção destruída atrás de si. A poeira cobre quase toda a cena.

Mas é possível se ver os fios e os postes balançando como uma vara de pescar. A folhagem das árvores está agitada como as ventanias das tempestades. Mas é uma agitação estranha, como se alguém as balançasse para derrubar seus frutos.

Entre os 47 segundos do vídeo e 1 minuto e 26 segundo a cena treme. Treme e as pessoas, tão logo a poeira baixa são vistas em corrida na direção do parque gramado. Se afastam das lojas comerciais.

Um homem sai da Van e corre na direção dos escombros e se abaixa para olhar algo embaixo deles. Ele tenta mover os escombros. O motoqueiro atingido perto da Van tenta ficar em pé mas logo em seguida senta-se. Em seguida o homem que se aproximara dos escombros junta-se a outro e tenta levantar uma pessoa ferida.

Esta pessoa é o passageiro da carroceria do caminhão que fora empurrado pelos escombros do prédio. O guarda de trânsito retorna para a posição em que se encontrava, próximo ao motoqueiro que nesta altura já consegue ficar em pé.

As pessoas já caminham. Tentam mover escombros. Mas outras ainda correm. O vídeo não termina.
Quer dizer a filmagem cessa. Mas não as consequências daquele intervalo de menos de um minuto continuam.


Serão anos para retirar o Nepal dos escombros.